Uma empena ou parede cega não é uma superfície vazia,
inútil, à espera que alguém lhe encoste algo.
É antes uma tela em branco que os deuses usam para pintar
com luz e sombra todos os dias. Ao
contrário das nossas fotografias, eles photographam efemeramente, não criando
um “momento decisivo” mas antes fazendo com que todos os momentos sejam
decisivos. Para eles, não há um “agora” mas um sempre diferente.
E nós, pobres fotógrafos, bem nos esforçamos por os imitar,
fazendo miríades de imagens, fúteis e inconsequentes. Na melhor das hipóteses,
talvez o somatório de todas as fotografias que todos os fotógrafos fazem em
todos os instantes consigam dar uma pálida ideia do que os deuses fazem.
A menos que nós mesmos sejamos eles, claro.
By me
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