terça-feira, 31 de janeiro de 2012
O seu a seu dono
Esta é uma
reprodução de uma página de um livro.
Feita a correr,
sofre de alguns defeitos, entre os quais a não uniformidade de iluminação.
Confesso que me deu a preguiça e foi-me mais fácil usar a câmara que já estava
montada que ligar o scanner, que está arrumadinho face ao seu reduzido uso.
O livro é a versão
castelhana de “Achieving photographic style”, escrito por Michael Freeman, de
1984.
As fotografias são
da autoria de Philip Jones-Griffiths (em cima) e Tim Page (em baixo).
Foram feitas
durante a ofensiva Mini-Tet, Saigão, Vietnam, 1968.
Feitas quase ao
mesmo tempo, mostram um rapaz a chorar a morte do seu irmão.
Foram elas usadas
pelo autor do livro, e agora por mim, para mostrar como um mesmo assunto pode
provocar estímulos semelhantes em fotógrafos e levá-los a fazer imagens quase
idênticas. Quase!
Que nem a
perspectiva é a mesma – a de cima foi feita mais perto que a de baixo – nem o
instante da imagem é rigorosamente o mesmo.
São quase iguais,
mas só quase.
É um dos defeitos
que tenho (dos muitos que possuo): ter uma memória visual razoavelmente apurada.
Quando me detenho algum tempo a olhar para algo, segundos que sejam, fica-me
gravado algures na massa cinzenta, queira-o eu ou não. E, cedo ou tarde, acabo
por me recordar do que vi. Foi o caso desta imagem deste livro, arrumado que
estava ele aqui em casa e onde não mexia há uns anitos valentes.
E foi o caso de
duas fotografias que vi no Facebook.
Uma delas tinha-me
prendido a atenção, há dois dias, e a seu respeito tinha feito um comentário.
Elogioso, por sinal.
Eis que, hoje de
manhã, os meus olhos passam e param numa outra fotografia. Já a havia visto mas
não me tinha detido nela. Desta feita parei, achei algo de estranho, e fui
confirmar. De alguma forma eram tão iguais, na minha memória, que algo não
batia certo.
E tinha eu razão!
Apesar de terem
algumas diferenças notórias – contraste, saturação de cor, proporções – a perspectiva
é exactamente a mesma. Ao ínfimo detalhe.
Sendo que não há
referencias temporais (como é o caso da imagem que mostro, em que a posição do
rapaz o denuncia) dos dois exemplos de que falo e que vi no Facebook sobram
duas explicações:
1 – Foi usado um
tripé, que recebeu duas câmaras, uma de cada autor. Perfeitamente possível.
Pouco comum, mas possível.
2 – Uma das
fotografias foi copiada da outra, re-editada e publicada. Também possível e,
infelizmente, muito comum neste mundo da imagem digital e da internete.
Digo infelizmente
porque, se for esse o caso, ainda que a segunda tenha o mérito de ter sido
trabalhada (não me agrada tanto quanto a primeira, mas há alguma criatividade
no trabalho de edição), não foi respeitado um código de conduta básico. O
respeitar os créditos autorais.
Não me refiro ao
pagamento de direitos ou taxas. Essa é uma questão polémica que ainda não está
resolvida. Refiro-me, antes sim, a ter não sido citado o autor da imagem
original. Dando-lhe os méritos ou deméritos de a ter feito, ainda que assumindo
o tratamento posterior.
O copy/past na web
é fácil e de borla. Todo e qualquer que nela publique o que quer que seja terá
que estar consciente disso e preparado para que os seus trabalhos disso sejam
alvo.
Agora quem copia e
não atribui o seu a seu dono, principalmente se estiver intimamente ligado ao
mundo da autoria (imagem, texto ou som), comete um acto a que, no mínimo, só
posso chamar de “desleal”.
E, goste-se ou
não, o seu a seu dono: a criatividade e a moralidade dos actos.
Texto: by me
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Um dia...
Espero que um dia
alguém me explique, bem explicadinho como se eu fosse muito burro, porque carga
d’água os pôr-do-sol têm que ser SEMPRE fotografados mostrando o dito e em
pleno contra-luz.
By me
O cerne da questão
Este é, de facto, o
nosso problema: Já nem isto mexe, murcho e flácido como um cravo com 38 anos.
By me
Fala comigo
Existem aquelas
figuras, femininas ou masculinas, que são perfeitas.
As feições, as
formas corporais, as cores da pele e da pelagem, a voz, a forma de moverem…
Tudo nessas pessoas é perfeito.
Depois existem
aquelas pessoas que são de excepção: ele é o olhar, o formato do queixo, o
comprimento dos dedos, o volume de alguma parte do corpo, a voz em tom mais
baixo ou mais agudo… alguma ou algumas dessas particularidades transformam
aquela pessoa em alguém que não pode deixar de ser visto e apreciado.
