terça-feira, 31 de maio de 2011
Siga
Siga a luz!
Siga as setas!
Siga as escadas!
Sigas as indicações!
Mas faça qualquer coisa que o (nos) tire do buraco em que estamos.
No próximo domingo vote!
Quer seja porque quer correr com alguém, quer seja porque quer que alguém vá para o poleiro, mas vote e faça alguma coisa por si!
Agora ficar Quietinho da Silva, há espera que os outros resolvam os problemas por si, a isso chama-se “ser calão”.
E de calões e oportunistas estamos todos fartos! Ou você não está?
Texto e imagem: by me
Soluções
Não que seja estranho um incomum.
Mas hoje, em particular e vá lá saber-se porquê, incomoda-me mais que o habitual.
Olhando para as notícias divulgadas em quatro jornais on-line, não encontro uma, uma só que seja, notícia agradável ou simpática, ou que, sendo passível de ser verdade, me provoque um simples sorriso.
Aliás, os títulos das notícias ou o seu conteúdo são de tal forma negativos que só dá vontade de cortar os pulsos, de tão mal está o mundo e como vai piorando.
A alternativa, e porque não sou pessoa de desistir, é de cortar os pulsos a quem assim vai descrevendo o que nos rodeia, conduzindo com a sua visão pessimista e derrotista, os leitores a um estado de depressão permanente.
Suspeito é que teria que arranjar várias navalhas de barba, que rapidamente gastaria o gume de uma só!
Texto e imagem: by me
O alicate
Pararam!
Os revisores e operadores de bilheteira estiveram de greve. E, com ela, estes vetustos alicates de revisão ou o modernaços leitores magnéticos das noveis bilheticas estiveram parados.
Grave mesmo foi que, não havendo revisores nem vendedores de bilhetes, não houve comboios a circular. Ou, pelo menos quase não os houve.
E, se ir para o trabalho foi complicado, com o que os respectivos horários implicam, bem como a rendição de companheiros e o manter as emissões no ar, o regresso não foi pêra doce.
Munido de um saco de paciência, qual Pai Natal e o respectivo saco de prendas, como alguém me comparou, esperei umas animadas duas horas e meia por uma composição adiada, pelo menos, três vezes. Até porque, ao fim do dia, melhor, pela noite dentro, acaba por ser mais fácil de esperar.
Mas a certeza do dever cumprido, a satisfação de saber que o serviço público foi assegurado com normalidade, o meu pelo menos, e o gozo de ter frustrado as jogadas politico-laborais entre governantes, gestores e sindicatos, valeram pela “seca” e “stress”.
Talvez um dia apanhe a jeito um desses políticos de meia-tijela e lhes fure a língua!
Texto e imagem: by me
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Greves
Estive de folga no fim-de-semana. Fixe!
O problema levanta-se quando constato, ainda em casa, que não há como hoje ir trabalhar, devido à greve na CP. Que o bairro suburbano onde moro tem apenas a ferrovia como ligação à capital. Isso ou automóvel próprio.
Não ficarei de pantufas em casa, mas não sei como percorrer os 30 Km que me separam do meu posto de trabalho.
By me
domingo, 29 de maio de 2011
sábado, 28 de maio de 2011
Uma questão de atitude
Nunca fui conhecido por ser pessoa de bom feitio. E não creio que seja gora, com esta idade, que vá mudar.
Neste museu nunca entrei, ainda que em pleno centro da cidade de Lisboa, e não tenciono mudar de posição. A menos que algum dever profissional mo imponha.
Ou que regressem ao quarteirão mais abaixo na rua Augusta, os artesãos que aí tinham, legalmente, as suas bancas de venda.
Aquando da inauguração do museu, entenderam a direcção do mesmo, junto com a autarquia, que aquelas presenças desvirtuavam o ar “nobre” da zona e perturbavam a vertente cultural da instituição.
Vai daí, correram com eles para outros pontos da cidade, separados, deixando assim de serem um ponto de atracção para clientes, ressentindo-se com isso seriamente os seus negócios.
É assim que não conheço este museu e que, em querendo eu ver peças deste género, vou até Barcelona onde, pelo que sei e conheço, muito e de bom se pode ver no seu museu do Design.
Texto e imagem: by me
QI
Há, com toda a certeza, formas científicas de avaliar o nível de inteligência de cada ser humano.
Por mim, uso dois factores que tenho por infalíveis:
O seu sentido de humor e a capacidade reagir ao sarcasmo e ironia.
E há alguns, valha-os deus, que não têm nem uma coisa nem outra!
Em compensação, outros há que se fazem de burros e que brincam connosco com subtilezas raras.
A esses, tiro-lhes o meu chapéu!
By me
Deus, cor e pátria
Uns dias antes tinha estado mesmo na fossa, mais por baixo que barriga de jacaré. Por isso, quando me abordaram no comboio, não só não os afastei como é meu hábito como ainda caí na patetice de lhes dar a minha morada. Assim, quando naquela tarde os dois “Elder’s” me bateram à porta, tive que a franquear e conversar com eles. Afinal o convite tinha sido meu…
Tenho que admitir que possuo alguma admiração por aqueles que, tendo uma fé, dão o seu tempo e o seu esforço por ela, na tentativa de “salvar almas”, seja lá isso o que for.
E como sou curioso do género humano, tentei tirar partido da situação, aprendendo com eles o possível, apesar da dificuldade do fazer a ponte entre um crente e um agnóstico.
As suas técnicas de catequização eram bastante primárias, para não ir mais longe. Faziam acompanhar os seus discursos bem ensaiados com ilustrações em tons aguarela, bem semelhantes àqueles que eu não conheci de perto nas aulas de moral e religião da escola. Não só a coloração, como o próprio traço eram de uma ingenuidade própria para cativar crianças… de outras épocas. Mas quem sou eu para criticar os métodos (desde que legítimos) de missionários?
Desta conversa retive, e retenho, três aspectos principais:
Em primeiro lugar, a maioria das minhas perguntas, materialistas e racionais, não podiam ser ali respondidas. A todas ou quase era-me dito que as respostas só as poderia obter em sessões posteriores, quando os rudimentos estivessem aprendidos;
Em segundo lugar, deveríamos, eles e eu, ajoelharmo-nos para rezar, mostrando assim a nossa humilhação perante o criador. Como não sou crente, fiz algumas fintas e escapei-me desta. Entre outras coisas, porque seria uma hipocrisia da minha parte;
Mas não me escapei de ouvir – e nunca mais esquecer – um dos seus dogmas sobre a criação do mundo e do Homem.
