quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Raisparta a compatitividade


Ex-Oficina e venda de bicicletas

By me

Combustível



Não será, certamente, das melhores opções éticas.
Diria mesmo que contraria as regras básicas o uso de líquidos perto de equipamentos electrónicos.
Mas vos garanto que sem combustível à base de cafeína não seria suportável este horário!

By me

Raisparta a competitividade!


Ex-Restaurante

By me

Vai formosa e não segura


By me

Raisparta a competitividade


Ex-Banco

By me

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Ganda pinta!!!!



Fim do dia em Agosto.
Você falou em "aquecimento global"?

By me

Raisparta a competitividade


Ex-Loja de electrodomésticos

By me

Tampa



Tenho visto muita coisa caída nas linhas de caminho de ferro. Haverá, certamente, quem pense tratar-se um bom aterro sanitário.
Mas confesso que nunca esperaria vir a encontrar a tampa de um gravador VHS.

By me

Ia a correr?



By me

Raisparta a competitividade


Ex-Pronto a vestir

By me

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Guloso?



Pois serei!
Mas certo é também que ou um tipo recupera forças anímicas depois de certas tarefas, ou fica deprimido para o resto do dia, talvez mesmo para o resto da semana.

By my

Raisparta a competitividade!


Ex-Sapataria


Ex-Ervanária


Ex-Pronto a vestir

By me

domingo, 28 de agosto de 2011

São horas



E a que horas deve ir para a cama, dormir, alguém que se vai levantar pelas 3.30 da manhã?
Já lá deveria estar, caramba!

By me

Rigores



Nada como realmente!
O “Público” fala em “dez mortos, entre eles uma criança”, vítimas do furacão Irene.
O “Diário de Notícias” refere “oito mortos, incluindo duas crianças”.
Gosto do rigor dos media, da confirmação das informações junto das fontes e das dúvidas com que ficamos, depois de ler, ver e ouvir tudo aquilo que nos querem impingir!

By me

Quase a tropelado



Mas só quase

By me

Raisparta a competitividade


Ex-Boutique


Ex-Loja de decoração e utilidades domésticas


Ex-Loja de móveis

By me

sábado, 27 de agosto de 2011

3 Rs



É daquelas coisas que não me tira nem um pouco o sono: o ficarem a olhar para mim com ar surpreso quando peço algo de “muito estranho”.
Foi o que aconteceu hoje mesmo, na loja de electrónica de consumo aqui do bairro.
Entrei e pedi duas cassetes VHS. As duas mocinhas olharam uma para a outra, depois para mim com o que parecia ser quatro faróis de nevoeiro e uma delas responde:
“Acho que ainda temos qualquer coisa no armazém, mas olhe que já é o refugo. Não quer antes levar uns DVDs?”
Bem, se eu quisesse DVDs, teria sido isso que pediria. Mas o que eu queria mesmo eram as cassetes, pelo que o confirmei. E acrescentei:
“Sabe, enquanto o meu aparelho estiver a funcionar e a fazer tudo o que espero dele, continuarei a usá-lo. O VHS é para certas coisas, o DVD para outras. E espero que os gravadores de VHS ainda me durem uns tempos valentes, que ainda não acabei de digitalizar toda a minha videoteca, mais de quatro mil títulos em VHS. Estas são para ir gravando umas coisitas soltas, sem importância. E vão-me durar um ano, bem medido. Importa-se que as compre?”
Acrescento eu, agora, que ser consumidor atento me dá algumas prerrogativas. Não sobre os outros, mas sobre aquilo que faço e consumo, seguindo as minhas necessidades e não as que são ditadas pelas modas, tecnológicas ou não.
Este que aqui vedes já está fora de uso. Fui buscá-lo à arrecadação para não desmontar os que tenho em serviço. É que mesmo o que já não está em uso pode ter uso, nem que seja “só p’ró boneco”. E eu sabia, quando o guardei, que ainda seria útil.
Redução, Re-utilização, Reciclagem, os três “Rs” que se impõem.