Há ainda aquelas
pessoas que, não tendo nada em si que seja realmente bonito, têm algum aspecto
que é mesmo invulgar. Alguma discrepância na proporção das formas, um formato
invulgar de rosto ou o que quer que seja, a cor dos olhos ou do pelo… Ou tão só
um conjunto de características que, naquele lugar e tempo são incomuns mas que
na sua região de origem são banais.
Apesar de tudo
isto, não são estas pessoas, extremamente bonitas ou invulgares, que nos fazem
ficar perdidamente apaixonados ou com quem queremos ficar para todo o sempre. São
bonitas, vistosas, fazem-nos virar a cabeça ao passar, queremos conhecer
melhor, mas… não passa disso: atracção física e visual.
Depois existem
todas as outras pessoas, que não possuem nenhum atributo especial, que são
completamente banais ou mesmo “feias”, que, quando com elas nos cruzamos na
vida, nos prendem irresistivelmente, em quem não podemos deixar de pensar, com quem
acabamos por viver momentos de paixão desmesurada ou amor eterno. Claro que
isto também pode acontecer com as tais primeiras pessoas, as de excepção, mas
sendo que são em percentagem reduzida, é bem mais comum que seja com alguém
deste último grupo, o maior de todos.
O mesmo sucede com
a fotografia.
Há fotografias esplêndidas,
perfeitas nos aspectos técnicos e estéticos. Paisagens campestres ou urbanas,
de pessoas, arquitectura, naturezas mortas, técnicas, publicidade… Existe um
bom número de fotografias, e de autores, por esses mundo fora e ao longo da
história da fotografia.
No entanto, com
muitas delas, dessas perfeitas, não nos daríamos ao trabalho de as comprar ou
recortar de uma revista para as emoldurar e pendurar numa parede. Ou ir folhear
amiúde o livro onde constam para com ela deliciar os olhos e a alma.
Mas existem muitas
outras, muitas mesmo, que não sendo perfeitas do ponto de vista académico, que
não respeitando algumas das regras da proporção, do equilíbrio de massas e de
tons, tendo linhas de fuga estranhas, se algumas, contendo assuntos banais ou
mesmo desagradáveis, nos fazem ficar horas a mirá-las, degustando cada centímetro
do papel ou do ecrã, falando connosco a cada instante e contando-nos sempre
algo de novo.
Tenho para mim que
uma boa fotografia não tem que ser perfeita! Tem que falar comigo!
Claro que há os
academismos, os conceitos de técnica e de estética que são dominantes num dado
momento e lugar, que pertencem à linguagem de comunicação e que a todos é
comum. São essas ideias, estilos e métodos que ensinamos nas escolas de
fotografia, que levamos os aprendizes a usar de modo inconsciente. Como quem
conhece as métricas e sabe fazer uma quadra.
Mas também um
manual de instruções de uma batedeira ou berbequim está tecnicamente perfeito,
as manchas de texto e ilustrações estão equilibradas e de acordo com as modas
em uso, o texto está gramaticalmente correcto e de acordo com a ortografia do
momento… mas nada disso faz dele algo que queira ver e ver e ver e ver…
Uma fotografia de
que realmente goste tem que me falar, tem que me contar algo, tem que me levar
a imaginar mais que não apenas o que ali está expresso, tem que provocar a
excitação da minha memória ou desafiar-me a memórias novas. Mesmo que as regras
de ouro, os equilíbrios, as definições ou nitidez, os tons e as cores, mesmo as
luzes, não estejam “perfeitos”.
Uma fotografia que
não fale comigo, mesmo sendo “perfeita como nos livros” mais não me faz que
pensar naquelas pessoas que são extremamente bonitas, mas pelas quais me não
apaixono nem pensaria em casar.
domingo, 29 de janeiro de 2012
Meio século
E uns trocos. Foi o
tempo que esperei para ser alvo de uma tentativa de roubo (tecnicamente furto)
nos transportes públicos.
Em boa medida, a
culpa foi minha. Já sabia que o eléctrico 28 de Lisboa é zona de ataque de
carteiristas, principalmente em dias de feira da ladra. Os jornais falaram do
assunto, os carros amarelos vão sempre cheios e até os comerciantes da Rua da
Conceição, na baixa lisboeta conhecem alguns deles.
E eu, só
parcialmente consciente da coisa, embarquei num, tendo a minha atenção concentrada
nos bolsos, deixando o resto tranquilo porque sabido seguro.
No entanto a dado
passo sinto um movimento menos comum na minha bolsa. Bolsa esta que transporta
o meu computador portátil, dos pequeninos, bem como um bloco notas, um livro e
mais umas miudezas de pouco significado.
Passado minutos,
poucos, senti mais que um movimento: senti, sem sombra de dúvidas, o trepidar
dos dentes do fecho ao ser aberto. Dei meia volta como pude no meio daquela
pequena multidão e apercebo-me de um cavalheiro, africano e de forte porte, bem
encostado a mim, com um sobretudo no braço.
