Numa empresa que conheci por dentro, em tempos era assim:
Quando era necessário fazer trabalhos longe da área de
residência pagavam-se ajudas de custo. Para refeições e alojamento.
Acontece que estas ajudas de custo eram indexadas ao
salário. O que resultava que os de mais baixo salário recebiam menos, por vezes
bem menos, que os de salário intermédio. Para já não falar nos de topo.
Por outras palavras: se deslocados para longe de casa, havia
quem dormisse em hoteis de cinco estrelas e quem fosse procurar pensões
duvidosas e partilhasse o quarto com mais três ou quatro, que não dava para
mais. O mesmo sucedendo nas refeições.
Mesmo após a revolução e o primeiro 1º de Maio, levou alguns
anos para que se corrigisse esta injustiça. Mesmo eu, que entrei na empresa
alguns anos depois, vivi isso.
Foram os movimentos sindicais e a força dos trabalhadores
unidos que acabaram com algumas destas mordomias de classe, nivelando valores e
pagamentos de despesas forçadas.
Enquanto houver quem coma bife e quem coma meia salsicha,
enquanto houver quem durma em lençóis de seda e quem durma em serapilheira, as
revoluções e os primeiros de maio não podem ser apenas desfiles e comemorações.
Pentax K7, Sigma 70-300
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