Texto e imagem: by me

Sombras



Aquilo que o Homem tem feito ao longo dos milénios é tanto e tão variado que seria fútil tentar saber tudo. No campo das artes, das ciências, do pensamento, nas evoluções e regressões sociais.
Perante a inutilidade de tudo tentar saber, resta a cada um de nós optar por saber aquilo que entende por importante para a sua vida. Profissional ou pessoal. E, igualmente importante, saber onde está o saber caso venha a disso necessitar.
Acessoriamente, as escolas orientam estes saberes e aprendizagens nos diversos campos, fornecendo ao estudante as bases daquilo que passarão toda uma vida a aprender.
Será papel do pedagogo escolher estes saberes básicos e disponibiliza-los ao estudante por uma ordem lógica, bem como satisfazer as curiosidades que possam advir dos saberes adquiridos. Tal como deve permitir que o estudante saiba onde e como ir buscar mais saber ou conhecimento: bibliotecas, pessoas, web, museus, locais de investigação… Dizia alguém que, nos tempos que correm, o importante não é saber mas antes saber onde o saber está e querer ir buscá-lo.
Claro está que o que será básico num dado campo de actividade será não-básico, talvez mesmo supérfluo, noutros campos. E este é, também, o papel do pedagogo: definir prioridades na aprendizagem do estudante.
No entanto, saberes existem que são comuns a todas as vertentes do conhecimento básico. A tabuada, o primeiro rei da nacionalidade, o teorema de Pitágoras, o oceano que banha o seu país, a sua língua e uma língua generalizada… Talvez que não básicos para a actividade profissional, mas para viver integrado na organização social que o envolve.
Um destes dias constatei que um jovem com curso na área da comunicação audiovisual ignorava por completo o que fosse a “Alegoria da Caverna”. Sabia que Platão fora um filósofo antigo, ainda que não de que época ou civilização, mas não sabia nem o nome nem a história ou conceitos nela descritos.
Fiquei boquiaberto! Como é possível alguém ter uma formação profissional sólida neste campo sem conhecer os primórdios da sua criação, do seu pensamento, do conceito de realidade e representação?
Tratei de, em duas penadas, colmatar aquela falha, mas tive pena de quem me estava a ouvir. Não são coisas que se expliquem (ou se aprendam) em duas penadas. Até porque o saber necessita de ser digerido.
Mas fiquei a pensar que andamos a formar gente que saberá utilizar a ferramenta com que trabalha, mas que ignora os conceitos que lhe estão inerentes para além daquilo que vêem no ecrã do computador.
Pergunto-me o que irá acontecer a esta geração, quando já tiver a categoria de avós, bem como aquilo que será disponibilizado aos seus netos pelos pedagogos.
Talvez que só saibam reconhecer uma sombra e que desconheçam por completo a tridimensionalidade ou as cores.


Texto e imagem: by me

Raisparta a competitividade


Ex-Stand de automóveis


Ex-Lavandaria


Ex-Cabeleireiro

By me

O roubo na e da esquadra



Quem me contou a estória afiançou-me como sendo verdade e tendo acontecido aqui, algures nos finais dos anos 50, princípios dos anos 60. E como quem ma contou morava nas imediações, até acredito nela.
Um dia o chefe da esquadra da zona terá dito para um seu subordinado que passasse na relojoaria ali da rua para que eles fossem buscar o relógio de parede da esquadra. Andava ele a atrasar-se (ou seria adiantar-se?).
Certo é que, mais tarde nesse mesmo dia alguém se apresentou na esquadra de polícia, dizendo que vinha buscar o dito relógio. E levou-o. Para onde ninguém sabe, que o tipo não vinha a mando do relojoeiro. Seria um larápio que estaria na loja quando o recado foi dado, a preparar talvez um trabalhinho, e aproveitou a ocasião.
Falsa ou verdadeira, a estória, serve ela para mostrar que as coisas mais audazes se fazem quando menos se espera e com a maior das naturalidades, ou tudo falha.
Mas, a ser verdadeira a estória, 50 anos depois alguém roubou a esquadra onde se teria passado o insólito acontecimento. A pressão urbanística e imobiliária, aliada à idade provecta da esquadra, fez com que fosse derrubada – só a esquadra – para criar este simulacro de rua, que nem sei se terá ao menos nome, para acesso ao bairro das Olaias, por trás.
Ficou assim, com este aspecto, como se alguém tivesse tirado uma fatia do bolo mesmo antes de colocar na mesa.
O relógio terá ido, até porque efémero o tempo; a esquadra também, até porque já não fazem prédios como antigamente. Ficou a memória de uma estória rocambolesca que, sendo verdade, é divertida; não o sendo, ficamos todos com pena que não o seja.