De acordo com eles, o criador terá povoado o planeta em dois locais simultaneamente: o Médio Oriente e o continente Norte Americano. Neste, o género humano vivia no paraíso, porque de acordo com as leis divinas. Mas, a partir de dada altura, alguns desviaram-se delas, passando a viver na luxúria, no deboche, na violência.
E então, de castigo, o criador escureceu-lhes a pele!
Quando ouvi isto, ainda ponderei a situação, mas achei que o preço a pagar pelas vidraças quebradas era demasiadamente alto comparado com a satisfação que sentiria vê-los sair pela janela do meu 7º andar.
Engoli em seco e tentei acabar a conversa rapidamente, procurando mostrar alguma urbanidade para com as visitas.
À saída, ainda tentaram dar-me uns papéis com excertos do seu livro sagrado, para que o pudesse conhecer melhor. Perante a minha recusa em aceitar, argumentando que não seria por excertos que poderia conhecer a fundo uma religião, entreolharam-se e acabaram por me ofereceram o exemplar que possuíam.
Ainda lhe dei uma olhada, mas nunca fui mais longe que isso.
Queima-me os dedos e a retina ler um livro que tão primariamente defende o racismo e a segregação racial.
Não! Não na minha casa nem na minha convivência! E, se pudesse, não na convivência dos demais seres humanos!
Porque estes que ali estiveram, são infra humanos!
Tem esta estória, talvez, quinze anos, e publiquei-a faz hoje exactamente cinco anos
Mas, ao relê-la e recordar os detalhes do que então vivi e aqui não contei, não posso deixar de fazer um paralelismo com o que vai acontecendo por cá, hoje em dia.
É que sairiam pela janela, desta feita um terceiro andar, aqueles que me tentassem convencer para efeitos eleitorais que os migrantes que por cá vivem são úteis para trabalhar nas obras e na limpeza de casas e ruas, mas que a sua maioria estaria bem era atrás das grades ou recambiados lá p’ra terra deles. Sejam eles loirinhos de leste, amarelinhos do sol-nascente, escurinhos d’áfrica ou meias-tintas dos brasis. Porque alguns há por aí que vão defendendo, mais ou menos francamente, que os nossos males actuais advêm dessa “cambada” que estão aqui a subverter a lusitaniedade.
Tal como usariam o mesmo caminho de saída aqueles outros que, a pretexto de tentarem obter votos, me viessem dizer que merecem melhores cuidados de saúde, de educação, de justiça, melhores tectos, alimentação e vestuário aqueles que nasceram em condomínios fechados que os que nasceram em habitações sociais.
É por causa dessas e de outras que passei a ser muito selecto naqueles que franqueiam a minha porta. E que, como reforço de precaução, passei a ter sempre uma janela aberta: é que não quero ter despesas com o vidraceiro!
Texto e imagem: by me
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Pancas
Tenho uma amiga que é incapaz de vestir as calças com os pés nus.
Diz ela que o sentir o tecido das calças a roçar-lhe nos dedos e peito do pé a deixa arrepiada. Vai daí, meias, colans, peugos, soquetes, qualquer coisa serve para vestir antes das calças.
Uma outra amiga é incapaz de dormir com alguém do seu lado direito.
Diz ela que o sentir um corpo, o calor que seja, de alguém desse lado é suficiente para a acordar, dez vezes que seja, numa noite. Vai daí, não importa quantos estão na cama, o lado direito é dela.
Por mim, não suporto ter que ordenar e dobrar meias.
Escolhê-lhas por cores e formatos, fazer aquele tradicional embrulho de duas, é-me mais que penoso. Tal como é horroroso jogar a mão à gaveta das meias, ainda antes ou mesmo depois do duche, e tirar duas que não fazem par. Em regra, praguejo.
Vai daí, resolvi a questão comprando diversos pares de meias iguais. Na cor, no tecido, no tipo de canelado. E não as dobro. Do estendal vão para a gaveta, tal como estão. As outras, essas foram para uma caixa recatada, onde não corro o risco de abrir sem querer. E, quando meio a dormir, jogo a mão e tiro duas, tenho a certeza de serem iguais, poupando os meus dois neurónios ao trabalho de análise do que tenho na mão.
Manias!
Texto e imagem: by me
Tinha chovido
Mas não tanto assim, caramba!
Além do mais, era quente, que fazia saber bem levar com ela na cara.
By me
Planking at work
I guess the idea is crazy and irreverent enough for me to joint it, keeping the obvious distance between an improbably photo and a place at the hospital.
Me by me
quinta-feira, 26 de maio de 2011
IVG
Não simpatizo com Pedro Passos Coelho.
Nem como pessoa, que já tive oportunidade de dele estar por perto, nem com o seu modelo de sociedade, nem com as medidas que preconiza para a economia do País.
Mas não fora tudo isto, passaria a não suportar a sua presença que seja, ao saber que quer ou admite que a lei da IVG (vulgo aborto) seja revista.
Não me apetece saber, suspeitar ou mesmo sonhar que poderão voltar os tempos em que um aborto tinha que ser praticado na clandestinidade, em locais sem o mínimo de dignidade ou segurança sanitária.
Não me apetece voltar a encontrar uma mulher sentada na rua, a chorar e em sofrimento e olhar para mim em pânico quando lhe perguntei se queria que chamasse uma ambulância. E não me apetece tornar a ouvir por resposta, como ouvi tinha eu uns 16 anos, que se fosse para o hospital seria detida pela polícia porque tinha acabado de fazer um aborto.
Reavaliar a lei do aborto, tornado a penaliza-lo seria o mesmo que reavaliar a pena de morte, tornando a introduzi-la no código penal ou reavaliar a prática da escravatura, tornando a permiti-la.
Senhor Pedro Passos Coelho: por favor não se estique no que toca a retrocessos civilizacionais. É que corre o risco de alguma dessas medidas ser-lhe aplicada, com efeitos retroactivos.
Texto: by me
Imagem: in Público.pt
Planking
Planking é, de acordo com o que tenho lido aqui e ali, uma modalidade em que os seus praticantes se fazem fotografar empranchados em locais pouco prováveis.
Tenho a ideia por divertida, se bem que a questão do risco para a integridade física do próprio ou de terceiros me pareça absurda.
Assim, decidi eu mesmo alinhar na ideia e esta será, espero, a primeira de várias.
