domingo, 30 de setembro de 2012

Trocas fotográficas




Num jardim público: Luz do sol, opacos, translúcidos e transparentes. Nada mais!
Não esteve? Não sabe o que perdeu!

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Trocas fotográficas




Para os que não estiveram nas “Trocas fotográficas” de hoje, aqui fica o que não puderam aprender a fazer com uma maquininha de bolso, das simples, e sem recurso a nenhum extra: apenas a luz do sol e mais uns “truques”.

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Conversas




“Eh pah! Isto está mesmo mau! Alguma coisa tem que ser feita!”
“Pois… E que tens feito para mudar isso?”
”Eu? O que é que eu posso fazer?”
“Sei lá!... Por exemplo: tens trabalhado mais para aumentar os teus rendimentos?”
“Trabalhar mais? Pois se já me pagam tão pouco ainda querias que fosse trabalhar mais?”
“Ah… E tens ido a manifestações de protesto?”
“Eh pah! Eu não alinho nisso, que é tudo partidos e sindicatos. Além do mais, não ia deixar a família em casa, não é?”
“Ah… E tens falado com os colegas sobre o como mudar as coisas?”
“Eu?! Nem penses! O chefe ouvia-me e depois lá se ia a promoção!”
“Ah… E tens votado nestes últimos anos?”
“Votar? P’ra quê? Eles só lá vão por causa dos tachos! Eu não acredito nisso dos votos.”
“Ah… E se isto der mesmo p’ró torto vais p’rá greve?”
“Greve? Como é que posso? E, depois, quem é que tomava conta dos garotos?”
“Ah… Mas isto está mesmo mau, não está?”
“Está pois! E alguém tem que fazer alguma coisa!”
“Ah… E quem? Quem é que tem que fazer alguma coisa por ti?”

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Dois momentos me fizeram tremer no dia de hoje.
E nenhum deles se prendeu com o facto de sermos muitos. Já vamos ficando habituados, infelizmente, a que sejamos muitos na rua a querer que o poder respeite o povo.
Um desses momentos, a dois tempos, foi ter ouvido salvas de palmas à passagem de dois grupos de manifestantes: os trabalhadores das forças policiais e os trabalhadores da RTP. Nada comum, o ouvirem-se salvas de palmas para manifestantes. Tocou-me fundo.
O outro foi este cartaz. Que diz tudo: das vontades, das certezas, das raivas. E do que pode estar para vir.

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29-Setembro-2012


Esta foi a terceira manifestação a juntar milhares – muitos milhares – em Lisboa no prazo de duas semanas. Diria eu que é fenómeno inédito em Portugal.
E esta é sempre uma visão privada. Não tenho responsabilidades jornalísticas.
Não quero caras, pelo menos não muitas, quero ícones do sucedido.
Se o são, ou não, isso é outra conversa.
Mas é sempre uma visão pessoal!











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sábado, 29 de setembro de 2012

Da minha janela




Só porque veio hoje, uma vez mais, à baila, aqui fica o que se vê da minha janela pelas 22.30, mais ou menos.
Objectiva 400mm, ampliação posterior de quatro vezes. Exposição manual, ISO 400, 1/400”, f:11.
Pentax K7, Tokina AT-X 400mm, f:5,6.

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O maior receio de um político não é a derrota eleitoral. Que essa faz parte do jogo!
O seu maior medo é que o poder, a gestão da coisa pública, deixe de ser feito por políticos e passe para as ruas. Que passe a ser feito e gerido pelo povo, do mais anónimo ao mais ilustre.
Que, nessa mudança de organização da sociedade, se constata da utilidade (ou o seu oposto) daqueles que constituem a chamada “classe política”.
E não há nada pior para o amor-próprio de um político que a demonstração da sua inutilidade!

