terça-feira, 9 de novembro de 2021

Assimetrias simétricas



 

Não é de todo importante o que é isto. Não é de todo importante a função deste objecto. Importou-me, antes sim, a forma. O jogo de luz e sombra e respectivos contrastes, a aparente falta de simetria, a total falta de profundidade de foco.

Ajudou-me, e muito, o saber que no editor de imagem, tal como nos tempos dos químicos e dos ampliadores, poderia obter com mais rigor aquilo que queria. Não tentar o obter qualquer coisa que se visse mas conseguir obter aquilo que havia visto.

Por vezes o tédio quase mortal leva-nos a fazer coisas destas. O estarmos tão desencantados com o que factualmente nos cerca (lugares, pessoas ou situações) faz com que procuremos algo de confortável, algo que nos “afaste” daquilo e que nos leve a um ponto de equilíbrio interior, antes do descalabro total.

A utilidade de uma fotografia não tem que ser obrigatoriamente o comunicar com os demais. Pode ser (ou deve ser antes de mais) um comunicar connosco, um obter satisfação no que conseguimos com as ferramentas e mãos que possuímos. E olhares. E mentes. Um conseguirmos fazer aquilo a que nos propomos, bem para além das opiniões mais ou menos importantes que possamos vir a receber.

Um dos meus desafios íntimos é não fazer rascunhos. Vejo, tomo decisões técnicas e estéticas e primo o botão antevendo o resultado final e o que terei que fazer depois da obturação para o conseguir.

E cada uma das minhas vitórias é antecedida de um sem número de derrotas.

Como disse alguém, um mestre na arte de fotografar, “Um ano em que faça doze boas fotografias é um bom ano”.


By me

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