O que acho de mais graça na ideia é que é das raras oportunidades em que se está rígido e a direito virado para a “Mãe-Terra”. O resto da eternidade será de cara virada para cima.
Me by me
quarta-feira, 25 de maio de 2011
Viva quem faz!
Da história que a seguir conto só posso afiançar com todo o rigor aquilo de que fui testemunha.
No entanto, de todo o restante, não tenho nenhum motivo para duvidar, até porque dela tomei conhecimento em duas ou três ocasiões, e sempre coincidente o suficiente para a ter por verdadeira.
Eu estava no Jardim da Estrela, com a minha câmara montada, cadeira e demais artefactos. Vi-os chegar na minha direcção e, pelo passo decidido que tinham, pensei naturalmente que iria ter mais clientes.
Mas, à medida que a distância encurtava e lhes fui percebendo os semblantes, percebi que não, que de outra coisa se trataria. Ela vinha chorosa, ele, um garoto pequeno, de cara fechada, no chão. E quando a conversa se tornou possível, perguntou-me ela se eu teria visto ou sabido de uma carteira com dinheiro e documentos perdida ali pelo Jardim.
Infelizmente, não tinha nem boas nem más notícias para lhes dar, que de nada sabia, mas deixei-lhes a certeza que, em sabendo de algo, deixaria recado na esplanada.
E partiram, com os olhares perscrutadores, cheios de uma esperança atraiçoada por uma certeza.
Já ao finzinho do dia, cruza-se comigo uma outra senhora, bem mais velha, das que comigo ali davam dois dedos de conversa, por vezes mais. E conta-me a história toda, ainda que lha não tenha perguntado:
A senhora terá entregue a carteiro ao filho para que ele fosse comprar um gelado. Comprar e comê-lo sobe-o ele, agora recolher a carteira que havia pousado no degrau onde se havia sentado é que não, pelo que por lá ficou, perdida para a sua dona, achada por alguém que não se deu por achado.
E eles, que viveriam para os lados de Almada, não só ficaram sem os documentos e o que isso significa, como mesmo sem meios de poderem regressar a casa.
No périplo que foram dando, dentro e fora do Jardim, acabaram por ir perguntar numa porta discreta, mesmo ao lado da porta principal da basílica da Estrela. Fica aí sediada a Fundação “Pró Dignitate”, presidida por Maria Barroso, a mulher de Mário Soares. E estaria ela a sair, sabe-se lá para onde, e ouviu a demanda de mãe e filho. Das duas ou três perguntas que lhe terá feito, uma foi exactamente se tinham como regressar a casa, morando onde moravam. E sendo a resposta negativa, terá aberto a sua carteira e dela tirado uma nota de cinquenta euros que lhes deu, para as primeiras necessidades. Assim, anonimamente e quase sem testemunhas, que não as vítimas e o porteiro que lhe estaria a segurar na porta.
Como disse no início, da veracidade da história só posso afiançar as conversas que tive. O resto, foi por ouvir contar. Mas quem ma contou, tanto a minha conhecida como na esplanada, não me deram indícios de ser mais uma daquelas fábulas que por aí circulam.
E, sendo verdade como creio ser, só me leva, uma vez mais, a alimentar a certeza de que a cidadania e solidariedade é isto mesmo: o que é preciso, quando é preciso, e sem alardes ou repórteres pelo caminho.
E, como diz alguém que conheço, “Viva quem faz!”
Texto e imagem: by me
Um pequeno erro
Olha que giro! Você está a ler isto! Mais, eu estou a escrever isto!
Significam ambas as coisas que, num momento e no outro, estamos os dois vivos e que as profecias de Harold Camping sobre o eventual fim do mundo no dia 21 de Maio não se concretizaram.
No entanto, não se alegre em demasia e vá fazendo as malas. De acordo com o mesmo “profeta”, não aconteceu naquela data porque cometeu um pequeno erro de calculo.
É que, diz ele na notícia relatada pelo DN, o dia fatídico será a 21 de Outubro. “"O mundo foi julgado no dia 21 de Maio, mas foi um julgamento invisível. Não o podemos ver com os olhos, mas o julgamento já começou de forma espiritual".
Donde, se o julgamento já aconteceu e a sentença já foi decretada, aproveite, que o que quer que faça em nada alterará do decidido divinamente. Divirta-se!
By me
Sondagens
De acordo com um conhecido, o próximo primeiro ministro será a mãe dele.
Fez uma sondagem a 1250 pessoas, via telefone, em que perguntava em quem iriam votar.
Às 4.30 da manhã obteve unanimidade:
'A puta que o pariu!'
Fez uma sondagem a 1250 pessoas, via telefone, em que perguntava em quem iriam votar.
Às 4.30 da manhã obteve unanimidade:
'A puta que o pariu!'
terça-feira, 24 de maio de 2011
O rádio
Este rádio era de meus avós.
Viviam eles numa casa de lavoura, no limite da aldeia e a electricidade não chegava lá. Ainda. Portanto, o rádio funcionava a pilhas.
Quando por lá ia, nas férias de verão, era uma das minhas companhias das tardes infindas, em que o calor apertava cá fora, mas o fresco provocado pelas caiadas e grossas paredes convidava a uma sesta musical.
Quando eu por lá não estava, onze meses e tal por ano, o rádio era ligado apenas duas vezes por dia, para que se ouvisse o “teatro radiofónico”, o antecessor das telenovelas de hoje. Mas quando o catraio lá estava – eu – o consumo de pilhas era substancialmente maior, pelo que ficava eu encarregue, da minha semanada, de as pagar, compradas na venda da aldeia, onde se ía umas duas a três vezes por semana, em busca de algum feijão, arroz, talvez sal, e dois ou três dedos de conversa com os patrícios. Claro que havia o dia em que vinha o homem do peixe, na sua motocicleta e anunciado de longe pela sua corneta.
E porque é que o rádio, na minha ausência, só se ligava para o teatro radiofónico? Porque o que mais que lá se contava, as notícias, eram sempre iguais: alguma inauguração governamental, informações, raríssimas, sobre a guerra lá longe, nas colónias, a previsão meteorológica, o vencedor do festival da canção e, casos bem raros, algum discurso ao país do títere. Nada de importante, que a política estava limitada à União Nacional, o partido sempiterno no governo. Não podíamos saber o que outros pensavam, os que outros diziam, o que outros faziam. E votar, então, se bem que não obrigatório, era quase que inconsequente, que os resultados se sabiam de antemão: vencia a União Nacional.
