Quando eu passava a jornada de trabalho lidando com câmaras,
objectivas, acessórios ópticos, tripés e demais parafernália, tinha o hábito
de, de três em três semanas usar um tempo morto dos demais afazeres para cuidar
das partes de vidro. Munido do material necessário, fazia uma ronda pelos
equipamentos, cuidando da sua limpeza.
A frequência desta minha intervenção assim espeçada prendia-se
com o facto de o local onde tudo isto está instalado não ser sujeito a mais
lixo ou poeiras que qualquer ambiente fechado de estúdio normal e o sermos
vários com o mesmo ofício. Entre todos e com os mesmos cuidados, não era de
todo difícil manter quase imaculado todo o material óptico.
O tempo passou, eu deixei de ter essas funções, passando para
a outra ponta dos cabos, e o restante pessoal foi sendo substituído. Por idade,
por mudança de funções, por cansaço total.
Objectivas e demais meios óticos passaram a estar quase no
limiar do imundo. Não apenas bera de ver mas com as consequências óbvias para o
resultado final.
Fartei-me de protestar, de reclamar, de pedir, de sugerir, de
instar, para quem os actuais “profissionais” que com estes equipamentos lidam
tenham os cuidados devidos. Inútil! Ou quase, até ter feito chegar os meus
protestos a um outro nível insuspeito.
Hoje, em chegando ao local de trabalho, vejo uma das pessoas
que com objectivas trabalham, a fazer a sua manutenção. A cara de chateado,
incomodado, gastado e outros termos acabados em –do era digna de ser ver.
E, tal como suspeitava, o resultado de tal tarefa que durante
anos fiz sem reclamações e sem que para tal me incitassem, está abaixo do
sufrivel.
Qualquer aluno meu que, no final do primeiro período do
primeiro ano, não tivesse como rotina o guardar equipamento limpo e operacional
teria negativa assegurada. Nunca tive necessidade de tal nota atribuir.
Talvez por isso são todos ou quase todos conceituados
profissionais, com brio no que fazem e com mediana a boa situação profissional.
Mas, e como dizia um velho compincha e amigo, “há vinte anos
que tento ensinar o meu cágado a fotografar e não consigo!”
By me
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