Num solstício de verão saiu-me isto. Vale o que vale e é
irrepetível! Pela data, pelo local, pelo assunto, por mim.
E, sobre se as fotografias podem ou não ser repetidas, um
episódio curioso:
Há coisa de uma trintena de anos, decidiu um compincha e
amigo repetir um conjunto de fotografias de família, feitas numa velha quinta
de família abandonada.
Fizemos o reconhecimento das ruínas do local, identificámos
as horas do dia dos originais, dividimos estas em dois grupos e foi cada um de
nós fazer a sua parte.
Enquanto almoçávamos, a meio do trabalho, comentámos que nos
doía as costas. A ambos. Estranhámos e discorremos sobre a estranha
coincidência. Acabámos por perceber que estávamos a fotografar muito curvados.
Nem de pé, nem de joelhos, nem de cócoras: muito curvados apenas. Levámos tempo
a perceber o motivo.
As câmaras usadas nos originais, ao longo de mais de um
século, eram usadas ao nível do peito, olhando de cima o visor. Mesmo os
originais em chapa de vidro, em que as câmaras de madeira em tripé eram
colocadas mais ou menos a essa altura. E nós, que queríamos reproduzir as
perspectivas com o máximo rigor, acabávamos por estar, com as nossas câmaras
modernas, numa posição estranha.
Uma das características da fotografia, mais ainda com o
digital, é a possibilidade de se fazerem cópias. Tantas quantas quisermos.
Iguais em todos os detalhes.
Mas o acto criativo, aquele instante da obturação, previamente
pensado e estudado ou feito por instinto… Esse não se repete!
Tal como esta fotografia.
By me
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