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P'la janela do autocarro




É mais ou menos notório que tenho um fraquinho por grafittis. E não me refiro apenas a algumas verdadeiras obras de arte que podemos encontrar aqui ou ali. Essas serão especiais.
Refiro-me, antes sim, àquelas outras sem ambições artísticas mas que exprimem os sentimentos de quem as pintou. Uma assinatura com definição de espaço grupal, uma declaração de raiva ou amor, um protesto ou afirmação política.
Sabemos também que a vida de um grafitti depende do local onde foi feito: se muito exposto ou nem tanto, dos donos do edifício, da capacidade de influência dos vizinhos…
Esta tem já cinco anos. Está na parede de uma instalação fabril abandonada na zona oriental de Lisboa, numa avenida que é, basicamente, um eixo rodoviário. Poucos residentes.
Singela, já objecto de parcial sobreposição, é, como muitas outras, um sinal de história do país. Que os grafittis também são isso: sinais exteriores de história.
O que me custa ver neste grafitti é a sua idade e mensagem. Passados que são cinco anos continuamos todos, os portugueses, a necessitar de estar em confronto com as autoridades governamentais. E, não nos esqueçamos, fomos nós Portugueses que as escolhemos. Mais ainda, se procurarmos pela cidade, p’la certa que iremos encontrar afirmações ou convocatórias semelhantes ainda mais antigas. Sempre apelando ao confronto, ao protesto popular, à greve ou à manifestação.
Mesmo deixando de parte as eventuais cargas politico-partidárias que possam conter (e contêm!) são elas a demonstração pública que não nos sabemos governar, que vamos fazendo escolhas das quais nos arrependemos, que o confronto social tem sido, com maior ou menor intensidade, uma constante nos últimos trinta e tal anos.
Talvez que um dia, fruto eventual da situação que vivemos agora, possamos passar um decénio sem necessitar de apelar à revolta e protesto, mesmo que pacífico. Greves, manifestações, desfiles. Com mais ou menos humor.

Esse dia não é, certamente, hoje.
Que hoje, e mais uma vez, estaremos na rua a demonstrar o nosso descontentamento e vontade e, pelo número, a afirmar que a democracia não se faz apenas pelo voto.
E será bom que quem ocupa lugares fruto de eleições, o saiba!

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sexta-feira, 28 de setembro de 2012




O que mais me assusta nestes momentos de convulsão não é, por estranho que pareça, o baixar-se o nível de vida dos cidadãos.
Isso tem acontecido inúmeras vezes ao longo dos séculos e, com maior ou menor sofrimento, continuamos por cá, os humanos.
O que mais me assusta nestas fases de insatisfação e revolta é o surgimento de pseudo-líderes, que prometam este e o outro mundo em troca da diminuição das liberdades. Liberdade de falar, liberdade de fazer, liberdade de pensar.
Isso é que me assusta, e muito.
E, sejam quais forem os caracteres que usem para escrever (latino, árabe, cirilico ou mandarim) uma ditadura é sempre uma ditadura. Que adora convulsões e estados de necessidade para se reproduzir.

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Presunção e água-benta...




Este é o texto que vejo como publicidade a um curso de fotografia, numa página da internet:

“Depois dos workshops dados por todo o bicho-careto a preços abaixo da hora de qualquer trabalhador inqualificado ou de cursos sem a mínima credibilidade, a XXXXX associa-se agora à YYYYY e passará a ter os seus cursos oficialmente certificados pela ZZZZ, a direcção geral do emprego e das relações de trabalho, permitindo que os alunos tenham um certificado oficial da sua aprendizagem.
O CURSO DE INICIAÇÃO Á FOTOGRAFIA começa a 3 de Outubro e as inscrições estão já em fase adiantada.

Para se inscrever: YYYYY@clix.pt
informações: 91@@@@@”

Fico perfeitamente esclarecido, não o estivesse já, sobre a opinião que o promotor do curso tem na vida. Não cito o nome, mas as suas opiniões e relacionamento de si mesmo com a fotografia e os demais fotógrafos já conheço faz tempo. Tal como os seus trabalhos fotográficos e escritos.
Que começar um anúncio por dizer mal dos outros… 
Acrescente-se, e para quem conhece os meios fotográficos, que a imagem que acompanha o texto é de uma Leica, antiga. 