Levando a mão ao
saco, constato que ambas as bolsas estavam abertas, coisa impossível de ter
sido eu a fazer. Azar de quem o fez, que mesmo eu tenho dificuldade em retirar
o conteúdo, de justa que está. Mas não gostei nem um nico.
Não podendo
provar, mas tendo a certeza do autor da proeza, espetei nele o meu olhar. Com
menos de meio metro entre narizes. Fugiu ele a olhar para mim, abanou um pouco
e saiu na paragem seguinte. Dúvidas houvesse e perdê-las-ia por completo.
O meu acto
seguinte foi dirigir-me à esquadra de polícia mais próxima, no caso na Praça do
Comércio. Ali contei a aventura. Não em termos de apresentar queixa, que nada
me faltava, mas porque o podia descrever e isso poderia ser útil a quem ali os
anda a caçar. Quem sabe se seria um novo “profissional” na zona?
Relato feito, com
descrição incluída, e chefe que me atendeu tratou de passar a palavra a quem
disso se encarrega. E ficámos um nico à conversa.
Fiquei eu a saber
que são meliantes difíceis de apanhar, já que só em flagrante ou com o produto
do furto na sua posse, o que eles evitam a todo o custo. E fiquei a saber que,
como em qualquer outra actividade, também os carteiristas dos eléctricos estão divididos
por zonas. De um ponto para cima são de uma origem étnica, daí para cima são de
outra. Consigo imaginar que, de alguma forma, mesmo entre carteiristas existam
códigos de conduta e territórios definidos. Quem sabe se pagarão uma taxa para
poderem exercer o seu mister.
Seja como for,
esta foi a primeira vez que tal me sucedeu. Em Lisboa, que em Barcelona sou vítima
regular, e até tenho o meu nome na polícia local, como queixoso.
E se aconteceu
desta vez foi porque, por uma vez, não entrancei os cordões dos dois fechos da
bolsa, como aqui se vê. Que desta forma são impossíveis de abrir por acaso. Aliás,
mesmo que de propósito me vejo em trabalhos quando o quero fazer rapidamente.
Fica o alerta para
os mais incautos.
E fica o aviso:
esta história nada tem a ver com origens ou cores de pele. Apenas e só com
honestidade! Que ela, e a sua falta, é transversal a todas.
Texto e imagem: by me
Tempo e luz
Luz, apenas isso.
Não tem que contar
uma história, não tem que ser uma estória, tem apenas que mostrar que nós, fotógrafos
e taxidermistas do tempo como alguém mo disse, reagimos à luz como abelhas ao
pólen.
Por vezes, basta
que gostemos, sem mais nada.
By me
sábado, 28 de janeiro de 2012
Velharias úteis, inúteis e assim-assim
Isto de se ir onde
se vendem coisas velhas e usadas dá nisto: trazer uma data de coisas que são
interessantes agora mas que não garanto que o sejam daqui por uns tempos.
Tendo começado por
uma loja de usados e velhos fotográficos, saí de lá com o que queria – uns grampos
para fazer contra-pesos e uma ocular de borracha. E mais um cabinho de
sincronismo para um flash que me anda a pregar umas partidas. E mais uma
correia fininha. Ainda ponderei mais duas Barracudas (ou Autopoles), mas dois
tubos com 2,2 metros, mais a restante quinquilharia que lhe está associada não
me davam jeito hoje. Mas ficaram-me debaixo d’olho.
A feira da ladra,
ali perto, é que matou o dia. Um Weston Master III (fotómetro), de 1956, apenas
dois anos mais velho que eu e em excelente estado. Tenho um outro, mas a célula
morreu de velha, o que é normal. Pediram-me 25 aerios, discuti e veio por 20. Não
foi muito mau.
E foi um alcoómetro
(para medir o grau alcoólico de um líquido) a uma menina que nem sabia o que
aquilo é. Pediu-me dez euros, dizendo que incluía o vidro, o mercúrio e a caixa
de cartão. Sentido de humor e sentido de negócio, que não consegui regatear com
ela. Não sei para que me serve: uma bebida, em me agradando, não lhe vou medir
o teor de álcool que contem. Mas é uma peça bonita.
Aquilo que não
veio foi este aparelhómetro. Acreditem ou não os mais moços, isto que aqui
vedes é um telemóvel. Da primeiríssima geração. Pesava que era um disparate, já
que a maior parte do que aqui se vê é a bateria e o sistema de alimentação. E,
apesar disso, tinha uma duração razoavelmente reduzida.
A um velho
companheiro de muitas andanças (fotográficas, videográficas e outras) foi
entregue por quem o empregava um destes monstros.
