Contam-nos as notícias que caiu um avião.
Detalham-nos elas que se tratou de uma aeronave da companhia
Ethiopian Airlines, que partira de Adis Abeba, na Etiopia, que saiu dos radares
seis minutos depois da descolagem e que abordo seguiam 149 passageiros e 8
tripulantes e que não há sobreviventes.
Até aqui, do que nos é contado, é um relato mais ou menos
habitual sobre acidentes deste género. Algumas fontes acrescentam o modelo de
avião, outras acrescentam quantos acidentes este modelo já sofreu, outras o há
quanto tempo estaria o avião ao serviço da companhia.
Aquilo que me incomoda, na forma de contar o terrível
acidente, é a identificação das vítimas e as reacções a esta lista.
Refere-se que algumas eram membros de ONGs internacionais,
pessoas influentes em questões humanitárias, idades e quantos filhos deixam…
trágica, esta pequena lista.
Porque é pequena! Ignora a identidade dos restantes
passageiros e tripulantes, não refere se teriam filhos, agora órfãos, as suas
ocupações… Como se só aqueles da pequena lista fossem importantes e dignos de
nota!
Qualquer um é importante. E qualquer morte num acidente de
aviação é importante. Para a família, para os amigos, para a empresa… Relativizar
a importância de pessoas vítimas de um acidente de aviação é, pior que lamentar
a morte de alguns, menosprezar a morte dos restantes. Como se os demais, os não
listados, fossem meros peões, insignificantes danos colaterais, gente descartável
nas estatísticas funestas da aviação.
A necessidade de vender jornais ou atingir quotas de audiências
leva a extremos destes: a seleccionar, entre mais de uma centena de vítimas,
quais os importantes e quais os que o mundo deve ignorar.
Ora batatas para os critérios editoriais!
Fotografia roubada da net
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