Note-se que esta é a minha mão e esta é a câmara com que comecei. E se nunca fui muito longe na fotografia, nunca disso culparei a câmara mas sim a  mão que a segura. 

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E se a luz




é a minha matéria-prima, perspectiva é a minha ferramenta.
  

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" ! "




E depois há aquelas pessoas utilizadoras de FBs, Blogs e etc. que escolhem da net uma fotografia toda bonitinha, botam-lhe por cima uma frase moralista ou sonhadora, acrescentam-lhe um nome sonante, mesmo que falso, e pronto: têm os ingredientes para um post viral.   
Por mim, não roubo frases e não procuro fora aquilo que eu mesmo posso produzir. Bom ou mau.
Por isso, posso bem dar-me ao luxo de aqui dizer aquilo que venho repetindo desde há 36 anos, assinando com o meu nome palavras e imagem:
“Sobre este governo, apenas duas palavras – Sou Contra!”

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quinta-feira, 27 de setembro de 2012




Não estou nada preocupado com a quantidade de gente que este sábado sairá às ruas. Que sei que serão muitos.
Fico é preocupado com cada um dos que não saírem, dos que não mostrarem o seu desagrado de algum modo.
Que esses, ou já desistiram ou ainda não acordaram.
Qualquer uma das respostas me deixa preocupado!  

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Campeões




Temos sido campeões.
Campeões em desporto. Campeões em revoluções pacíficas. Campeões de destino turístico europeu.
Temos bom feitio, somos hospitaleiros e razoavelmente honestos, temos um sol e praias de fazer inveja.

Espero que continuemos a ser campeões, no mostrar que somos seres humanos e não escravos e que queremos ser soberanos no que a nós diz respeito!
Mas neste campeonato, o fair play tem que acontecer das duas partes. Que se uma a esquece, não se exija que a outra a siga!

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Uma questão de terminologia




Numa manifestação em que estive, ouvi chamar de “gatuno” quem passava para entrar para o Conselho de Estado.
Mas que erro ou disparate!
Consultado o Priberam, dicionário on-line, constato que “gatuno” significa:
“Vadio que se dá ao furto; larápio; ratoneiro.”
Não entendo por certo este insulto, já que não são vadios (sabe-se bem onde residem) nem praticam furtos, já que furtar significa:
“1. Subtrair fraudulentamente, sem violência.
2. Apresentar como de própria lavra (o que é de lavra alheia).
3. Desviar.
4. Falsificar (imitando).
O termo correcto com o qual devem ser mimoseados estes e outros políticos que nos estão a espoliar do pouco que já temos, será “ladrão”.
Significa o termo, de acordo com o mesmo dicionário:
“1. Que ou quem rouba ou furta. = GATUNO, ROUBADOR
2. Que ou quem revela desonestidade ou procede de má-fé.
3. Agiota, usurário.
4. Que ou o que se aproveita da desgraça dos outros.
5. Brejeiro, maganão.

Acrescente-se que, do ponto de vista jurídico, um furto é o acto de subtrair algo a outrem, enquanto que roubo, sendo o mesmo ou quase, implica o recurso a violência.

Donde, da próxima vez que quiserem usar termos sobre governantes e afins, gritem as palavras certas!
E dêem-lhes os usos consequentes devidos!

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Aos ortugueses e aos outros todos:




Se ainda não estamos assim, já muito pouco falta. E o jorro não pára!

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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Dez motivos




Dez crianças (pelo menos) a andar de bicicleta, patins, skate, trotinete e afins.
Nove mães com os respectivos rebentos nos respectivos carrinhos, preparadas e preparados para os chuviscos de ameaça.
Oito pessoas que me abordaram, perguntando-me se não voltava com a minha câmara de madeira.
Sete casais de namorados, em apaixonados beijos e etc.
Seis cãezinhos passeados à trela (não contei os que não a tinham).
Cinco “empregadas de fora”, devidamente fardadas, a passear as crianças dos respectivos patrões.
Quatro casais de turistas, com as respectivas proles.
Três aprendizes de ciclistas, em velocípedes sem pedais, enquadrados por um professor apeado, vindos da escola e mais alguma coisa “cenasapedais.com”.
Dois jovens alemães, de turismo, ambos portadores de câmaras Pentax.
Uma tarde esplendidamente bem passada.

