Podemos discutir o conceito de belo. Como depende da cultura
e da cronologia, do belo universal ao efémero e regional. Nas artes plásticas e
em todas as outras. Até o conceito de belo no corpo humano.
Este será um tema inesgotável e sobre o qual muitos e
ilustres pensadores se pronunciaram.
Mas este não é o caminho que aqui quero seguir. Interessa-me
bem mais pensar que o que aqui vemos em nada se parece com as tradicionais
placas toponímicas da cidade de lisboa. Aquelas de pedra, cravadas nos prédios
às esquinas. Ou aqueloutras, também em pedra, que por não existirem prédios nas
esquinas se exibem em pequenos pilares também de pedra.
Provavelmente os forasteiros, nacionais ou não, gostarão
disto. Num poste, bem alto e descoberto, com indicação dos números de porta
para mais facilmente os encontrar… faria sentido em novas urbanizações, com
decisões globais sobre os seus aspectos estéticos.
Mas não creio que faça sentido em bairros consolidados, em
que a uniformidade da toponímica existe e é quebrada com estes sinais modernos.
Transforma-se o que é coeso e esteticamente lógico para uma manta de retalhos,
onde quem procura a informação fica sem saber se ela estará no prédio se num
poste. Por bela que seja a placa e o poste.
Faz menos sentido ainda esta alteração em favor dos
forasteiros, quando sabemos que uma grande parte deles, com as modernidades
tecnológicas, procura no ecrã do seu smartphone a informação de que necessita,
esquecendo os clássicos mapas em papel. Ainda há quiosques para turista que os
vendem, mas creio que é negócio condenado a prazo.
Acrescente-se que sabemos o quão pouco duradoiras são as
obras em postes e em ferro, com os acidentes de automóvel e a natureza a
reclamar a sua posse, com tintas que estalam e ferrugem que se instala.
Não consigo gostar deste toque de modernidade, fazendo
assemelhar a cidade, velha que é, a cidades novas, sem tradições práticas e
estéticas. E duradoiras, como podemos constatar com um simples passeio pelas
suas ruas.
Mesmo que argumentem que edifícios existirão que, pelos
materiais das suas fachadas, não suportam as clássicas placas de pedra, os
pilares alternativos serão a solução.
Já quanto à sua modernidade pergunto: o forasteiro vem a
Lisboa em busca de uma urbe semelhante às demais ou pelas suas características
próprias e únicas? Não bastará a extinção dos clássicos “comes e bebes”
substituídos pelos assépticos e incaracterísticos fast food? Ou o comércio
tradicional substituído pelas grandes superfícies, iguais entre si no aspecto e
nos produtos, mas onde o atendimento também é asséptico e, pior, quase
ignorante sobre o que vende?
Suponho que o gabinete se arquitectura e design que concebeu
placas e postes, bem como quem os fabricou e vendeu, terão gostado da coisa,
mas não eu.
Gosto da modernidade e da evolução. Mas incomoda-me que as
tradições e características se esvaiam ou destruam sem motivo.
By me
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