Frase lida ou ouvida algures na juventude e cuja autoria
ignoro:
“A diferença entre um louco e um corajoso é que, tendo ambos
medo, o segundo sabe disso.”
Pode-se dizer muito em torno desta tirada: sobre como
vencemos os medos ou nos deixamos subjugar por eles, em como assumimos os medos
ou os escondemos como se de vergonhosos se tratassem, em como se é alvo de
buling exactamente naquilo de que se tem medo ou se se responde como se eles
não existissem…
O louco e o corajoso fazem exactamente a mesma coisa: o
louco porque não sabe que que tem medo e age como se fosse coisa normal, o corajoso
porque sabe que tem medo e o engole, pressionado pelo que o cerca.
Ter medo e ultrapassa-lo é bom. Permite a quem o tem e assim
age vencer o pior inimigo possível: o próprio “eu”. Aquele tirano que impede ou
impõe actos ou decisões dolorosas, difíceis, quantas vezes consideradas impossíveis.
Aquilo que é adiado, atirado para trás das costas, para o qual se inventam,
publicamente ou no segredo da mente, desculpas esfarrapadas para que não aconteça.
Mais ainda: o medo provoca frequentemente reacções estranhas
ou agressivas. Como qualquer cão, lacrau ou coelho, quando pressionado em
demasia naquilo de que se tem medo, morde-se a mão que dá de comer, espeta-se o
próprio lombo ou ataca-se desenfreada e cegamente.
Não reconhecer os próprios medos ou os medos de terceiros
pode ser fatal para uns e outros. Que a linha que separa a loucura da coragem
não é lá muito definida e raramente perceptível.
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