Se esta lista vos não chega, nem sei que mais argumentos usar para vos convencer que o Jardim da Estrela é um mundo à parte que merece ser visitado e vivido!

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Pois!



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Um olhar - Malha



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Está na hora de o substituir!



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Coisas estranhas




É particularmente interessante pensarmos que os dois partidos que formam a coligação de apoio ao governo receberam nas últimas eleições apoio de pouco menos de 30% dos cidadãos eleitores.
Por outras palavras: mais de dois terços dos portugueses que podiam votar não quiseram escolher estes partidos para governar o país.
E, no entanto, são estes dois partidos que definem os destinos de todos nós.

Há algo de errado na democracia portuguesa!

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Contas simples




Ele há coisas tão certas como o natal ser em Dezembro e a Páscoa calhar a um domingo:
É todos os anos haver milhares de pessoas, que são ou querem ser professores, que não são colocadas no sistema público de ensino.
Sendo que este é muito maior e com muitos mais funcionários que o privado, o certo é que estas pessoas ou ficam sem trabalhar ou vão exercer qualquer outra actividade, a título provisório ou definitivamente.

Além do incómodo que me provoca saber do desespero destes milhares de concidadãos, há uma coisa que me provoca raiva:
Quem não os contrata é o estado, gerido pelo governo. Este tem por função organizar a coisa pública em função da eficácia, dos custos e da vontade do povo.
A maioria destes candidatos a um cargo de professor é formada nas escolas públicas, pertença do estado e geridas pelo governo.
Também é o estado que detém o instituto nacional de estatística, que todos os anos nos informa da explosão demográfica negativa, ou seja, da diminuição do número de crianças nascidas. Estes nascimentos acontecem uns cinco ou seis anos antes dos seus ingressos nas escolas.

Então, sabendo-se sem grande dificuldade que a necessidade de professores está a diminuir, porque motivo todos os anos o ensino superior coloca no mercado de trabalho mais e mais jovens formados para essa actividade? Em maior número do que as necessidades resultantes do número de crianças nascidas e dos que se reformam?
Ou seja, porque motivo o estado, pela mão do governo, mantém nesta actividade lectiva, uma oferta de mão-de-obra substancialmente superior à da procura?

Está-me a parecer que o governo, que são pessoas contratadas pelo estado para o gerir, está a fazer mal o seu trabalho. Não está a desempenhar correctamente as tarefas para as quais é contratado, resultando daí o sofrimento e a frustração de milhares de cidadãos.
Está-me a parecer que este mau desempenho profissional é passível de aplicação da actual legislação, por eles mesmo aprovada, onde o despedimento com justa causa é uma das penalizações.
Ou, indo mais longe, está-me a parecer que serão passíveis de sanções judiciais com obrigação de indemnizações pagas ao estado contratante, por incúria e gestão danosa.
O que é grave nesta gestão danosa, é que os danos não são apenas materiais mas, e principalmente, de ordem humana, afectando com isso, e com carácter regular, muitos milhares de pessoas todos os anos e de uma forma regular. Na sua vida actual e futura.

Se os feriados podem ser criados ou eliminados, de acordo com os interesses políticos e as tradições populares, também esta rotina anual de incerteza e desespero de umas dezenas de milhar de pessoas, jovens ou não tanto, pode ser anulada.
Basta para isso saber gerir e prever cientificamente o futuro. O que, na prática, é o que se pede a um governo. Qualquer que seja a sua cor partidária!  


