Tive um tio que fazia todo o tratamento técnico de arte
gráfica numa pequena fábrica de estamparia. Fotografava, retocava, imprimia e
positivava nas sedas que haveriam de receber e deixar passar as tintas…
Tudo aquilo era quase magia para mim, que era pequenote. E
ele tentava passar alguns dos truques ou técnicas que usava. A maioria “passou-me
ao lado”, mas algumas ficaram.
Uma delas tenho-a recordado nestes últimos dias:
Pela primeira vez na vida tenho o princípio de frieiras.
Talvez da idade, talvez do frio, talvez por raramente usar luvas… Nada de grave
ou incómodo, mas é um princípio. E quem sabe o que acontecerá num outro ano ou
local, com dias tão frios como os que tivemos agora.
Pois esse meu tio dizia que tinha um remédio quase milagroso
para as frieiras e que os ingredientes eram um sub-produto do seu trabalho.
De acordo com ele, faz-se uma pequena “boneca” com algodão e
compressas (ou equivalente) embebe-se em revelador exausto (gasto) e aplica-se
leve e repetidamente nas zonas de frieiras. Sem esfregar e por alguns minutos.
E, após o tratamento, lava-se a zona com água morna. E repete-se o tratamento
alguns dias seguidos
Segundo o que ele dizia, a alcalinidade do revelador “queima”
a superfície da pele, permitindo que recupere e cicatrize com facilidade.
Nunca usei tal “mezinha”. Nunca tive frieiras até agora e
muito menos nos tempos em que tinha o laboratório fotográfico activo.
Agora não tenho o espaço, pese embora tenha o equipamento
guardado. E não tenho os químicos, muito menos exaustos.
Quem sabe, um dia… Em voltando a revelar película e/ou papel
e em tendo frieiras a ponto de necessitar trata-las.
E pergunto-me o que dirá um médico ou farmacêutico destes
tratamentos que os antigos sabiam e usavam.
Na imagem: técnicas de antigamente.
Um copo fotografado quatro vezes no mesmo diapositivo, com
posições diferentes da câmara.
Recordo ter usado uma Linhoff Kardan Collor, com uma Xenar
150mm f/4,5 e película rígida 9x12 Agfachrome
160T.
Tal como recordo ter usado duas lâmpadas de 500W com papel
vegetal como difusor e muita cartolina preta presa com arame e molas para controlar o fluxo luminoso.
E que os suportes das lâmpadas, porque os tripés de
iluminação eram caros e raros por cá, feitos com varões extensíveis de casa de
banho, apoiados no chão e no tecto.
E recordo, com alguma vivacidade, as broncas que ouvi pela
confusão que montei de noite na sala de jantar da família.
Mas, há quarenta anos, não tinha alternativa.
By me
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