Texto e imagem: by me

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Fábulas



É um restaurante onde venho amiúde: não é caro, o que come é agradável e o pessoal é simpático. Tudo de bom!
Há uns tempos pedi, de sobremesa, um crepe flambée. Quem mo fez comentou que não é das coisas que mais goste de preparar: o cheiro é muito intenso e, quando calha, fica com uns pelos a menos na mão.
O que teve mesmo graça foi a reacção de uma empregada: nova de idade e nova na casa, estava de boca aberta com a preparação do crepe, exclamando um elucidativo “Que é isso?”
No fim do jantar, lá meti conversa com ela e lhe expliquei o que era e recomendei-lhe que provasse. Pelo menos ficaria a saber o que é e a que sabe.
Hoje tocou-me em sorte a mesma mocinha. Enquanto ela tomava nota do meu pedido, meti-me com ela e perguntei-lhe se já sabia o que é um “flambée” e se já tinha provado. Saber, sabia, provado é que não. Entende-se!
Mas, quando me veio trazer a minha cerveja, não perdeu a oportunidade de se meter comigo. Melhor dizendo, com a minha câmara, pousada que estava em cima da mesa: “É bonita, a sua máquina!”
“É!”, respondi, “Mas mais importante que isso é se faz boas fotografias”, acrescentei.
“Pois, mas tem muitos botões.”
Calei-me! Não adiantava esclarecer que os botões, muitos ou poucos, importa que estejam no sítio certo e que saibamos deles tirar partido.
Agora que a minha câmara é bonita, lá isso é. Mas também há a fábula do La Fontaine, sobre a coruja e a raposa.

Texto e imagem: by me

Self-portrait



Or how a photographer sees the world: in small pieces, divided in time and space, trying to build with them a coherent puzzle.
And not always get it done!

By me

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Peças raras



Podia eu espraiar-me aqui sobre o Aqueduto das Águas Livres, a sua idade e magnificência.
Poderia ainda explicar porque é que um dos seus arcos é francamente mais largo que todos os restantes. Questões de engenharia, já consideradas no século XVIII.
Podia ainda falar da crise e de como, apesar dela, a recuperação do património nacional continua a ser feita, para benefício dos nossos olhos e dos dos vindouros.
Podia incluir uma nota e imagens sobre o arriscado que é estar pendurado dos arcos deste aqueduto, ali na zona de Alcantâra, considerando ainda o vento que se tem feito sentir.
Poderia ainda referir os incómodos ao trânsito que o corte da avenida que por baixo dele passa provocou.
Podia mostrar o como o asfalto, dessa avenida e nesse local, estava pejado dos detritos resultantes dessa limpeza de pedra.
Prefiro, antes, mostrar esta peça. Informe, de difícil identificação, relativamente frágil, que me levou umas boas horas para decidir como a fotografar.
Trata-se de um objecto raro, que provocou alguns sorrisos, bem como algumas atitudes de indiferença, a quantos o mostrei. Desde ontem que está guardado numa caixa de cigarros, à espera de um receptáculo condigno e sólido.
O que é?
Um pedaço de uma das estalactites que estão a ser retiradas dos arcos do Aqueduto das Águas Livres, em Lisboa. Terá sido, creio, um dos raros que sobreviveu, mais ou menos inteiro, à queda de mais de 60 metros. Suponho que por ter caído numa zona arrelvada.
Não sei que idade terá este pedaço de calcário, revestido pela patine do tempo. Posso imaginar, pela espessura, que será contemporâneo da construção. Até porque não creio que tenham existido obras deste cariz nesta obra.
Será um objecto importante? Não creio. A menos que se pense que não existirão muitas pessoas que possuam um pedaço de estalactite que não tenha sido arrancada de uma gruta.
Um pedaço de história, ou de como a Natureza molda, ou se molda, àquilo que o Homem faz e desfaz.

