Tenho para mim que
é exactamente isto que está na origem de muitos dos problemas que atravessamos:
o dinheiro.
Que se ele não
existisse não haveria bancos, impostos, empréstimos com juros, disputas inúteis
apenas para aumentar as mais valias do trabalho alheio.
Nas sociedades
ditas primitivas, onde ele não existe, nada disto acontece.
Mas, mais que
acreditar nisto, faço o que posso para lhe passar ao lado. É um “passar ao
lado” meio estranho, já que o recebo e uso, mas eu disse que faço o que posso.
Eis um dos
exemplos:
Uma ocasião fui
chamado, meio de urgência, a uma escola. Havia por lá uma questão não muito
simples para resolver e o meu papel seria fazer um conjunto de sessões, em
estilo de workshop, para passar métodos de trabalho aos alunos.
A ideia
agradou-me: o desafio era grande e implicava uma boa dose de imaginação da
minha parte, mas nada que, pensei, não pudesse ser feito. Aceitei.
Mas coloquei uma
condição específica, para além de outras de ordem prática inerentes ao decorrer
dos trabalhos: eu não seria pago em dinheiro.
Não tinha
actividade aberta (e continuo a não ter) e não me apetecia abrir só para aquele
trabalho.
Propus, então, ser
pago em géneros. Eu diria o que queria receber, no caso acessórios de
informática, e eles tratariam de os arranjar para mos dar. As questões de
contabilidade seriam problema deles.
O meu
interlocutor, que já me conhecia, aceitou mas com reservas, que haveria de
saber se possível. E demorou bem duas semanas a confirmar o negócio, que
propostas destas não são bem aceites por contabilistas e gestores, engomadinhos
e ciosos dos seus belos livros de contabilidade.
Mas o trabalho
acabou por ser feito, a contento meu, da escola em geral e, suponho, dos alunos
envolvidos. Que, além de tudo o que era suposto ouvirem e fazerem no âmbito do
projecto e conteúdos em causa, ainda foram informados da forma como o negócio
fora acertado. (Aproveito, sempre que posso para “por um pauzinho na
engrenagem”).
Nunca mais fui
chamado.
Para pena minha,
que gosto de fazer o que fiz. Para prejuízo dos alunos, que perdem oportunidade
de conhecerem outras formas de pensar e agir. Para prejuízo da sociedade, com
continua atávica e baseada no seu maior cancro, que alastra sem dó.
Por mim, continuo
a pôr em prática o que penso e sempre que posso, bem para além de regras e
normas morais.
Que são sempre as
morais dos outros.
By me
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