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terça-feira, 25 de setembro de 2012

Só para lembrar




Oiço e leio, aqui e ali, protestos quando há greve disto ou daquilo, em particular dos transportes públicos.
A maior parte dos que se queixam, fazem-no porque se vêm privados do serviço que utilizavam. Faz sentido.
O que já não faz sentido é esses mesmos não se lembrarem que, em havendo greve, os grevistas não recebem o salário correspondente ao tempo de greve. Meio dia, um dia, horas, dias seguidos.
Entenda-se que quem faz greve protesta, as mais das vezes, contra condições de trabalho ou salariais injustas ou desproporcionadas. Entenda-se que quem faz greve prescinde de parte dos seus rendimentos do trabalho para obter melhores condições no mesmo.
Por outras palavras: Quem faz greve sofre tanto ou mais que aqueles que ficam privados dos serviços.

Da próxima vez que fores confrontado com uma situação de greve, antes de protestares (o que é legítimo) pensa nos grevistas e nas razões que os levaram a prescindir de um dia de salário.
Que, quando chegar a tua vez, quererás que façam exactamente o mesmo.

By me

Corrigindo




uma dessas frases que pululam na web como sabedoria profunda:
“Ontem eu era inteligente e queria mudar o mundo; hoje sou sábio e estou mudando a mim mesmo.” Diz-se na net.
Por mim, a coisa é mais assim: “hoje sou humano e quero viver feliz com os outros humanos.” 

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Podas ou mondas




Não foi muito, mas foi o suficiente para me dificultar uma noite tranquila de sono. Refiro-me ao ruído da temperatura a cair, caramba.  
Mas pronto. Passado um pouco lá me habituei e acabei por não dar por nada do que acontecia no mundo até que, pelas oito e troca o passo da manhã, fui brutalmente interrompido no meu sono dos justos (não sei o sou, mas a frase soa bem).
Foi a minha rua invadida por trabalhadores para a câmara municipal, com a função de cortar e recolher as ervas que crescem nos simulacros de jardim que aqui existem. E atacaram-nas com umas malfadadas maquinetas ruidosas, várias e assíncronas. E não bastaria isso para me deixar desagradado (expressão particularmente para definir os meus sentimentos) como começaram a sua tarefa ruidosa mesmo por baixo da minha janela.
Por sorte o apartamento ao lado do meu está vago, ou quem lá vivesse ficaria a saber como é rico o meu vocabulário.

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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Photographers do it in the dark





But with some worked light.  

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Interrompendo o acto de fotografar




Enquanto observava a lua a espreitar-me por entre as chaminés, oiço atrás de mim:
“Oh chefe! Dá-me um cigarro?”
A pergunta veio de um rapazelho, de uns vinte e tal anos, que costuma passar as tardes aqui na rua, à conversa com outros semelhantes, sentados nos degraus de um dos cafés que aqui há. E, vez sim vez não que me vê, vem-me pedir um cigarro. Sempre neste tom.
Desliguei a câmara, travei-a e enfrentei-o:
“Não dou!”, respondi. “E para que percebas o porquê de to negar por sistema, eu explico.”
Ficou a olhar p’ra mim, sem perceber.
“Os cigarros que tenho são fruto do meu trabalho. O trabalho de onde recebo para comprar tabaco e tubos, o trabalho que tenho em os encher.
Pela frequência com que te vejo aqui na rua, percebo que não tens trabalho. Lamento-o. Lamento-o mesmo e, pudesse eu, e ajudava-te!
Mas também vejo que nem te dás ao trabalho de pedir “por favor”. Suponho que seja pedir muito, esse trabalho.   
Tal como nem te dás ao trabalho de te desviares para que os outros passem, quando ocupas, com os amigos, os degraus de entrada do café. Os outros que passem se puderem, ou que peçam passagem.
Ora se nem te dás ao trabalho de, ao menos, te preocupares com os outros ou de bem os tratar, porque é que hei-de preocupar-me em partilhar o meu trabalho e tabaco contigo?”

Segui caminho e ele ficou ali, não sei se a olhar para mim que não me virei para trás.
Não creio que tenha ganho um amigo, mas também não sou conhecido por ter bom feitio!

