quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Curiosidades




De cariz anatómico, zoológico, culinário e ergonómico, aqui fica uma informação útil.
As curvas dos pés foram criadas para quem não pode usar uma mão conseguir abrir o maldito frasco de mostarda com a tampa presa.

By me

A cabine




Já não têm porta. Já não são pintadas de amarelo com risquinhas vermelhas. Já não têm aquela ranhura onde se colocavam as moedas, que iam caindo à medida do preço da chamada. Também já não tocam nem recebem chamadas para fazermos partidas a quem passa. E já não permitem a confidencialidade de um telefonema, que agora é tudo aberto e ao alcance dos ouvidos de quem está por perto.
As cabines telefónicas, hoje, são uma espécie em vias de extinção. E estas, de madeira e vidrinhos, creio que já só existem para turista ver. À prova de vandalismo mas também à prova de romantismo.

By me

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Lá em cima



By me

Pela lei, pela grei e pelo conforto




Tinha eu acabado de fazer umas fotos de umas sombras na parede quando chegaram.
Estacionaram, saíram da viatura e foram para o posto da GNR de Sintra, à direita e fora da imagem.
Regressaram uns cinco minutos depois, com alguns comentários não muito lisonjeiros ao eu ter feito a fotografia.
“Nos entretantos”, e felizmente, ninguém quis usar aquela nesga de passeio, área exclusivamente reservada a peões. Que, quando não, seria obrigado a pôr a vida em risco, no asfalto, para conforto de uma manobra de estacionamento de um militar da GNR.

By me

Que raio?




Leio no jornal Público que o ministro das finanças disse que:
“Austeridade é necessária para evitar austeridade mais descontrolada e selvagem.”
Mais adiante acrescentam uma citação do mesmo:
“Não há evidência de uma dinâmica de ajustamento perverso… “


Saber optar




Um dos “truques” surgidos com a fotografia digital é, mais que saber o que ou quando fotografar, decidir o que ou quando não fotografar.
Que a facilidade e o baixo custo da obturação digital, junto com o terrivelmente fácil destruir de imagens, leva a que muitas fotografias sejam feitas quase que sem pensar no resultado final.
Saber fazer e quando fazer é importante. Saber quando não fazer, é igualmente importante!

By me

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Escatologia




Foi mais ou menos meio da semana passada. E ela foi tão recheada de peripécias tão inverosímeis, que começa a ser difícil fazer uma cronologia exacta.
Em qualquer dos casos, estava eu numa sala de espera enorme de um serviço de consultas externas hospitalares. Esperava eu ser atendido e tratar da minha vida de doente e paciente. Serviu para mitigarmos reciprocamente a impaciência o ter encontrado uma amiga, que ali também esperava vez, já em tratamento continuado.
Quando o painel brilhou o meu número avancei, confiante. Asneira!
Era a minha vez, sim senhor, mas faltava-me um papel que deveria ter sido emitido por quem ali me havia enviado.
“Mas repare!”dizia eu. “Tem aí o exame radiológico, em formato de CD, onde constam todos os elementos, desde a referência ao número do episódio clínico ao meu estado de saúde. Se ligarem – telefone ou net – par o outro hospital, lhe darão as informações de que carecem.”
A senhora levantou-se, contrafeita, e foi lá dentro, falar não sei com quem. Regressou irredutível:
“Falta-lhe esse papel. Nada feito. Tem que lá voltar.”
Eu sei que estas pessoas, por muito simpáticas e afáveis que sejam – e aquela estava a sê-lo – mais não fazem que cumprir ordens.
“Chame lá o seu chefe que falo eu com ele.”
Veio uma chefa, ainda mais simpática e sorridente que a subordinada (por isso é que é chefa) mas tão ou mais determinada a cumprir determinações quiçá superiores.
Nada satisfeito com a expectativa de ter que percorrer cerca de 20km em três transportes públicos diferentes, para cada lado, só por causa de um papel e da “teimosia” daquelas duas, não resisti e proferi:
“Vou dizer uma palavra feia!”
Criei uma pausa teatral, dando tempo a que quem me ouviu – e foram vários – que arremelgassem os olhos e sustivessem a respiração, e disse bem alto:
“Penico!”
Se, naquele momento, ali se tivessem aberto uns quinze a vinte balões, não teriam feito mais barulho no seu expirar!
Insisti no absurdo da situação, na estúpida perda de tempo e dinheiro nesse meu ir e voltar, mas nada consegui. E acrescentei:
“Vou dizer outra palavra feia! Autoclismo!”
Os sorrisos foram mais francos e aliviados, mas inconsequentes no sentido que eu queria.
Antes de abalar, paciente impaciente e inconformado, para onde me tinham mandado, estive vai-não-vai para lhes atirar com o supra-sumo desta minha lista de impropérios, contendo todos os “Rs” que a escatologia de salão permite:
“Retrete!”
Guardei-o!
A imbecilidade Kafkaniana das regras dos Serviço Nacional de Saúde não merece que eu perca o meu bom-humor.
Se outros motivos não existissem, seria mais trabalho meu que deles, que é difícil tirar o sono a quem apenas cumpre ordens e dedilha um teclado.

