sábado, 15 de novembro de 2025

Estabilidades




Um compincha, amigo e mestre costumava dizer que só há dois tipos de fotografia: tremidas ou feitas com tripé.

Dê-se desconto ao exagero, a verdade é que a física, a fisiologia e a matemática concordam com ele: é impossível manter imóvel um objecto segurando-o com a mão. Por imperceptível que seja, haverá sempre algum movimento.

Aliás, já a revista “Modern Photography” que fazia no seu tempo testes de resolução das objectivas quando era colocadas no mercado, tinham a câmara firmemente colocada, tal como a cartas de testes, em pesados e sólidos blocos de cimento.

Daí que a tecnologia e os fabricantes foram criando diversos dispositivos que auxiliam em muito o evitar fotografias tremidas. De muitas formas, algumas bem engenhosas.

Mas os antigos, os bem, bem, bem antigos já tinham forma de garantir a estabilidade, métodos esses que perduram passados que são muitos séculos: as pirâmides, que encontramos por diversas civilizações e pontos do globo.

E eu demonstro: só há uma figura geométrica que é indeformável a menos que quebremos alguma das suas arestas. O triângulo.

A partir daqui, quantas mais arestas acrescentarmos mais é fácil alterar a sua forma bastando alterar os ângulos internos. Mas não no triângulo.

As pirâmides, mesmo que com base quadrangular, são triângulos em volume. Indeformaveis a menos que destruamos uma das suas faces ou arestas.

O corpo humano, sendo composto de músculos, está em permanência a ajustar as suas posições porque tem várias “arestas ou faces”. Clássico é vermos os marinheiros, perante o balançar do barco, abrirem as pernas e afastarem os pés, formando assim um tiângulo composto por duas pernas e o chão que une os pés.

O fotógrafo, em procurando a estabilidade, deve criar triângulos no corpo de modo a obter o máximo de estabilidade. E não apenas nas pernas. Também nos braços.

Se encostar os cotovelos ao tronco cria aqui três triângulos interligados. Um frontal, composto pelos dois antebraços e o tronco, e um de cada lado composto pelo braço, o antebraço e a mão segurando a câmara encostada à cara.

As câmaras em que se usa o LCD e não o visor de ocular, quebram estes triângulos. E, pior ainda, como o ecrã implica alguma distância do olhar para estar nítido, é mais que habitual ver segurar a câmara com os cotovelos afastados do corpo. Coisa a que costumo chamar de “com as asinhas no ar”.

Não há tentativa de estabilidade que resista.

De igual forma, fazer uma fotografia com enquadramento vertical conduz, a menos que se tenha cautela e façamos ginástica, a termos o disparador do lado superior da câmara. Donde, o cómodo é levantar a mão direita para o actuar e a outros comandos, ficando com “essa asa aberta e pronta a levantar voo”.

Não é à toa que os fabricantes de câmaras colocam nos “grips” adicionais um botão de disparo e outros comandos no canto inferior direito. Desta forma é possível segurar com mais estabilidade o conjunto, encostando o cotovelo direito ao corpo.

E, só para terminar o que já vai longo: porque usamos tripé e não quadripé? Porque as suas pernas formam triângulos, os tais que já os muito, muito, muito antigos usavam.

 

Pentax K1 mkII, Pentax-M macro 100 1:4


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