terça-feira, 26 de março de 2019

Dinheiros e custos




O dinheiro que usamos é a contrapartida pelo nosso trabalho. Tanto por conta de outrem como investimento pessoal.
Acontece que, nos tempos que correm, cada vez menos se usa dinheiro vivo, em notas e moedas, e cada vez mais o dinheiro virtual. Através de sistemas electrónicos, tanto nos multibancos como nos computadores pessoais ou dispositivos moveis.
Mas estas utilizações virtuais não são gratuitas. Alguém paga para que as usemos, ou o comerciante ou o consumidor. Mais ainda, haverá que ter um contrato com um banco, entidade privada, para que as possamos usar. E, no caso de computadores ou dispositivos moveis, haverá que ter um contrato com uma empresa de telecomunicações.
Por outras palavras, para podermos usar o que é nosso – o valor do nosso trabalho – haverá que pagar a empresas terceiras, que lucram com isso.
Mas, tão ou mais grave que isso, estamos dependentes dessas empresas para usar o nosso dinheiro. Um destes dias uma empresa de telecomunicações portuguesa teve um colapso tecnológico (ou equivalente) e esteve horas a fio sem serviço. Todos aqueles que dependiam dela para comunicarem, e consequentemente usarem o dinheiro virtual, ficaram apeados.
De igual modo, ainda não há muitos meses, aconteceu algo de semelhante em Moçambique: Terminou o contrato com a empresa que geria a rede de comunicações dos atm e estes ficaram inoperacionais. Ou algo de parecido.
Estamos a depender – e a alimentar – empresas terceiras, obrigatoriamente, para usarmos o que é nosso. E o que é mais caricato é que mesmo nos pagamentos ao Estado, acima de determinado valor haverá que usar uma conta bancária. Mesmo na esmagadora maioria das empresas o pagamento de salário só se efectua através de transferência bancária ou, na melhor das hipóteses, usando um cheque. Traçado, que obriga a depósito.
Quando oiço falar na importância do sistema bancário e no eventual peso que os desaires bancários possam ter das despesas de Estado.
Se a sociedade quer usar os bancos e o dinheiro virtual tem que estar preparada para que falhe. Ou, em alternativa, não impor estas formas de usar o que nos pertence com contratos com terceiros, que lucram com isso. Com o nosso esforço e trabalho.

By me
Imagem editada a partir da net

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