Os tempos mudaram, a electricidade chegou à casa de meus avós, foi acrescentado ao rádio, já não sei por quem, um transformadorzito, eu deixei de lá ir de férias, que a adolescência queria outras aventuras, e a União Nacional deixou de existir.
Veio a Democracia, a possibilidade de podermos decidir sobre o nosso próprio futuro, de escolhermos os nossos governantes, de ouvirmos na rádio e na TV o que outros fazem, dizem, pensam.
O rádio está aqui, testemunha muda porque já não funciona, do que foi, do que é e da transição dos tempos.
E se hoje temos os que temos, vivemos como vivemos e sofremos o que sofremos, não culpemos o rádio, que ainda tem a capinha diligentemente costurada por minha avó.
Culpemo-nos a nós mesmos, que podendo saber o que outros pensam, dizem, fazem, continuamos a escolher – quando vamos escolher – os mesmos de sempre. Mantemo-nos – ou muitos de nós – apáticos, não optando por mudanças realmente sérias, mas tão só por pequeníssimas nuances, que mais disto ou mais daquilo acabam por ser mais do mesmo.
Já não nos juntamos, à luz do candeeiro de petróleo, a ouvir o teatro radiofónico. Das notícias, quando as ouvimos, preferimos as das catástrofes lá longe, preferencialmente, que nos sublimam os nossos problemas. Vibramos com as revoltas nos países ditatoriais, mas somos incapazes de resolver os nossos próprios problemas. Porque continuamos convencidos que o acto eleitoral está previamente decidido, entre o A e o B, e que, seja qual for o resultado, as consequências serão as mesmas.
Este rádio está mudo, agora. Mas, de cada vez que para ele olho, ali na estante, grita-me ele que as mudanças estão na minha mão – na nossa mão – quer nas urnas quer no quotidiano. E que devemos passar de meros ouvintes do teatro radiofónico para o palco dos acontecimentos. De passivos a activos!
Que mais que ouvir a rádio devemos fazer ouvir a nossa voz! E fazer cumprir a nossa vontade!
Texto e imagem: by me
Quase que ao acaso
Quase ao acaso escolho um livro. É tarde, apetece-me ler e vou à procura de algum autor que me conforte a alma. Ou que, pelo contrário, me tire do marasmo quotidiano do casa-trabalho-casa, em que pensar e criar é algo que acontece quase que como por acaso, nos intervalos das abjectas obrigações do sobreviver.
E fico na mão com um, já de lombada bem vincada, cheio de papéis com anotações de parágrafos ou páginas inteiras de referências: “A prática da arte”, de Antoni Tàpies.
Deixo que pelos meus dedos passem as folhas, sem que haja uma intenção específica de parar num ponto específico que não seja… Agora!
E dou com este parágrafo, na introdução da obra.
Mas um texto sem ilustração é-me difícil de publicar. E, sendo que já é tarde na noite, nem me apetece ir procurar no arquivo nem montar o que quer que seja a propósito. Assim, deixo o meu olhar vaguear pelo que me cerca aqui, neste meu canto, e prende-se ele no painel onde vou afixando papeis e fotografias, uma espécie de arquivo vertical, sujeito ao pó e à acção da luz. Pegar na câmara e fotografar, sem outro cuidado que o balanço de brancos foi acto de dois tempos.
A fotografia, já a haveis visto. O texto, é o que se segue, copiado mas quase que citado de cor:
“E nem falemos de todas as estéticas dos mercenários para acelerarem o consumo de certos produtos – hoje tão nervosos “à procura da respeitabilidade e de um estatuto finalmente artístico”, como diz Christiane Duparc; dos que hoje julgam que tem tanta importância um Gernica como um cartaz a anunciar umas calças ou uma marca de automóvel; dos estetas do “conforto”, material e espiritual, do ópio do falso “moderno” decorativo, da arte do xarope e do não dizer seja o que for que comprometa, que é o que mais adoram os vigilantes oficiais da cretinização sistemática da sociedade.”
By me
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Tapa/destapa
No comboio, a caminho do trabalho.
Um pouco mais à frente, virado para mim, um casalinho que ia para a praia. E sei que o ia porque ele segurava uma prancha de bodyboard, que o tapava quase por completo, e porque ela tinha no colo um saco de praia. E tinha ela uma saia de cores garridas e uma T-shirt preta, folgada. E, por baixo da T-Shirt, um fato de banho, igualmente garrido.
E como sei tudo isto sobre a indumentária da mocinha, aí com uns vinte e picos de idade? Porque a “marota” da T-Shirt, talvez devido ao trepidar do comboio, talvez devido à fricção do saco, volta e meia descaía um pouco, deixando ver um pouco do seu colo e o topo do fato de banho, cujas alças se cruzavam atrás do pescoço.
A dona do saco, da T-Shirt e do fato de banho é que não gostava dos movimentos da roupa e vá de fazer subir o decote para uma posição mais recatada. Mas nada a fazer que, passados segundos, tudo voltava ao mesmo, colo e cores garridas à vista.
Comecei a ficar chateado. O que ela trazia por sob o negrume da T-Shirt era exactamente aquilo que iria exibir, talvez uma hora depois, na praia, ao sol e na água, perante os olhares, mais discretos ou mais assanhados, de todos os frequentadores, eles e elas. E iria exibir muito mais, tanto do garrido topo do fato de banho como da pele que ele não cobrisse, que aquilo que a “marota” T-Shirt ali teimava em mostrar. Então porque haveria ela de se incomodar em esconder ali, no comboio, aquilo que iria mostrar passado pouco tempo?
Manias, digo eu, atitudes pseudo pudicas em que o que é natural é para esconder, exibido apenas em locais próprios e legalmente autorizados.
Um pouco como acontece com esta moda, que já vem do ano anterior, de exibir o peito do pé, os dedos do pé, o calcanhar, mas esconder, bem escondido, o tornozelo e respectivas curvas. Suponho que, neste caso, são resquícios das modas de finais do séc. XIX, em que era o cumulo do erotismo ver o tornozelo de uma dama, ainda que o decote fosse bem mais generoso que aquilo que hoje é permitido em escolas, públicas ou privadas.
Manias impostas por uns quantos designers de moda, que ganham a vida a fazer diferente dos outros, seja ou não prático, bonito ou mesmo útil.
Texto e imagem: by me
domingo, 22 de maio de 2011
Conhecem as leis de Murphy?
Basicamente dizem elas que se algo pode correr mal, certamente correrá!
