sexta-feira, 26 de abril de 2024

Topa-a-tudo




Se convidarem um canalizador para uma festa, pedem-lhe que leve uma chave francesa? E se for um escultor, que leve um cinzel? No caso de um cirurgião, deve levar o bisturi? Então porque é que se for um fotógrafo lhe pedem que leve a câmara?

Foi o que me aconteceu há uns bons anos!

Tratava-se de um jantar de natal organizado por colegas de trabalho, num espaço amplo e que contaria com muita gente e convidaram-me para estar presente. Mas que, de caminho, levasse a a câmara, já que queriam ter umas fotografias dos convivas, tanto aquando da entrada como depois, durante o repasto.

Fiquei furioso com a situação, que mais parecia uma contratação à borla que um convite. E fiquei incomodado porque nesses eventos juntam-se sempre pessoas que passam um ano inteiro a não se falarem ou ainda pior e, nestes encontros, sobrevém a hipocrisia dos sorrisos de circunstância e do convívio a contra-gosto.

Não me comprometi no momento, mas que iria pensar. É que se o evento me incomodava e o convite me insultava, enquanto fotógrafo era um desafio e sempre poderia fazer uma fotografias “especiais” de algumas pessoas de quem não gostava.

Além disso, eu não tinha uma objectiva que cobrisse todas a situações, desde a individualização a alguma distância a grupos bem perto. A alternativa seria levar duas câmaras, cada uma para o seu trabalho. Não me apetecia ter que ir carregado.

Acabei por encontrar esta objectiva que comprei. Uma Tamron Asferical 18-200mm 1:3,5-6,3. Uma espécie de canivete suisso fotográfico, capaz de fazer de tudo um pouco mas não sendo brilhante em nada. Suficientemente pequena e leve para levarmos para férias sem mais nenhuma outra, ou para a termos no saco do dia-a-dia, só para o caso de nos apetecer fazer uma fotografia, mas não sendo suficientemente luminosa para situações mais complicadas nem permitindo grandes jogos de profundidade de campo, se considerarmos até que só cobre o APS-C.

Apesar de tudo isso, e porque por vezes sou preguiçoso, acabou por ser uma objectiva que muito usei, em casa e fora dela, casualmente ou de propósito.

Posso mesmo dizer que, apesar de não recomendar objectivas zoom em geral e com esta amplitude em particular a aprendizes de fotografia, esta foi das que mais usei nos últimos anos.

O que acaba por ser divertido é que o tal jantar de natal para o qual fui “convidado” acabou por não acontecer.

Pentax K1 mkII, Tamron SP Adaptall2 90mm 1:2,5


By me

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