Não é fácil de explicar a quem defende a ecologia quase que
como solução última para a humanidade. Ou a quem acha que a simetria é o
pináculo da perfeição. Ou a quem pensa que o equilíbrio, interior ou exterior,
será a manifestação divina de algum estado de graça universal.
Em boa verdade, o equilíbrio, a ecologia, a simetria, são
invenções humanas. Retrógradas, conservadoras, rígidas como aço e anti-natura
no seu máximo.
O universo não é simétrico. O universo não é equilibrado. Quer
vejamos isto do ponto de vista cósmico, quer vejamos isto à escala humana.
Se o universo fosse equilibrado, não teríamos a expansão e
contração galáctica. Nem as amibas teriam saído do seu ambiente aquoso. Nem o
ser humano teria descido das árvores.
É no desequilíbrio, na intranquilidade, na ausência de
simetria (que nem o corpo humano possui) que a evolução acontece, que
melhoramos e nos melhoramos. É na insatisfação, no tentar atingir o horizonte
planetário, nas super-novas, que algo de novo acontece. Terá sido o
desequilíbrio que provocou a extinção dos dinossaurios e o surgimento de novas
espécies. Nós incluídos. Terá sido algum desequilíbrio que terá provocado o
famoso big bang.
A estabilidade, a simetria, o equilíbrio, serão algo que
procuramos porque raro, como os diamantes. E só porque raro lhes atribuímos
valor. Material ou não.
Sou apologista da ausência de equilíbrio, da instabilidade,
da assimetria. Na vida, na estética, na evolução.
A balança é uma invenção humana! Absurda, claro.
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