sábado, 6 de março de 2021

Loucos e corajosos


 


Frase lida ou ouvida algures na juventude e cuja autoria ignoro:

“A diferença entre um louco e um corajoso é que, tendo ambos medo, o segundo sabe disso.”

Pode-se dizer muito em torno desta tirada: sobre como vencemos os medos ou nos deixamos subjugar por eles, em como assumimos os medos ou os escondemos como se de vergonhosos se tratassem, em como se é alvo de buling exactamente naquilo de que se tem medo ou se se responde como se eles não existissem…

O louco e o corajoso fazem exactamente a mesma coisa: o louco porque não sabe que que tem medo e age como se fosse coisa normal, o corajoso porque sabe que tem medo e o engole, pressionado pelo que o cerca.

Ter medo e ultrapassa-lo é bom. Permite a quem o tem e assim age vencer o pior inimigo possível: o próprio “eu”. Aquele tirano que impede ou impõe actos ou decisões dolorosas, difíceis, quantas vezes consideradas impossíveis. Aquilo que é adiado, atirado para trás das costas, para o qual se inventam, publicamente ou no segredo da mente, desculpas esfarrapadas para que não aconteça.

Mais ainda: o medo provoca frequentemente reacções estranhas ou agressivas. Como qualquer cão, lacrau ou coelho, quando pressionado em demasia naquilo de que se tem medo, morde-se a mão que dá de comer, espeta-se o próprio lombo ou ataca-se desenfreada e cegamente.

Não reconhecer os próprios medos ou os medos de terceiros pode ser fatal para uns e outros. Que a linha que separa a loucura da coragem não é lá muito definida e raramente perceptível.

 

By me

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