Assinalou-se ontem
o dia contra a Mutilação Genital Feminina.
Prática horrenda,
com vítimas um pouco por todo o mundo, maioritariamente em África. Mas por cá
também.
No entanto, não
nos enganemos, não basta proibir e perseguir quem o pratica. Haverá que abordar
a questão sob todos os pontos de vista, directos ou indirectos.
Até porque, e como
diz o povo, tão ladrão é o que vai à vinha como o que fica a ver.
Sobre o assunto,
uma história que me foi contada em 2006 por alguém que esteve por perto da
situação.
Num país africano,
francófono e de forte influência islâmica, uma mulher enviuvou. De acordo com
as normas locais, deveria casar-se em segundas núpcias com o cunhado.
A base para esta
norma, antiga de séculos, é o facto de não deverem existir mulheres sós que
deverão estar sob a “protecção” de um homem. E, sendo tarefa masculina a
guerra, com a morte associada, é admissível a poligamia, desde que o homem
prove poder sustentar a mulher.
Podemos discordar
disto, mas é o que vigora.
Tal como vigora,
nesse país, que o novo marido pode exigir que a nova mulher seja mutilada no
seu clitóris. Mutilação que a senhora em causa não possuía e que, ainda de
acordo com as normas locais, seria obrigada a fazer.
Como se entende,
ela não quis e, clandestinamente, fugiu com ajuda de amigos.
Nessa sua fuga
veio parar a Lisboa, onde pediu asilo invocando a situação e alegando que se
tivesse que regressar seria presa e mutilada.
O asilo foi-lhe
negado!
E com a
argumentação de não constar a situação nas normas e códigos portugueses.
Ficou retida na
zona internacional do aeroporto à espera de um voo que a levasse de volta ao
seu país e a um destino trágico.
Por sorte o caso
transpirou e alguém com conhecimentos e influência movimentou-se. E a senhora
acabou por cá ficar.
Para esta história
de final feliz quantas outras não terão um infeliz?
Será que nos
artigos da lei casos como este já são automaticamente reconhecidos como dando
direito a asilo?
Ou será que o que
lá se passa é condenável mas é lá e não temos que nos meter nisso?
Os actos ficam
para com quem os pratica. E não me é agradável viver num país que não acolhe e
protege as vítimas ou potenciais vítimas de tal barbárie!
By me
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