Texto e imagem: by me

Os extremos...



... quase que se tocam.

By me

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Um homem não chora!




Hoje chorei por duas vezes. E há quem diga que um homem não chora!
A primeira foi logo quando saí da cama. Ontem devo ter arrefecido mais do que deveria e, vai daí, uma bela de uma constipação. Uma narina, e o olho do mesmo lado, a mostrarem, em fio, o que têm lá por dentro.
Nada que não conheça já, desde há muitos anos, e que o meu velho e fiel amigo “Aspergic” não ajude a resolver. Durou até um pedaço depois do almoço.
A segunda… bem, a segunda foi já perto das sete da tarde, na Praça da Figueira, em Lisboa.
Caminhava eu em direcção à estação de comboios, a caminho de casa, quando um homem, na casa dos vintes e muitos, trintas e poucos, me saúda e me pergunta pela mão.
Estranhei!
Por um lado, porque não o reconheci. Por outro porque, e devido ao frio e a mão engessada arrefecer mais que a outra, tinha-a escondida debaixo do casaco e colete. Perguntei-lhe como sabia. E esclareceu-me:
Era ele a vítima que os que me agrediram perseguiam e a quem tinham “arreado” forte e feito.
Saudamo-nos e contámos as mazelas um do outro, eu a mão partida, ele diversos hematomas no corpo, grandes galos na cabeça, golpes na cara e vergões nos braços e pernas, alguns músculos difíceis de mover, mas nada de partido.
E contou-me a sua versão dos acontecimentos, quase tão rocambolesca quanto eu a imaginava, com uns pinguinhos extras de racismo pelo caminho (mulato e brasileiro, ainda que legal e a viver por cá há anos).
Aproveitei e expliquei-lhe que “voltas” teria que dar, se quisesse, junto das autoridades, que se trata de um crime que a polícia e o ministério púbico tratam sem que tenhamos que fazer mais que apresentar queixa e comparecer quando chamados.
Não sei se o fará ou não. Mas o que fez, e que me deixou com algumas lágrimas a escorrerem-me pela cara quando se afastou, foi agradecer-me o ter sido eu a levar o primeiro golpe com o taco. Que quando chegou a ele parecia que a raiva tinha acalmado e não apanhou com tanta força. Quando não, disse-me, talvez que não estivesse ali para nos falarmos.

Um homem não chora, e menos ainda na presença de outros.
Mas a forma como aquele desconhecido me agradeceu e o facto de, talvez, o eu estar como estou ter evitado o pior a outrem…
Juro que valeu a pena a mão partida e as lágrimas que hoje de tarde e agora mesmo me correm.

Texto e imagem: by me 

À prova de idiota




Uma das perguntas que oiço com mais frequência é “Que câmara recomendas?”
A minha resposta, se tenho alguma confiança com quem fala, é em regra algo deste género “Todas e nenhuma!”, seguida de umas perguntas “Qual o orçamento disponível, que tipo de fotografias queres fazer?”
É que tenho para mim que não há câmaras multi-uso, válidas para todas as circunstâncias. Multi-usos mesmo, quase perto da perfeição, só mesmo o canivete suíço e o isqueiro Zippo.
Do meu ponto de vista, a fotografia nasce dentro do fotógrafo, que vê com os olhos da cara e com os olhos da alma o que está à sua frente e imagina como quer que isso fique registado, usando para tal a ferramenta que possui. Neste processo, o conhecimento das capacidades da sua ferramenta – a câmara e o tratamento posterior – é vital!
Distâncias focais e de foco, profundidades de campo e sensibilidades, acesso e flexibilidade dos respectivos comandos, suporte final, peso, volume, sustentação…São estes alguns dos factores que condicionam o seu uso.
Para alguém que não os saiba, todas as câmaras são inúteis, caras e complicadas. Para quem os conheça e saiba tirar partido do que dispõe, todas as câmaras são boas.

Havia, em tempos recuados, um anúncio televisivo já não sei a quê que usava da seguinte frase “Não mate leões com fisga nem moscas com carabina!” No caso da fotografia, poderia eu dizer: “Não faça reportagem de guerra com view-camera nem macro de natureza com compacta!”
Mas não significa isto que não seja possível! Faz muito que não trabalho com grande formato e nunca estive em situação de conflito armado.
A fotografia que acompanha estas linhas foi feita em 2004 com a já descontinuada Olympus Z3030, compacta de 3,3 MP, com uma objectiva de três vezes e com todos os controlos manuais (tempo, abertura, foco, etc.) dependentes do uso de cinco botões. Mais ainda, a verificação manual de foco é feito no visor de LCD, sempre com uma aumento digital da imagem e um rigor muito pouco exacto.
No entanto, a familiaridade com a câmara permite ultrapassar a maioria das dificuldades. No caso, ela estava colocada num tripé, o caule da flor fixo com uma mola de roupa sustentado por um braço articulado improvisado e agarrado no tripé e a garantia de foco feita com uma fita métrica e não pelo visor.
Os fabricantes de equipamento fotográfico tentam simplificar os processos, compactando as câmaras e automatizando-as, criando os modelos a que hoje chamam de “Bridge”. Criam aquilo a que eu chamo de “Câmaras à prova de idiota”, em que os automatismos se substituem ao fotógrafo. Mas ainda não criaram um modelo de fotógrafo à prova de câmara.
Fotografar significa, antes de mais, conhecer o assunto e a ferramenta e antecipar o resultado final. O resto é uma questão de prática e de luz.
Divirtam-se e aproveitem-na bem – a luz!



