terça-feira, 29 de setembro de 2009

Simpatias no asfalto


Não quero nem saber o que o cavalheiro desta história entende por antipatia!
Foi ali para os lados da Estrela: No final de uma rua, num semáforo, um automóvel ocupava por inteiro a passagem de peões. Por sorte, ou por azar, alguém estava sentado no lugar de motorista.
Carregando o meu tripé no ombro e carrinho com o resto do equipamento atrás de mim, aguardei pelo verde de peões, atravessei até quase embater na janela, aberta, do referido carro, e pedi:
“Não se importa de tirar o carro para que eu passe?”
Olhando para mim com ar de espanto, respondeu com um “com certeza” e, ligando o motor, recuou uns bons dois metros, deixando mais de metade da passadeira livre.
Ainda mal eu tinha pisado o passeio, retomou ele a posição anterior, desligando o motor. Confesso que fiquei bem chateado! Ter estado onde estava era mau, mas o ter tirado a pedido teria sido o suficiente para relevar a falta. Agora retomar o lugar?!
Encostei o meu carrinho à parede e, com um óbvio encolher de ombros, tirei a câmara do cinto para mais um registo. E mal tive tempo para fazer o que aqui se vê, estavam, motorista e acompanhante a sair do carro, como que empurrados por molas, ele com o telemóvel em riste e dizendo-me:
“Já que fotografa ao meu carro, faço-lhe uma fotografia a si!”
A partir daí, e perante a minha anuência e indiferença ao que ele fazia, houve uma pequena “troca de galhardetes”, sempre dentro da urbanidade, mas raiando o insulto. O clímax da conversa foi atingido quando o automobilista afirmou, peremptoriamente:
“Eu até fui simpático e tirei o carro para que passasse!”
Entende o condutor da viatura em causa que é “ser simpático” deixar de cometer uma ilegalidade e garantir a segurança dos peões nas passadeiras.
Não quero nem saber o que este cavalheiro entende por um acto antipático!


Texto e imagem: by me

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