Pois o homem era
incapaz de almoçar ou jantar num restaurante se este não dispusesse de uma tomada
onde ligar e carregar o bicho!
Se o tivesse
comprado, não saberia que lhe fazer que não fosse procurar este companheiro
para lhe fazer pirraça. Mas isso é feio e não me apetece.
Ficou lá, no chão
e à poeira. Acabará, com sorte, num qualquer museu privado de telecomunicações
ou, com azar, num centro de reciclagem de material electrónico e perigoso.
Tempo
Por vezes é a verborreia
que sucede aos fotões. Outras, são estes que perseguem as palavras.
Mas dias há que
tudo se resume a uma obturação e uma palavra:
Tempo.
By me
Um olhar - talvez Maria
Trocar é bom!
Quando era garoto,
trocava cromos e guelas;
Já espigadote,
trocava beijos;
Agora, que a fotografia
ocupa o lugar que ocupa, troco um cigarro por uma foto do seu olhar.
Não sei se será um
negócio honesto, que um cigarro arde e desaparece, enquanto que uma fotografia…
Mas sendo que,
enquanto negoceio, sempre vou dando uns piropos e uns elogios… quem esquece um
galanteio de um anónimo que provoca um sorriso?
Enquanto fumar não
for de todo proibido, tenho negócio garantido.
Texto e imagem: by
me
Quem sou eu para...
Há dias em que não
apetece sair da cama e ir enfrentar os reles 5 graus, sem vento, que acontecem
lá fora.
Mas se o sol o
fez, se os pássaros o fazem, se o cão que oiço lá em baixo o está a fazer, quem
sou eu para ser mais que a natureza?
By me
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Liberdade
Com a idade
vamo-nos repetindo. Ou por falta de imaginação ou por termos encontrado expressões
válidas ou completas para as situações que vamos vivendo.
Tenho usado, desde
há anos, e uns milhares de vezes, a pergunta:
“Foi à tropa? Não!?
Mas se tivesse ido, certamente que seria atirador especial.”
Isto ao mesmo
tempo que olho para um enquadramento (fotográfico ou videográfico) que me
apresentam.
Esta pergunta, irónica
como se deduz, resulta de ver o centro de interesse da imagem bem no meio, bem
no seu centro. Por vezes, daria para o usar a descrever uma circunferência bem
simétrica às bordas da imagem.
Este tipo de composição
é, as mais das vezes, de evitar. Dizem as regras estéticas, bem como o
resultado de diversas pesquisas de opinião feitas por especialistas, que o
centro da imagem é um dos locais mais aborrecidos e com menos força de uma
composição e que, se nele colocarmos o assunto principal, ele perderá importância
perante outros elementos colocados em linhas fortes ou algures ao longo ou no
fim de uma linha de fuga.
Entendamos, no
entanto, algumas outras coisas.
1 – Estes conceitos
de estética ou de “agrado” generalizado são fruto de uma cultura, neste caso a
ocidental, nascida no extremo leste do Mediterrâneo. Outras culturas, com
outras origens e com outros desenvolvimentos, têm outras soluções. E, consequentemente,
outras “regras estéticas” e outros “agrados” generalizados.
2 – Tal como ouvi
a um ilustre mestre na minha juventude, “As regras existem para serem quebradas”.
E isto é válido na vida em geral e na comunicação visual em particular.
Usar o centro da
imagem, ou o centro de linhas verticais ou horizontais, para lá colocarmos
aquilo para onde queremos que o espectador olhe com mais intensidade (ou que
dali retire a principal mensagem da imagem) pode ser um erro. Mas sendo que
isso é ditado pelas “regras”, invertê-las ou subvertê-las pode ser uma forma
adicional, pelo incómodo, de chamar a atenção para um dado pormenor. São
abordagens de excepção mas que, se bem usadas, são de eficácia comprovada.
3 – Por muito
importantes que possam ser as regras de composição, tão ou mais importante é o
autor sentir-se realizado com o que cria. O ponto seguinte, mas só o seguinte,
será o de conseguir ou não comunicar com os demais humanos. E isso depende, p’la
certa, do contexto cultural em que se concebe a imagem e em que ela é vista.
Porquê de tudo
isto?
Bem, um destes
dias sugeria a alguém que fizesse uma fotografia de mim, comigo bem ao meio. O
objectivo desse pedido pouco ou nada tinha de estético, mas tão só um exercício
de técnica de exposição.
A pessoa em questão
franziu o nariz e comentou “Ao meio?!”
Entendo-a! Estamos
tão agarrados a regras e estereótipos estéticos, que fazer algo que saia do
habitual, daquilo que nos ensinaram e daquilo que vamos vendo no cinema, na
imprensa, na TV, incomoda e quase que é um insulto ao nosso próprio sentido estético.
Faz falta, no
entanto, de quando em vez esquecer o que aprendemos, o que a sociedade nos impõe
como “correcto”, e avançar noutras linhas, com outras abordagens. As que nos
apetece fazer ou, propositadamente, furando as convenções.