Texto e imagem: by me

Sobre um concurso




Eu não participo em concursos fotográficos!
Não porque entenda que o que produzo não seja competente para tal, mas antes porque entendo que criatividade não é comensurável. E, sobre este tema, muito poderia aqui dizer, mas não o faço agora.
Mas o principal motivo para tal decisão prende-se com alguns artigos de alguns (muitos) regulamentos de concursos. Como o que está aberto e promovido pelo Atrium Saldanha.
Leia-se parte desse regulamento, abaixo transcrito. Nem me dou ao trabalho de comentar ou classificar!

“…
5.1. Cada participante terá que apresentar 5 (cinco) fotografias.
5.2. As fotografias deverão ser entregues em formato mínimo de 20x30 e o máximo de 40x50 (preferencialmente 30x40), a preto e branco ou cor, com ou sem margem, mas obrigatoriamente impressas em papel.
5.5. Adicionalmente, as imagens digitais deverão ser entregues, para além de impressas, em suporte digital com uma resolução mínima de 300 dpi.
9.1.As fotografias impressas e respectivos suportes digitais, apresentadas a concurso, não serão devolvidos.
9.2.Com a apresentação a concurso, os participantes autorizarão tacitamente  o Atrium Saldanha, à exposição dos seus trabalhos, bem como à sua eventual divulgação e reprodução, em edições, publicações, catálogos, exposições, cartazes, meios gráficos promocionais e outras iniciativas, nomeadamente através da internet, por si promovidas ou dadas a promover, desde que devidamente identificado o autor (salvo se este indicar por escrito não querer ser identificado).
9.3.O Atrium Saldanha compromete-se a mencionar sempre o nome do autor da(s) fotografia(s) nas utilizações que dela(s) venha a fazer, renunciando este a receber qualquer contrapartida financeira ou de outra índole, considerando ambas as partes que o objectivo dessas publicações, edições e outras seja de exclusivo interesse cultural, promocional e social.
9.4.Os(As) Vencedores(as) poderão ter que assinar e devolver no prazo de cinco dias (5) de calendário, após uma tentativa de notificação por e-mail em cumprimento do acima indicado em 8.3., o seguinte:
(1) declaração de elegibilidade,
(2) isenção de responsabilidade,
(3) autorização de publicidade,
(4) garantia de propriedade, e
(5) licença em que o participante garante ser ele o proprietário da
fotografia, que possuí  todos os direitos de propriedade intelectual
apresentados na fotografia, que concede ao Atrium Saldanha e seus afiliados, incluindo a  IMOSAL S.A. e aos Patrocinadores e seus licenciados de forma irrevogável, perpétua e mundial,  licença não-exclusiva para reproduzir, distribuir, exibir e criar trabalhos derivados da fotografia (juntamente com um crédito de nome) sem remuneração.
…”


Nota extra: Nunca será uma incapacidade temporária que me impedirá de exprimir a minha opinião!

Texto e imagem: by me

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Há sempre um dia...




... em que tudo corre mal!
Hoje não vai ser esse dia.

By me

Adivinha de algibeira:




“Quais são as duas coisas que quanto mais se cortam, menos buracos têm?”
Obviamente que uma delas é a rede. A cada corte, dois buracos passam a ser um só.
A outra, infelizmente, é a lei. Cada artigo ou parágrafo da lei que tirarmos será um buraco a menos por onde os figurões possam escapar. Principalmente se se tratar dos figurões que as escrevem.
O texto abaixo transcrito é o artigo (na totalidade) do jornal “Correio da Manhã”. Repare-se como, a dado passo, se diz que a pessoa em causa “não vai responder pelo crime de furto.”
Se eu subtrair um pão de uma loja, para comer, serei acusado de “atentado à saúde pública” por o ter segurado com as nuas e sujas?


Caso dos gravadores: Ricardo Rodrigues julgado em Maio
Ricardo Rodrigues, deputado do PS que a 30 de Abril de 2010 abandonou uma entrevista da revista ‘Sábado’, levando os gravadores dos jornalistas nos bolsos, vai ser julgado a 15 de Maio, estando acusado do crime de atentado à liberdade de imprensa, revelam documentos a que o CM teve acesso.
O Ministério Público decidiu avançar com a acusação após concluir que o deputado levou consigo os gravadores para "obstar a que as declarações por si prestadas fossem utilizadas e publicadas". O arguido contesta , considerando que os factos que praticou não preenchem a "tipicidade objectiva e subjectiva" do crime de que é acusado.
Em caso de condenação, Ricardo Rodrigues pode enfrentar uma pena de prisão de três meses a dois anos, ou multa de 25 a 100 dias. O deputado não vai responder pelo crime de furto.
O caso remonta a Abril de 2010, durante uma entrevista dos jornalistas Maria Henrique Espada e Fernando Esteves. Após uma pergunta sobre o envolvimento do deputado num escândalo de pedofilia nos Açores, Ricardo Rodrigues levantou-se, pegou em dois gravadores e meteu-os no bolso, abandonando a sala onde estava no Parlamento. Só depois de o deputado ter saído, é que os jornalistas se aperceberam que este tinha levado os gravadores. Um facto que ficou registado pela câmara da ‘Sábado' que filmava a entrevista.
Até ao fecho desta edição não foi possível contactar Ricardo Rodrigues.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Estacionadinho da Silva




