Quando perdi o uso do olho direito zanguei-me.
Zanguei-me com a vida, zanguei-me com o mundo, zanguei-me
comigo, zanguei-me com a fotografia. Logo eu, que fazia do fazer imagem técnica
o alimento do corpo e o alimento da alma, havia de perder a capacidade de ver
em três dimensões.
Zanguei-me!
A minha actividade profissional – vídeo – fui mantendo, com
as adaptações possíveis, mas deixei a fotografia bem de parte. E assim foi
durante algum tempo até me reconciliar com tudo com que me tinha zangado e
regressei à fotografia. Desta feita no digital, aproveitando o que então era
novidade e sem grandes rigores ainda.
Neste intervalo muita coisa aconteceu na tecnologia e disso
nem me fui apercebendo. E quando regressei, não me preocupei com o que havia
sido essa mudança nem o que de novidades tinham acontecido.
Foi assim que a época da Pentax com este tipo de câmaras e
características foi um espaço vazio no meu conhecimento e experiência. E algum “não
gostar” do aspecto e sensação de muito plástico, que me fez manter-me longe
destas séries.
Até que há alguns anos, quando comecei a, primeiro a juntar,
depois a colecionar, descobrir que estes aparentes “brinquedos”, para além de
úteis, têm características simpáticas, mesmo que não sejam muito sólidas por
fora e por dentro. E divertidos de usar.
Da série MZ tenho estas quatro “primas”, compradas no mercado
de usados e feiras de rua, a preços quase escandalosamente baixos já que o
digital veio quase extinguir o uso de película. É uma questão de oportunidade de
mercado e de dinheiro disponível.
Sabemos que não é a ferramenta que faz o artista. E eu nem
sequer sou artista. Mas dá-me prazer usar de quando em vez as que há uns anos
produziam boas fotografias, sabendo tirar partido do que tinham nas mãos.
E, no fim de contas, isso é o importante.
Pentax K1 mkII, Pentax-M macro 100mm 1:4
By me
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