Porque é a partir
daí – só a partir daí – podemos com todas as certezas, saber aquilo de que
gostamos e aquilo que queremos realmente fazer.
Que liberdade não é
palavra vã nem aplicável apenas a conceitos políticos ou sociais. Mas, e tal
como nestes aspectos, também começa dentro de nós e nunca decretada por leis e
lentes ou imposta por hábitos ancestrais.
Texto e imagem: by
me
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
Cativar a clientela
Entro num centro
comercial, em Lisboa, para comprar cigarros.
No quiosque,
diz-me a mocinha, com sotaque de terras de Vera Cruz e aparelho nos dentes:
“Tem mais de 18
anos, não tem?”
A sonora
gargalhada que soltei fez virar bem mais de dez cabeças na zona de restauração
que lhe fica contigua, além de fazer vibrar todos e cada um dos pelos da minha
barba.
Com isto a mocinha
ganhou um cliente certo, já que fazer-me rir é fazer-me cliente.
Texto e imagem: by
me
Sinto-me estúpido mas tranquilo
Por vezes sinto-me
estranho.
Em querendo
atravessar uma rua, numa passadeira com semáforos, faço questão de esperar pelo
“meu” verde.
Não se trata de
querer cumprir qualquer código escrito, ou de querer evitar uma eventual multa
de trânsito (elas estão previstas para peões, mas não sei de ninguém que dela
tenha sido objecto).
Mas é certo que a
estrada pode ser perigosa, pelo que haver um tempo para uns e um tempo para
outros faz todo o sentido.
Tal como faz
sentido que, em embirrando eu que os automóveis ocupem os passeios ou que não
respeitem os sinais vermelhos, terei eu que ser cumpridor dos códigos
existentes. Querendo para mim toda a prioridade com o sinal verde, recusando
atravessar com o sinal vermelho.
Ora, por vezes,
sinto-me como que um alienígena, parado no passeio, não vendo nenhum carro a
menos de 100 ou 150 metros, o sinal vermelho para mim e todos os peões a passarem,
com a maior das naturalidades. Os olhares estranhos que os demais peões me
lançam são, no mínimo, credenciais para admissão imediata num qualquer asilo.
Mas, do meu ponto
de vista, se exijo que me respeitem, tenho que ser o primeiro a respeitar os
demais. Mesmo que às 11 da noite, sem carros à vista.
Quanto ao resto, a
tranquilidade da minha consciência é bem mais importante que os olhares que
recebo e, sabe-se lá, os mimos que a meu respeito são ditos.
Texto e imagem: by
me
Em trânsito
Felizmente que
existe quem faça graffitys.
Além de serem uma
forma de expressão, em completo contra-ciclo com a ordem estabelecida, servem
para quebrar a monotonia do rotineiro trajecto casa/trabalho/casa.
E sendo que a
ordem estabelecida não gosta de quem o faz nem do que fazem, volta e meia lá os
vão apagar, deixando livres de novo os espaços, onde surgem novos.
O uso de vidros
para tal arte tem a vantagem de ter diversas leituras, dependendo das posições
relativas espectador/luz.
Haverá sempre quem
os conteste. Por mim, adoro olhar para eles e tentar perceber o que me querem
dizer, se alguma coisa.
Mas eu também não
faço parte da ordem estabelecida!
Texto e imagem: by
me
Mexam-se!
Fugi aos contínuos
do Liceu.
Era o jogo do gato
e do rato, na distribuição de panfletos contra a guerra colonial. Panfletos em
que eu mesmo colaborava na sua escrita e reprodução.
Distribuí
“sebentas” copiadas de um livro, obrigatório para o antigo 5º ano do liceu e
que era estupidamente caro. Também esta tinha sido policopiada em stencil,
ainda que desta feita por um movimento de estudantes liceais, clandestino
naturalmente.
Em Abril de 74 eu
ainda não tinha completado 16 anos e, em chegando ao liceu e em sabendo que não
havia aulas pois que a revolução tinha rebentado, fui à procura dela na cidade.
Hoje fala-se na
censura nos media, na censura na web, no olhar por cima do ombro antes de se
ter certas conversas, nos avisos em que é melhor não escrever certas coisas nos
blogues ou nas antenas...
E já não são
apenas os bufos e os censores que agem, mas os portadores de cartões
partidários, alguns com cores várias por via de dúvidas, são os sobrinhos, os
compadres, os conhecimentos no sentido bíblico do termo, os angariadores de
mão-de-obra a prazo e semi-escravizada…
Cada vez mais
reconheço nos tempos que correm aquilo que pensava não tornar a ver e a viver.
Com a terrível
diferença de os militares não travarem hoje uma guerra de armas em riste nem
estarem a sentir a perda de privilégios.
