segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Esclarecimento




Aparentemente há quem fique confuso ou chocado quando comparo o acto de se pedir factura com NIF com a antiga polícia política.

Tentarei explicar, ainda que acredite que a maioria não entenda ou não aceite os meus argumentos.

 

Quando recebemos uma factura, não importa de que negócio, com o nosso NIF nela inserido, estamos a obrigar a que quem a emite comunique às finanças a existência desse mesmo negócio. Por outras palavras, quem vende ou presta o serviço não tem como escapar ao fisco.

Acontece que a lei se baseia no princípio: “Inocente até prova em contrário”. É a quem acusa que pertence o ónus de provar as suas afirmações. Não é a cada um de nós que, a cada momento, temos que afirmar que somos inocentes, não importa de quê.

Acontece também que é dever de todo o comerciante ou prestador de serviços o declarar ao fisco cada negócio que faz. Tenham ou não as facturas que emite o NIF dos clientes.

O obrigar-se o comerciante a colocar o nosso NIF na factura é suspeitar que ele pode ser desonesto, que pode não declarar este negócio e, com o meu NIF na factura, impedi-lo de defraudar o fisco.

Não me entendo fiscal ou polícia! Não tenho a opinião que todo e qualquer cidadão pode ser desonesto e não tenho a obrigação de impor comportamentos aos demais! Do mesmo modo que não gosto que suspeitem de mim, não passo a vida a suspeitar dos outros! E se eu cumpro as regras fiscais, tenho que partir do princípio que todos os outros o fazem também!

Em tempos existia uma polícia secreta que vigiava actos e pensamentos “a bem da nação”. Não sabíamos quem era ou não agente ou bufo e tínhamos todas as cautelas para não sermos apanhados por um desconhecido (por vezes eram conhecidos) a fazer ou dizer algo contra o sistema (ou regime).

Hoje já não existem bufos que levam informações ou denúncias aos agentes ou postos policiais, a troco de dinheiro ou promoção. O estado encontrou uma forma bem mais perversa de ter denunciantes sem que sejam olhados de lado pelos colegas ou vizinhos: oferece-lhes reembolsos de impostos, recompensas automáticas e “legais” para que todos suspeitem de todos e todos vigiem todos.

Fugi dos de antigamente! Factual e fisicamente. E não serei eu que hoje farei o papel de esbirro do estado, fiscalizando e impondo comportamentos.

 

Admito que sejam muitos os que não pensam como eu. Os que suspeitam que todos, sempre que tenham oportunidade, serão desonestos e não cumprirão os seus deveres para com a sociedade. Nomeadamente no que a impostos concerne.

Também entendo que muitos desses que não pensam como eu serão exactamente aqueles que, em tendo oportunidade, fugirão dos seus deveres sociais. Fisco incluído.

A cada um a sua consciência. Pessoal e social.

 

Em jeito de remate, sempre vos alerto que se um dia vos baterem à porta e vos acusarem de possuírem um livro constante de um qualquer INDEX, foram vocês que informaram o estado e os seus esbirros que o compraram.


By me

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