Lisboa
Pentax K1 mkII, Yashinon-DX 35mm 1:2,8
.
Numa escola onde lecionei, antes de o digital se impor como
norma fotográfica, tive uma discussão enorme com um dos directores.
Havia que comprar conjuntos para os alunos usarem e a nossa
escolha recaiu em Pentax. Pelo que havia no nosso mercado então e por questões
de orçamento. Uma P30, uma 28-80, uma 80-200 e uma 50. Para além de um flash,
um saco e um tripé. Seriam seis conjuntos.
Pois o director não queria aceitar, já que a 28-80 cobria o
ângulo da 50 e esta seria uma despesa a evitar. Não entendia ele que, e para além
da luminosidade da 50, ela permitia uma disciplina visual, um saber escolher a
perspectiva sem recorrer à variação de ângulo de visão, atitudes e disciplinas
pessoais vitais em fotografia.
Acabámos por ganhar a discussão, mas foi difícil.
Ainda hoje mantenho essa disciplina. Apesar de gostar de
captar detalhes com teleobjectiva, tenho épocas, como a que estou agora a
passar, em que me imponho o uso de grande-angular. Fixa. Grande-angular
moderada ou extrema.
Apesar de ter no saco ou mochila a ou as objectivas com as
quais me sinto mais confortável visualmente, a que mantenho na câmara é de
ângulo largo e é com isso que “vadio” na cidade ou me encaminho para um local
definido. Trabalho ou outro. E é divertido forçar-me a encontrar soluções estéticas
para aquilo que quero captar com esse ângulo de visão. Perspectiva e luz. Que
quero ter na mente ainda antes de ligar a câmara. Saber ver com o olhar antes
de ver com a objectiva.
Para quem não tem objectivas fixas (ou primárias como também
se diz) sugiro uma abordagem um pouco mais difícil de respeitar: sair de casa
com o firme propósito de usar apenas um ângulo pré-definido da zoom que possui.
E manter-se com esse ângulo (ou distância focal) todo o dia ou boa parte dele.
É bem mais difícil, já que a facilidade da zoom nos leva a “fazer batota”, mas
é uma questão de disciplina individual.
Esse foi um dos principais motivos de querermos, num
conjunto para jovens aprendizes, uma 50mm. Disciplina visual, por muito “louco”
que possa ser o resultado final.
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