Foi há uns dias.
Fui à exposição “Cosmos
Discovery” com um jovem amigo e fomos barrados na entrada. Que teríamos que
deixar as nossas mochilas.
Ainda tentei
argumentar com a questão da confiança: Se não confiam em nós, porque raio temos
nós que confiar na integridade de quem as guarda? Não serviu de nada.
De seguida
argumentei que nos museus que conheço lá fora a única restrição que colocam é não
estar nas costas, podendo as mochilas serem transportadas ao peito ou na mão.
Também não os convenci.
E o tom da
conversa, se bem que urbano e cordato, subiu um pouco.
Estive prestes a
dizer que não entraria nessas condições e vir embora. Só não o fiz porque quem
me acompanhava queria mesmo ver a exposição e seria uma decepção “bater com o
nariz na porta” por questões de princípio. Entrámos.
Mas no decurso da
exposição encontrámos três pessoas, um adulto e dois jovens, tranquilamente
passeando com as mochilas nas costas.
Fica-me a
pergunta, obviamente: a questão é uma regra para todos ou fica ao critério
discricionário dos vigilantes e responsáveis?
No interior conteúdos
interessantes, desde peças originais a réplicas, miniaturas, simulacros…
Não sendo eu um
especialista na matéria, fui gostando e aprendendo.
Até que “a porca
torceu o rabo”!
Numa vitrina, as câmaras
fotográficas que foram à lua. Hasselblad, para quem não sabe…
E com alguns
detalhes técnicos, que li de fio a pavio. “Estava em casa”. E mais valia que não
estivesse!
Havia legendas
para todos os objectos expostos, escritas em Inglês e em Português. E, neste
caso, não correspondiam uma com a outra.
Na versão inglesa
falava-se em “lens speed” e que tinham um desenho de construção para corrigir
perspectivas; na versão portuguesa falava-se em “velocidade do obturador” para
o mesmo efeito.
A expressão “lens
speed” poderá ser estranha para a maioria das pessoas mas está correcta. As
objectivas são mais ou menos rápidas, na medida em que deixem passar mais ou
menos luz e necessitem de mais ou menos tempo de exposição para uma mesma
quantidade de luz na película ou sensor.
Mas a tradução de “lens
speed” poderá ser “objectiva rápida” ou “objectiva luminosa”. Nunca “velocidade
de obturador”, que é um elemento bem diferente do sistema.
Mais ainda: só
conheço um tipo de obturador que influencie a perspectiva. Trata-se de câmara panorâmicas
em que a película está curva no seu interior, no lugar de plana como é
habitual. E o obturador, ao funcionar, movimenta-se num semi-circulo à sua
frente. Com isto consegue-se uma imagem panorâmica alargada, mantendo a imagem
focada de um extremo ao outro e com uma perspectiva correcta, já que o eixo está
corrigido.
Ao que sei, nada
disto foi usado na Lua.
Tratou-se de um
erro de tradução, que passaria despercebido ao comum dos visitantes. Mas muito
pouco admissível numa exposição que se pretende “científica” e com carácter didáctico,
para além de lúdico.
No final, fiz o
reparo ao erro. Que admitiram, bem como a existência de outros que não vi. Mas
não senti vontade de fazerem as respectivas correcções.
Fica o recado para
os que estão a pensar visitar a exposição:
Compareçam com bom
aspecto, barba feita, gravata, etc., sem mochilas e sem a ilusão de que tudo o
que ali aprenderem esteja certo ou sujeito a correcção.
Afinal, aquilo é
um negócio em que o lucro se sobrepõe ao rigor no trato ou nos conteúdos.
Um mau negócio
para os visitantes, na minha opinião.
By me
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