Texto e imagem: by me

Papa-açorda



Todos os ofícios têm o seu quê de rotineiro. Mesmo os mais criativos, no quotidiano têm rotinas, actos ou métodos que são iguais em cada dia, em cada truque.
Mesmo um actor, dos que trabalham na rua interagindo com o público e dele dependendo para a sua perfomance, tem rotinas, deixas, gestos, reacções que são previsíveis porque iguais e repetidas. Já tive oportunidade de ver alguns a representar e, passado algum tempo e por muito bons e divertidos que sejam, acabamos por saber o que irá fazer com este ou aquele transeunte, o que lhe irá dizer, de que forma o irá mimar ou provocar. E trata-se de uma actividade bem criativa, onde o improviso é, em boa parte, a chave do sucesso.
O invés também é verdade. Por muito rotineira que possa ser uma profissão, há sempre oportunidade de se ser criativo, inovador, marcar pela diferença no que é feito. Quantidade, qualidade, perfeição. Querer e conseguir ir mais longe e melhor, nem que seja pelo simples, se simples é, de fazer de cada dia um diferente, competindo consigo mesmo e conseguir surpreender-se com os resultados.

Um destes dias tive uma dúvida de trabalho. Aquilo que venho fazendo faz algum tempo é ligeiramente diferente do que os meus companheiros fazem. É só um niquinho, mas é diferente.
Nestas circunstâncias sou assaltado por dúvidas: sei justificar o que faço mas, sendo diferente dos demais, estarei a fazê-lo bem feito? Ou estarei a cometer sistematicamente um erro?
Para tirar estas dúvidas (e criar novas, em regra) o melhor mesmo é trocar opiniões com companheiros de ofício. Ventilar ideias, criar conclusões, nem que sejam que estamos todos certos, ou todos errados, e que a diferença não é nem boa nem má.
Pois de um dos que consultei recebi como resposta que preferia a outra solução. E, questionado sobre o porquê da preferência, deixou-me esclarecido a seu respeito:
“Foi assim que me ensinaram!”
Emitir uma opinião com base no “sempre assim se fez” é mau! Denota incapacidade de ponderar, evoluir, mudar, procurar algo de melhor que, quanto mais não seja, possa não ser rotineiro.
Mas dizer “foi assim que me ensinaram” em vez de “foi assim que aprendi” é um transpor de responsabilidades, é um assumir não ter opinião própria, é um aceitar que faz o que faz apenas como imitador dos restantes, pouco lhe importando a validade do que está a ser feito.

Este exemplo, lamentavelmente real, é apenas mais um no meio de tantos outros que podemos encontrar a cada passo: o alijar de responsabilidades, o dar continuidade apenas porque é tradição, o não aceitar nem nada fazer em prol da inovação, da evolução. E o conformar-se com uma rotina cinzenta e entediante. Ser-se estático na vida!
Um pouco como uma refeição tomada num restaurante franshisado: tanto o conteúdo da ementa como paladar do que engolimos, não nos surpreende, nem pela negativa nem pela positiva.
Uma papa-açorda sempre igual, até ao tédio final!


Texto e imagem: by me

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Radiações



Muito mais importante que tudo aquilo que possa sair desta antena é a radiação que ela recebe.
Até porque, afinal, o que é o trabalho do Homem comparado com o Sol ou o Universo?