Esquadra de polícia cá do bairro, ontem. Motivo: formalização de queixa contra desconhecidos por agressão.
Sou conduzido a um gabinete “privado” onde, se fosse caso disso, poderia carpir todas as mágoas privadas de agressão conjugal, ou violação, ou qualquer outra coisa que quisesse manter na esfera privada. Mas não era.
Não era um caso desses para manter em privado (não tenho vergonha do que me aconteceu) nem o gabinete era privado. Que é nele que está instalada a única impressora em funcionamento da esquadra.
E, enquanto ia contando o sucedido ao agente que me atendeu (que até me conhecia do Jardim da Estrela, vejam-se as coisas) e ele ia escrevendo no teclado, ia eu apostando comigo mesmo sobre o próximo a entrar: Fardado ou à civil? Homem ou mulher? Quantas folhas teria mandado imprimir? Ganhei algumas.
A dado passo entra um agente, fardado e novato, a ponto de quase se lhe sentir o cheiro a depósito do fardamento, a perguntar onde seria uma dada rua. A essa sabia eu responder, que é perpendicular àquela onde moro. Aliás, mais parece uma praceta que uma rua, mas enfim.
Em saindo ele, comenta o que estava comigo que ir ali é quase diário, devido aos estacionamentos abusivos. Ou não passa o camião do lixo, ou não passa a camioneta de passageiros, ou há carros bloqueados… é um corrupio!
Alvitrei eu que a solução passaria por irem lá, de quando em vez, rebocar todos os que assim incomodam. Em dois, três, meses, ficariam todos com a lição aprendia.
A resposta deixou-me siderado:
“Sabe, no concelho de Sintra não temos reboque. Quando é mesmo preciso, pedimos a Cascais ou à Amadora que nos empreste um. Mas, mesmo que tivéssemos, o serviço seria tanto que cedo estaria como a maioria das viaturas que cá temos: encostadas, à espera de reparação. Que se já não estão na garantia vão ficando assim. Em qualquer dos casos, mesmo que tivéssemos um reboque e que estivesse no activo, não temos parque para viaturas rebocadas. As que cá estão e nos entopem são as furtadas ou que estiveram envolvidas em actividades ilícitas e que estão às ordens do tribunal. Em casos como este, ocupação da estrada, vamos lá, autuamos e tentamos encontrar o condutor para que o retire. Nada mais.”

Aquele gabinete “privado” serve para que, se dos dois lados da mesa estiverem bem dispostos, ambos carpirem as suas mágoas!

Texto e imagem: by me

Tecnologias de informação




Nesta minha saga recente, fui para as urgências do hospital de Santa Maria.
Aqui fizeram-me um primeiro curativo, inscrevi-me, fui para a triagem, fui visto por um médico, mandaram-me fazer um raio X, fui visto e engessado por um Ortopedista e mandaram-me ir buscar um CD com os exames para, com eles, ser seguido no hospital da minha área de residência.
Até aqui tudo bem e normal, sem maus tratamentos nem tempos de espera desesperantes, excluindo que, para quem está em sofrimento, dez segundos parecem duas horas.
A parte gaga da história acontece em seguida.
No hospital Amadora-Sintra, o ”meu”, não têm como ler os CDs. Os computadores dos gabinetes das urgências não têm leitores. O que significa que aquilo que levava no bolso e que, pensava eu, iria poupar tempo, trabalho e despesas, de nada serviu.
O que acabou por servir foi um papel, com “letra de médico”, escrito em Santa Maria, por uma médica que não me observou mas que apenas o preencheu com base no tal CD. E depois de eu ter andado de um lado para o outro a pedir, quase que por favor, por um qualquer documento que me permitisse ser seguido no “meu” hospital.
Esse documento chama-se “relatório clínico” e, ao que soube à boca pequena, há ordens em Santa Maria para que não seja emitido senão a pedido do doente. E demora oito dias a ser entregue.
Mais tarde, e no meu posto de saúde para tratar da papelada da baixa, fiquei a saber que também ali não têm como ler o tal CD que, apesar de instalado, está bloqueado.
O ar de desespero e de conformismo de ambos os médicos – nas urgências do Amadora-Sintra e da minha médica de família – contavam tudo. Tudo o que muitas vezes têm que suportar perante a falta de organização e as ideias brilhantes de quem toma decisões mas não está no terreno.
O cúmulo do caricato é o eu ter sabido, em ambos os locais, que se tivesse eu copiado o conteúdo do maldito CD para uma pen tudo se teria resolvido, que as portas USB dos computadores que usam estão acessíveis e desbloqueadas.
Fica o recado: se algum dia vos derem um exame médico em suporte CD, tratai de o copiar, em casa, para uma pen e levai ambos.

