terça-feira, 30 de novembro de 2010

Ferramentas do futuro



Estávamos em 1975.
Era Páscoa e pouco faltava para se comemorar um ano de revolução.
Os ânimos andavam exaltados mas eufóricos, com algumas (muitas) limitações de bens (vi fazer pão no forno do então 5º andar em que morávamos), mas cada passo que se dava era mais um tijolo que se colocava no edifico do futuro que então construíamos.
Os meus 16 anos faziam-me andar no então chamado 6º ano do liceu, numa vivência lectiva em que poucos se entendiam: os programas eram estranhos a muitos dos professores, a novel vivência rapazes/raparigas era um “desassossego” e o permitido e proibido estavam numa “terra de ninguém” não patrulhada mas muito requisitada.
No final do segundo período as carteiras, mesas e cadeiras escasseavam. Há várias teorias que explicam a destruição do mobiliário escolar, mas nenhuma delas fala em vandalismo ou malvadez: apenas descontrolo juvenil.
Seja como for, a verdade é que tínhamos que partilhar as cadeiras com mais que um rabo e, por vezes, nem assim chegava.
As férias pascais foram passadas no longo, sombrio e frio sótão do Liceu Rainha D. Leonor, em Lisboa.
Armados e equipados com martelos, serras, chaves várias, alicates e, principalmente, muita vontade de fazer, endireitámos, cortamos, pregámos, recuperámos boa parte do material que ali estava acumulado sem préstimo. Enquadrados por um dos contínuos do liceu, criámos felizes e aquosas bolhas nas mãos daquele trabalho árduo e novo para todos nós. Sem distinção de idades ou sexo. O trabalho e a vontade tudo nivelou naquelas duas semanas.
O melhor de todo este trabalho foi a não existência de citações ou medalhas. Todo este trabalho e canseira aconteceu no anonimato e, estou em crer que se antecipássemos algum destaque individual, teríamos protestado com o mesmo vigor com que pregávamos pregos nas rijíssimas tábuas das carteiras.
O pior de todo este trabalho foi a não existência de ferramentas eléctricas que nos permitisse ir mais longe na madeira e menos fundo nas palmas das mãos.
Nenhum de nós sabia o que o futuro nos reservava, mas haveria de sair das nossas mãos!


Texto e imagem: by me

Uma rua



O que tem de especial esta fotografia? Aparentemente nada!
Uma rua sossegada, num bairro popular de Lisboa, num dia de chuva, com alguém que caminha, um carro no passeio, uma luz sem… Espera lá!!!!!!
Um carro no passeio?!!!!! É isso: um carro no passeio! Só um carro no passeio!
Conheço esta rua, José Duro de seu nome, há umas dezenas de anos. E não me recordo de alguma vez a ter visto com os passeios quase completamente desobstruídos, livres para que os peões neles possam caminhar sem entraves. É que nem no meu tempo de escola, e estudei por perto, mesmo lá no finzinho dela, aqui se conseguia andar.
Fica o satisfatório registo da ocorrência e a esperança, meio utópica, de um dia ver este e todos os outros passeios assim, desempoeirados de viaturas, com espaço para andar, brincar, sonhar, ou apenas estar e usufruir do que é nosso: o passeio!

Texto e imagem: by me

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O outro lado



Gostar eu tanto de situações de contra-luz terá alguma coisa a ver com a forma como vejo a sociedade actual?
O contra-luz, em particular na natureza, de que tanto gosto permite ver a translucidez de folhas e pétalas, mostrando texturas e nervuras, indo um bom pedaço para além do olhar a superfície que nos é exposta.
Uma coisa tenho eu por dogma: aquilo que vejo, de bonito ou não, num baldio, num bosque ou mesmo num jardim urbano, tenho-o por sagrado! Jamais me passará pela cabeça colher uma folha, flor ou insecto para o colocar de modo a poder fotografá-la. Para além de provocar uma morte desnecessária, fútil mesmo, apenas para meu prazer fotográfico, privaria com isso que outros também se deliciassem com o que nos é mostrado.
Assim, ou bem que aproveito a luz existente ou, fazendo-me de deus Apolo, re-invento a luz, evidenciando pormenores, escondendo fundos.
O preço da blasfémia? O volume e peso da minha mochila. O prémio? Coisas como esta.
E, de quando em vez, fazendo a tal excepção que confirma a regra, também fotografo na vertical.

Texto e imagem: by me
(Propositadamente, este texto foi escrito à revelia do novo acordo ortográfico)

domingo, 28 de novembro de 2010

Em resposta



Dizem os antigos, já não sei de onde mas com imensa sabedoria, que um homem só se completa quando educa um filho, planta uma árvore e escreve um livro.
Sobre os dois primeiros itens não me vou pronunciar, pelo menos por agora. Mas sobre o livro, e considerando o que de muito tenho ouvido a esse respeito, algo tenho a dizer.

Tal como o filho e a árvore, também o livro é uma questão de deixar algo aos vindouros. E se o filho será manutenção da espécie, quiçá a continuação de nós mesmos, se a árvore será o repor daquilo que usufruímos da natureza (e que tão mal temos tratado), o livro será o deixarmos aquilo que aprendemos enquanto por cá andámos.
Mas se formos ver aquilo que se encontra na maioria das prateleiras das livrarias e bibliotecas, o mais lá vemos é “porcaria”, sem ofensa alguma aos seus autores. Ainda que cada um seja o fruto laborioso de quem o escreveu, a verdade é que, na sua grande maioria, pouco aprendemos com eles. Poucas coisas novas vamos neles encontrar, sejam eles de ficção ou não. As diferentes formas de ver o mundo de cada um desses autores são, em geral, o somatório daquilo que eles mesmos foram beber noutros autores, com uns pozinhos, poucos, de originalidade na forma ou no conteúdo.
Exceptue-se, obviamente, os grandes, os grandes com “G” maiúsculo, aqueles que souberam encontrar dentro de si um caminho único, de ideias ou modo de as expressar, que fizeram a diferença no seu tempo e nos que se lhe seguiram.
Por mim, e ainda que produza ideias (por palavras e imagens), fico bem aquém daquele limiar de fazer ou não diferença. Tenho algumas ideias, resultado do que fui bebendo, vivendo e cogitando, mas estão tão desgarradas, tão pouco sólidas que, em passando à estampa, mais não seriam que apenas mais um, no meio dos tais tantos meramente sofríveis, se tanto.
A responsabilidade de fazer (ou publicar) um livro é de tal forma grande que, para me ficar na mediocridade, prefiro manter o meu gozo muito íntimo de ir rabiscando com a caneta ou a luz à medida do que me vai apetecendo, somando com cada um desses pedaços as peças do puzzle que sou e do que tenho, eventualmente, para contar.
Talvez que um dia, quando ele, o puzzle, fizer pleno sentido cá dentro, quando entender que tenho algo de coerente e de útil, quando entender que tenho algo de realmente novo a dar aos demais, então talvez aí pondere a questão.
Até lá, mais não sou que um rabiscador que, com a sua verborreia de letras e luz, por aqui vai deixando umas coisas sem grande nexo.