Restará aos
portugueses, para evitar que se vá mais longe num rumo que muitos felizmente
desconhecem, pegarem eles mesmos nas armas – e a palavra também é uma arma – e fazerem
qualquer coisa que se veja. E que não apenas os desabafos nos faces e as
manifestações de fim-de-semana.
Ou isso ou, muito
em breve, terão que pensar duas vezes antes de contestar os actos de alguém,
não vá esse alguém ter um poder ou conhecimentos que desconhecem.
Texto e imagem: by
me
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
A máquina fotográfica
É na
câmara escura dos teus olhos
que se revela a água
água
imagem
água
nítida e fixa
água
paisagem
boa
nariz cabelos e cintura
terra
sem nome
rosto
sem figura
água
móvel nos rios
parada
nos retratos
água
escorrida e pura
água viagem trânsito hiato.
Chego
de longe. Venho em férias. Estou cansado.
Já
suei o suor de oito séculos de mar
o
tempo de onze meses de ordenado;
por
isso, meu amor, viajo a nado
não
por ser português mal empregado
mas
por sofrer dos pés
e estar desidratado.
Chego.
Mudo de fato. Calço a idade
que
melhor quadra à minha solidão
e
saio a procurar-te na cidade
contrastada
violenta negativa
tu
única sombra murmurada
única
rua mal iluminada
única imagem desfocada e viva.
Moras
aonde eu sei.
É na
distância
onde
chego de táxi.
Sou
turista
com
trinta e seis hipóteses no rolo;
venho
ao teu miradoiro ver a vista
trago a minha tristeza a tiracolo.
Enquadro-te
regulo-te disparo-te
revelo-te
retoco-te repito-te
compro
um frasco de tédio e um aparo
nas
tuas costas ponho uma estampilha
e
escrevo aos meus amigos que estão longe
charmant pays
the sun is shining
love.
Emendo-te
rasuro-te preencho-te
assino-te
destino-te comando-te
és o
lugar concreto onde procuro
a
noite de passagem o abrigo seguro
a
hora de acordar que se diz ao porteiro
o
tempo que não segue o tempo em que não duro
senão um dia inteiro.
Invento-te
desbravo-te desvendo-te
surges
letra por letra, película sonora,
do
sendo à vogal do tema à consoante
sem
presença no espaço sem diferença na hora.
És a
rota da Índia o sarcasmo do vento
a
cãibra do gajeiro o erro do sextante
o
acaso a maré o mapa a descoberta
dum novo continente itinerante.
Poema: José Carlos Ary dos Santos
Imagem: by me
Trocas fotográficas
Alguns conhecimentos fotográficos (conhecer melhor a sua câmara, perspectivas e pontos de vista, o domínio sobre o assunto). Em troca, o que entenderem, desde que feito pelo próprio.
Que se a luz é a matéria-prima do quem fotografa, a perspectiva é a sua principal ferramena.
Onda? Lisboa, Jardim da Estrela, esplanada grande.
Quando? Domingo, dia 5 de Fevereiro, 14.30h, se não chover..
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
De corrida
E depois há
aqueles que acham que fotografia só se faz com equipamento de alta gama, caro e
com grandes objectivas.
Feita quase que em
passo de corrida, entre o café na cantina e o início de um dia trabalho, com o
sol a pouco mais que dois dedos acima do horizonte.
Com uma câmara de
bolso, ou quase, e que ainda mal conheço.
Perfeita? Nem por
isso, que precisava de um pouquinho mais de tempo para fazer o que queria.
Agora que me deu gozo, lá isso deu.
E deixou-me com um
nico mais de vontade para ir enfrentar as obrigações laborais.
By me
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
O Jardim da Estrela
O domingo, além de
soalheiro, estava quentinho.
Por isso o Jardim
da Estrela encheu-se de gente, como eu o gosto de ver. De todas as idades e estratos,
como lhe é habitual.
E, para além
daquilo que estava a fazer e que me deu muito gozo, foi particularmente
interessante constatar a quantidade de gente que, de uma forma ou de outra, ali
se havia cruzado comigo à conta da fotografia e do Old-Fashion, que disso se
recordava e que por causa disso acabou por meter conversa. Para já não falar
nas velhas senhoras que costumam polir os bancos e que entre si cochicharam a
meu respeito, relembrando alguma fotografia que lhes terei feito (que o meu
olho e ouvido, apesar de a conversa não ser comigo, deu p’la coisa).
Dessa época, fica
uma das fotografias feitas nesse âmbito e de que mais gosto, p’la imagem e p’la
estória que lhe está associada, e um textinho, escrito num desses dias de Inverno.
Aguaceiros? Pois
sim!
Se, ao sairdes de
casa num início de fim de semana, constatardes que será de aguaceiros, não
pondereis seriamente se ficareis em casa ou se saireis para fotografar. Saí!