Texto e imagem: by me

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Ditados populares




Um é pouco, dois é bom, três é demais.
É mais ou menos assim que diz o povo.
E, caramba, como ele tem razão. A quantidade de coisas em dois é a conta certa, mas em que um é pouco…
Se alguém com três olhos será chamado de anormal, alguém com um só olho é chamado de diminuído. E essa diminuição é vital para uma enormidade de situações. Tentem lá enfiar uma linha numa agulha tendo apenas um olho aberto!
Vivo assim há já muitos anos. E se, no início, foi difícil de lidar com a coisa, aos poucos fui-me habituando, que o bicho-homem é de uma capacidade de adaptação tremenda.
Agora tentem lá, por exemplo, apanhar o cabelo atrás da cabeça só com uma mão! Dou um doce a quem o conseguir fazer!
Donde, resta-me esperar que não faça demasiado vento nos tempos mais próximos. Isso ou decidir cortar o cabelo por uma impossibilidade temporária. E não me está a apetecer.

Me by me 

O que não conheces não cuides que sabes bem




Fui agredido!
Uma daquelas situações rocambolescas que não lembram ao diabo mais velho, mas que, volta e meia, me acontecem.
E se por vezes tenho o nariz comprido e quase que mereço o que sucede, desta feita sou tão inocente quanto um recém nascido.
Uma rixa de rua, eu à distância para atravessar a rua, começam eles a perseguir um deles na minha direcção e o último dos perseguidores, que vinha armado com um stick de hóquei em campo, ao passar por mim, arreia-me. Mal tive tempo de dizer que não era comigo e de proteger a cabeça!
Resultado: uma mão partida, felizmente que sem grandes dores, mas com o incómodo de ter que tudo fazer só com a mão direita.
Sendo certo que não adianta chorar sobre leite derramado, o melhor mesmo é tirar partido das circunstâncias e aprender com o que vamos vivendo. Se possível com algum bom-humor.

No local compareceram vários carros de polícia, preparados para o que desse e viesse.
Tomaram nota dos depoimentos – meu, da vítima da rixa e de testemunhas do ocorrido – e segui de táxi para o hospital mais próximo. No caso, o de Santa Maria.
Fui admitido de imediato para um primeiro curativo e só depois tratei da minha inscrição formal.
Tudo se conta dos hospitais e dos serviços que lhe estão associados. Muito com razão! E disso tenho para contar.
Mas também tenho para contar que, menos de dois minutos após a inscrição, onde disse que tinha sido vítima de agressão, tinha um simpático e solícito agente da PSP a perguntar-me sobre o que tinha passado. Não se tratou de uma “inquirição” mas tão só o saber se precisaria eu de ajuda policial.
De todos os contactos que tive com agentes desta corporação a propósito deste incidente, só posso dizer bem de todos os elementos, na solicitude, simpatia e até na conversa fiada que fui provocando.
E hoje, ao apresentar queixa formal na esquadra, fiquei a saber que já estão identificados como suspeitos dois deles e fui convidado a ir fazer um reconhecimento por fotografia na Judiciária.
O Tuga tem a mania de de tudo dizer mal. Entenda-se que muitas vezes não tem razão e que só mesmo passando por elas se pode falar com conhecimento de causa.

By me

Cidadania




Diz-se por sistema neste país que “Eles” têm que fazer algo! As instituições, o governo, os sindicatos, a policia, os tribunais, os patrões, a sociedade civil... 
No entanto tudo isso somos todos nós. Está no nosso direito esperar que o resultado dos nossos impostos sirva para resolver todo o tipo de situações. Mas quem toma as decisões são cidadãos vulgares, com o mesmo tipo de vivência como quaisquer outros. São elementos do chamado “povo português”, votam e pagam impostos como quaisquer outros (espero eu). E se alguns dos portugueses fazem pasteis de nata ou vendem artigos de vestuário, outros trabalham em instituições. As tais dos “Eles”.
A solidariedade, bem como a intervenção cívica, são deveres de todos os cidadãos, seja qual for a sua ocupação. Ao ver alguém com fome ou ao assistir a uma violação, não posso esperar que “Eles”, os das instituições, estejam em horário de funcionamento para o solucionar.
Somos nós, cidadãos, que devemos intervir a cada momento no decorrer da vida, no que ela tem de bom e de mau. Devemos esperar que as instituições funcionem, devemos esforçarmo-nos para que o façam cada vez melhor, mas não devemos esperar que elas actuem como uma intervenção divina. Nós somos as instituições! Eles somos nós! E se nós não actuarmos, como podemos esperar que elas actuem?

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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Ratoeiras



By me

Indicações úteis




Quem quer que tenha estado num hospital sabe que é quase labiríntico.
Ele é serviços disto e daquilo, corredores e mais corredores, ele é portas assim e assado, ele é seguranças, auxiliares, enfermeiros e médicos, ele é gente que não sabemos se doente se acompanhante…
E ele é placas indicadoras de tudo e de mais um par de botas, as mais das vezes não muito esclarecedoras.
Admito que esta é a placa de que mais gosto num hospital!
Fraco gosto será, mas é um alívio quando ela indica exactamente aquilo que queremos saber!

