sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Fotografia




Num solstício de verão saiu-me isto. Vale o que vale e é irrepetível! Pela data, pelo local, pelo assunto, por mim.

E, sobre se as fotografias podem ou não ser repetidas, um episódio curioso:

Há coisa de uma trintena de anos, decidiu um compincha e amigo repetir um conjunto de fotografias de família, feitas numa velha quinta de família abandonada.

Fizemos o reconhecimento das ruínas do local, identificámos as horas do dia dos originais, dividimos estas em dois grupos e foi cada um de nós fazer a sua parte.

Enquanto almoçávamos, a meio do trabalho, comentámos que nos doía as costas. A ambos. Estranhámos e discorremos sobre a estranha coincidência. Acabámos por perceber que estávamos a fotografar muito curvados. Nem de pé, nem de joelhos, nem de cócoras: muito curvados apenas. Levámos tempo a perceber o motivo.

As câmaras usadas nos originais, ao longo de mais de um século, eram usadas ao nível do peito, olhando de cima o visor. Mesmo os originais em chapa de vidro, em que as câmaras de madeira em tripé eram colocadas mais ou menos a essa altura. E nós, que queríamos reproduzir as perspectivas com o máximo rigor, acabávamos por estar, com as nossas câmaras modernas, numa posição estranha.

Uma das características da fotografia, mais ainda com o digital, é a possibilidade de se fazerem cópias. Tantas quantas quisermos. Iguais em todos os detalhes.

Mas o acto criativo, aquele instante da obturação, previamente pensado e estudado ou feito por instinto… Esse não se repete!

Tal como esta fotografia.


By me

Sem comentários: