domingo, 18 de setembro de 2022

O saco


 


Recordo o local exacto onde o comprei: uma loja, uma das melhores lojas do ramo de então, na esquina da rua de santa Justa com a rua dos Douradores, em Lisboa.

Atraíu-me, então, o formato, a capacidade e o facto de ser de fabrico português.

Algum tempo depois descobri-lhe o ponto fraco: a correia e a forma como prendia no saco. Resolvi a questão como se vê, recorrendo aos sólidos materiais usados pelo exército, com um pouco de pele de seleiro e algum trabalho artesanal.

Remonta isto à primeira metade dos anos 80 do século XX. Uns quarenta anos, portanto.

Como tudo o mais, envelheceu. E se fez muitos km no meu ombro, cheia ou quase, foi ficando gasta aqui e ali. E eu mudei de estratégia, preferindo mochila nas costas a saco num só ombro. Uma inflamação no nervo ciático convenceu-me.

E passou a ser útil para guardar equipamento em casa. E para transporte quando a quantidade a levar assim o exigia. Depois... já nem isso, apenas para guardar. Com o passar do tempo e a chegada de novos sacos, mochilas e malas, passou mesmo a guardar aquilo que, tal como ele, já não estava em uso.

Agora, que há que fazer escolhas, é mais um a que darei a merecida reforma. Será colocado no exterior no contentor de lixo, esperando que ainda possa vir a ser útil a alguém. Para fotografia, vídeo ou o que quer que seja.

Se bem recordo, comprei-o pelo outono. É a chegar ao outono que dele me despeço.


By me

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