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Arquivos




Ah pois é!
De quando em vez temos que fazer arrumações e limpezas onde nem queremos sonhar mexer, como seja o arquivo digital.
Que os discos rígidos não são de tamanhos infinitos, que eu não apago um original que seja, por muito mau que esteja, que os suportes digitais (magnéticos ou ópticos) não são eternos.
Claro que se põe sempre a questão de se aquilo que fizemos ontem ou há cinco anos é suficientemente importante para ser guardado com a segurança possível de arquivos por redundância.
Creio que é sempre!
A história (de um individuo ou de um povo) é o somatório dos sucessos e dos falhanços. Bem mais destes que daqueles. E olhar para os fiascos, para aquelas tentativas falhadas que foram refinadas até se obter um resultado satisfatório, é uma forma de aprender.

Nestes dias que correm, por cá e neste país, estamos a fazer história. Aliás, fazemos história todos os dias, mas não damos por isso.
Grave mesmo é que não olhamos para o que fizemos anteriormente e, assim, não tiramos elações nem aprendizagens.
Vamos repetindo os mesmos erros, seguindo aquilo que alguém disse há uns tempos: “Fazer a mesma coisa, várias vezes e da mesma maneira, tentando obter resultados diferentes, é estupidez!”
Por uma vez, olhemos para os “arquivos” – todos - e aprendamos com eles!

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A brincar, a brincar...




Obviamente que é uma réplica de plástico, tem mais de trinta anos aqui por casa e está em péssimo estado de conservação.
Mas a vontade de transformar a brincadeira em real é intensa e exponencial.
E não, não me refiro à bandeira de fundo. Ou talvez que em nome dela!

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Sem importância nenhuma




É esta imagem importante? Regista ela alguma coisa ou momento digno de ser captado ou divulgado?
Nem pouco mais ou menos!
Um parqueamento sobrelotado, num bairro suburbano, visto através de roupa pendurada a secar. De noite.  
Esta é uma imagem que nada tem de importante. Ou nada teria, não fora o ela ter servido para me fechar o dia.
Que fechar o dia a fazer algo que nos dá prazer, mesmo que não seja importante, é da maior importância!

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domingo, 23 de setembro de 2012

A pilha




É uma daquelas coisas de que gosto aos montinhos!
Ir, todo pimpão quase às onze da noite, fazer umas medições de luz especiais, para aquilatar da qualidade de várias lâmpadas iguais mas com tempos de utilização bem díspares, e constatar que a pilha do aparelho de medida está morta.
Pior que isso, e considerando que se trata de uma pilha não muito comum, a outra que se possui, instalada noutro aparelho de medida, está nas mesmas condições.   
Há, com toda a certeza, coisas mais desagradáveis que podem acontecer a um fotógrafo a meio da noite. Mas, assim de repente, não me lembro de nenhuma.

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O pavio




O plano A falhou: a calma ordeira dos cidadãos que deixam os dirigentes tudo decidir.
Os cidadãos estão mais pobres!
O plano B está a falhar: os cidadãos protestam pacificamente contra as medias dos governantes, estando apenas a conseguir que sejam mudados os nomes às medidas tomadas.
Os cidadãos continuam a ficar ainda mais pobres!
Que tal usar o plano C?

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Pratos




Sabem aquela do tipo que era de tal forma que nem partia um prato?
Não era sobre mim!  

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A luta contra a mediocridade não é nem fútil nem inútil.
Apenas desesperante.
Por cada pequena vitória são incontáveis as derrotas!