Tereis assim
oportunidade de retratar:
gente dos oito aos
noventa e dois anos,
solitários,
aos pares
ou em grupo,
pais e filhos,
namorados, primos,
gémeos,
colegas
ou irmanados na
mesma limitação,
faladores que nem
gralhas
ou surdos-mudos de
nascença.
Canalizadores,
esteticistas,
psicólogos,
arquitectos,
diplomatas,
armadores de
ferro,
serventes,
estudantes,
reformados,
donas-de-casa,
professores,
operadores de
lavandaria,
empregados de
escritório,
técnicos de informática,
carpinteiros,
técnicos de
elevadores
ou serralheiros
mecânicos.
Podeis ainda:
rir e fazer rir,
sonhar e fazer
sonhar,
fotografar e
serdes fotografado.
Cobrir três dos
cinco continentes sem sair do lugar,
escrever, soletrar
ou copiar nomes arrevesados,
ter gente a não
acreditar na oferta insólita
e outros a querer
aproveitá-la até à última gota.
Ver passar:
a polícia,
o vendedor de
flores,
o das castanhas
assadas,
o guarda-jardim,
os que passeiam o
cão
e por eles ser
cumprimentado como um da casa.
Ser confidente de
uma metade de um arrufo de namorados de longa data
e prometer-lhe uma
compensação por uma fotografia roubada.
Ver alguém triste
e arrancar-lhe um sorriso porque,
afinal, não é
exactamente como se vê no espelho.
Não!
Se o fim de semana
prometer aguaceiros, saí e fotografai!
Não há duas nuvens
iguais, tal como não há pessoas iguais nem fotografias iguais.
Mas os sorrisos,
esses, provocam sempre o mesmo: outro sorriso.
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domingo, 22 de janeiro de 2012
Quem tudo quer...
Eu ia àquele
jantar de aniversário.
Uma colega e boa
amiga fizera anos uns dias antes e organizara este encontro com amigos e
colegas.
Levava eu uma
prendinha para ela, coisa pouca mas uma cá das minhas, com “água no bico” e
outras mensagens por baixo.
Mas sendo que era
pouco significante, resolvi abrilhantar a oferta com flores. Fica sempre bem e
as senhoras gostam.
Não gosto lá muito
eu, que isso de oferecer cadáveres não me agrada, mas uma vez não são vezes e
ela merece.
Donde, pouco antes
da hora combinada, procurei uma florista nas imediações do restaurante. É que
me não apetecia andar a passear um ramo, grande ou pequeno, por muito tempo.
Em chegando à
lojinha, num centro comercial, não vi por lá nada que me agradasse por demais.
Mas sempre havia umas, cujo nome não sei, coloridas e várias de cores variadas.
Pensei que três delas, uma de cada cor e com a minha própria oferta dependurada
fariam o que queria. E perguntei p’lo preço.
Disse-me a “menina
do shoping”, que de menina já não tinha, tal como não partilhava comigo a
nacionalidade, que cada uma custava um euro, mas que com arranjo ficavam a três
euros.
Perguntei p’lo
preço de três num ramo só e disse-me que seriam nove euros.
Aí a pequena
parcela do meu cérebro que reservo para fazer contas bloqueou.
“Então se uma, com
arranjo, custa três euros, e uma sozinha custa um euro, três flores, com o
mesmo arranjo custariam cinco euros.”
“Não! Três flores,
num ramo só, levam mais verdura. São nove euros.”
Pois a minha amiga
recebeu só a prendinha que eu já tinha, sem flores nem nada.
Que não foi pelo
valor, mas antes porque não gosto que me tomem por tolo. Ou, de outra forma, não
gosto de regatear preços: ou a relação preço/produto me agrada e compro, ou não
e onde está fica.
Texto e imagem: by me
Toma-lá-dá-cá
Na esmagadora
maioria dos negócios, ambos o querem: um quer vender, o outro quer comprar.
Para definir o
valor daquilo que está a ser negociado foi inventado, há muitos séculos, o
dinheiro. Suponho que quando se fala no pecado original se esteja a falar
disso.
Que, baseado no
dinheiro, todos os negócios se tornam frios, sem qualquer emotividade. O
comprador, ao ver um bem que pretende, entrega de volta o valor fiduciário estipulado
pelo vendedor. Eventualmente com algum regateio, mas é assim que funciona.
Mas há um outro
tipo de negócio, bem apreciado pela canalha miúda, que se chama troca. Cada um
quer um objecto que o outro possui e é um toma-lá-dá-cá, bem por bem.
Eventualmente a raridade de um deles fará com que por um bem se receba ou
entregue mais que um exemplar do outro, mas será sempre objecto por objecto,
com uma equivalência de valores calculada por ambos mas em referencial externo.
Para satisfação das partes.
Sem pecado
original.