By me

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A cunha




Há muitos, muitos anos atrás, estava eu a gravar uma peça de teatro e esteve no estúdio um fotógrafo.
Nada demais, aliás coisa corriqueira, que se não fosse um da casa seria um de uma revista para alguma entrevista a um dos actores que ali estivessem.
Não sei o que o levou lá, mas recordo algumas coisas muito especiais a seu respeito, que não o nome:
Era homem para rondar os quase 60 anos;
De origem britânica, salvo erro;
Fotografava em médio formato, uma Bronica se a memória me não falha;
Não tinha o braço direito, do cotovelo para baixo.

Recordo ter ficado boquiaberto com este último facto, bem como com as soluções técnicas que ele tinha encontrado para fazer o seu trabalho. E uma admiração descomunal por ele ali estar.

Agora vejo-me imobilizado do braço esquerdo, com a vantagem de ser temporário (espero eu) e de não ser canhoto.
Mas com a certeza de que não será isso que me impedirá de continuar a fotografar, dentro das limitações mas sem amarguras ou queixumes.
Esta é a primeira dessa série limitada: uma cunha, factor indispensável na organização social e económica portuguesa.
O cúmulo do caricato, acredite-se ou não, é ter sido comprada numa “loja do chinês”, há coisa de uma semana.

By me

Isto é uma grafia




Isto é uma fotografia.
Melhor dizendo, isto é a grafia feita por algo com comprimentos de onda muito inferiores ao da luz.
Por outras palavras, isto é uma radiografia.
Faz o registo daquilo que não vemos porque, por exemplo, coberto de carne. Humana, neste caso.
Em boa verdade, é daquelas grafias, ou imagens, que estamos sempre desejando nunca ver ou, melhor ainda, nunca sermos o objecto registado.
Trata-se, para ser rigoroso, da minha mão esquerda, com um belo de um ossinho fracturado, e antes ainda de ter sido engessada.
Há sempre uma primeira vez para tudo na vida, hoje, tocou-me esta.
Isto e mais a história, realmente mirabolante, que contarei assim que me habituar (e terei bastante tempo para isso) a usar somente a mão direita no teclado.
Bem como somente a mão direita para um montão de outras coisas.

Me by the doctor

Olhar e ver




Há sempre que saber “ler” a imagem que nos é apresentada.
Mas se não conhecermos o código usado, bem podemos dar voltas à cabeça que nunca a entenderemos.
No caso específico, trata-se um vectorgrama de uma imagem vídeo de teste, um conjunto de barras verticais e coloridas que creio muitos conhecerem.
Admitamos, no entanto, que mesmo os mais conhecedores teriam alguma dificuldade em o reconhecer, já que é visto através do fundo de um copo de plástico.
Que só dessa forma, com um valente copo de café bem forte, se consegue estar horas e horas na madrugada a olhar para isto e saber interpretá-lo.

By me 

Correio virtual



By me

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Sem saída




E se a rua não tem saída, o dia tem.
Tal como terá um regresso garantido, amanhã de manhãzinha.

By me 

A fechar




E há sempre aquele felizardo que, no meio da floresta de betão, tem por prémio as últimas pinguinhas de luz do dia, que escapam por uma fresta mal disfarçada.

By me 

Não troco nem vendo




Aquele lanço de avenida com 150 metros com um ligeiro declive, mais estas duas rampas de acesso do parque de estacionamento à entrada do supermercado, fazem-se em 7 a 8 minutos. Andando calmamente, como que em passeio.
Sei-o porque, só para tirar as teimas, o cronometrei. E, se tal não tivesse feito, é o meu trajecto habitual para ir às compras.
Pois ele disse-me que leva quase hora e meia. Para o mesmo caminho.
Não me admirei! A sua cadeira de rodas está velha, a sua perna esquerda, bem como o braço do mesmo lado, estão imobilizados e desloca-se usando a perna direita para ir empurrando a cadeira. De costas.
Quando chegámos lá a cima propôs-me ele uma cervejinha.
Por entre o meu tossir de fumador inveterado, recusei, dizendo-lhe que ainda ia almoçar. O que era verdade.
Mas que não fosse, ele há coisas que não aceitamos nem por pagamento nem por troca.
Mesmo que eu não fosse ainda almoçar, mesmo que ele estivesse a nadar em dinheiro (e o seu aspecto mostrava exactamente o contrário), quanto vale esta mais de uma hora que lhe ofereci, este poupar de esforço que lhe facultei? Certamente que não é uma cerveja. Nem mesmo a central de cervejas por inteiro.
Que a minha satisfação em ali o ter deixado não tem preço, nem o trocava fosse pelo que fosse.