Texto e imagem: by me

Irresistível



Quando puseram na mesa aquilo que sujou este prato, disseram-me o trivial: “Bom apetite!”
Não resisti: com um ar sério, meio triste mesmo, ripostei:
“Não diga semelhante coisa, por favor!”
Claro que o ar de espanto da mocinha foi o previsto. E completei:
“Sabe o que significa apetite?”
“Claro: vontade de comer.”
“Pois! Ora se eu não tivesse “vontade de comer”, não teria entrado aqui, neste restaurante. Não acha? Então, no lugar disso, diga antes, se tiver que dizer alguma coisa: “Bom proveito!” ou “Que lhe saiba bem!”, ou qualquer coisa do género. Agora “Bom apetite”!…

Texto e imagem: By me

O dia hoje começou assim!



By me

sábado, 27 de novembro de 2010

Uma ponte



... para lá

By me

Flores de Outono



By me

O primeiro



Já tinha visto um, este ano, mas foi em andamento, pela janela do comboio. Não o pude fotografar.
Mas este foi o primeiro que vi no meu bairro, para ser mais concreto, na minha rua, mesmo por cima do café onde costumo tomar o café que me põe de bem com a vida.
Espero bem que a moda este ano não pegue, para tranquilidade de quem circula nas ruas e desespero das lojas do chinês, que os venderam nos últimos anos que nem pãezinhos.

By me

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Um olhar - Santinho



Ao que julgo saber, os antigos acreditavam que quando alguém espirrava a sua alma se abria e que poderia entrar um santo ou um diabo.
Perante esta crença, faziam votos que se tratasse de um santo, pelo que terá ficado a tradição de exclamar “Santinho” quando alguém espirra.
É o que mais tenho ouvido hoje!

Me by me

Parábolas



A expressão é de um casal amigo com quem me encontrei uma ocasião.
Referindo-se à situação nos seus empregos, contaram:

“Lembras-te daquele filme do Indiana Jones, em que ele é atirado para um buraco cheio de cobras? Se ele se movimentar rápido, elas atacam, se ficar parado, elas atacam?”

Caramba, como esta parábola me é familiar!


Imagem: Frame do filme em questão

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Eu sabia!



Eu sabia que se ali fosse haveria de encontrar o último destes gestos que por cá se vai fazendo nos tempos que correm.
Claro que está à porta de um restaurante faz já muito tempo e, pelo aspecto, não sei por quanto mais.
Creio que em breve passará a estar em sintonia com quem lá trabalha, entra ou apenas passa à porta, e o veremos de pernas para o ar!
Sinais dos tempos…!


By me

!!!!

Os cidadãos têm que ser respeitados pelas suas decisões e opções na vida, privada e em sociedade. Mas nada me obriga, nem legal nem eticamente, a simpatizar ou gostar de todos eles e das suas atitudes!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Amarelo



Eis como poderia apresentar-se um quadro de resumo das diferentes funções e significados da cor amarela na cultura ocidental, tal como são invocados nas entradas deste dicionário.

1) Cor da luz e do calor;
A mais luminosa das cores; pinta-se de amarelo aquilo que tem que se ver bem (bola de ténis);
Nos seus desenhos, as crianças pintam a luz sempre de amarelo (portas ou janelas iluminadas);
Cor do sol, das férias, ligadas aos tempos livres. Contrário do cinzento, da vida quotidiana (cf. Publicidade).

2) Cor da prosperidade e da riqueza:
Antigamente, as espigas de trigo, os cereais, símbolos da riqueza;
O ouro, os tesouros, as moedas. Assimilação amarelo/ouro;
Cor dos ricos e dos poderosos (cor do imperador na China);
Camisola amarela no primeiro classificado na Volta à França (Na origem deste amarelo está a do jornal L’Auto, que organiza a competição).

3) Cor da alegria, da energia:
Gosto das crianças pela cor amarela;
Medicamentos tónicos, fortificantes: de cor amarela ou alaranjada.

4) Cor da doença e da loucura:
Cor da bílis das doenças do coração, da acidez (amarelo/esverdeado);
Cor do enxofre (má reputação);
Cor da loucura (associada ao verde), pelo menos a partir do séc. XIII; cor da extravagancia e do disfarce.

5) Cor da mentira e da traição:
Cor de Judas e da Sinagoga (Idade Média);
Cor imposta aos Judeus (estrela amarela), aos excluídos e aos reprovados;
Cor dos traidores, dos cavaleiros desleais, dos falsos moedeiros (no séc. XVI as suas casas eram pintadas de amarelo);
Cor dos fura-greves, dos trabalhadores que atraiçoam em favor do patronato;
Cor dos maridos enganados (já atestada no séc. XVII.

6) Cor do declínio, da melancolia, do Outono:
Tudo o que é “amarelecido”.