Dois exemplos típicos são: “Ir comprar um mangueira sob medida e constatar depois que é dois centímetros pequena demais”; “A probabilidade de nos esquecermos de algo é casa é directamente proporcional à falta que isso nos faz fora dela”.
O que aqui vedes é outro exemplo, desta feita bem material e não especulativo.
Trata-se da janelinha por onde se recolhem os trocos devidos na máquina de café automática, lá onde trabalho.
Tem uma tampinha, de plástico transparente, basculante para o interior, para impedir que as moedas, ao caírem no interior, saltem para o exterior.
Pois é garantido que, se nada for feito em particular, elas saltarão e cairão no chão! Mas se colocarmos a mão junto à janelita, as moedas não nos baterão na mão e tudo se passará como previsto pelo fabricante.
E fica rico, o tipo que faz o reabastecimento da máquina, que tem um pauzinho apropriado para retirar as moedas que, em caindo fora, rolam para debaixo da pesada máquina!
By me
sexta-feira, 20 de maio de 2011
Como é que é?
"Em pequeno via o Tarzan andar nu, a Cinderela chegava à meia noite, o Pinóquio mentia, o Aladino era ladrão, Batman guiava a 320 km/h, Branca de Neve morava com 7 homens, Popeye fumava erva e era tatuado, Mario Bros comia cogumelos e o Pac Man corria numa sala escura com musica eletrônica comendo pílulas que o deixam acelerado.
E agora pedem para eu me portar bem??? "
By Sofia Van-Dunen
E agora pedem para eu me portar bem??? "
By Sofia Van-Dunen
Podia ser
Pois até que podia ser, pela cor e frescura, um belo copito de branco fresquinho QB.
Mas a garrafinha, lá a trás, desengana os mais incautos.
Além do mais e durante uns tempos, sou abstémio forçado!
By me
Poupança de energia
E se usassem LEDs em vez de lâmpadas de incandescência, provavelmente isto não aconteceria.
Digo eu de que…
By me
"Nada como realmente"
E no Jornal Público lê-se:
O Bloco de Esquerda (BE) pediu explicações à Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) sobre a publicação no blogue da cultura, do Ministério da Cultura, do programa eleitoral do Partido Socialista (PS).
Em comunicado, o BE afirma que o blogue é “um órgão de informação do Ministério da Cultura, que está a ser usado para propaganda eleitoral do Partido Socialista” e nesse sentido pediu “esclarecimentos [à ERC] sobre o acompanhamento que faz dos suportes de comunicação detidos pelo Governo”.
Para Catarina Martins, candidata a deputada nas listas do BE pelo círculo eleitoral do Porto e que assina o requerimento à ERC, “o blogue levanta algumas dúvidas (…), o que não levanta nenhuma dúvida mas sim questões graves de legitimidade é a publicação do programa eleitoral de um partido político num suporte de comunicação do Estado”
A 9 de Maio foi publicado pela ministra Gabriela Canavilhas no blogue - http://bloguedacultura.blogspot.com/2011/05/programa-eleitoral-legislativas-2011.html - um texto intitulado “Programa Eleitoral Legislativas 2011”.
A agência Lusa tentou obter uma reacção junto do Ministério da Cultura mas até ao momento não obteve qualquer resposta.
Imagem: by me
Orwell mais uma vez
Perante a lei todos os cidadãos são iguais. É a lei no seu intento e é a lei na sua letra.
No entanto, e citando uma vez mais George Orwell, “Há uns que são mais iguais que outros”!
Eis o que nos conta o jornal Público:
Uma magistrada do Ministério Público foi detida em Cascais por um agente da Polícia Municipal por estar a conduzir em contramão e com uma taxa de alcoolemia de 3,08g/litro de sangue, o que constitui crime. No entanto, mais tarde foi libertada por um procurador seu colega, noticia o Correio da Manhã.
O magistrado que anulou a detenção de Francisca Costa Santos, adianta o mesmo jornal, alterou a prática corrente da comarca e ignorou um parecer de 2008 da Procuradoria-Geral da República que considera legítimas as detenções feitas pela Polícia Municipal em flagrante delito, como foi o caso.
A anulação da detenção e do termo de identidade e residência aconteceu na passada terça-feira de manhã, poucas horas depois da magistrada ter sido interceptada a conduzir em contramão na rua Alexandre Herculano, em Cascais.
A procuradora foi sujeita a um teste que revelou uma elevada taxa de álcool no sangue, tendo o agente consumado a detenção e posterior libertação, notificando a magistrada a apresentar-se no Tribunal de Cascais na manhã seguinte.
A procuradora compareceu perante o seu colega que considerou a detenção ilegal, tendo anulado tanto a detenção como o termo de identidade e residência. O processo baixou a inquérito e procuradora saiu em liberdade.
Nenhum dos envolvidos quis comentar o caso ao Correio da Manhã.
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Dúvida existencial
Fico na dúvida se este Sábado vou com uma namorada para um motel bonito, se compro umas boas garrafas de vinho ou se parto com a minha câmara em busca de coisas fotografáveis.
Se calhar as três em simultâneo.
É que se o mundo acaba no Sábado, quero morrer a fazer coisas de que gosto.
“Preparem-se para o fim do mundo” avisa Howard Camping, presidente do grupo conservador norte-americano “Family Radio”.
Para este grupo cristão a data do “julgamento final” já está marcada: 21 de Maio de 2011. Howard cita algumas passagens da Bíblia que, segundo as suas crenças, determinam que o fim do mundo aconteceria 7 mil dias depois do grande dilúvio, que ocorreu no “17 dia do segundo mês”. De acordo com o calendário judaico, o próximo sábado corresponde à profecia.
Howard Camping garante que o final do mundo começará com um terramoto, “o mais terrível que o mundo já experienciou”.
Não é a primeira vez que o grupo “Family radio” faz uma previsão do género, tendo em conta que 1994 também foi apontado como o ano do fim do mundo, falha que Howard acredita ter sido fruto de um erro de cálculo.
Notícia e imagem: in I-online
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Sabedorias
Diziam os antigos que o melhor remédio para as maleitas de Dezembro são duas colheres de pó de Maio.
Só não consigo lembrar-me do que eles diziam sobre as de Maio.
Só não consigo lembrar-me do que eles diziam sobre as de Maio.
Foi você...
… que pediu para ver o que sobrou de um aguaceiro quente?
Aqui fica para seu contentamento (ou não).
By me
Tolerância?! Nem penses!
Nem vale a pena tentar negar!
Sou sectário e não muito tolerante!
