sexta-feira, 30 de julho de 2021

PDC




Um destes dias vi um pedaço de uma série televisiva portuguesa.

Trata-se de um enredo de época, não sei se rigoroso ou ficcionado e tenta dar-nos a ambiência de então: guarda-roupa, gestos e hábitos, adereços, locais…

Não tenho acompanhado a série e, deste episódio, só vi um pedaço, pelo que me vi meio baralhado com personagens e respectivos relacionamentos. Falha minha, provavelmente.

Ma houve uma coisa que me incomodou particularmente: a direcção de fotografia. A luz estava engraçada e apelativa, o uso de contrastes de temperatura de cor um pouco forçados mas mais ou menos adequados ao que me pareceu ser a situação…

O que não gostei mesmo foi o controlo de profundidade de campo. Por outras palavras, o facto de o fundo estar sempre desfocado ou pouco nítido.

É uma técnica e uma estética que nada tem de novo. Melhor dizendo, tem vindo a ser utilizada desde que se faz cinema (ou quase). Mas os bons realizadores ou directores de fotografia usam-na com parcimónia, como mais uma forma de pontuar esta ou aquela situação do enredo ou da relação entre personagens. Um pouco como se usam as escalas de plano (grande plano, contra-picado, amorcê ou sobre-o-ombro, conjunto… ou como na escrita, se usa a pontuação: ponto, virgula, reticências, exclamação…

Ver uns vinte minutos de uma ficção com o fundo sempre desfocado (o que deve ter dado uma boa trabalheira para o manter coerente entre e ao longo de todas as sequências)… Não gostei e, bem pior que isso, senti-me cansado.

Não sei bem o que dizem os especialistas na comunicação visual mas manter o espectador cansado não será, suponho, do mais recomendável a menos que seja esse o objectivo.

Não me pareceu que fosse.

 

Nota adicional – A imagem aqui exibida é meramente ilustrativa e um pouco forçada, feita por mim a correr aqui em casa. Em termos de curiosidade técnica, sempre acrescento que o formato do suporte foi APSC (1,5) e a objectiva uma 50mm f/1,2, na sua máxima abertura e a pouco mais de meio metro do primeiro plano, de que me orgulho de possuir. Já a luz foi a que entrava pela janela, difusa, compensada no primeiro plano com um reflector metálico. Quando queremos “brincar” com profundidade de campo, estas informações são uteis para quem saiba algo do assunto.


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