Eu, agnóstico, me confesso




Durante anos, dezenas de anos, a eucaristia dominical foi transmitida a partir de estúdios, na RTP.
E eu, enquanto operador de câmara, perdi a conta a quantas transmiti, mas serão, p’la certa, várias centenas. Domingos comuns e outros.
E durante anos, até hoje, sempre disse que essas transmissões eram das que mais prazer me davam fazer.  
Claro que esta minha afirmação sempre deixou muita boa gente a olhar para mim com cara de espanto. Como é que eu, agnóstico convicto e crítico do papel da igreja na sociedade, podia afirmar ter prazer neste trabalho?
Por dois motivos, bem distintos mas igualmente importantes.
Por um lado, e quando as missas eram transmitidas a partir de estúdio e não a partir de igrejas, permitia uma abordagem estética que muito me satisfazia enquanto operador de câmara. Os movimentos de câmara no seu pedestal eram possíveis, que o chão o permitia, bem como a ausência de obstáculos como bancos, colunas e confessionários que encontramos em qualquer igreja. Enquanto profissional da imagem, podia levar ao limite as minhas capacidades e perícia de operação. E esse desafio dá prazer.
Por outro, sempre afirmei que a transmissão da missa é um programa televisivo da maior importância que qualquer estação de TV pode ter.
Não no sentido de divulgar uma fé em que não creio.
Antes porque o público, aquele que está a ver a eucaristia pelo ecrã, está a fazê-lo por vontade e decisão própria. Para satisfazer uma necessidade que entende por real. Faz do televisor que tem à sua frente o substituto possível para a sua impossibilidade de assistir ao vivo à missa. Ou porque está acamado, ou porque está preso, ou porque está distante de uma igreja, ou porque a igreja da sua zona já não celebra…
Quem assiste à missa pela TV fá-lo por decisão assumida e não como um programa de entre a panóplia de programas existentes (desporto, informação, recreio, cultura…)
Dando razão a uma qualquer cabecinha pensadora que terá afirmado que “serviço público de televisão” eram as missas, respondo-lhe daqui que não é só mas muito mais, mas que tenho muito orgulho em todas as que transmiti.
Com elas, e com tudo o mais, vamos continuando a fazer o tal “Serviço Púbico de Televisão”. Com orgulho, satisfação e contra ventos e marés.


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sábado, 22 de setembro de 2012

Há uma linha que separa, uma tesoira que corta





Para além de insultos, proverbiais na língua portuguesa, de cartazes e frases humorísticas, também tradicionais por cá, notas de despedimento político e sinceros votos de “boa-viagem” ou semelhante, o que mais ouvi nestas últimas manifestações foi o desejo verbalizado de um novo “25 de Abril”.

Caramba! Raios! Não!

Quem assim se pronuncia ou tem a memória curta e já esqueceu o que havia antes de ’74 ou nunca o viveu, e ainda bem.
Esquecem-se, ou não sabem, que antes da revolução não o poderiam afirmar em público, mesmo que no café da rua! Muito menos numa manifestação!
Esquecem-se, ou não sabem, que antes da revolução havia que saber ler nas entrelinhas dos jornais para saber, com rigor, o que se passava. Ou ouvir as rádios clandestinas, nacionais ou não.
Esquecem-se, ou não sabem, que antes de Abril corria uma guerra e que quem não tivesse lá em África um familiar, iria ter em breve. Sem saber por quanto tempo.
Esquecem-se, ou não sabem, que o regime do Estado Novo tinha eleições-fantoche, com os resultados sabidos de antemão. E ai de quem se atrevesse a contestá-los.

Entendo os gritos por um novo 25 de Abril. O desejo real e honesto de mudança.
Mas, por favor: façamos um 17 de Agosto, um 28 de Outubro ou qualquer outra data que nos convenha.
Mas saibam que nessa data o farão em liberdade, sem polícia política, sem censura e sem guerra. Sem Tarrafal. Sem batidas na noite na porta. Sem ditadura.
Com um Parlamento eleito livremente pelos portugueses, com um Presidente eleito livremente pelos Portugueses. Com Autarquias eleitas livremente pelos Portugueses.
Aquilo que os Portugueses querem ao clamar por um novo 25 de Abril é, mesmo que o não saibam, que eles mesmos têm que tomar as rédeas do seu futuro, fazendo as escolhas certas em função do que realmente querem para ele e sem se deixarem levar por conservadorismos de bons discursos, promessas nunca cumpridas e gravatas bem atadas.
Aquilo que hoje contestamos – nas redes sociais, nos artigos de opinião e, principalmente, nas ruas – são as decisões erradas tomadas nos sucessivos actos eleitorais dos últimos anos. Vários anos! Por todos nós, os que votámos e os que se abstiveram!
Porque, e nunca os esqueçamos: desde a revolução que o cargo de presidente da República e os lugares do Parlamento foram ocupados por decisão soberana do povo, através de eleições livres e transparentes. Através do real exercício da Democracia Representativa.