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Entre-linhas



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Sabedoria popular



É particularmente interessante, e triste ao mesmo tempo, constatar alguns comportamentos.
Numa loja que frequento, entrou ao serviço há uns meses uma senhora. Ficou mais ou menos afastada do público, trabalhando na zona de fabrico e numa função de auxiliar. Provavelmente, quem fez esta escolha de funções sabia bem o que estava a fazer.
Mas com o passar dos tempos, com a época de férias e a saída de alguns funcionários, esta senhora passou a ter contacto com os clientes. Numa função de apoio a quem habitualmente o fazia até porque o seu domínio da língua portuguesa era diminuto.
Faça-se um reparo de honra, que muito rápido passou a falar com boa fluência o português, com um vocabulário completo e um sotaque nem por isso muito acentuado. Quanto baste, em principio, para estar atrás do balcão a a lidar com a freguesia.
Um destes dias entrei nessa loja e estranhei a equipa de serviço: para além desta senhora de que falo, uma outra que ainda ali não havia visto. Nada que me incomode, que desde que o preparar da bica e o entregar-me o bolo estejam dentro dos padrões de rapidez e higiene habituais, não sou esquisito. Mas sou cusco ou observador.
A atitude para com a nova colega, por sinal mais velha que ela, é que me surpreendeu. Aliás, incomodou-me!
Aquela mulher que desde que ali está tem vindo a receber ordens ou instruções, passou nestes dias, a ser ela a dá-las. E o tom de comando imperioso com que o fazia para com a outra, nova nestas lides, era de uma agressividade e despotismo que quase me fez entrar na conversa. Nada era comigo, mas estava a bulir com o meu sentido de equidade e justiça.
Paguei e saí, com o secreto desejo de as férias e as folgas terminem rapidamente por ali, que não me apetece voltar a ver coisas daquelas. Aquele espezinhar da colega foi-me intolerável.
Mas fez-me recordar uma velha frase da sabedoria popular, que bem conheço da minha vivência profissional que, com honrosas excepções, é universal:
“Não peças a quem pediu nem sirvas a quem serviu!”

Texto e imagem: by me

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Com um cheirinho a alho



By me

A batalha geométrica



Dispuseram-se os soldados em Quadrado, e ficaram à espera do inimigo.
… Apareceu o inimigo e vinha formado em Losango, com o bico para a frente apontado para um lado do Quadrado.
… E o bico de trás vinha apontado para trás.

… Então o comandante do exército que estava em Quadrado disse: “Ai se eles vêm em Losango, com o bico para a frente? É preciso não os deixar abrir o bico!”
Chamou o seu Estado Maior e perguntou: “Vocês é que são o Estado Maior?” O Estado Maior respondeu: "Somos o Maior que temos. Não é muito grande, mas isto anda mau!”

O comandante mandou então avançar os pontas-de-lança, recomendando que os extremos ficassem colados às linhas.
…E para que não se desfizesse o Quadrado, mandou colocar bandeirolas nos cantos.
…E traçou então a bissectriz dos ataques.
… E recomendou às tropas: “Não os deixem entrar para dentro do Quadrado. Se eles entram para dentro do Quadrado, é um problema bicudo!”

… Ao mesmo tempo, o comandante do exército inimigo falava aos seus soldados: “O que era bom, era se a gente conseguisse entrar lá para dentro do Quadrado deles. Mas como é que há-de ser?...”
… Avançou um oficial e disse: “O melhor era entrar por cima.”
Mas não sabiam como é que haviam de entrar por cima.

Assim, ficaram os dois exércitos parados, um em Quadrado, outro em Losango, cada um à espera que o outro tomasse a iniciativa do ataque.
… Passou-se a noite e dormiram assim, uns ressonando em Quadrado, outros sonhando em Losango, e pela manhã assim continuavam, preparando o pequeno-almoço, café e pão com manteiga – uns em Quadrado, outros em Losango.

… Então um jovem impetuoso saiu do seu Quadrado e perguntou ao comandante: “Então, não abrimos as hostilidades?”
“Nós não abrimos coisa nenhuma! Eles que abram, se quiserem!” – respondeu o comandante.
Ao mesmo tempo, no Losango, outro jovem impetuoso perguntava ao seu comandante: “Vamos a eles?” E o comandante respondia: “Eles que venham a nós…”

Passou-se uma semana e nem o Quadrado nem o Losango saíam das suas posições. Os combatentes estavam extenuados de tanto esperar.

… Então, na terra de ninguém, e apenas na presença dos enviados especiais dos órgão de comunicação social, efectuou-se um encontro entre os comandantes do Quadrado e do Losango.
“Como é que vai o seu Losango?”
“Firme! Dali não mexe! E o seu Quadrado?”
“Sólido! Ninguém o move!”

Já não se lembravam qual era o motivo da batalha, mas os ordenanças foram buscar os papeis.
… Então, depois de conferenciarem, os dois comandantes mandaram desfazer o Quadrado e o Losango, e que todos os soldados se sentassem num grande circulo.
“Vamos resolver isto numa mesa redonda!”


