Certo! O ter agora nas mãos um câmara Full Frame faz com
queira tirar partido de tudo o que com isso se relacione e que tenha em casa. É
que, ao longo dos anos tenho vindo a juntar alguma coisa. Objectivas fixas (ou
primárias) e algumas zoom. Nem sempre da melhor qualidade ou estado de
conservação, mas se forem baratinhas tenho dificuldade de resistir.
Desta feita caiu a escolha numa Soligor 200mm f/3,5.
Para quem não saiba, em tempos recuados os fabricantes
autónomos de objectivas construíam todo todo o sistema óptico de base (lentes,
sistema de focagem, diafragma...) e colocavam-nas no mercado sem que, de per
si, pudessem ser usadas. Era necessário acrescentar um anel dedicado à marca de
câmara que se usava, anel este que tinhas as dimensões, os encaixes (mont) e as
transmissões mecânicas necessárias para bem trabalhar. Existiam vários
fabricantes e vários tipos de anel.
Esta objectiva é uma T4.
Construção metálica, que os plásticos na fotografia ainda
eram futuro (falamos de 1973), lentes de vidro pelos mesmos motivos, é pesada pelos
padrões de hoje. Mas dá conforto na mão, saber que o que ali está é sólido,
quase material de guerra.
Um dos meus prazeres, e já aqui dele falei, é olhar para um
assunto e decidir qual o ângulo de visão que irei usar. Ou a distância focal.
Nos tempos que correm, e com a proliferação das objectivas
zoom, esse problema não se pôe: basta apontar a câmara e rodar o anel ou
carregar no botão. E o enquadramento fica feito, incluindo e excluindo o que se
quer. Com o acréscimo de mais tarde, no editor de imagem, se ajeitar a coisa,
desde os cortes aos nivelamentos. Ou convergências de linhas, no caso de
perspectivas muito próximas.
Mas trabalhar com focais fixas implica bem conhecer os ângulos
disponíveis e usar a ”zoom a dois tempos”
que possuimos: pé direito e pé esquerdo. Ficou-me esse hábito ou gosto dos
tempos da película, em que fotografar com diapositivo, vulgo “slide”, quase que
impossibiltava essas correcções posteriores, a menos que se imprimissem as
imagens.
Fiquei satisfeito comigo. Sendo que trazia na mochila uma
28, uma 50, uma 135 e uma 200, do local onde decidi fotografar não tive
dúvidas: 200 na Full Frame. E o que aqui vêdes é aquilo que resultou na câmara,
se excluirmos que gosto de imagens assumidamente horizontais e enquadro sempre
a pensar que parte do que registo em cima e em baixo será para retirar.
Ferramentas novas ou ligeiramente diferentes implicam
adaptações. Algumas profundas. Tanto no manuseio, naquilo que temos por
automático, como na forma de ver e pensar. Até porque é isto, ver e pensar, que
é a fotografia. O resto são os detalhes que a concretizam.
By me
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