sexta-feira, 20 de março de 2009

As coisas que eu aprendo


Leio na imprensa que a líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, afirmou perante correligionários europeus que estava segura de vir a ser a próxima Primeira-Ministra de Portugal.
Semelhante afirmação deixa-me verdadeiramente de boca aberta!
À uma porque parece esta senhora acreditar, com uma fé equivalente à que tem no movimento de translação da Terra, que o seu partido irá ganhar as próximas eleições legislativas.
Parece, assim, saber apara além de qualquer dúvida, qual a vontade dos portugueses e, com meses de antecedência, qual a atitude que irá ele tomar aquando das eleições.
Poder-se-á dizer que alguém com tamanha capacidade de prever o futuro, com tamanha certeza sobre as vontades e opiniões dos seus concidadãos, será a pessoa certa para gerir o que quer que seja, um país incluído. Que, podendo assim adivinhar o provir, será capaz de agir em função das suas premonições e, desta forma, não cometer erros.
Isto, claro está, se a afirmação daquele jogador de futebol estiver errada: “Prognósticos só no final do jogo!”

Mas também fico estupefacto com a minha ignorância.
Supunha eu que o sistema político vigente em Portugal determinava que as eleições legislativas servissem para que o povo português escolhesse os deputados que o representem na Assembleia da República.
E que, desta escolha, o Presidente da República Portuguesa convidasse o partido político ou formação política mais votada para apresentar uma figura para o cargo de Primeiro-ministro. Que teria que ser aceite pelo Presidente e ratificado no parlamento.
Mas, das palavras de Manuela Ferreira Leite, induzo que, afinal, as eleições legislativas servem para escolher, directamente, quem ocupará o cargo de primeiro-ministro. Que os cidadãos nacionais, ao colocarem o boletim de voto na urna, terão escolhido uma pessoa e que os restantes elementos constantes na lista serão apêndices ou “verbos de encher”.

Acredito que alguém que tanto sabe sobre o futuro e a vontade de todo um povo saiba mais sobre estas questões que eu mesmo, condenado que estou a ser um ignorante e mero eleitor.
E igualmente condenado a não acreditar que os altos cargos da governação são efémeros e que os santos que ocupam esses altares têm pés de barro acabando, cedo ou tarde, por caírem deles abaixo.
Perdoem-me por tanta ignorância!


Texto e imagem: by me

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