Texto: in “Pão com manteiga”, 1980, by Bernardo Brito e Cunha, Carlos Cruz, Eduarda Ferreira, José Duarte, Mário Zambujal, Orlando Neves
Imagem: by me

Os treze anos



Já tenho treze anos,
que os fiz por Janeiro:
Madrinha, casai-me
com Pedro Gaiteiro.

Já sou mulherzinha,
já trago sombreiro,
já bailo ao Domingo
com as mais no terreiro.

Já não sou Anita,
como era primeiro;
sou a Senhora Ana,
que mora no outeiro.

Nos serões já canto,
nas feiras já feiro,
já não me dá beijos
qualquer passageiro.

Quando levo as patas,
e as deito ao ribeiro,
olho tudo à roda,
de cima do outeiro.

E só se não vejo
ninguém pelo arneiro,
me banho co’as patas
Ao pé do salgueiro.

Miro-me nas águas,
rostinho trigueiro,
que mata de amores
a muito vaqueiro.

Miro-me, olhos pretos
e um riso fagueiro,
que diz a cantiga
que são cativeiro.

Em tudo, madrinha,
já por derradeiro
me vejo mui outra
da que era primeiro.

O meu gibão largo,
de arminho e cordeiro,
já o dei à neta
do Brás cabaneiro,

dizendo-lhe: «Toma
gibão, domingueiro,
de ilhoses de prata,
de arminho e cordeiro.

A mim já me aperta,
e a ti te é laceiro;
tu brincas co’as outras
e eu danço em terreiro».

Já sou mulherzinha,
já trago sombreiro,
já tenho treze anos,
que os fiz por Janeiro.

Já não sou Anita,
sou a Ana do outeiro;
Madrinha, casai-me
com Pedro Gaiteiro.

Não quero o sargento,
que é muito guerreiro,
de barbas mui feras
e olhar sobranceiro.

O mineiro é velho,
não quero o mineiro:
Mais valem treze anos
que todo o dinheiro.

Tão-pouco me agrado
do pobre moleiro,
que vive na azenha
como um prisioneiro.

Marido pretendo
de humor galhofeiro,
que viva por festas,
que brilhe em terreiro.

Que em ele assomando
co’o tamborileiro,
logo se alvorote
o lugar inteiro.

Que todos acorram
por vê-lo primeiro,
e todas perguntem
se ainda é solteiro.

E eu sempre com ele,
romeira e romeiro,
vivendo de bodas,
bailando ao pandeiro.

Ai, vida de gostos!
Ai, céu verdadeiro!
Ai, Páscoa florida,
que dura ano inteiro!

Da parte, madrinha,
de Deus vos requeiro:
Casai-me hoje mesmo
com Pedro Gaiteiro.

António Feliciano Castilho

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

I ou I



Ficarei sempre sem ter a certeza se se trata de ironia ou ingenuidade.


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domingo, 21 de agosto de 2011

Grito



Um nico de luz!
Um nico de luz!
O meu reino por um nico de luz

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Intimidades


By me

Raisparta a competitividade



Porque é domingo e dia santo, porque Portugal perdeu o jogo, porque o papa está aqui ao lado, porque o pessimismo não pode ser exacerbado, e blá-blá blá-blá blá-blá, hoje não mostro nenhuma imagem desta série.

Escalas



Quanto pesa a sua consciência?
Isto foi o que concluí a meu respeito.
Mas não só não acredito nesta balança como sei que fiz batota.