In: “Dicionário das cores do nosso tempo”, por Michel Pastoureau, 1992, Editorial Estampa, Lisboa, 1997

Eu também











No meu bairro, 24 de Novembro, 2010

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Dois jornais



Ora bem! Nada como rigor de informação!
Dois jornais diários apresentam, no mesmo dia, valores bem diferentes para a mesma situação. Se se fizer bem as contas, um deles resulta em mais 25% que o outro.
Não quero pôr aqui em causa se o inverso acontecer para breve (ser Portugal a pedir ajuda), se a Irlanda terá algo para pagar e, se o tiver, será na mesma proporção de esforço por cidadão. Que nestas coisas de ajudar, cada um dá o que pode e a mais não é obrigado!
Mas ao menos os jornais, da tal classe profissional que se intitula de “fazedora de opiniões”, que faz o papel de quarto poder, não eleito e não representativo dos cidadãos, que faz depender o que relata e como o relata das tiragens e audiências, ao menos esses “profissionais” poderiam ser coerentes e não procurar aumentar as tiragens com manchetes incorrectas ou ajustadas.
Felizmente que não sei o que outros jornais terão dito sobre a mesma matéria e números.
Que pena que as castanhas assadas já não serem vendidas em cartuchos improvisados com folhas de jornal. Pelo menos teriam uma real utilidade!

Texto e imagem: by me

Sobre "Um olhar"



Recebo a seguinte mensagem electrónica, enviada pelo Facebook:

“Fulano” pediu para identificar uma das tuas fotos. Como autor da foto, precisas de aprovar este pedido.
Para aprovares este pedido, segue esta ligação:

A minha resposta, enviada directamente para Fulano foi:

Olá companheiro!
Sabes que eu e os códigos de conduta ou de ética, na fotografia em particular e imagem no geral, sou razoavelmente rigoroso. Não porque mo imponham, mas antes porque entendo que a imagem de cada um a ele pertence e só se poderá dela fazer uso com seu conhecimento e consentimento. Exijo-o a meu respeito, cumpro-o no que aos outros respeita.
Entendo que a posse de um equipamento de registo de imagem, ao serviço ou não de uma empresa de comunicação, não dá o direito de fazer as imagens que se querem e delas o uso que se entende, ao arrepio da vontade do registado.
Por isso mesmo, tenho que recusar o teu pedido de identificação de uma fotografia. Se fosse a própria a pedir-mo, claro que acto continuo diria que sim. Mas sendo uma terceira pessoa, e sem que ela disso o saiba, lamento mas seria trair a confiança que sobre mim foi depositada quando me deixou fazer a imagem.
Lamento dar-te uma “nega”, mas nestas coisas faço questão de seguir os princípios que defendo para mim mesmo: respeito!
Diverte-te e aproveita bem a luz
JC Duarte

Fulano, que até conheço e por quem nutro respeito profissional e simpatia pessoal, respondeu-me:

Li e respeito...apenas segui o instinto, pois é hábito de utilizadores do FB fazerem-no...mas respeito a ideia...as minhas sinceras desculpas...
boas pics


Espero que um destes dias, em me cruzando com Fulano, haja tempo para trocarmos umas ideias mais aprofundadas sobre o tema.
E não estavam à espera que aqui exibisse a fotografia em causa, pois não?


By me

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Da minha janela



Isto é o que se vê da minha janela.
E que eu seja ceguinho do olho que ainda vê, se eu alguma vez trocar o prazer de acordar e avaliar a meteorologia pelo seu abanar, ou a sua sombra no regresso de compras, ou apenas o indo constatando o seu crescimento, por tê-la, ou a um pedaço seu cortado, aqui em casa, com enfeites de gosto duvidoso, por uns dias, e dizer que tive uma árvore de natal neste Dezembro!
Estas, como estão, sim! São as minhas Árvores de Natal, e de todo o resto do ano!

By me

domingo, 21 de novembro de 2010

sábado, 20 de novembro de 2010

A lente que me falta



Então e… valeu a pena baldares-te mais cedo? Gostaste da exposição? – Perguntaram-me.

Olha, sabes, nem sei bem! Para já, demasiada “vernissage” para o meu gosto: gente aos montes num belo de um estúdio, que mais parecia ali estar para conviver que para ver e desfrutar das fotografias ali expostas. Mas é o que acontece com todas as exposições no dia em que são patentes ao público. Problema meu.
Quanto às fotografias, começou por ser uma surpresa a forma como estavam, aparentemente, espalhadas pela parede. Apenas coladas na parede branca, sem que alguma tivesse moldura. Provavelmente, pensei então, toda a parede é a moldura, rasgada aqui a e ali para nos deixar ver o que está por sob o passe partout. E, sendo que estas coisas não acontecem por acaso (e mesmo o acaso não acontece por sua causa), alguma ordem teria que ali haver. Uma linha de leitura, uma coesão entre elas, senão entre todas, pelo menos entre cada uma e a antecedente e a que se lhe sucedia.
Foi aqui que gastei boa parte do meu tempo: tentando encontrar essa coerência, uma linha me guiasse a algo. E, tenho que admitir, não a encontrei no seu todo. Fragmentado ainda soube ver alguns sub-grupos, mas não no todo.
Quanto às imagens de per si, algumas (não muitas, mas algumas) conseguiram prender-me a atenção. Recordo uma mocinha a fotografar em cima de um banco de pedra, um fragmento de mão com um grande anel e unhas pintadas, um pássaro morto e esparramado sobre um fundo colorido, uma figura andrógina repetida…
Mas o que me custou foi não ter conseguido gostar de nenhuma em particular nem pela luz, nem pela composição, nem pela impressão. Sob estes pontos de vista, diria eu, que o conjunto me pareceu ser tão amorfo que não me mereceria uma segunda olhada, não fora estarem inseridas naquele trabalho em particular.
Agora se gostei do que vi? Não sei! Nos tempos que correm, novas linhas de fazer e ver fotografia se vão criando. A experiência é a mãe do sucesso e, ao experimentar-se, novas coisas vão surgindo. Talvez que o defeito seja meu, gostando como gosto de alguns dos clássicos, formatado que estou na obrigatoriedade profissional de comunicar com imagens. Gosto de ver as paletes de luz e cor, mesmo que em monocromático, razoavelmente definidas, com contraste, mesmo que usando só três faixas do Zone Sistem, gosto de sentir o equilíbrio, mesmo quando desequilibrado, gosto de olhar para uma imagem e sentir qualquer coisa. Não foi o que ali aconteceu.
Mas talvez que o defeito seja meu e tenha perdido, algures na minha viagem p’lo tempo, uma lente e não saiba ou não consiga ver o que de novo se vai criando.

