Se convidarem um canalizador para uma festa, pedem-lhe que
leve uma chave francesa? E se for um escultor, que leve um cinzel? No caso de
um cirurgião, deve levar o bisturi? Então porque é que se for um fotógrafo lhe
pedem que leve a câmara?
Foi o que me aconteceu há uns bons anos!
Tratava-se de um jantar de natal organizado por colegas de
trabalho, num espaço amplo e que contaria com muita gente e convidaram-me para
estar presente. Mas que, de caminho, levasse a a câmara, já que queriam ter
umas fotografias dos convivas, tanto aquando da entrada como depois, durante o
repasto.
Fiquei furioso com a situação, que mais parecia uma
contratação à borla que um convite. E fiquei incomodado porque nesses eventos
juntam-se sempre pessoas que passam um ano inteiro a não se falarem ou ainda
pior e, nestes encontros, sobrevém a hipocrisia dos sorrisos de circunstância e
do convívio a contra-gosto.
Não me comprometi no momento, mas que iria pensar. É que se
o evento me incomodava e o convite me insultava, enquanto fotógrafo era um
desafio e sempre poderia fazer uma fotografias “especiais” de algumas pessoas
de quem não gostava.
Além disso, eu não tinha uma objectiva que cobrisse todas a
situações, desde a individualização a alguma distância a grupos bem perto. A alternativa
seria levar duas câmaras, cada uma para o seu trabalho. Não me apetecia ter que
ir carregado.
Acabei por encontrar esta objectiva que comprei. Uma Tamron
Asferical 18-200mm 1:3,5-6,3. Uma espécie de canivete suisso fotográfico, capaz
de fazer de tudo um pouco mas não sendo brilhante em nada. Suficientemente pequena
e leve para levarmos para férias sem mais nenhuma outra, ou para a termos no
saco do dia-a-dia, só para o caso de nos apetecer fazer uma fotografia, mas não
sendo suficientemente luminosa para situações mais complicadas nem permitindo
grandes jogos de profundidade de campo, se considerarmos até que só cobre o
APS-C.
Apesar de tudo isso, e porque por vezes sou preguiçoso,
acabou por ser uma objectiva que muito usei, em casa e fora dela, casualmente
ou de propósito.
Posso mesmo dizer que, apesar de não recomendar objectivas
zoom em geral e com esta amplitude em particular a aprendizes de fotografia,
esta foi das que mais usei nos últimos anos.
O que acaba por ser divertido é que o tal jantar de natal
para o qual fui “convidado” acabou por não acontecer.
Pentax K1
mkII, Tamron SP Adaptall2 90mm 1:2,5
By me
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