quinta-feira, 25 de abril de 2024

Celebrações




A cada um a sua sensibilidade e memórias.

Do que recordo daquilo que hoje se assinala, e do que dela se seguiu, são dois factores importantes.

Por um lado, aquilo que todos referem: a liberdade, o fim da guerra colonial e da sociedade castrante e castrada com polícia e censura.

Por outro, o termos uma certeza visceral de que o futuro estava nas nossas mãos. Decidirmos e fazermos, sem esperarmos que uma qualquer organização ou burocracia decidisse ou fizesse.

Na escola (eu era adolescente), na rua, no trabalho, a democracia era directa e imediata. E se havia que fazer, o que quer que fosse, estávamos lá para isso, mesmo que a duras penas, com a alegria de sabermos que o que saída das nossas mãos era para um bem colectivo e generalizado.

Este espírito feneceu. Hoje celebramos a liberdade, tendo-a por certa que o não é. Celebramos a democracia, mas a mais fácil: a representativa.

Atribuímos a alguns de elite as tarefas e responsabilidades de decidirem sobre o nosso futuro, ficando conformados com os resultados mesmo que discordemos ou nos incomodem. E saímos do nosso conforto apenas para descer a avenida celebrando o que deve ser celebrado mas nunca para construir o que deve ser construído.

Deixamos ter o nosso futuro a sair das nossas mãos, seguindo os ditâmes de alguns, ainda que escolhidos. E isso não é liberdade plena!

Pentax K1 mkII, Tamron 18-200


By me

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