quarta-feira, 17 de março de 2021

Ser do contra


 


Conheço adultos mais novos que esta história.

Decorria um concurso para lugares técnicos. Naquela primeira fase destinados a pessoas dos quadros. E eu tinha sido convidado para ser um dos membros do júri, na minha área.

A meio do processo, passada já a prova teórica e a decorrerem as práticas, sou abordado no caminho por um ex-chefe, que já não via há anos, fruto de mudanças de locais de trabalho.

Cumprimentámo-nos efusivamente, recordámos pessoas conhecidas e, a dado passo, ele começou a pedir-me para “dar um jeito” com um dos candidatos, que andava com “azar” nos concursos a que se tinha candidatado.

Não me recordo já se a conversa morreu pela minha expressão se pelas minhas palavras. Sei que lhe terei dito que não contasse comigo para esse jogo, que essa não era a minha postura. E que se a pessoa em causa provasse ser capaz, seria apurada naturalmente. Para minha tranquilidade, nunca cheguei a saber de quem se tratava, que desta forma não seria eu tentado a ser parcial. Positiva ou negativamente.

Nunca mais tivemos uma conversa que se visse nem voltou a “ver-me os dentes”. Procurei sempre evitar cruzar-me com esse meu ex-chefe, de triste e furioso que fiquei: Tinha ele a obrigação, pelo tempo que havíamos trabalhado juntos, de me saber não “permeável” nestas coisas e o ele o ter tentado ainda o fazia ficar mais em baixo na minha escala de valores.

Ao longo da vida tenho sido confrontado com várias situações destas: quer como decisor, quer como avaliado, quer sabendo de casos equivalentes. Alguns com quem tive e tenho que conviver. E sempre me deixou enojado o processo de “cunhas”, bem demonstrativo do quão baixo o nível ético de algumas pessoas pode estar.

O recurso à violência, com uns dentes partidos ou umas cicatrizes visíveis, nunca é solução. Mas há ocasiões em que dá uma vontadinha…


By me

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