E voltarias a outra semelhante?

Claro que sim! Quanto mais não seja, para aprender a ver e gostar do que se vai produzindo de novo, por cá e não só!



Texto e imagem: by me
(Propositadamente, este texto foi escrito à revelia do novo acordo ortográfico)

Pagos para que se não corrompam



Leio no Diário de Notícias, na sua versão on-line, o que a seguir transcrevo e que o Público também aborda, nos seus pontos essenciais:

“Órgão da União Europeia recomenda aos Estados que não baixem salários dos magistrados judiciais como quer o Governo.
O Conselho da Europa aprovou quinta-feira uma recomendação aos estados membros para estes não alterarem os vencimentos dos magistrados judiciais, salientando a necessidade de ser salvaguardado que não haja "uma redução da remuneração, visando especificamente os juízes". Perante esta decisão, António Martins, presidente da Associação Sindical dos Juízes (ASJP), disse ao DN estar preocupado com "o distanciamento de Portugal em relação aos estados mais evoluídos da Europa".
Recorde-se que na proposta de Orçamento do Estado, o Governo, além de um corte nos salários, propôs ainda uma tributação de 20% no subsídio de renda a que os magistrados portugueses (judiciais e do Ministério Público) têm direito. Porém, o Conselho da Europa recomenda alguma cautela quando se mexe nos ordenados dos magistrados: "A remuneração dos juízes deve ser compatível com a sua função e as suas responsabilidades, e ser de nível suficiente para os colocar ao abrigo de toda a pressão, visando influenciar as suas decisões", diz a recomendação
"A manutenção de um vencimento razoável deve ser garantido em caso de doença ou de férias de maternidade ou de paternidade, assim como a atribuição de uma pensão de reforma, cujo nível deve ser razoável em relação com o da remuneração dos juízes no activo", acrescenta o documento que foi aprovado na quinta-feira.”

Do que li, posso deduzir que a classe de juízes é uma classe de excepção, uma elite, e que não pode ser submetida aos mesmos tratos de polé que os restantes funcionários públicos e cidadãos em geral.
Fico também o que é o conceito de “razoável”, considerando as disparidades de vencimentos entre os que exercem este ofício, digno sem dúvida, e uma grande maioria dos cidadãos deste país.
Mas também interpreto que a isenção dos juízes no exercício das suas funções depende em grande medida do que auferem como vencimento, complementos e subsídios. O que me conduz a uma de três conclusões possíveis:
A) A irrepreensibilidade de quem julga em função das leis vigentes está ao serviço de quem lhe paga valores mais altos ou tentadores;
B) Não é condição de base para o exercício da profissão de juiz o ser-se honesto, já que há que pagar-lhe para que o seja;
C) Aqueles que auferem, entre salário, complementos e subsídios, valores abaixo do recebido pela classe de juízes – e muito e muitos e muitos são os que vivem com muito menos que um juiz, mesmo em inicio de carreira – são pessoas passíveis de serem corrompidas, cujo grau de honestidade depende apenas do valor que lhes é proposto.

Como dizia o outro:
“Todo o homem tem o seu preço: quaisquer cinquenta milhões de euros, à vista, me compram!”


Texto e imagem: by me
(Propositadamente, este texto foi escrito à revelia do novo acordo ortográfico)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A mota



Com a desculpa que são doces, as coisas que se vendem num café, atraindo inexoravelmente a atenção dos pimpolhos e criando o desespero nos pais mais maleáveis.

Meus Deuses



A acreditar nos jornalistas, está aí a “besta”. Pior ainda, atrás desta vem outra.
Que os residentes do Olimpo, do Asgard e de outros locais sagrados nos protejam!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Uma questão de pontos de vista



Cá em casa chamo a isto “Estar meio vazia”.
Mas aceito que outras pessoas que por cá passem tenham uma opinião contrária.


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Abertura quê????



Sempre gostava de saber quem foi que inventou a expressão “Abertura Fácil” para estes pacotes de leite.
Porque se isto é abertura fácil, nem quero saber como eram as de abertura não fácil. Talvez com abre-latas, não?