Texto e imagem: by me

Fast-knowledge



Chamem-me tudo o que quiserem e mais um par de botas! Até me podem chamar de bota-de-elástico! Mas eu juro que há coisas que me fazem sair do sério!
É que não entendo, melhor, desagrada-me profundamente, constatar que há quem saia de cursos relacionados com a captação de imagem, cursos profissionais ou cursos superiores, sem saberem em detalhe como funciona um diafragma ou qual a relação matemática entre os números que o compõem.
Caramba! Não estamos a falar de “amadores”, de pessoas que vão tratando o fazer de imagem como um passatempo de que gostam muito e que levam muito a sério. Estamos a falar de gente que irá fazer disso a sua profissão, que lidarão com o fenómeno da luz e seu tratamento diariamente.
E tenho para mim que saber que I=1/D² (variação da intensidade da luz com a distância) e que A=∏R² donde 2A=∏(√2R)² (área do circulo e sua variação) é entender parte do comportamento da luz e como os mecanismos que usamos para a controlar funcionam.
Obviamente que não conheço ninguém ligado a esta actividade que tenha estas fórmulas sempre presentes ou que se ponha a fazer este tipo de contas cada vez que reposiciona uma fonte de luz ou altera a abertura de diafragma com que está a trabalhar.
Mas saber que elas existem, ser capaz de, em parando para pensar, chegar a elas para resolver uma situação mais elaborada, será vital ao conhecimento de um sério profissional da captação de imagem.
E não entendo como pode uma escola, de nível profissional ou superior, considerar apto alguém que não o saiba.
Melhor dizendo, entendo! São locais de aprendizagem “de carregar pela boca”, em que importa bem mais ter as turmas completas para que a facturação com as propinas resulte nos valores de lucro desejados pelos seus proprietários. E que as taxas de aprovação sejam suficientemente altas para agradar aos candidatos, sem passar pela maldita matemática. Será o hamburguer do conhecimento ou, se preferirem, o fast-knowledge.
Mas ainda ninguém me convenceu que esta frase está errada: “Se eu souber porquê, saberei como!”

Texto e imagem: by me

sábado, 20 de agosto de 2011

O Zippo



Vi-os desembarcar do comboio que parou do lado de lá, vindo de Lisboa. Eu estava do lado de cá, esperando um comboio que me levaria para Lisboa.
Saltaram para a linha que nos separava, com o objectivo nada discreto de tornarem a saltar para a linha seguinte e, continuando na mesma trajectória, saltarem a vedação. Mais um par que se atrevera a viajar sem pagar bilhete e que, desta forma, evitavam as cancelas automáticas que os controla e obliteram.
Quando subiram para a minha plataforma um deles embicou para o meu lado, seguido do outro. Ambos na casa dos vintes e muito poucos, o da frente tinha um ar muito sujo, segurando um saco de plástico e um pacote de sumo, a meias com um casaco leve. O outro, bem mais alto, tinha um aspecto mais normal, transportando nas costas uma volumosa e aparentemente pesada mochila. A displicência do primeiro contrastava com o ar mais tímido mas sorridente do segundo, que ia imitando o companheiro nos gestos e locais de salto.
O da frente interpela-me, segurando um meio cigarro nas mãos pretas de sujo, pedindo-me lume.
Tivesse eu dúvidas sobre o que estava a acontecer ali à minha frente, dissipar-se-iam ao ouvi-lo. O vocabulário correcto mas com um mais que acentuado sotaque romeno contavam-me a estória: este resideria por cá há já algum tempo, vivendo de expedientes como é comum a alguns (não todos) os oriundos da Roménia, e teria ido buscar o seu compatriota recém chegado às camionetas que desembarcam gente com essa origem ali para os lados da gare do Oriente.
Da legalidade da presença de ambos por estes lados da Europa não tive muitas dúvidas – nenhuma. Da simpatia também não – sempre simpáticos, todos aqueles com quem contactei, fosse qual fosse o seu nível económico.
Pois dei-lhe o lume pedido, acendendo com o meu isqueiro o meio cigarro, obtido sabe-se lá onde.
Cigarro aceso, uma palavra de agradecimento pronunciada e um sorriso estampado na cara. Não pela passa que deu, mas pelo que a havia permitido: o isqueiro.
Sorrindo ainda mais, e apontando com os dois dedos que seguravam o que ainda havia para fumar, exclama:
“Aha! Um Zippo!”
E continuando a sorrir, suponho que de satisfação de ter tido tão perto de si algo que, eventualmente, gostaria de ter para si, afastou-se, seguido do companheiro, que sorriu também para mim e ficou a observar as manobras de saltar a vedação.
Na verdade, é tão fácil satisfazer alguém que se encontra mesmo lá em baixo, no quase fundo da escala social.