Pelo menos em relação a algumas coisas ou factos, quer se passem directamente comigo, na minha esfera de influência ou bem lá longe, onde eu não chego mas cujos ecos chegam por cá.
Uma das coisas que eu não tolero, não aceito, entendo mas não respeito é o racismo. Seja de que forma se manifeste e quais os disfarces que possa usar. Legal, endémico, cultural ou educacional.
Bem sei que as cores podem ser diferentes, os cheiros são certamente diferentes, os hábitos, gostos e desgostos serão diferentes… Poder-se-á gostar ou não do que se vê, sente ou cheira! Que são diferenças, certamente!
Mas foi com estas e outras diferenças, interiores e exteriores, que chegamos ao que somos hoje, que construímos o que temos hoje. E, bem analisado, as diferenças até que são menos que mínimas (veja-se o genoma humano!)
Mas do reconhecer a diferença ao anular, minimizar, escravizar ou assassinar outrem apenas pela cor da pele ou o formato do cabelo… Comigo não contem!
Por tudo isto, e mais umas quantas co-relacionadas, fiquei banzado ao ver esta caixa!
Inocentemente colocada no expositor de um café, contém isqueiros para venda. Nada demais. Mas possui como marca as odiosas letras KKK, iniciais do desprezível Ku Klux Klan. Espantou-me e incomodou-me!
Possivelmente, quem quer que tenha criado esta marca ou desenhado esta caixa, nem se lembrou da relação. Mas seria o equivalente a vender laranjas com a marca NAZI ou automóveis de modelo PIDE.
Incomodou-me!
A pessoa que trabalha neste café, não opôs nenhuma objecção a que fotografasse a caixa, o que fiz “in loco” sem alaridos ou espalhafato. Também não me perguntou o porquê de tão insólito pedido.
A verdade é que, passados dois dias, constato que os mesmos isqueiros estão à venda apenas na grelha plástica de suporte, tendo desaparecido a caixa. E o rótulo.
Provavelmente alguém pensou o mesmo que eu.
E ainda bem!
Texto e imagem: by me
terça-feira, 17 de maio de 2011
Uma questão de moedas
Têm-me feito o especial favor de me chamar de arauto da desgraça, cavaleiro do apocalipse, criador de teorias da conspiração, e outros mimos do mesmo calibre.
Para esses, acabo por lançar o meu olhar de condescendência, sabendo que não é pelo facto de eles não verem as coisas do meu ponto de vista que os faz estarem certos e eu errado.
Infelizmente, há já uns meses que venho afirmando que a crise que está a atravessar alguns países europeus não é casual nem devido, em exclusivo, aos seus próprios erros. No fim de contas, se virmos bem as coisas, as agências de notação que vão classificando as economias e, com isso, segurando ou afundando-as, são todas americanas. A quem dá muito jeito que a economia europeia se afunde. Não muito, mas o suficiente para não por em perigo a própria economia do dollar.
Por outro lado, e isto não foi muito divulgado, talvez que o principal motivo para ter acontecido a invasão do Iraque foi o facto de Sadam Hussain estar a querer negociar o seu petróleo em euros e não em dollares.
Agora vejo este artigo no jornal público, de antecipação económica.
Diz ele que em 2025 deixará de haver uma hegemonia do dollar no comércio mundial para acontecer uma equiparação entre ele, o euro e o ian. Opinião emitida pelo banco mundial.
Claro que isto não será novidade para os norte-americanos, que não gostam da coisa e que estarão a actuar em conformidade, deixando fraca qb a moeda mais fácil de derrubar: o euro. Que nós, europeus, não nos entendemos. E em derrubando-a, depois tratariam dos chineses.
No meio de tudo isto, os portugueses não vão passando de munições numa guerra que não é a nossa, mas que alguns, venerandos e obrigados, vão aplaudindo.
O melhor mesmo é decidirmos se queremos ou não sermos carne para canhão. E o princípio de Junho será uma boa ocasião para fazermos.
Mas isto vou dizendo eu, que sou o arauto da desgraça, pessimista e anti-sistema! E, além do mais, tenho um “Azinho” na lapela.
By me
Como é que é?
Oiço, num noticiário televisivo, que “… À boca fechada já se fala em…”
“À boca fechada”?!
Oh senhores jornalistas: se querem usar expressões comuns e populares, ao menos aprendam-nas.
Que de invenções já nos basta o “politiquês” e o “economês”!
“À boca fechada”?!
Oh senhores jornalistas: se querem usar expressões comuns e populares, ao menos aprendam-nas.
Que de invenções já nos basta o “politiquês” e o “economês”!
Pequenos prazeres
Mesmo nestas noites que já amenas, com as grossas pingas a caírem lá fora e os relâmpagos a darem um ar da sua graça, um Irish Coffee fica sempre bem.
Degustem, se for caso disso.
By me
Por um cigarro
Os actuais sistemas de controlo de passageiros com cancelas automáticas, na CP, não são o que há de mais prático. Na hora de enchente, é ver todo a gente a acotovelar-se junto às cancelas, tentando lutar com o sistema electrónico, que nem sempre funciona bem, com alguns praguejares e encontrões pelo caminho. Confesso que não estou para aturar isso.
Assim, prefiro deixar-me ficar para trás, acendendo o meu cigarrito e esperar que a confusão passe. Em passando, logo passo eu.
Pois uma destas tardes, regressava eu de mais um dia de madrugadas, e sou abordado no cais por duas garotas. Pede-me uma delas um cigarro. Olhei-a de alto a baixo, o que até foi rápido considerando o seu tamanho, e fiz aquilo que faço sempre quando a dúvida se impõe:
“Olha lá: e tu tens idade para andar a fumar?”
A resposta não tardou nem segundos, reforçada pela amiga: que sim senhor, que fazia 20 anos em Junho e, quando instada a prová-lo, bem que procurou pelos bolsos das calças trapalhonas pelo BI, mas não o encontrou.
A resposta foi atabalhoada mas veemente. Podia ser mentira mas, pelo esforço, até que merecia um prémio. Mas teria que pagar por ele. E atirei-lhe, como faço volta e meia:
“Ok, ‘tá bem! Mas fazemos um negócio: um cigarro por uma fotografia dos teus olhos”!
Ai diabo que tal disseste! E que não, que não se sentia bem em frente das câmaras, que também ela era fotógrafa mas que nunca deixava que a fotografassem… E afastaram-se as duas em direcção à escada que conduz às malfadas cancelas. Já com alguns metros de distância, insisti que seriam só os olhos, nada mais, e a resposta que recebi da amiga deixou-me de boca aberta: “Não vale a pena que ela não alinha nessas coisas. É lésbica!”
