Não sou candidato nestas eleições, não sou militante de nenhum partido político, nem mesmo simpatizante com algum deles.
Assim, estou à-vontade para falar no que vai suceder amanhã, Domingo, em Portugal, tal como tem acontecido um pouco por toda a parte nos países membros da União Europeia, desde quinta-feira.
Em primeiro lugar, gostaria de lembrar que iremos votar num parlamento de uma União a que pertencemos – os Portugueses – à revelia da nossa vontade. Melhor dizendo, pertencemos à União Europeia, ex-CEE, sem que os Portugueses tivessem tido oportunidade de sobre ela se pronunciarem.
Tal como não se pronunciaram sobre o Espaço Schengen, a moeda única ou o famos “tratado constitucional europeu”, mais tarde cosmeticamente mudado para “Tratado de Lisboa”. Ainda que o tivesse sido prometido pela formação política maioritária no poder.
Não ponho em causa a utilidade ou inutilidade desses acordos e das suas consequências. Apenas decidiram por todos nós, em assuntos que influenciaram e influenciam o futuro à revelia da vontade dos cidadãos Portugueses.
E será bem curioso reparar que aqueles países que fazem de modelo a quem nos governa fizeram questão de referendar essas questões, alguns havendo que o negaram. E a vontade popular respeitada.
Gostaria também de relembrar que a maioria dos cidadãos Portugueses não sabe para que serve o Parlamento Europeu ou os Comissários Europeus.
Volta meia os media dão destaque a este ou aquele aspecto, mas muito ao de leve. O relacionamento do Parlamento Europeu com os cidadãos Europeus é mínimo. É algo que acontece lá longe, feito por uns quantos a quem se paga chorudos salários e mordomias e que decidem sobre o calibre das maçãs que comemos ou quanto leite podemos produzir, ou que peixes podemos pescar. E que, na sequencia destas decisões, comemos maçãs colhidas do outro lado do Alpes, leite mugido nos países baixos e sardinhas congeladas por “nuestros irmanos”. E os nossos pomares ao abandono, as vacas magras e as traineiras em terra.
É assim que a maioria dos nossos cidadãos Lusos vêem as coisas europeias, não se revendo nas decisões tomadas e menos ainda no acto eleitoral de amanhã. Donde é previsível, sem margem para erro, que a abstenção será enorme. Esteja o tempo que estiver.
Os que forem votar fá-lo-ão porque será uma quebra na rotina dominical, pela defesa do partido com que simpatizam (ainda que não saibam os projectos apresentados para o parlamento europeu) ou para mostrarem que existem, ao comparecerem perante um caderno eleitoral e dizerem “Este sou eu!” Poucos, muito poucos, irão votar convictos e cientes das consequências do seu acto.
Tenho para mim que os conceitos de “Pátria” e “Fronteira” são absurdos. A existência da EU poderia ser um bom passo no sentido do que penso.
Mas, na prática, pouco mais é que a constituição de uma “Pátria Europeia”, com fronteiras contornando o continente europeu. Separando-o do resto do mundo e querendo que tenha uma identidade própria e autónoma. Mas as questões e divergências entre países são equivalentes, apenas noutra escala, às questões e divergências que podemos encontrar por cá, entre Norte e Sul, zona de montanha e zona de planície, Porto e Lisboa. Rivalidades que a poucos aproveita, excepto àqueles que, na sombra, as alimentam. E delas se alimentam, com benefícios para as capitais, ou países ricos, em desfavor do interior ou dos países periféricos e pobres.
Amanhã, Domingo, é dia de eleição do Parlamento Europeu.
Irei votar porque entendo que faz parte dos deveres de cada cidadão o participar nas actividades e decisões do colectivo.
Mas, confesso, tenho dificuldade em encontrar benefícios práticos ou visíveis no resultado desta votação.
Excepto, claro, para os que ganham o bilhete de avião para Bruxelas ou que usaram e usam este acto eleitoral para preparar terreno para o que acontecerá, mais tarde, para a Assembleia da Republica.
Texto e imagem: by me
Assim, estou à-vontade para falar no que vai suceder amanhã, Domingo, em Portugal, tal como tem acontecido um pouco por toda a parte nos países membros da União Europeia, desde quinta-feira.
Em primeiro lugar, gostaria de lembrar que iremos votar num parlamento de uma União a que pertencemos – os Portugueses – à revelia da nossa vontade. Melhor dizendo, pertencemos à União Europeia, ex-CEE, sem que os Portugueses tivessem tido oportunidade de sobre ela se pronunciarem.
Tal como não se pronunciaram sobre o Espaço Schengen, a moeda única ou o famos “tratado constitucional europeu”, mais tarde cosmeticamente mudado para “Tratado de Lisboa”. Ainda que o tivesse sido prometido pela formação política maioritária no poder.
Não ponho em causa a utilidade ou inutilidade desses acordos e das suas consequências. Apenas decidiram por todos nós, em assuntos que influenciaram e influenciam o futuro à revelia da vontade dos cidadãos Portugueses.
E será bem curioso reparar que aqueles países que fazem de modelo a quem nos governa fizeram questão de referendar essas questões, alguns havendo que o negaram. E a vontade popular respeitada.
Gostaria também de relembrar que a maioria dos cidadãos Portugueses não sabe para que serve o Parlamento Europeu ou os Comissários Europeus.
Volta meia os media dão destaque a este ou aquele aspecto, mas muito ao de leve. O relacionamento do Parlamento Europeu com os cidadãos Europeus é mínimo. É algo que acontece lá longe, feito por uns quantos a quem se paga chorudos salários e mordomias e que decidem sobre o calibre das maçãs que comemos ou quanto leite podemos produzir, ou que peixes podemos pescar. E que, na sequencia destas decisões, comemos maçãs colhidas do outro lado do Alpes, leite mugido nos países baixos e sardinhas congeladas por “nuestros irmanos”. E os nossos pomares ao abandono, as vacas magras e as traineiras em terra.
É assim que a maioria dos nossos cidadãos Lusos vêem as coisas europeias, não se revendo nas decisões tomadas e menos ainda no acto eleitoral de amanhã. Donde é previsível, sem margem para erro, que a abstenção será enorme. Esteja o tempo que estiver.
Os que forem votar fá-lo-ão porque será uma quebra na rotina dominical, pela defesa do partido com que simpatizam (ainda que não saibam os projectos apresentados para o parlamento europeu) ou para mostrarem que existem, ao comparecerem perante um caderno eleitoral e dizerem “Este sou eu!” Poucos, muito poucos, irão votar convictos e cientes das consequências do seu acto.
Tenho para mim que os conceitos de “Pátria” e “Fronteira” são absurdos. A existência da EU poderia ser um bom passo no sentido do que penso.
Mas, na prática, pouco mais é que a constituição de uma “Pátria Europeia”, com fronteiras contornando o continente europeu. Separando-o do resto do mundo e querendo que tenha uma identidade própria e autónoma. Mas as questões e divergências entre países são equivalentes, apenas noutra escala, às questões e divergências que podemos encontrar por cá, entre Norte e Sul, zona de montanha e zona de planície, Porto e Lisboa. Rivalidades que a poucos aproveita, excepto àqueles que, na sombra, as alimentam. E delas se alimentam, com benefícios para as capitais, ou países ricos, em desfavor do interior ou dos países periféricos e pobres.
Amanhã, Domingo, é dia de eleição do Parlamento Europeu.
Irei votar porque entendo que faz parte dos deveres de cada cidadão o participar nas actividades e decisões do colectivo.
Mas, confesso, tenho dificuldade em encontrar benefícios práticos ou visíveis no resultado desta votação.
Excepto, claro, para os que ganham o bilhete de avião para Bruxelas ou que usaram e usam este acto eleitoral para preparar terreno para o que acontecerá, mais tarde, para a Assembleia da Republica.
Texto e imagem: by me
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