Mas creio ter
encontrado a quinta essência do negócio. Um toma-lá-dá-cá em que as partes não
sabem com rigor o que vão receber. Mas que, em terminado o negócio, ambas estão
satisfeitas. Sem avaliações nem comparações prévias ao que está a ser trocado.
Em que o único valor que está em causa é cada uma delas dar e receber o que
necessita e tem. Apenas isso.
O meu projecto de
troca assim se baseia e nem eu esperava que fosse tão longe.
Quem comparece
sabe que vai aprender algo sobre fotografia. Não sabe que aspecto técnico ou
estético ou filosófico da fotografia irá aprender.
Pela minha parte,
peço apenas que seja algo feito pelo próprio. Nem desconfio o que possa ser
trazido
Sei, por aquilo
que oiço e vejo, que o que é trazido para estes encontros é pensado com cautela,
escolhido com esmero e, afirmo-o sem correr o risco de me enganar, feito e
entregue com afecto.
Por mim, organizo
conteúdos e métodos, pensado no que podem ou não saber e até que ponto o que
lhes possa transmitir lhes pode ser útil. E avanço de acordo com as
necessidades e características de cada um dos presentes.
O que tem
acontecido, bem mais que receber, bem mais que trocar, é dar. Sem negócio pelo
caminho nem valores equivalentes.
No caso de hoje
falámos de luz e medições, do “japonês inteligente que vive nas câmaras” e de
algumas formas de o pôr a trabalhar para nós como queremos que ele trabalhe.
Em troca recebi um
desenho feito por um jovem participante, um marcador de livros feito com uma
fotografia original e dois potes de marmelada diferentes.
Mas estou em crer
que quem ganhou com este “negócio” fui eu. Que o ver os participantes, os previamente
combinados e os que apareceram entretanto, com aquele brilhinho especial de
quem descobriu algo de novo…
Na imagem, apenas
os potes. Que tenho que os fotografar antes de os saborear. Quanto aos outros,
esses vão para aquele cantinho especial que tenho e que creio que todos têm.
Mesmo que o não confessem, até porque não é nem política nem economicamente correcto
afirmar que se está a usar o sistema para derrubar o sistema.
Que giro!
Há muito tempo que
não me lembrava, na prática, o que é lidar com erros de paralaxe.
Nada como lidar
com velhos problemas para refrescar a memória.
By me
E depressa!
Fabulástico!
O nosso primeiro-ministro,
o tal que antes de ser eleito disse que tirar o subsídio de férias ou de natal é
um disparate, sugeriu que os jovens professores deveriam pensar na emigração
como uma solução.
Agora o nosso
presidente da República, o tal que disse que nunca se engana e que raramente
tem dúvidas, diz que é preciso reter os mais jovens nas suas terras para que se
não sintam tentados a emigrar.
O mesmo presidente
que disse que a sua reforma, depois de cortada pelo mesmo primeiro-ministro,
mal chega para as suas despesas.
Estas contendas indirectas
entre gente do mesmo quadrante político seriam particularmente divertidas, não
fora acontecerem entre gente eleita, supostamente responsável, e usarem como
munições nas suas disputas as necessidades dos portugueses, a maioria dos quais
não escolheu nem um nem outro para o cargo que ocupa.
Que tal começarmos
a, mais que pensar, tratar de substituir aqueles que tão mal nos representam e
tão mal tratam dos nossos assuntos?
Antes que seja
tarde demais!
sábado, 21 de janeiro de 2012
A barba
Sei-o porque mo
disse.
Que isto de usar
barba longa cria uma espécie de irmandade entre portadores. E, usando disso,
perguntei-lho.
E disse-me que
esta barba tem quarenta anos. Que a deixou crescer desde que entrou na Legião
Estrangeira e que nunca mais a tirou. Vai cuidando dela de quando em vez, mas
não tanto quanto devia.
Mas disse-me mais!
Disse-me que,
enquanto lá esteve e até a filha morrer, com seis anitos, falou com ela usando
cassetes, que mandavam um para o outro pelo correio.
E disse-me porque
havia entrado na Legião. E porque havia saído. E o que foi fazendo de então
para cá, numa espiral descendente não recomendável.
E falou-me da sua
casa, um contentor com horta e tudo, que toda a gente tem que ter o seu buraco.
E contou-me dos
vícios que teve e que deixou.
E falou-me de
política e políticas económicas e de como alguns graúdos, que tratou pelo nome,
foram responsáveis por parte deles.
E foi contando,
contando, contando, irmanados que estávamos por barbas, vontade de contar e
vontade de ouvir.
No fim pedi-lhe
para fazer uma fotografia.
Em troca pediu-me,
envergonhado, uns trocos para ir beber um copo, na tasca logo ali ao lado. Se
mais nada fosse, esta honestidade cúmplice merecia-o.
Fica o retrato.
Até ao próximo episódio, Sr. Silvério.
Texto e imagem: by
me
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