By me

Afinal mandar "prò c..." é apenas virilidade verbal



Ministério Público quis levar a julgamento cabo da GNR que usou expressão junto de superior, mas Relação de Lisboa ilibou-o.
Quando um cabo da GNR, irritado com o facto de não ter conseguido uma troca na escala de serviço, se dirige ao seu superior, dizendo "não dá pra trocar, então prò c...", está a cometer um crime de insubordinação ou apenas a desabafar? Este debate percorreu o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa e o Tribunal de Instrução Criminal, chegando, a 28 de Outubro deste ano, ao Tribunal da Relação de Lisboa, que encerrou o caso: o cabo não deve ser julgado, porque a expressão utilizada é um "um sinal de mera virilidade verbal".
Foi no dia 4 de Agosto de 2009 que, no gabinete do sargento da GNR que liderava um subdestacamento, o cabo solicitou uma troca de serviço com outro militar. Perante a recusa do seu superior hierárquico, tal como vem descrito no acórdão do Tribunal da Relação, o militar disse: "Não dá para trocar, então pró c..." E de seguida: "Se participar de mim, depois logo falamos como homens."
A situação em causa evoluiu para uma acusação pelo crime de insubordinação. Segundo uma procuradora do DIAP, "a palavra 'c...', proferida pelo arguido, na presença do seu superior hierárquico, de forma alguma, poderia constituir um mero desabafo, antes, indignado, pelo facto de o seu superior não permitir a troca de serviço, visou o arguido atingi-lo na sua honra e consideração".
"Então existe outro significado para a palavra, 'c...' em causa, dita naquele contexto, que não seja injurioso, ofensivo, de afronta, em relação à pessoa a quem é dirigida?", questiona a mesma magistrada.
Os juízes desembargadores Calheiros da Gama e o juiz militar major-general Norberto Bernardes tiveram entendimento diferente, mantendo a decisão do juiz de instrução que decidiu não levar o arguido a julgamento.
E para fundamentar tal decisão, os desembargadores fazem uma extensa análise da expressão "prò c..." que, no fundo, era o que estava em causa no autos. Concluíram que há contextos em que a utilização da expressão não é ofensiva, mas sim um modo de verbalizar estados de alma. Um pouco de história: "Para uns a palavra 'c...' vem do latim caraculu que significava pequena estaca, enquanto que, para outros, este termo surge utilizado pelos portugueses nos tempos das grandes navegações para, nas artes de marinhagem, designar o topo do mastro principal das naus, ou seja, um pau grande. Certo é que, independentemente da etimologia da palavra, o povo começou a associar a palavra ao órgão sexual masculino, o pénis."
Porém, continuam os juízes, "é público e notório, pois tal resulta da experiência comum, que 'c...' é palavra usada por alguns (muitos) para expressar, definir, explicar ou enfatizar toda uma gama de sentimentos humanos e diversos estados de ânimo. Por exemplo 'prò c...' é usado para representar algo excessivo. Seja grande ou pequeno de mais. Serve para referenciar realidades numéricas indefinidas ('chove pra c...'; 'o Cristiano Ronaldo joga pra c...'; 'moras longe pra c...'; 'o ácaro é um animal pequeno pra c...'; 'esse filme é velho pra c...')".
Mas há mais jurisprudência sobre a matéria: "Para alguns, tal como no Norte de Portugal com a expressão popular de espanto, impaciência ou irritação 'carago', não há nada a que não se possa juntar um 'c...', funcionando este como verdadeira muleta oratória."
Tendo presente tais considerações, mais o facto de se ter dado como assente que o cabo e o sargento - apesar da distância hierárquica - manterem uma relação de proximidade, sem muitas regras formais, a Relação de Lisboa decidiu não levar o militar a julgamento pelo crime de insubordinação.

Texto e imagem: in Diário de Notícias

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Fechado



E pronto! Quando as coisas que acontecem são fora do comum, mas sem grandes dramas, há que os criar. Os jornais não saem, as audiências não aumentam, o protagonismo não se obtém.
Está aí a cimeira da NATO. Em boa verdade, é a cimeira da OTAN, já que o seu nome, em Português, é Organização do Tratado do Atlântico Norte. A sigla NATO é a sua versão Inglesa.
Mas, neste caso, nem é a sigla ou o seu significado que interessa. O que aqui é importante é que em se juntando tanta gente “grande” quantas delas com grandes pesos na consciência (pessoal ou nacional) a questão da segurança vem à tona. E há que garantir não apenas a segurança de cada um dos participantes como também que possam reunir com a tranquilidade possível para fazerem o que querem fazer. Pelo menos é a decisão institucional sobre a questão.
Daí que ruas cortadas, acessos condicionados, alterações no uso do espaço aéreo, toda a polícia de prevenção… Tudo por conta das manifestações (autorizadas ou não) contra a dita cimeira e os seus participantes.
E os jornalistas, há falta de melhor já que pouco sabem sobre o que os presentes irão dizer ou pensar, debruçam-se sobre a questão da segurança.
Durante todo o santo dia ouvi dizer que as fronteiras portuguesas foram reinstaladas e que quem quer que as atravesse vindo do exterior terá que ser identificado. E, em caso de suspeição ou irregularidade, serão detidos para averiguações.
Mas que tamanho disparate andam os escribas e arautos da desgraça a badalar aos quatro ventos!
As fronteiras do País nunca foram extintas! Existem, bem delineadas, tanto em terra como no mar e no ar. Aquilo que tem acontecido, e ao abrigo do Acordo de Schengen, é a ausência sistematizada do controlo de fronteiras. Aqueles que pertencem ao Espaço Schengen podem circular por todo ele sem restrições, cruzando as fronteiras dos Países membros sem a obrigação de se identificarem. Mas todos os cidadãos não pertencentes aos Países subscritores deste acordo continuam a ser identificados ao cruzarem fronteiras. E a terem visto ou autorização para tal e a serem impedidos de o fazer na sua ausência.
Aquilo que agora está instalado, por via da tal cimeira e das medidas excepcionais de segurança, é o retomar temporários do controlo sistemático de fronteiras, com a consequente identificação de todos os que a cruzam e demais diligências.
Mas, claro, dizer que foi reactivado o controlo de fronteiras é bem menos explosivo, dramático, sonante, que afirmar que as fronteiras foram reinstaladas.
Reinstalar o que nuca foi abolido não é um disparate?


Texto e imagem: by me
(Propositadamente, este texto foi escrito à revelia do novo acordo ortográfico)

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Não se espantem


Sentei-me no restaurante e logo veio a ementa. Fiz o pedido e mergulhei naquilo que ali me havia levado, para além do jantar: umas ideias que haveria de escrevinhar.
Passado um pouco, constato que na mesa contígua à minha se havia sentado uma senhora, dos seus trintas e muitos, que mirava e remirava a embalagem de uns micro-auscultadores recém comprados: estava selada, junto à mala o saco da loja onde teria sido feito o negócio e em cima da mesa aquilo que parecia ser a respectiva factura.
Não estranhei: afinal aquele era um restaurante franshisado, num centro comercial, e a pouco metros pelo corredor havia aquela loja onde de tudo se vende desde que relacionado com electrónica de consumo. E voltei aos meus próprios pensamentos e ao escrevinhar, na minha péssima caligrafia que me obrigava, por vezes ao copiar para o teclado, e reinventar as ideias.
Por qualquer motivo voltei a levantar a cabeça passado um pouco e olhar para a minha vizinha de ocasião.
Com uma pequena tesoira abria delicada e certeiramente a embalagem. E fiquei a ver, tentando adivinhar se o faria certinho ou, como eu, sem paciência e acabando por destruir o plástico quase blindado de que são feitas estas coisas. Fez o trabalho bem feito!
Mas, para espanto meu, em acabada a tarefa, fechou com a habilidade denunciadora de longa prática, a tesoira. E esta pertencia a um canivete suíço igualzinho ao meu, dos de maior tamanho. E este foi guardado num estojo quase igual ao meu, com a única diferença de não estar preso no cinto mas sim de ser remetido ao interior da bolsa da sua dona.
Surpreendido por ver um instrumento daquele nas mãos de uma senhora, fiquei eu a cogitar na quantidade de objectos que se atribui aos conteúdos das malas das senhoras, por muito delicadas que possam ser. E, confesso, não é muito saber de um canivete suíço, principalmente dos mais compridos, na bolsa delicada de uma senhora.
Mas, depois, caí em mim. Quem sou eu para comentar o que uma senhora pode ter na sua bolsa? Quando eu, no saco que regularmente transporto, e para além da parafernália habitual de um saco fotográfico, tenho um caderno, um PC portátil, molas de roupa, clips, elásticos vários, fita adesiva e isoladora preta, cotonetes, borrifador, escova de dentes e mais uma série de objectos pouco prováveis?
Úteis como? Bem, há sempre uma situação desconhecida que espera por si e, para a fotografar, haverá sempre que fixar qualquer coisa a qualquer coisa. Além do mais, os clips são também óptimos e maleáveis arames, úteis em quase tudo o que um arame o pode ser. Molas da roupa? De madeira? Além de não serem electricamente condutores, de fixarem um montão de objectos e, se desmontados, serem óptimas cunhas para, por exemplo, equilibrar uma mesa ou segurar uma porta. Além do mais, usados para segurar uma plantinha delicada, não a ferem!
Espantados com as bolsas das senhoras? Haviam de ver o meu saco!

Texto e imagem: by me
(Propositadamente, este texto foi escrito à revelia do novo acordo ortográfico)

Uma dúvida



Deitaram fora a televisão confortável ou livraram-se do conforto televisivo?

By me

Um graffity...



... no meu bairro

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Saudações



Olá! Salvé! Bom dia!
São saudações que conhecemos, umas mais corriqueiras, outras de tempos de antanho. E dizem as regras da boa educação que quem chega deve saudar os presentes.
Claro está que, em chegando a uma lugar num pesado dia de Inverno e lançar, para os que estão, um “Bom Dia!”, logo haverá quem afirme que o dia não está nada bom, que chove a cântaros ou que o nevoeiro nem deixa ver a ponta do nariz.
Para estes, que assim manifestam uma boa dose de pessimismo aliada a um realismo meteorológico irrefutável, tenho a resposta na ponta da língua:
“Não estou a afirmar que está um bom dia, que isso vê-se e sente-se de caras. Estou, antes sim, a desejar que tenha um bom dia, esteja a acontecer o que quer que seja lá fora!”
Mas outra abordagem há em torno do convencional “Bom Dia!”:
Em chegando ao balcão de uma loja e em recebendo o automático e supostamente simpático “Bom Dia!”, respondo acto continuo:
”Para si também! Tenha um Bom Dia!”
Por entre as chávenas, pires e pinças de bolos, ou o quer que daquele lado se venda, certo é que ficam desconcertados, fazendo uma pausa e, quase que invariavelmente, esboçando um sorriso, este de vontade e não fruto do profissionalismo do ofício.
Este quebrar da rotina, da monotonia do quotidiano, não o faço para ser engraçado ou cair em graça.
Sinto-me particularmente bem quando consigo provocar um sorriso genuíno, pela surpresa ou pela satisfação. É um acto decidido, pensado, provocado pelo egoísmo de me sentir bem quando os outros também os estão.
Por tudo isto, e para si que me lê, também: “Tenha um Bom Dia!”

Texto e imagem: by me
(Propositadamente este texto foi escrito à revelia do novo acordo ortográfico)

O outro lado



By me

"Penso eu de que..."



O estado é a maior empresa do país. São centenas de milhar os assalariados que prestam serviços nas diversas áreas, da saúde à justiça, da educação à segurança, da higiene à cultura.
O objectivo desta empresa é a prestação destes serviços aos seus sócios – os cidadãos – e os meios de o fazer provêem das contribuições dos mesmos.
É um sistema em circuito fechado em que, quanto mais ricos forem os sócios e maiores as contribuições, mais e melhores são os serviços prestados! E o contrário é igual e lamentavelmente verdade.
Em princípio mas não inalteravelmente! Mas isto já é outra conversa.

As contribuições dos “sócios” desta empresa fazem-se sob a forma de dinheiro, numa pequena, ou não tanto, percentagem dos seus proventos.
Este dinheiro mais não é que o símbolo do poder ou riqueza de quem o possui, representando os bens detidos ou produzidos pelo seu detentor. É uma forma de fazer equivaler uma vaca a um saco de trigo ou uma dúzia de ovos a um aconselhamento médico ou um par de sapatos a um jogo de copos.
Mas cada vez menos se produzem bens e se aumentam os serviços. Há cada vez menos pessoas a criar vacas ou fazer sapatos ou cultivar trigo. Em compensação, há cada vez mais gente a prescrever medicamentos, a fazer aconselhamento jurídico ou a gerir firmas. A quantidade de serviços prestados aumenta na mesma proporção em que diminuem as produções de bens.
Por outro lado, e para aumentar este desequilíbrio, a população está a envelhecer, o que aumenta o número de consumidores em relação aos produtores.
Consequentemente, sendo o dinheiro uma representação dos bens produzidos e possuídos, este vale cada vez menos, visto que há mais gente a usar que a fazer. E o valor dos bens aumenta em relação ao do dinheiro.

O estado, enquanto maior e principal empresário, regulador da actividade colectiva e grande exemplo para os indivíduos, é, proporcionalmente, o maior prestador de serviços e menor produtor de bens. De riqueza.
Na sua actual filosofia de uma sociedade aberta à iniciativa privada vai, regular e continuadamente, alienando os seus próprios meios de produção de bens, afastando assim a possibilidade de ele mesmo criar riqueza ou, pelo menos, ser auto-suficiente nas suas despesas obrigatórias.
Está dependente da riqueza dos cidadãos, que estão cada vez mais pobres!
O aumento da eficácia na cobrança de impostos e contribuições dos cidadãos é uma medida recomendável mas ineficaz a longo prazo (para não dizer a curto prazo!). É a manutenção de um sistema autofágico que, gradual e inevitavelmente, se deteriorará até à falência total.

A solução passa, parece-me, por o estado, enquanto maior empresário e representante da sociedade, passar a produzir bens, introduzindo-os no mercado e, com isto, não apenas aumentar a riqueza existente em circulação, como dela retirar as mais valias para a sua própria manutenção.
Os grandes empresários, nesta sociedade virada para a iniciativa privada e o lucro, diversificam os seus investimentos, da produção aos serviços. E o resultado é que se vê: sucesso! Porque não fazer o mesmo por parte do colectivo, aprendendo com quem obtém bons resultados?
E com isso manter o principal objectivo do estado enquanto organização que é, em última análise, manter em boas condições e melhorar a vida dos seus “sócios”!

Se, para tal, tiver que ser mudada a lei, tanto a avulsa como a fundamental, faça-se!
Urgentemente!
E contratem-se (ou elejam-se) bons gestores desta mega empresa!


Texto e imagem: by me
(Propositadamente este texto foi escrito à revelia do novo acordo ortográfico)

domingo, 14 de novembro de 2010

Vícios photográphicos



Por vezes comprar cigarros sai particularmente caro!
Fui ao centro comercial aqui do bairro. Já era de noite, pelo que qualquer local serviria para desentorpecer as pernas sem me preocupar com o que poderia fotografar. E sendo que as lojas que vendem a minha marca preferida estão fechados neste dia e a esta hora, aquele poderia ser um bom destino. Pensava eu!
A loja em questão deixa-me sempre confuso, já que ainda não percebi se se trata de uma tabacaria que vende bugiganga variada, se uma loja de inutilidades que, por acréscimo, tem tabaco.
Em qualquer dos casos, cheguei em hora de ponta e tive que esperar um pedaço: um casal comprava umas prendinhas inúteis para uma criancinha e, entre o escolher, o embrulhar e o pagar fiquei por ali, olhando em redor para matar o tempo. Foi o meu mal!
Caí de amores por estas bonequinhas de madeira, vendidas para colecção segundo a vendedora, e a uma preço escandaloso: oito euros e uns trocos. O meu problema foi mesmo decidir se levaria alguma, se uma só chegaria para a fotografia, e quais delas, que muitas são, jogariam entre si.
Muito naturalmente, e para além desta imagem e de uma qualquer outra que um dia me apeteça fazer, estas bonecas irão ocupar o seu lugar numa das caixas de inutilidades que por aqui tenho.
Esqueci-me de referir: Made in China, obviamente!


Texto e imagem: by me
(propositadamente, este texto foi escrito à revelia do novo acordo ortográfico)

Ódios de estimação



Ele há coisas de que não gosto!
Lavar a loiça é uma delas. Aspirar o chão é outra. Mas têm que ser feitas, que remédio!
Uma outra de que não gosto mesmo é formatar e reinstalar todo o software de um computador. Pior ainda quando se trata do meu computador, portátil ou de mesa. Para além de ter que pôr-CD-arrancar-programa-esperar-reiniciar-sistema-pôr-CD, é o deixar tudo afinadinho como quero, atalhos e acessibilidades à minha maneira. Para já não falar quando nos esquecemos deste ou aquele programa, que tanta falta nos faz mas de que só nos lembramos quando dele queremos usar.
É assim um daqueles ódios de estimação que, volta e meia, temos que enfrentar!


Texto e imagem: by me

sábado, 13 de novembro de 2010

Vocábulos



Tal como a imagem (a fotografia, o cinema, o vídeo) e a bricolage, também a leitura sempre foi para mim um vício. Leio um pouco de tudo, com temas que me atraem mais que outros, e dependendo das fases que vou atravessando na vida.
Ele é no comboio, no café, nas pausas do trabalho, na cama, na secretária… em tudo quanto é lado (mais ou menos, entenda-se).
Quando acontece ir em trabalhos para fora de Lisboa, com a pernoita incluída, é garantido: do dinheiro que recebo de ajudas de custo sai um livro, mais um livro, com um destino bem definido: para ler à noite no hotel.
Regra geral um livro de bolso, de preferência daqueles que, se o sono apertar, não ficarei triste em demasia por apagar a luz a meio. A escolha costumava ser, à época deste episódio, na área dos policiais ou de ficção científica.
Uma ocasião, numa ida para Portimão, para um festival de folclore, fui à livraria do costume. Mirei e remirei os escaparates e estantes e todos os que por lá estavam, ou já os tinha lido, ou não gostava do autor. A indecisão era muita.
Eis senão quando os meus olhos caem sobre um título. Havia anos que não lia nada deste escritor (desde o liceu provavelmente) e disse para comigo: “levo-o! O pior que pode acontecer é não ter paciência para ele e ter que o acabar em Lisboa, mais tarde!”
Erro meu! Terminei-o na mesma noite em que o comecei, já ao raiar do dia. Foi de uma assentada! Até à última letra!
Analisado o caso, mais tarde, entendi o que se passava: A maioria dos livros que ia lendo então eram traduções, nem sempre fieis e, certamente, deixando um bom bocado a desejar no que diz respeito à qualidade literária do original.
No caso vertente, e se exceptuarmos a ortografia, seria igual ao original. E de qualidade!
As expressões, as comparações e imagens, o uso dos tempos verbais, adjectivos e advérbios, a fluidez das ideias fez com que aquela estória, que até que é fraquinha, seja um bom livro de bom português!
O título em causa é “Eurico, o presbítero” de Alexandre Herculano.

