Tenho em casa muitos objectos inúteis.
Não se tratam de elementos decorativos domésticos mas antes
de coisas que fui adquirindo ao longo dos anos para fins fotográficos.
Ou porque os achei particularmente bonitos, ou porque os
considerei um desafio, ou porque os entendi com simbólicos para um qualquer
assunto a desenvolver... em regra são de pequeno valor e volume e vão ficando
em caixas depois de cumprirem a função prevista.
Um há, no entanto, que ainda não cumpriu. Por outras
palavras, ainda o não fotografei.
Comprado por capricho num dia mais ou menos banal mas que se
veio a tornar especial, ainda não tinha encontrado nem forma nem motivo para
ser a ilustração de qualquer coisa ou o motivo para sobre ele dissertar. Apesar
de ser medianamente volumoso, tem vindo a acompanhar-me de casa em casa à
espera da sua oportunidade.
Há coisa de um ano, em vendo-o num caixote de permeio com
outros monos de que ainda não me desfiz, decidi que já só voltaria a ele num
momento específico, bem íntimo com o momento em que o adquiri.
Ali tem estado fechado, espicaçando o fotógrafo que sou,
sempre com a reserva de dia e simbolismo. E com o desafio sempre presente de
não saber como o irei fotografar.
Se nada me surpreender, hoje será o dia. Em chegando a casa
mais logo e já depois do sol pôr, irei buscá-lo onde está, olharei para ele e
tentarei encontrar um solução visual. E, passados anos, uma inutilidade deixará
de o ser. Após o que tomará o rumo de tantas inutilidades que se me
atravessaram na vida.
Nota adicional: como se deduz do texto, este não é o objecto
em causa.
Pentax K7, Sigma 70-300
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário