Conheço adultos mais novos que esta história.
Decorria um concurso para lugares técnicos. Naquela primeira
fase destinados a pessoas dos quadros. E eu tinha sido convidado para ser um
dos membros do júri, na minha área.
A meio do processo, passada já a prova teórica e a decorrerem
as práticas, sou abordado no caminho por um ex-chefe, que já não via há anos,
fruto de mudanças de locais de trabalho.
Cumprimentámo-nos efusivamente, recordámos pessoas
conhecidas e, a dado passo, ele começou a pedir-me para “dar um jeito” com um
dos candidatos, que andava com “azar” nos concursos a que se tinha candidatado.
Não me recordo já se a conversa morreu pela minha expressão
se pelas minhas palavras. Sei que lhe terei dito que não contasse comigo para
esse jogo, que essa não era a minha postura. E que se a pessoa em causa
provasse ser capaz, seria apurada naturalmente. Para minha tranquilidade, nunca
cheguei a saber de quem se tratava, que desta forma não seria eu tentado a ser
parcial. Positiva ou negativamente.
Nunca mais tivemos uma conversa que se visse nem voltou a “ver-me
os dentes”. Procurei sempre evitar cruzar-me com esse meu ex-chefe, de triste e
furioso que fiquei: Tinha ele a obrigação, pelo tempo que havíamos trabalhado
juntos, de me saber não “permeável” nestas coisas e o ele o ter tentado ainda o
fazia ficar mais em baixo na minha escala de valores.
Ao longo da vida tenho sido confrontado com várias situações
destas: quer como decisor, quer como avaliado, quer sabendo de casos
equivalentes. Alguns com quem tive e tenho que conviver. E sempre me deixou
enojado o processo de “cunhas”, bem demonstrativo do quão baixo o nível ético
de algumas pessoas pode estar.
O recurso à violência, com uns dentes partidos ou umas cicatrizes
visíveis, nunca é solução. Mas há ocasiões em que dá uma vontadinha…
By me
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