Um compincha, amigo e mestre costumava dizer que só há dois
tipos de fotografia: tremidas ou feitas com tripé.
Dê-se desconto ao exagero, a verdade é que a física, a
fisiologia e a matemática concordam com ele: é impossível manter imóvel um
objecto segurando-o com a mão. Por imperceptível que seja, haverá sempre algum
movimento.
Aliás, já a revista “Modern Photography” que fazia no seu
tempo testes de resolução das objectivas quando era colocadas no mercado,
tinham a câmara firmemente colocada, tal como a cartas de testes, em pesados e
sólidos blocos de cimento.
Daí que a tecnologia e os fabricantes foram criando diversos
dispositivos que auxiliam em muito o evitar fotografias tremidas. De muitas
formas, algumas bem engenhosas.
Mas os antigos, os bem, bem, bem antigos já tinham forma de
garantir a estabilidade, métodos esses que perduram passados que são muitos
séculos: as pirâmides, que encontramos por diversas civilizações e pontos do
globo.
E eu demonstro: só há uma figura geométrica que é indeformável
a menos que quebremos alguma das suas arestas. O triângulo.
A partir daqui, quantas mais arestas acrescentarmos mais é
fácil alterar a sua forma bastando alterar os ângulos internos. Mas não no
triângulo.
As pirâmides, mesmo que com base quadrangular, são triângulos
em volume. Indeformaveis a menos que destruamos uma das suas faces ou arestas.
O corpo humano, sendo composto de músculos, está em
permanência a ajustar as suas posições porque tem várias “arestas ou faces”.
Clássico é vermos os marinheiros, perante o balançar do barco, abrirem as
pernas e afastarem os pés, formando assim um tiângulo composto por duas pernas
e o chão que une os pés.
O fotógrafo, em procurando a estabilidade, deve criar
triângulos no corpo de modo a obter o máximo de estabilidade. E não apenas nas
pernas. Também nos braços.
Se encostar os cotovelos ao tronco cria aqui três triângulos
interligados. Um frontal, composto pelos dois antebraços e o tronco, e um de
cada lado composto pelo braço, o antebraço e a mão segurando a câmara encostada
à cara.
As câmaras em que se usa o LCD e não o visor de ocular,
quebram estes triângulos. E, pior ainda, como o ecrã implica alguma distância
do olhar para estar nítido, é mais que habitual ver segurar a câmara com os
cotovelos afastados do corpo. Coisa a que costumo chamar de “com as asinhas no
ar”.
Não há tentativa de estabilidade que resista.
De igual forma, fazer uma fotografia com enquadramento
vertical conduz, a menos que se tenha cautela e façamos ginástica, a termos o
disparador do lado superior da câmara. Donde, o cómodo é levantar a mão direita
para o actuar e a outros comandos, ficando com “essa asa aberta e pronta a
levantar voo”.
Não é à toa que os fabricantes de câmaras colocam nos “grips”
adicionais um botão de disparo e outros comandos no canto inferior direito.
Desta forma é possível segurar com mais estabilidade o conjunto, encostando o
cotovelo direito ao corpo.
E, só para terminar o que já vai longo: porque usamos tripé e
não quadripé? Porque as suas pernas formam triângulos, os tais que já os muito,
muito, muito antigos usavam.
Pentax K1 mkII, Pentax-M macro 100 1:4
By me


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