sábado, 14 de janeiro de 2023

Somos deus


 


Ao contrário do que muitos pensam, a fotografia não é uma cópia da realidade. Esse foi o conceito surgido aquando da invenção da fotografia e teimosamente divulgado e defendido por muitos fotógrafos ou teóricos da fotografia.

A fotografia é realidade por si mesma!

O acto de criar algo que não existia uma fração de segundo antes, bem como o seu resultado, é realidade.

Levando a coisa mais longe, e correndo o risco de ofender algumas sensibilidades, o fotógrafo é deus, na medida em que usa a energia luminosa, a energia da câmara e a energia criativa para criar algo novo. Eventualmente diferente. E isso é, de acordo com todas a teologias, o que fazem os deuses.

Vendo as coisas de outra forma, a fotografia não é uma cópia da realidade mas antes cria tantas realidades quantas as pessoas que vejam cada fotografia. Porque a imagem fotográfica provoca em quem a vê todo um conjunto de emoções e apelos à memória e experiências de cada indivíduo que cria novas realidades. Não cópias mas novas.

Mesmo a fotografia documental ou a reportagem ou a fotografia de rua, agora tanto na moda, não são cópias do que quer que seja, realidade inclusa. Resultam, antes sim, da interpretação do fotógrafo sobre o que está à sua frente, dependendo das suas emoções e interpretações. A simples (ou não tanto) escolha de uma perspectiva e momento são prova disso.

Assim, sugiro que todo aquele que faz fotografia, mesmo que ocasional, mesmo que com telemovel ou outro dispositivo dito menor, perca esse conceito atávico de “cópia” e assuma de uma vez por todas que está a criar e não a copiar.


By me

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