Texto e imagem: by me

Logo de manhã



Um tipo acorda de manhã.
A sensação que tem na pele é confirmada pelo termómetro: está quente, a rondar uns 27 graus dentro de casa. E são apenas 7 da manhã.
Olha pela janela e o que vê confirma as previsões da meteorologia: o céu bem encoberto, nem uma brisa anima as folhas das árvores, o chão húmido, mostrando onde estiveram carros estacionados. Sente-se a borrasca que se aproxima.
Dá uma olhada rápida nos jornais on-line e constata que a “Silly season” ainda não terminou: é assustadora a quantidade de notícias que são desmentidos, que “informam” que Fulano ou tal organização governamental “não” vão fazer isto ou aquilo. As mais das vezes, são prenúncios de que aquilo irá de facto acontecer, ou semelhante, e que estas “notícias” não passam de “encomendas”, um “atirar o barro à parede”, testando as reacções populares ou dos adversários políticos.

Um tipo acorda de manhã e quase logo constata que é um péssimo dia para regressar ao trabalho!

Pequenos truques



Fim de férias.
Duas exposições de fotografia vistas ao cair da tarde e, depois de jantar, uma noite de cinema ao ar livre na baixa.
Um desafio fotográfico pelo caminho: como registar aquilo? O público está na escuridão quase completa, os níveis de luz da tela não se equilibram com os prédios… Nada como recorrer a alguns truques de algibeira, melhor dizendo, de mochila.
Flash na câmara (não gosto muito desta luz, mas é a possível), com o seu feixe de luz o mais concentrado possível. A sua cabeça apontada uns 30º para cima, por forma a que não ilumine em demasia o que está por perto, mas faça chegar alguma luz lá ao fundo.
A objectiva não é particularmente luminosa (uns meros f/3,5), pelo que há que subir a sensibilidade de modo a que a tela tenha níveis aceitáveis. E ficamos com quase meio segundo de exposição. Vai ficar tremida! Não vai não, que da mochila sai a velhinha corrente de autoclismo a fazer de tripé ao contrário (http://spotmeter98.blogspot.com/2010/02/wc-chain.html ).
E foi o melhor que consegui fazer! Entre a banda de metais que actuou junto à tela e a projecção do filme que se lhe seguiu.
E agora digam lá se não fui um herói: ainda consegui aguentar pouco mais de uma hora, de pé, a assistir a um filme sueco (legendado), meio humorístico, meio dramático, e que se inspirou no ritmo de montagem de Manoel de Oliveira. Bom de ver, mas não de pé!

Sugestões para o fim de Agosto:
Aqui a programação - http://www.egeac.pt/
Aqui uma das exposições, que recomendo vivamente - http://pickpocketgallery.com/pt/


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Raisparta a competitividade


Ex-Loja de brinquedos


Ex-Loja de modas e confecções


Ex-Mini mercado

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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Um olhar - Sara



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Automatismos? Não, obrigado!



Tive um Tio.
Era eu pequenote quando morreu.
Mas recordo de ele possuir uma agenda de secretária, grande, muito grande para os meus olhos de então, onde ele tinha anotado tudo quanto considerava de importante. E todos os anos lá copiava ele da velha para a nova.
Pois todos os dias, antes de sair de casa pela manhã, consultava ele a sua agenda e dirigia-se à estação de correios ao fundo da rua. Daí, enviava um telegrama de parabéns a quem quer que nesse dia fizesse anos. Mesmo que o ou a não visse há muito.
Um acto deliberado, consciente, trabalhoso e oneroso.
Hoje temos os “Outlooks”, os “E-Mails”, os “FaceBooks” que nos recordam, queiramos ou não, dos aniversários de quem lá conste. E usando da mesma tecnologia de informação e a custo zero, lá gastamos uns 10 a 15 segundos a mandar os tais “parabéns” descaracterizados, frios, impessoais, electrónicos.
Sendo que acho que não deverá ser uma máquina ou um calendário que deva dizer quando me devo divertir ou cumprimentar quem quer que seja, ignoro esses avisos automáticos.
Quanto ao resto, nada melhor que uma festa de desaniversário, para citar Lewis Caroll. Que, por sinal, até foi também um dos grandes fotógrafos do seu tempo.

Texto e imagem: by me