A cada um a sua sensibilidade e memórias.
Do que recordo daquilo que hoje se assinala, e do que dela
se seguiu, são dois factores importantes.
Por um lado, aquilo que todos referem: a liberdade, o fim da
guerra colonial e da sociedade castrante e castrada com polícia e censura.
Por outro, o termos uma certeza visceral de que o futuro estava
nas nossas mãos. Decidirmos e fazermos, sem esperarmos que uma qualquer
organização ou burocracia decidisse ou fizesse.
Na escola (eu era adolescente), na rua, no trabalho, a
democracia era directa e imediata. E se havia que fazer, o que quer que fosse,
estávamos lá para isso, mesmo que a duras penas, com a alegria de sabermos que
o que saída das nossas mãos era para um bem colectivo e generalizado.
Este espírito feneceu. Hoje celebramos a liberdade, tendo-a
por certa que o não é. Celebramos a democracia, mas a mais fácil: a
representativa.
Atribuímos a alguns de elite as tarefas e responsabilidades
de decidirem sobre o nosso futuro, ficando conformados com os resultados mesmo
que discordemos ou nos incomodem. E saímos do nosso conforto apenas para descer
a avenida celebrando o que deve ser celebrado mas nunca para construir o que
deve ser construído.
Deixamos ter o nosso futuro a sair das nossas mãos, seguindo
os ditâmes de alguns, ainda que escolhidos. E isso não é liberdade plena!
Pentax K1 mkII, Tamron 18-200
By me
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