E porque é que os computadores são estúpidos e ignoram o que é felicidade? Porque só dão respostas e nunca perguntas!
Tinha eu uma dúvida. Nada de muito especial, mas fazia-me confusão, já que aquilo não encaixava em nada do que eu sabia ou conhecia. Referia-se ao comportamento de uma planta, junto da qual passo com muita frequência. Aquela em particular, ao invés de uma outra igualzinha e ao lado, tem as suas folhas organizadas de forma diferente e incomum.
Mostrei o fenómeno a vários conhecidos que comigo partilham o local, em momentos de ócio e nicotina, mas nenhum soube dar uma resposta cabal. Luz, calor, vento, poluição, várias foram as explicações aventadas, mas nenhuma consistente com bom-senso.
Eis que tropeço no jardineiro daquele local. Homem com comportamentos pouco habituais, consta que tem aquele emprego como forma de recuperação de vidas anteriores menos recomendáveis. A maior parte das pessoas que por ali passam, em o sabendo ou suspeitando pelo aspecto, evitam-no ou, pior ainda, ignoram-no, como se fosse portador da peste ou um mero ornamento do local.
Pois eu abordei-o e questionei-o sobre a coisa. De imediato obtive uma resposta sobre a planta em questão, sobre a sua irmã, mesmo ao lado, do que elas gostam e não gostam e de que forma manifestam a sua satisfação e desagrado. E ficámos um pouco a conversar sobre isso mesmo e sobre o como podemos ver as plantas sorrirem para nós, se nos deixarmos penetrar pela sua forma de falar.
A conversa acabou, ele seguiu para onde ia, eu fui comprar o gelado que me apetecia. E, estava eu a receber o troco do negócio, debatendo-me com o porta-moedas, os trocos e o gelado, tendo apenas duas mãos, quando ele regressa e me aborda.
Diz-me ele “Tem dois ou três dias para as comer.” E entrega-me esta galhada de uma romãzeira com duas belas romãs. Fiquei meio sem jeito e ainda lhe perguntei de onde vinham. Havia uma, ali mais ao fundo, agora carregadinha, e eu nem havia dado por ela. E estas duas vinham porque alguém gosta de plantas. E havia dado importância a quem, as mais das vezes, é transparente ou a evitar.
O saber está em todo o lado. E fazer perguntas dá-nos, para além das respostas, alguns prazeres insuspeitos.
Texto e imagem: by me
Tinha eu uma dúvida. Nada de muito especial, mas fazia-me confusão, já que aquilo não encaixava em nada do que eu sabia ou conhecia. Referia-se ao comportamento de uma planta, junto da qual passo com muita frequência. Aquela em particular, ao invés de uma outra igualzinha e ao lado, tem as suas folhas organizadas de forma diferente e incomum.
Mostrei o fenómeno a vários conhecidos que comigo partilham o local, em momentos de ócio e nicotina, mas nenhum soube dar uma resposta cabal. Luz, calor, vento, poluição, várias foram as explicações aventadas, mas nenhuma consistente com bom-senso.
Eis que tropeço no jardineiro daquele local. Homem com comportamentos pouco habituais, consta que tem aquele emprego como forma de recuperação de vidas anteriores menos recomendáveis. A maior parte das pessoas que por ali passam, em o sabendo ou suspeitando pelo aspecto, evitam-no ou, pior ainda, ignoram-no, como se fosse portador da peste ou um mero ornamento do local.
Pois eu abordei-o e questionei-o sobre a coisa. De imediato obtive uma resposta sobre a planta em questão, sobre a sua irmã, mesmo ao lado, do que elas gostam e não gostam e de que forma manifestam a sua satisfação e desagrado. E ficámos um pouco a conversar sobre isso mesmo e sobre o como podemos ver as plantas sorrirem para nós, se nos deixarmos penetrar pela sua forma de falar.
A conversa acabou, ele seguiu para onde ia, eu fui comprar o gelado que me apetecia. E, estava eu a receber o troco do negócio, debatendo-me com o porta-moedas, os trocos e o gelado, tendo apenas duas mãos, quando ele regressa e me aborda.
Diz-me ele “Tem dois ou três dias para as comer.” E entrega-me esta galhada de uma romãzeira com duas belas romãs. Fiquei meio sem jeito e ainda lhe perguntei de onde vinham. Havia uma, ali mais ao fundo, agora carregadinha, e eu nem havia dado por ela. E estas duas vinham porque alguém gosta de plantas. E havia dado importância a quem, as mais das vezes, é transparente ou a evitar.
O saber está em todo o lado. E fazer perguntas dá-nos, para além das respostas, alguns prazeres insuspeitos.
Texto e imagem: by me
Sem comentários:
Enviar um comentário