Fiquei de boca aberta, primeiro de surpresa, depois das gostosas gargalhadas que dei e que ecoaram sob o telheiro da estação.
É que quaisquer dúvidas que pudesse eu ter sobre as suas idades se desvaneceram de imediato com esta declaração pública e impúdica sobre a sexualidade daquelas duas garotas. Que a homossexualidade, masculina ou feminina, não pode nem deve ser usada como arma ou escudo para o que quer que seja. Cada um é o que é, por direito próprio, e aos demais não pode restar outra coisa que um desejo sincero que sejam felizes.
A homofobia (tal como a xenofobia e outras formas de discriminação) é um dos podres da sociedade em que vivemos, quantas vezes provocada exactamente por aqueles que se sentem perseguidos.
Uma hora e pouco depois, no meu bairro, acabámos por nos encontrar de novo e fizemos o negócio como proposto: um cigarro por uma fotografia dos olhos, tendo por bónus extra uns dedos de conversa, que a vizinhança entre mim e uma delas serviu de mote.
E, a título de complemento a esta estória verídica, fica a informação de que hoje se celebra o Dia Mundial Contra a Homofobia e Transfobia.
By me
Tempo de borrasca
E logo antes da borrasca, a meio caminho do jantar no trabalho, dei com isto.
Quem disse que a Natureza não nos surpreende?
By me
segunda-feira, 16 de maio de 2011
Sobre o passado
O ex Primeiro Ministro e ex Presidente da República, Mário Soares, terá afirmado que se está a discutir em demasia o passado, o que foi feito e o que não foi feito, em vez de se discutir o futuro e os projectos de cada uma das candidaturas.
Claro que faz sentido falar-se do passado!
Desde que vigora a actual Constituição, 1976, tivemos 13 Primeiros Ministro: Cinco oriundos do PS, Seis oriundos do PSD, Um oriundo do CDS e Um sem filiação partidária.
Foram estas treze pessoas, bem como todos aqueles que com eles formaram governo, que conduziram Portugal à situação em que se encontra. Nas opções políticas, nas disputas partidárias, nas propostas legislativas dos seus partidos na Assembleia da República, no investimento dos dinheiros públicos e na forma de o financiar, dívidas incluídas.
Faz todo o sentido saber-se quem, pelo nome, e quem, pela formação partidária, fez o que fez e que nos colocou endividados até para além da raiz dos cabelos.
Não apenas porque a culpa não pode morrer solteira como, e num momento em que somos chamados a decidir sobre o futuro próximo e distante, se queremos mais do mesmo ou alterar positivamente o rumo que temos agora.
Se queremos que os nossos filhos tenham uma vida melhor que a nossa ou se queremos que já nasçam endividados e que sejam obrigados, como em tempos de antanho, a viver escravizados.
By me
domingo, 15 de maio de 2011
Raridades
De facto são uma raridade. E não creio que haja ainda muita gente que as use, com as balanças domésticas, as balanças nas farmácias e outras.
Em qualquer dos casos, nenhuma dessas tem um amável aviso no seu mostrador:
“Em caso de avaria contacte-nos. Telem. 934 314 108. Devolvemos os 50 cêntimos e o custo da chamada por via postal.”
Raridade a peça e raridade a afirmação!
By me
Dois carros, dois casos
A fotografia de cima mostra a intervenção policial, na Av. Álvares Cabral, em Lisboa. Fora chamada porque a viatura que está a ser rebocada impedia o acesso ao portão, devidamente sinalizado com o regulamentar sinal de “estacionamento e paragem proibida”, tal como consta do código da estrada.
Quem chamou o reboque policial foi o dono de um carro que queria entrar no referido portão: tratava-se de um elemento da empresa de segurança da escola a que dá acesso o portão e que queria ali arrumar a viatura porque em mudança de turno.
Até aqui tudo bem e de acordo com a sociedade civilizada em que vivemos.
O que já não está consentâneo com essa sociedade é o que consta na segunda fotografia: um carro estacionado bem no meio de uma passagem de peões semaforizada. E mais triste ainda é esta situação ter acontecido a escassos 50 metros da primeira.
Uma mereceu a atenção policial, a outra foi o que se viu, o que se vê e o que se vai vendo por todo o país: este está configurado para os automóveis, sendo os peões um impecilho à sua normal circulação.
By me
Um olhar - Teresa, a estudante
Claro que esta fotografia tem uma estória! Qual é a que não tem?
Ela sabe-a, os seus amigos sabem-na, eu sei-a, e é quanto basta.
Quanto ao resto, perguntem-lhes.
By me
sábado, 14 de maio de 2011
Procissão
Não há duas sem três, diz o povo. E deve ter razão.
Este foi o terceiro Multibanco assaltado com explosivos, do qual levaram a caixa do dinheiro. Coincidência, ou não, tinha estas caixas sido reabastecidas no dia ou na véspera, pelo que estavam bem recheadas.
Não me interessa o que possam dizer moralistas e afins:
Certo é que a iniciativa privada e a competitividade estão a vigorar, pelo menos no mundo dos assaltantes. E com inovação, também, assim como com o recurso a tecnologias inovadoras.
E se há que fazer assaltos, que a crise está aí bem presente, que seja a bancos e multibancos, que estão protegidos pelos seguros. Agora ao pacato do cidadão comum, quer seja por esticão, quer seja por arrombamento, quer seja de arma em punho, esse não está protegido de coisa alguma e cada cêntimo que lhe roubarem é um cêntimo que lhe tiram da boca e da dos seus.
Brincadeiras à parte, acredito que serão mais rapidamente apanhados e julgados estes que ousaram assaltar um banco que os que andam a roubar carteiras ou fios dos pescoços de quem anda de metro ou nos passeios. Que as forças de segurança têm prioridades e, certamente, não serão os tolos que caminham com dinheiro na carteira. Como eu ou você.
Também estou em crer que os índices de criminalidade aumentarão na proporção directa do encerramento de pequenos negócios e despedimentos.
Até porque a procissão ainda vai no adro.
By me
sexta-feira, 13 de maio de 2011
quinta-feira, 12 de maio de 2011
Sabores e mentiras
Um dia alguém vai ter que me explicar, mas bem explicadinho, porque carga-de-água têm os bares e restaurantes que servir refrigerantes de marca com gelo e um pedaço de fruta.