Texto e imagem: by me

Troca de prefixos




O uso que damos às palavras e ao sentido que têm faz, por vezes, com os pelos da ponta da língua se me arrepiem.
E é bastante indiciador da pessoa com quem falamos ou ouvimos falar.
Vejo alguém, no café onde tomei o cafezinho matinal, a mostrar uma nota de cinco euros. E a solícita empregada de imediato lhe pergunta:
“Ah, quer destrocar? É para o telefone?”
“Trocar” significa entregar algo e receber o seu equivalente. Uma nota por moedas, moedas por uma nota. Cromo por cromo. É sempre uma troca.
O uso do prefixo “des” seguido do verbo trocar é aqui usado no sentido de trocar algo grande por algo pequeno. Erroneamente.
Que tendo esse mesmo prefixo o sentido de “negação”, “separação” ou “cessação”, não se pode aplicar neste caso, já que anteriormente aquela senhora não tinha ali feito uma troca de moedas por uma nota.
O uso dos prefixos é muitas vezes mal empregue, com sentidos “des”virtuados.
Veja-se o caso do prefixo “in” na palavra “informação”!

Texto e imagem: by me

domingo, 19 de fevereiro de 2012

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Auto-retrato...



... talvez!
Há dias em que me sinto exactamente assim!

Me by me

Negociando com a vida




E depois há aquela pergunta idiota:
“Perder um comboio? Como é que se pode perder uma coisa tão grande?”
Bem, é fácil!
Basta cumprir uma regra na vida: não correr atrás de coisa alguma. Muito menos de um comboio, autocarro ou semelhante.
Costumo organizar a minha vida para chegar adiantado onde tenho compromissos. Considerando a frequência dos transportes públicos em Lisboa e arredores, entendo que meia hora é uma boa margem.
Porquê?
Bem, por um lado porque não gosto, melhor, desgosto de chegar atrasado. Como em tudo o resto, entendo que se me comprometi com uma dada hora, devo honrar o meu compromisso e cumpri-la. Que se todos honrassem os seus compromissos, tudo isto funcionaria bem melhor. E eu procuro fazer a minha parte.
Donde, essa meia hora que chego adiantado é uma margem de segurança que tenho para que, se algo correr mal, não chegue atrasado.
Por outro lado, se tudo correr bem, essa meia hora permite-me tirar partido do que nos cerca, quer seja para tomar um cafezinho, quer seja para fazer uma fotografia, quer seja para apenas apreciar o caminho, mesmo que seja o casa-trabalho enfadonho. Que mesmo nele, e por muitos anos de velho que seja, há sempre algo de novo para descobrir e degustar.
Para já não falar no completar a escrita de algum texto, iniciado a bordo de uma composição cujo trajecto termina antes das ideias ou papel. Já não tenho dedos para contar quantas vezes desembarquei e procurei, com algum frenesim, um banco na estação onde me sentar para acabar de escrever.
É assim que perder um comboio, essa lombriga comprida e de ferro que se desloca sempre no mesmo previsível caminho, é algo de banal e insignificante. Não me tira o sono nem altera o humor.
E quando chego ao cais e o vejo lá ao fundo afastando-se, trato de, entre outras possiveis, pesquisar os carris que deixou a descoberto. É fantástica a variedade de coisas que os passageiros atiram à linha, em modo de caixote de lixo gigante. E quanto maior é o comboio que perdi, maior é o espaço que deixa visível.

Em sabendo nós negociar com a vida, mesmo o perder de um comboio pode significar lucro puro. E sem impostos.

Texto e imagem: by me

A luz




Quando me perguntam o que gosto de fotografar, ou o que me faz fotografar, em regra respondo que é uma situação que conte uma história. Ou uma estória.
Isto é verdade um sem número de vezes, que se não encontrar esse motivo, ou se não o tiver previamente, nem sei se o que estou a fazer me agrada. E as mais das vezes não.
Mas há excepções.
Acontece ser apenas um pedaço de luz, um conjugar de situações (luz, lugar, momento, estado de alma) que me faz pegar de corrida na câmara e fazer uma ou duas fotografias.
Por vezes mesmo no meio do pátio de onde trabalho, mesmo sabendo que alguns há que ficam a pensar (ou a verbalizar): “Pronto, lá está ele outra vez.”
Mas são estes momentos fugazes, feitos mesmo antes de mergulhar na labuta diária, ou feitos em trânsito a caminho dela, que me “carregam baterias” para a aguentar, que nem sempre é fácil.
E agora, em olhando para ela, não sei sequer se é boa ou nem tanto. Aliás, confesso, nem me interessa. Não foi feita para agradar a quem quer que fosse, nem sequer a mim mesmo. Fi-la pelo simples prazer de a fazer, tentando guardar para mim a paz e tranquilidade que aquele momento de luz me estava a dar.
Quanto ao resto, os outros que se pronunciem.

By me 

Sucessos




Durante uns três anos, mais coisa, menos coisa, esta loja foi um salão de beleza com o nome curioso de “Líder de sucesso”.
Assim mesmo, nem mais nem menos.
Agora…
Bem, agora creio que a liderança fraquejou e o sucesso mudou de paragens.

