O ser
humano precisa de se afirmar no grupo a que pertence. Pelo que é e pelo que
faz.
E um
retrato, um registo para a posteridade, feito formalmente ou em tom de
brincadeira, é uma forma de afirmação, sendo objecto de observação e critica
cerrada por parte do retratado.
Curioso é
de observar que como se manifesta ou critica sobre o que é ou o que faz
expresso em retrato. E são dois grupos, manifestamente distintos. A fronteira
fica algures na casa dos quarentas, nuns casos mais acima, noutros mais abaixo.
No grupo
dos mais novos, o que é observado e/ou criticado é aquilo que faz.
As poses,
as expressões, as posições corporais, os relacionamentos com outros retratados.
O eventual
– ou frequente – desagrado não se manifesta sob a forma de “não gosto” ou
“fiquei mal”, mas antes pela ironia, pelos comentários jocosos, pela
auto-critica. Frequentemente, com o menosprezo da sua própria aparência e uma
crítica acutilante sobre os demais no grupo retratado.
Para
estes, o que é importante num retrato não é o que são mas antes o que fazem e
como o fazem.
Por seu
lado, os pertencentes ao grupo mais velho preocupam-se francamente mais com o
que são ou aparentam ser.
As
manifestações de idade constatáveis pelo peso ou volume, pela posição do
esqueleto, pela cor da pelagem ou pelas rugas são os factores que mais procuram
ver num retrato, numa tentativa inútil de verificar se não parecem ser o que
são. Que os olhos dos outros não vejam aquilo que sabem ser.
Estou em
crer que a felicidade passa por uma sã convivência com o “Eu” físico, tentando
melhora-lo se se o entender, mas não o negando ou repudiando.
E, acima
de tudo, não ligando a mínima à opinião que os outros possam ter sobre si. Ao
vivo ou no papel.
Nota adicional: a imagem mostra o local onde pararam para
serem fotografados umas muito largas centenas de pessoas, no âmbito do meu
projecto “à-lá-minuta”. O enquadramento era sempre este, variando apenas as
poses dos fotografados, de corpo inteiro e decididas pelos próprios. Ocasionalmente,
havia quem usasse o banco como forma de “aparecerem no boneco”.
By me
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