Há sempre um momento em que temos que fazer isto.
By me
O objecto
Comprado numa feira de velharias em segunda mão, quem mo
vendeu não sabia para que servia. Nem eu.
Trata-se de um mecanismo de corda que, em escolhendo um
tempo entre zero e dez segundos, e tendo encolhido a haste inferior, a solta no
final desse tempo. É de fabrico Suisso, e foi-me vendido com o estojo de
cabedal de origem pelo preço de um maço de cigarros. Dos baratos.
Não me pude queixar, principalmente por se tratar de objecto
cuja finalidade desconhecia.
Cerca de uma hora depois, o mais que tinha encontrado na net
foi a data de fabrico (1922), algumas fotografias com e sem a embalagem de
cartão original e até o esquema mecânico interior. Mas não a função. Mas acabei
por dar com a coisa, depois de dar trabalho às células cinzentas entre orelhas.
Trata-se de um temporizador fotográfico invertido. Por outras
palavras, ele não faz começar um exposição mas antes a termina, no máximo de
dez segundos, deste que tenhamos ajustado a câmara para “B”. Aplicavel num cabo
disparador de “bicha”, para evitar movimentos parasitas na câmara. Ou mesmo directo
no botão do obturador, se este tiver uma gola onde prender a haste. Algo impossível
de usar nas câmaras actuais.
Peça rara, que irá para a minha coleção de peças raras e
antigas.
A fotografia
Só há um coisa mais difícil de fotografar que mecanismos ou
cutelaria em metal polido: Mecanismos ou cutelaria em metal polido. Tudo quanto
é luz ali se reflete, como num espelho, e controlar esses reflexos não é coisa
nem fácil nem rápida. Mas eles devem existir para mostrar o material de que são
feitos os objectos.
Neste caso a coisa é mais complicada, já que haveria de
mostrar a escala de tempo ajustável, bem como uma outra de afinação. Ambas
rasgadas na superfície de metal e igualmente polidas e reflectoras. Indo mais longe,
haveria que ter algo visível no enquadramento que desse uma escala de tamanho
do referido objecto. Optei pela mão de madeira, que permite uma multiplicidade
de posições.
Já quanto ao metal, optei pela minha abordagem incial do
costume: a luz haveria que vir de cima e de trás. Mas para evidenciar as
inscrições, haveria que usar uma luz razante, tão tangencial quanto possível. Que,
de caminho, não apenas evitaria que a superfície ficasse um bloco de luz como
se refletiriam nos bordos, criando volume. Usei uma da esquerda e de cima e um
espelho de baixo e da direita que a refletia em oposição de 180º.
Propositadamente, deixei ficar algum pó na superfície
metálica para ajudar a defini-la. O mesmo em relação aos reflexos que nela se
vêem. Já o fundo deveria ter algo colorido para evidenciar a ausência de cor do
metal.
Foi barato o objecto, considerando que usei mais de uma hora
para o conhecer e mais de hora e meia para o fotografar.
Todos os prazeres fotográficos fossem assim.
Pentax K1 mkII, Tamron Adaptal2 90mm
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