By me

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O santo Graal




Por vezes cometemos os maiores disparates a tentar resolver um a questão, estando a solução debaixo do nosso nariz há muito tempo.
Procurei, e bastante, um determinado artigo. Fui encontrando, em diversas lojas, vários modelos parecidos mas não iguais ao que queria. E mesmo essa parecença não servia para o que queria.
E fui explicando aos vendedores o que queria, para que queria e perguntando onde poderia encontrar aquilo que procurava. A resposta era, quase que invariavelmente, que não sabiam onde, em alternativa, poderia eu comprar aquilo que não tinham.
Ontem mudei de estratégia. Melhor dizendo, de terreno a bater. Deixei a baixa lisboeta, mais a Almirante Reis, Martim Moniz, Morais Soares, Estefânia e arredores, e fui directo para Alvalade. Bingo!
Não encontrei na primeira, mas indicou-me outra loja ali no bairro; aí também não tinham, mas deram-me a referência de duas outras lojas que poderiam ter; Destas, uma não tinha, ainda que tivesse tudo revolvido e mandou-me para a outra, onde acabei por encontrar o que procurava. Não exactamente, mas tão próximo que é como se fosse. E diz-me a bela da senhora que sabia bem o que eu queria mas que teria que esperar uma semana, que o vendedor vem às sextas-feiras e faria ela uma encomenda.
Fiquei quase que apaixonado pela senhora, pela simpatia e afabilidade, pelo conhecimento do que vendia e do que poderia vender. Mas, pela loja, foi paixão à primeira vista.  
E acabei por lhe pedir para fotografar esta belíssima caixa registadora com 50 anos e que foi a primeira e única que a loja teve. Comprada por ela para o estabelecimento, quando a inaugurou. Pelo que me disse, tem sido cobiçada um sem número de vezes, sendo que, e para além de dinheiro, já lhe ofereceram uma nova, toda modernaça, para a troca.
“Nem pensem”, disse-me. “Gosto dela, faz tudo o que eu quero, e nunca se avariou. Porque haveria de mandar embora uma amiga fiel de longa data?”

Em Alvalade os carros não andam depressa e respeitam os peões nas passadeiras. Os residentes conhecem-se e cumprimentam-se à passagem. Os lojistas, ainda que querendo fazer negócio, não deixam que se saia do bairro sem se ir satisfeito. E é difícil não encontrar de tudo, no bairro em geral e nesta drogaria em particular.
Os idealizadores dos centros comerciais querem fazer deles, num mesmo espaço, todos os comércios e, por cima, as residências e serviços. Esquecem-se eles do factor mais importante das cidades: as pessoas.
Alvalade tem, na horizontal, aquilo que os centros comerciais têm na vertical. Com a vantagem de não ser asséptico e possuir calor humano.
E, como se nada disto bastasse, até é em Alvalade que está localizada uma das melhores lojas de fotografia da cidade.
Porque raio não comecei eu logo por aqui, se até já conheço, e bem, o bairro?

Texto e imagem: by me

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Just for the fun




With a pocket camera

By me

Esclarecedor




Oiço alguém de uma estação de televisão a perguntar a uma cidadã de Beja sobre a sua reacção ao saber do triplo homicídio ali ocorrido.
Faz sentido esta pergunta, já que poderia ouvir por resposta:
“É bem feita! A mulher dele passava o tempo a cuscar na vida dos vizinhos; a filha era uma badalhoca; a neta era só birras e gritarias na rua. A cidade fica melhor sem elas!”

Ouve-se cada pergunta na TV…!

Miradouro




A rua de Santa Justa, em Lisboa, tem num dos seus extremos o emblemático elevador de Santa Justa.
É quase que um cartão que um cartão de visita da cidade e poucos terão sido os que nele estiveram que de lá não fotografaram. Aliás, em tempos não muito recuados, era local de passeio dominical para os alfacinhas, turistas na sua própria cidade.
Há, no entanto, outros locais na cidade bem mais discretos e de onde se pode desfrutar de uma vista sobre a cidade magnífica. Alguns de acesso fácil, outros encerrado ao pôr-do-sol, outros ainda dependendo dos horários comerciais. Este é um deles.
Insuspeita para quem andar lá em baixo, fica esta varanda e esplanada no topo do edifício que ocupa o extremo oposto da rua de Santa Justa, com porta aberta para a rua dos Fanqueiros. Tostas e saladas de frango ou atum simpáticas, bom vinho a copo, suficientemente exígua para estar cheia na hora do almoço, trata-se da cafetaria daquele que, talvez, seja o “grande armazém” que sobra de antes do advento dos centros comerciais e lojas vindas de alem fronteiras: a “Polux”.
Tropecei eu nela um destes dias, numa busca inglória do santo Graal (bem, não perguntava por esse nome, mas quase) e foi a fome que me levou a subir o elevador e a escada, após a sugestão ouvida no sistema sonoro existente nos demais pisos ou departamentos.
Fiquei fã.
Conto regressar, fora da hora de refeições, para um petisco e um refresco com ou sem álcool e aproveitar o que daqui se vê e o resto, como o que se espreita pelas discretas janelas das traseiras, agora fechadas por via do frio.
Fica a sugestão, ainda que a divulgação o possa transformar num local de romaria concorrido.

 By me

Nota extra: apesar da estranheza das linhas, o horizonte está mesmo horizontal.