segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Côr




Quando falamos de côr são tantas as vertentes, qual delas a mais importante, que não se sabe por onde começar: técnica, estética, cultural, semiotica, subliminar...

Considero que a côr na comunicação é tão importante que, nos anos 80, abandonei a ideia de ingressar no curso de comunicação social (o primeiro em Portugal) da Universidade Nova por não possuir uma cadeira dedicada ao tema. Entre outros factores da importância do assunto nesse curso (á época), seria a cada vez mais dominante da côr na imprensa e a implementação da côr em televisão.

Só para dar notícia de parte da importância, um tema particularmente polémico em finais dos anos 80 e princípio dos 90:

Havia quem defendesse que os fabricantes de emulsões fotográficas ajustavam as sensibilidades e gamas para evidenciar o tom de pele caucasiano, em prejuizo das africanas e, de caminho, das asiáticas.

Sabemos, claro, que o mercado de películas (tanto fotográficas como cinematográficas, era dominado pelos estúdios europeus e norte americanos, bem como o respectivo público consumidor. E haveria que agradar a amadores e profissionais.

Tive conhecimento desta polémica pelas revistas que aqui se vendiam: norte americanas, britânicas e francesas. A web ainda era um sonho distante.

Durante alguns anos falava-se e escrevia-se sobre o assunto, ainda que não me recorde de ter feito capa ou parangonas: páginas interiores apenas.

Não me lembro de ter visto alguma a publicar exemplos conclusivos sobre a questão, até porque nem sempre a qualidade de impressão era suficiente para evidenciar o argumentado.

Ao fim de algum tempo o tema deixou de aparecer. Quer fosse porque o público não o aceitou por verdadeiro, quer fosse por cansaço, quer fosse por pressão de grupos poderosos porque incómodo.

Por cá alguns de nós tentámos chegar a alguma conclusão mas não era coisa fácil. Se por um lado testes sérios seriam dispendiosos porque muitos e variados, por outro a nossa descolonização ainda era coisa recente e a tratar com pinças.

Nos tempos que correm nem disso há rumores. Constatam-se as diferenças entre fabricantes, é certo, mas os programas de tratamento de imagem são tantos e tão divulgados e dispersos que cada um ajusta em casa a seu bel prazer. E torna-se tarefa quase impossível confirmar agora se ainda haverá algum fundo de verdade no tocante aos sensores das câmaras digitais.

Mas não tenhamos dúvidas: mantém-se vital o domínio da côr na imagem técnica! Quer seja pela livre expressão autoral, quer seja pela necessidade da eficácia na comunicação, quer seja por desígnios menos claros ou honrosos.

 

Pentax K1 mkII, Pentax-M macro 50 1:4


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