Caramba! Se eu peço um dado refrigerante é porque quero usufruir de tudo o que ele tem para me dar, sem máscaras ou atenuações. E se, por exemplo, um pedaço de laranja pode azedar um copo de Sumol de Laranja, o gelo vai, garantidamente, diluir as proporções do sabor e gás que vem na lata ou garrafa.
Começo a ficar cansado de pedir uma Coca-Cola ou Sumol sem gelo e sem limão ou laranja. Só mesmo a bebida, a embalagem e o copo, costumo dizer em tom brincalhão.
Deixem que o meu palato lide com os sabores originais, que para subversões, adulterações e mentiras já temos políticos e governos que cheguem!
By me
quarta-feira, 11 de maio de 2011
Ora bolas!
Porque haveriam de gastar tempo e usar maquinaria complexa e cara para espreitar cá para dentro quando, se me perguntassem, eu responderia sem errar:
“A minha cabeça está completamente vazia. Um pouco de lixo e nada mais!”
Me
Eram pretos
Seriam pretos. Pelo menos a acreditar na caixa e, principalmente, na etiqueta que nela está colada.
Aliás, a etiqueta é explícita: diz-nos a cor (preta), o tamanho (38) e o modelo (PTA676). Confesso que bem procurei na web sobre este modelo, mas nenhuma referência encontrei. Tal como fiquei sem saber, apenas p’la caixa, qual seria o fabricante.
Não tanto da caixa, mas sim dos sapatos que ela conteria. Que no seu interior nada constava: nem os novos, muito naturalmente, nem dos velhos, aqueles que estes vieram substituir.
E procurei nas imediações – por sob os bancos, ao longo do cais e mesmo na linha de caminho-de-ferro, e nada. Nem sinais dos sapatos que, eventualmente, ali estariam abandonados.
Que encontrar sapatos abandonados, na rua em geral ou mesmo em instalações ferroviárias, parece estranho mas sempre vou encontrando. Agora a respectiva caixa…
Isso foi novidade!
By me
Os Homens da Luta e os Big Five
Seguindo uma rotina, que tenho por saudável, antes de sair de casa para enfrentar o mundo necessito de fazer coisas de que gosto.
E uma delas é dar uma olhada nas notícias on-line. Não apenas para saber o que aconteceu enquanto viajei por terras de morfeu, como para ter uma ante-visão do que me espera em começando a trabalhar.
E a primeira coisa que via (enfim, a quarta, na página do Público) foi que Portugal foi afastado da final do festival da Eurovisão da canção.
Fixe, pensei. Acabaram as histerias e as reportagens diárias sobre um grupo que até nem tem grande qualidade musical, do pouco que sei do assunto.
E servirá, também, para que muitos de nós aprendamos que o gozo antecipado de uma vitória é como contar com o ovo no cu da galinha: estará ou não!
Além do mais, servirá para manter perfeitamente correcto aquele vídeo que circulou e circula sobre Portugal com recados para a Finlândia. É que um dos itens ali referidos é Portugal nunca ter vencido este festival. Continua certo, caramba!
Mas, acima de tudo, terá sido uma mensagem subliminar que nos foi enviada:
“Então aqueles lá da ponta, que não se sabem governar e que andam de mão estendida por uma esmola comunitária, queriam ser os maiores a dar música? Nem pensem! Fiquem lá no vosso cantinho, que até é bonito, endireitem-se e aprendam as lições da sustentabilidade económica. Quando tiverem alguma coisa de jeito para mostrar, voltem cá.”
Esta minha leitura do artigo sobre “Os Homens da Luta” na Eurovisão serviu também para eu confirmar uma coisa de que já suspeitava: que este concurso mais não é que o espelho musical do que se passa na União Europeia, a muitos níveis. Mesmo no finzinho, pode ler-se:
“Na quinta-feira, após a realização da segunda meia-final, que contará de novo com 19 concorrentes, ficar-se-ão a conhecer os dez outros finalistas, que se acrescentarão aos Cinco Grandes (“Big Five”), os países que, desde o ano 2000, têm passagem automática para a final: Inglaterra, Alemanha, França, Espanha e, desde o ano passado, também a Itália”
Afinal a tal “Europa” são Cinco Grandes, mais os outros todos por acréscimo. Nós incluídos!
By me
terça-feira, 10 de maio de 2011
Memórias
Num programa de Tv para a família vejo o grupo “Trio Odmira” a actuar.
Esta num café, o televisor lá no alto e o som baixinho.
E deixei-me ficar, não apenas a ouvir aqueles sons que me recordavam a minha meninice como a pensar que idade teriam eles, provecta certamente, pelo que a memória me dizia e pelo que aparentavam.
Ao mesmo tempo, ia imaginando o conflito de sentimentos daqueles dois (que o terceiro já não é o de origem): se por um lado, o público, como eu mesmo, gosta de ir ouvindo as velhas canções de outros tempos, eles devem sentir satisfação por ainda serem apreciados, ao mesmo tempo que, talvez, tristes por nada de novo e apelativo apresentarem.
E estava eu entretido com estas e outras cogitações quando alguém, da sala, comenta: “Eh pá! Que cheiro a naftalina que vem daquele televisor!”
Tive vontade de lhe atirar com umas bolas, de naftalina ou outras!
É que se o respeito pelos mais velhos fica sempre bem, também tomara aquele “puto” de trinta e tal anos chegar à idade daqueles “cotas” e ainda ser capaz de cantar e agradar.
Esta num café, o televisor lá no alto e o som baixinho.
E deixei-me ficar, não apenas a ouvir aqueles sons que me recordavam a minha meninice como a pensar que idade teriam eles, provecta certamente, pelo que a memória me dizia e pelo que aparentavam.
Ao mesmo tempo, ia imaginando o conflito de sentimentos daqueles dois (que o terceiro já não é o de origem): se por um lado, o público, como eu mesmo, gosta de ir ouvindo as velhas canções de outros tempos, eles devem sentir satisfação por ainda serem apreciados, ao mesmo tempo que, talvez, tristes por nada de novo e apelativo apresentarem.
E estava eu entretido com estas e outras cogitações quando alguém, da sala, comenta: “Eh pá! Que cheiro a naftalina que vem daquele televisor!”
Tive vontade de lhe atirar com umas bolas, de naftalina ou outras!
É que se o respeito pelos mais velhos fica sempre bem, também tomara aquele “puto” de trinta e tal anos chegar à idade daqueles “cotas” e ainda ser capaz de cantar e agradar.
segunda-feira, 9 de maio de 2011
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