sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Aventuras e desventuras de um migrante fotográfico.



 

Certo! O ter agora nas mãos um câmara Full Frame faz com queira tirar partido de tudo o que com isso se relacione e que tenha em casa. É que, ao longo dos anos tenho vindo a juntar alguma coisa. Objectivas fixas (ou primárias) e algumas zoom. Nem sempre da melhor qualidade ou estado de conservação, mas se forem baratinhas tenho dificuldade de resistir.

Desta feita caiu a escolha numa Soligor 200mm f/3,5.

Para quem não saiba, em tempos recuados os fabricantes autónomos de objectivas construíam todo todo o sistema óptico de base (lentes, sistema de focagem, diafragma...) e colocavam-nas no mercado sem que, de per si, pudessem ser usadas. Era necessário acrescentar um anel dedicado à marca de câmara que se usava, anel este que tinhas as dimensões, os encaixes (mont) e as transmissões mecânicas necessárias para bem trabalhar. Existiam vários fabricantes e vários tipos de anel.

Esta objectiva é uma T4.

Construção metálica, que os plásticos na fotografia ainda eram futuro (falamos de 1973), lentes de vidro pelos mesmos motivos, é pesada pelos padrões de hoje. Mas dá conforto na mão, saber que o que ali está é sólido, quase material de guerra.

Um dos meus prazeres, e já aqui dele falei, é olhar para um assunto e decidir qual o ângulo de visão que irei usar. Ou a distância focal.

Nos tempos que correm, e com a proliferação das objectivas zoom, esse problema não se pôe: basta apontar a câmara e rodar o anel ou carregar no botão. E o enquadramento fica feito, incluindo e excluindo o que se quer. Com o acréscimo de mais tarde, no editor de imagem, se ajeitar a coisa, desde os cortes aos nivelamentos. Ou convergências de linhas, no caso de perspectivas muito próximas.

Mas trabalhar com focais fixas implica bem conhecer os ângulos disponíveis  e usar a ”zoom a dois tempos” que possuimos: pé direito e pé esquerdo. Ficou-me esse hábito ou gosto dos tempos da película, em que fotografar com diapositivo, vulgo “slide”, quase que impossibiltava essas correcções posteriores, a menos que se imprimissem as imagens.

Fiquei satisfeito comigo. Sendo que trazia na mochila uma 28, uma 50, uma 135 e uma 200, do local onde decidi fotografar não tive dúvidas: 200 na Full Frame. E o que aqui vêdes é aquilo que resultou na câmara, se excluirmos que gosto de imagens assumidamente horizontais e enquadro sempre a pensar que parte do que registo em cima e em baixo será para retirar.

 

Ferramentas novas ou ligeiramente diferentes implicam adaptações. Algumas profundas. Tanto no manuseio, naquilo que temos por automático, como na forma de ver e pensar. Até porque é isto, ver e pensar, que é a fotografia. O resto são os detalhes que a concretizam.


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