Em querendo mudanças, mudem o voto!

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Hoje


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Músicas




E depois há aquela coisa a que chamam de “música de elevador”.
Bah! Odeio quando há música no elevador!
É que, se calha a gostar, tenho que sair antes de acabar ou faço figura de tolo para cima e para baixo.
E quando calha a não gostar, tenho que levar com ela todo o longo trajecto para cima ou para baixo.
Odeio música de elevador! Bah!

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O sorriso




Foi há uns dias.
Num encontro-manifestação-demonstração de pessoas com mobilidade reduzida, um dos presentes, numa cadeira de rodas, falou comigo sobre fotografia e equipamento.
Conversa vai, conversa vem e ele, que possui diversas câmaras e sabe um bom pedaço do assunto, confidenciou-me que deixara de fotografar.
“Sabe”, disse-me, “eu não posso segurar numa câmara, que perco o equilíbrio e caio para a frente. Por enquanto ainda não estou amarrado à cadeira, mas em breve…”
Fiquei calado por uns segundos! O que se responde?
Tentei reduzir o meu silêncio ao mínimo. E tentei manter a conversa como mesmo entusiasmo que antes.
Coisa que, juro, não me foi fácil!
Mas logo ali eu, que sou Tuga e sou - como todos - especialista em desenrascanço, lhe aventei uma possibilidade de ultrapassar o problema.
Com o monopé apoiado na cadeira e entre as pernas, a câmara posta nele e junto à cara, não há como alterar o centro de gravidade anterior. E continuar a fotografar.

Garanto que, não fora o calor que se fazia sentir e a transpiração que me escorria, se veria na minha cara a reacção ao sorriso de esperança que lhe vi.

Boas fotos de novo, companheiro!

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21 de Setembro - O sétimo dia


Talvez que o mais importante do que aconteceu em sete dias em Portugal, entre 15 de Setembro e 21 de Setembro, seja o constatar-se que os seus cidadãos já não querem deixar por mãos alheias os destinos do país.
Mesmo que amarrados a um sistema de Democracia Representativa, em os representantes (deputados, presidente, governantes) ficam plenipotenciários das decisões.
Começa a ficar claro algo nas mentes de quem esteve nestes dois dias nas ruas, bem como na daqueles que não estiveram mas seguiram pelos média os acontecimentos e até nos que não seguiram mas que deles souberam por terceiros:
Que o deixar a alguns – poucos – outros a possibilidade de decidirem seria e definitivamente sobre os destinos dos demais é algo que se não quer.  
Por outras palavras, diria eu que a principal mensagem que nestes dias foi passada se traduz em “Vocês ainda vão decidindo, mas só aquilo que nós queremos que decidam!”
Estou em crer, também, que os confrontos entre a vontade do poder instituído e a vontade real dos cidadãos ainda não terminou. E que se agudizará.

Tal como espero que a lei seja alterada na forma como os eleitos representam e dão contas do seu trabalho perante os eleitores. Passaria isto por alterar a lei eleitoral, retirando o poder decisório e fechado do parlamento e devolvendo-o aos eleitores, podendo eles interpelar directamente os eleitos e pedir-lhes contas das suas decisões.
Esta alteração não será fácil nem efectuada de bom grado.
Implicaria que os deputados, que fazem as leis, acedessem a perder parte do poder quase absoluto que possuem.
Implicaria que as organizações privadas a que chamamos de “partidos políticos” perdessem parte do seu poder sobre a coisa pública.
Implicaria que o chamado “cidadão comum” entendesse e quisesse sair do seu conforto para participar das decisões colectivas.

São muitos “implicaria” e mudanças para que aconteçam numa semana e numa sociedade tradicionalmente comodista.
Mas esta semana foi, acredito, um primeiro passo nesse caminho.













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