As coisas são o que são, tal como as pessoas e as instituições.
Em 2010 o então deputado e vice presidente da bancada do PS,
Ricardo Rodrigues, não gostou de algumas perguntas feitas no decorrer de uma
entrevista para uma revista portuguesa. Irritado, levantou-se, guardou no bolso
os gravadores de som que estavam a ser usados para a entrevista e abandonou o
local. Esqueceu-se, coitado, que também ali estava uma câmara de vídeo que tudo
registou.
O caso foi levado à justiça com algum mediatismo, e
terminou, ao que sei, com uma indemnização de alguns, poucos, milhares de euros.
Ricardo Rodrigues, entretanto, deixou o protagonismo do Parlamento
e foi eleito como autarca nos Açores.
Agora surge uma notícia que nos conta que o Ministério
Público o acusa de prevaricação e abuso de poder ao, alegadamente, ter
favorecido um irmão e outros familiares de autarcas locais na cedência de um
espaço comercial para restauração.
Diz-se que a justiça e as suas sentenças servem para
reparação de danos às vítimas e para reinsersão dos delinquentes, fazendo-os
aprender da gravidade dos seus actos e o imperioso de não os repetirem.
No entanto há quem não aprenda e que continue a praticar
actos que a sociedade condena. Mas esta também não aprende, continuando a
eleger delinquentes para lugares públicos, onde decidem e gerem aquilo que é de
todos nós.
A isto acrescente-se um detalhe curioso:
Soube deste caso recente através de uma notícia num jornal
diário on-line. Como é hábito, ela está ilustrada com uma fotografia. No caso, uma
de arquivo. Mas a fotografia mostra a fachada da Procuradoria Geral da
República e não, como também é habitual, o retrato de quem aqui é acusado.
Pequenos requintes editoriais que muito contam a quem neles
reparar.
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