domingo, 6 de setembro de 2009

A estória da garrafa


Não quero falar de Manuela Moura Guedes, com quem já trabalhei de perto, em tempos. Também não quero falar de José Eduardo Moniz, com quem já trabalhei, em tempos. Nem quero falar de José Sócrates, com quem tenho trabalhado ao longo dos tempos, desde que começou a ser alguém no mundo da política e os media lhe começaram a dar tempo de antena.

Fruto das experiências profissionais e pessoais, do trabalho que estas pessoas têm mostrado e do que sobre estas pessoas tem vindo a lume, não nutro simpatia alguma por nenhum deles. Nem pessoal, nem profissional nem ideológica.

Mas “faz-me espécie” esta questão da suspensão do noticiário da TVI, à sexta-feira.

Por um lado, sendo um pico de audiências, não faz sentido do ponto de vista empresarial, suspendê-lo. Afinal, as audiências atraem a publicidade, e é dela que vivem as estações privadas de televisão.

Por outro lado, e por uma questão de isenção jornalística, não seria cordato em período eleitoral, manter no ar alguém que tem vindo, ao longo dos tempos, a atacar sistematicamente a pessoa de José Sócrates. Enquanto político, enquanto governante, enquanto cidadão. Pior que um jornalista ser defensor no decurso do seu trabalho de uma ideologia política ou uma figura política, é ser assumidamente contra. E, pior ainda, é essa figura ser um governante e o jornalista em causa afirmar que é isento.

Também, nesta questão, não poderemos esquecer que papel, no cenário político nacional, já a jornalista em causa ocupou e que partido político defendeu.

Acrescente-se que o presidente da empresa que detém parte do capital da empresa proprietária da TVI é da cor política do partido no poder em Espanha que, por sua vez, está irmanado em ideologias e nome com o que ocupa o poder em Portugal. Ainda que, do outro lado da fronteira, Prisa e governo andem meio zangados, devido a um negócio meio estranho sobre a atribuição da televisão digital terrestre. Zangas de comadres…

Acrescente-se que, por cá, quem lucrou acto contínuo com a questão foi a sua concorrente directa, a SIC, que viu a sua cotação subir uns bons 10% no próprio dia. E, se dela falamos, não poderemos ignorar a filiação política do seu presidente.

Nos dias que se seguirem ao próximo 27 de Setembro, se dirá que o resultado eleitoral foi influenciado por este caso, quer seja por os eleitores acreditarem nas influencias do partido governamental na exclusão do noticiário e disso não gostarem, quer por acreditarem que se trata de um esquema estranho a esse partido e quererem penalizar a oposição por isso. Será, certamente, como a estória da garrafa: para uns meio cheia, para outros meio vazia!

A única pessoa que, a este respeito, falou bem foi a líder do principal partido da oposição, ao afirmar: “Nunca saberemos quem foi o responsável por isto!”

Mas, sobre esta declaração, poderemos questionar o porquê de tanta certeza. Ou será que ela sabe algo que nós não sabemos?

Texto e imagem: by me

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