Não é de todo importante o que é isto. Não é de todo
importante a função deste objecto. Importou-me, antes sim, a forma. O jogo de
luz e sombra e respectivos contrastes, a aparente falta de simetria, a total
falta de profundidade de foco.
Ajudou-me, e muito, o saber que no editor de imagem, tal
como nos tempos dos químicos e dos ampliadores, poderia obter com mais rigor
aquilo que queria. Não tentar o obter qualquer coisa que se visse mas conseguir
obter aquilo que havia visto.
Por vezes o tédio quase mortal leva-nos a fazer coisas
destas. O estarmos tão desencantados com o que factualmente nos cerca (lugares,
pessoas ou situações) faz com que procuremos algo de confortável, algo que nos “afaste”
daquilo e que nos leve a um ponto de equilíbrio interior, antes do descalabro
total.
A utilidade de uma fotografia não tem que ser obrigatoriamente
o comunicar com os demais. Pode ser (ou deve ser antes de mais) um comunicar
connosco, um obter satisfação no que conseguimos com as ferramentas e mãos que possuímos.
E olhares. E mentes. Um conseguirmos fazer aquilo a que nos propomos, bem para
além das opiniões mais ou menos importantes que possamos vir a receber.
Um dos meus desafios íntimos é não fazer rascunhos. Vejo,
tomo decisões técnicas e estéticas e primo o botão antevendo o resultado final
e o que terei que fazer depois da obturação para o conseguir.
E cada uma das minhas vitórias é antecedida de um sem número
de derrotas.
Como disse alguém, um mestre na arte de fotografar, “Um ano
em que faça doze boas fotografias é um bom ano”.
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário