sexta-feira, 31 de maio de 2024

Tubos




É verdade que sim: tenho dois conjuntos de tubos de extensão para Pentax K.

Meramente mecânicos, sem nenhuma conexão eletrónica, um deles foi comprado há 40 anos, o outro recebi-o de meu pai.

São úteis para quando o sistema de focagem de uma objectiva não permite que nos aproximemos mais. São os chamados “tubos macro”, em linguagem popular.

Quando me apetece, uso um tubo ou a conjugação de dois para, com um 400mm, fotografar flores ou insectos a uma distância confortável, ainda que recorrendo a um monopé pois o conjunto é instável.

Fica agora aqui um desafio para os mais conhecedores: qual destes conjuntos foi fabricado pela Pentax e qual o que foi fabricado pela marca independente Itorex?

Deixo a resposta dentro de dois dias.


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segunda-feira, 27 de maio de 2024

Dores




Vi no peitoril da janela um pequeno insecto. Oblongo, do tamanho de uma unha, preto e vermelho. Voador.

Achei que seria interessante fotografá-lo e comecei a dar tratos de imaginação sobre o como o fazer.

A primeira coisa foi prende-lo dentro de um copo invertido, para que não fugisse.

Mas os copos são redondos, pelo que não seria fácil uma imagem nítida e não deformada. Além do mais, a área do copo era demasiado grande para garantir que ficaria focado.

E tive uma ideia brilhante. Sacrifiquei uma caixa de filtro fotográfico e cortei o fundo. No seu lugar colei um pedaço de vidro que havia mandado fazer para uns efeitos com vaselina e negro de fumo.

Sendo a caixa baixa como sabemos, ficaria na zona de foco e seria apenas esperar que ficasse na área do enquadramento.

Preparei toda a parafernália (câmara, fole, objectiva, fundo, luz...) e, com todo o cuidado, transferi o bichinho para a caixa, colocando-a no local previsto.

Quando espreitei pelo visor foi a tempo de o ver contorcer-se até morrer.

Doeu-me! Doeu-me a alma até ao tutano. Não queria de forma alguma fazer mal ao pobre coitado, sendo que depois da fotografia seria para o soltar de novo. Não aceitava eu, tal como não aceito hoje, o fazer mal a um ser vivo para o meu prazer fotográfico. E vê-lo morrer assim foi atroz.

Levei algum tempo a perceber o que havia acontecido, entre o racional e o emocional. Mas dei com o motivo: a cola usada para segurar o vidro não estava completamente seca e os vapores haviam envenenado fatalmente o bichinho.

Não me recordo do que fiz da caixa mortal. Creio que a joguei fora de raiva.

Já o fole foi este mesmo, que o havia comprado pouco tempo antes. O conjunto completo: fole, copiador de negativos ou slides, suportes laterais para película, régua para calcular a extensão, cabo disparador duplo...

Tenho o conjunto desde então, usando-o quando necessário e conservando-o tão bem quanto posso. Mais de quarenta anos passados sobre o episódio está quase como novo.

O único senão que tem, nos dias de hoje, é não aceitar a Pentax K1 directamente, que a câmara é uns milímetros grande demais. Mas um pequeno anel de extensão atrás resolve a situação.

Pentax K1 mkII, Tamron SP Adaptal2 90mm 1:2,5


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quinta-feira, 2 de maio de 2024

Conceitos sociais




Para quem tinha dúvidas sobre a equidade social que o actual governo preconiza para o país, eis uma amostra:

Foi proposto um suplemento de missão para os agentes da PSP e os militares da GNR, para ser equiparado com o que o governo anterior havia instituído para com os elementos da PJ.

Acontece que esse suplemento não é igual para todos. É indexado aos salários, o que significa que salários mais elevados maiores os subsídios.

Isto já de si é mau, mas não se fica por aqui.

A percentagem sobre o salário não é igual para todos. Por outras palavras, os mais graduados têm uma percentagem maior que os agentes ou militares de base, aqueles que vemos todos os dias na rua. 12%, 9% e 7% de subsídio.

Generalizando a questão a todo o país, este governo e os partidos que o suportam defendem maiores fossos sociais, privilegiando notoriamente os mais ricos ou abastados.

Ao mesmo tempo, vemos o governo a defender que a questão da habitação não se resolve dentro da cidade mas antes criando condições para que os transportes públicos sejam mais eficazes no levar e trazer quem não pode viver dentro possa ir e vir dos subúrbios para a cidade. Deixando-a disponível para as classe abastadas.

Em breve veremos esta estratégia aplicada também à saúde, à educação, ao fisco, à justiça...

Já não é uma questão de crise ou de mercado: é mesmo o conceito de política de sociedade, em que somos todos iguais mas uns mais iguais que outros.


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