Não me preocupo de todo com o futebol.
Não me tira o sono excepto em trabalho, as enchentes de público
que atrapalham o normal fluir da cidade, e os humores dos adeptos que pintam os
rostos matinais de quem ainda mal acordou a caminho do trabalho.
Mas dá-me algum gozo ver como a comunicação social trata o
mesmo evento em função do resultado.
Ontem uma equipa portuguesa perdeu em casa com uma
importante equipa estrangeira. E é ver como os jornais portugueses falam do
assunto em “caixa pequena”, alguns nem mesmo fazendo referência disso na página
de entrada da web.
Claro que mostram toda uma panóplia de assuntos negativos,
da política à economia nacional ou pessoal. E crimes de sangue. E figuras
públicas acusadas de qualquer coisa. E desastres com vítimas. Agora uma derrota
no futebol…
Se fosse uma vitória seria assunto de meia página ou página
inteira, com letras garrafais e rasgados elogios à equipa e às capacidades
nacionais. Mas uma derrota…
“Pode ser que não dêem por isso.”, será talvez o pensamento
de quem decide os conteúdos das primeiras páginas. “Temos que lhes dar assuntos
negativos para que entendam que as suas vidas, afinal, não são tão beras quanto
isso. Temos que os ajudar a sublimar as suas frustrações do quotidiano.”, é o lema
de directores e editores. “Mas uma derrota futebolística é demasiada desgraça para
uma primeira página!”
Ora bolas para as opções editoriais e os seus deveres de
isenção e pluralidade condicionados por interesses obscuros.
By me
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