sábado, 20 de junho de 2020

Feriados



Eu sei que me vou repetir. São quatro vezes por ano, desde há vários anos.

Mas é o que penso, é o que sinto.

 

Hoje é o solstício de verão. As mais das pessoas dizem que é hoje que começa o verão. Pelo menos no hemisfério norte, que no sul dizem que começa o inverno.

Quer isto dizer, na prática do dia a dia, que não apenas começa a estação mais quente do ano por cá como, também por cá, hoje é o dia mais longo do ano, em termos de quantidade de tempo de luz solar.

Para que conste, e de acordo com as tabelas, o dia hoje tem mais três segundos de luz que ontem e menos um segundo que amanhã. Nem daremos pela diferença.

Mas o que tem de interessante neste dia é que se repete todos os anos, invariavelmente. Desde sempre. Pelo menos desde que o planeta terra orbita o sol. E dias interessantes como este, ao longo doa ano, acontecem mais três: o solstício de inverno, o equinócio da primavera e o equinócio do outono. Sempre!

Os mais atentos poderão dar pela coisa. Ou consultarem almanaques ou páginas web. Talvez que os noticiários falem no assunto.

Mas o certo é que o ser humano desde há milénios que sabe disso. Bem antes de haver almanaques ou mesmo escrita. Quando o mais que havia eram uma cavernas com desenhos e uns penedos erguidos em locais estratégicos e de acordo com as crenças. Ou com o que observavam. E eles observavam o céu e constatavam os equinócios e os solstícios.

Mesmo sem saberem o que os provocava, consideravam estes dias importantes. Dias de mudança. E essa mudança justificava ser assinalada de algum modo. E juntavam-se, muitos, e erguiam monumentos em pedras, grandes pedras, para assinalar o dia, orientando-as em função do sol e das sombras provocadas.

Foi isto verdade um pouco por todo o globo, transversal a todas as civilizações, à medida que elas permitiam a observação e a construção.

E tudo isto antes da escrita como a conhecemos, quando o conhecimento era transmitido por via oral e com, presume-se, vocábulos limitados. E sem engenharia que facilitasse a obra.

 

São este quatro acontecimentos anuais, em que o ser humano mais nada pode fazer que não constatar a sua existência e celebra-la, que fazem com que eu nesses dias celebre a vida e o universo, tal como há milhares de anos. Sem teorias teológicas nem conceitos complicados.

Quatro dias especiais, desde sempre celebrados, e que deveriam, na minha opinião, serem feriados mundiais.

Quanto mais não seja para que nos lembremos nestes dias da nossa condição insignificante. E que, por mais que façamos, o universo será muito maior e potente do que conseguimos imaginar ou dominar.

E, já agora, que se soubermos tirar bom partido de tudo o que ele é, podemos ir muito mais longe do que conseguimos sonhar.


By me

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