De então para cá, e já lá vão uns anos valentes sobre esta história, faço questão que boa parte do que leio seja de autores portugueses. Não por uma questão de patriotismo (Credo, que horror!!!!) mas antes para poder usufruir de todo o sumo original, sem corantes nem conservantes. E, se apanho à mão algum romance ou não em Inglês, Francês ou Castelhano, chego-me a ele.
E, para além do prazer de aceder às ideias sem intermediários, tenho um outro lucro: vocabulário. Por vezes rebuscado, por vezes redundante, nem sempre o mais correcto ou fácil de aplicar, mas são mais palavras, em que somos tão ricos, que aprendo.
Talvez por isso o que por aqui não falta sejam dicionários, os clássicos ou não tanto como o do calão ou o do insulto, ou o dos gestos ou o das cores…
Um destes dias farei um dicionário das palavras de que gosto!
Entretanto, vou namorando o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, editado pela Academia de Ciências de Lisboa. O seu tamanho e preço…

E, já que estamos quase na época, será que o Pai Natal está a ler isto?


Texto e imagem: by me
(propositadamente, este texto foi escrito à revelia do novo acordo ortográfico)

Uma boa fotografia?



Um dos prazeres da fotografia é o desafio que nos levanta. Confrontados com um dado assunto ou objecto, conseguirmos usar a luz (quantidade e qualidade), materiais sensíveis, perspectiva e suporte final para reproduzirmos o que vimos ou imaginámos. A transposição da tridimensionalidade para a planura do papel ou ecrã.
Um dos temas que tenho por mais difícil de fotografar é vidros, joalharia ou cutelaria. Para além da questão do contexto em que são mostrados, o seu brilho e textura levam a que o rigor na tomada de vista seja levado muito a sério. Nunca tentei fotografar profissionalmente automóveis, mas creio que as dificuldades sejam semelhantes.
Outro tema que tenho por difícil é o bicho-homem. A sua mobilidade constante, a permanente mudança de expressão e de humor, a necessidade de transpor para a imagem a sua alma, karma ou que lhe queiram chamar, tornam este género fotográfico num dos mais difíceis e polémicos.
Acrescente-se que o retrato é a “pérola da dificuldade”, já que, e para além da crítica do fotógrafo e do público em geral, o próprio retratado é do que há de mais exigente. As questões técnicas e estéticas em geral deixam-no indiferente, mas as poses, as expressões, os olhares e sorrisos ou a postura corporal são vitais, e a culpa é sempre do fotógrafo.

Um bom exemplo desta prática e dificuldade é o meu projecto "Oldfashion". A perspectiva é escolhida por mim, considerando os elementos do fundo, a luz e a sua rotação de 90º durante o tempo que por ali estou.
Para simplificar o processo, os retratados são colocados em zona de sombra, tal como o fundo. Não apenas reduz os eventuais excessos de contraste difíceis de controlar neste método, como ainda permite que os sistemas automáticos de focagem e exposição funcionem medianamente bem.
O local onde os fotografados se colocam também é por mim escolhido. Por uma questão de composição de elementos – o corpo é vertical, o enquadramento horizontal – como também para que exista algum contraste de tons e luz entre o torso e o fundo. Nem sempre consigo que fiquem onde gostaria, já que demasiado controlo neste aspecto retira alguma espontaneidade aos fotografados. E a câmara, compromisso meu, não sai do local.
Sobre a pose, pouco ou nada intervenho. Para além de ajustar um tudo ou nada o eixo dos corpos em relação à objectiva, se for demasiado chocante o que naturalmente assumem, e de deixar cair uma laracha no momento da obturação, o resto é por conta deles.
De tudo isto resultam fotografias que técnica e esteticamente estão no limite do aceitável. Algumas abaixo, talvez. Mas a reacção dos retratados é particularmente divertida.
Ainda que a fotografia seja fracota, quase todos dizem que gostaram e que ficou boa, manifestando algum espanto que aquela caixa as possa fazer. Mesmo que as suas expressões demonstrem que não gostaram por ai além. As suas preocupações debruçam-se sobre as poses, os sorrisos, os olhares…
Uma senhora houve que, olhando para o papel que tinha na mão, comentou: “Esta sou eu, não é!” Pela conversa, prévia e posterior, entendi a sua tristeza face às agruras da sua vida. Uma outra, brasileira, e na casa dos quarenta, comentou o quanto tinha envelhecido nos últimos dois anos, tempo da sua estada por cá. A gente jovem ri-se de si mesma e procura com afinco os olhos e a expressão da boca. Num caso, cheguei mesmo a ter que ceder a minha lupa do relógio para que fossem vistos.
Mas, muito curioso, é o facto de serem os agentes das forças de segurança (PSP e GNR) os mais exigentes com o que vêem e recebem. É neste grupo, independentemente das idades e cuja maioria quer a fotografia em papel mas recusa a sua presença na internet, que se encontram a mais duras críticas. Quer seja a luz, quer seja o instante da expressão captada, quer seja a pose ou o local escolhido, quer seja por parecerem mais gordos… Nem mesmo outros fotógrafos que quiseram ser fotografados foram tão críticos. Não sei se esta atitude de rigor advirá dos seus ofícios, em que não deixam de ser o que são, estejam fardados ou à paisana.
Quanto aos demais fotografados, em regra, tomam por uma boa fotografia aquela que não o é, e que por vezes é medíocre.

O que me põe a perguntar, muito seriamente: “Afinal, o que é uma boa fotografia?”


Texto e imagem: by me

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A casca da banana


Assim que olhei para isto a primeira ideia que tive foi:
“Que sorte! Um niquinho mais longe e ficava em cima do carril. Depois, vinha o comboio, escorregava e era uma tragédia. “
Fiz a foto e fui andando pelo cais em busca de outra situação digna de registo, mas aquela não me saía da cabeça. E perguntei-me:
Afinal, já alguma vez viste alguém cair, ou mesmo só escorregar, numa casca de banana? Será que terás ouvido alguém falar sobre outro alguém a quem isso tenha acontecido?”
Em boa verdade, não! As únicas referências que tenho sobre acidentes envolvendo cascas de banana são anedotas e gags cinematográficos. Até porque nos rimos sempre que acontece um acidente a alguém, desde que razoavelmente sem consequências.
De onde vira, então, o relacionarmos a casca de banana com uma queda? Na verdade, se pensarmos bem, tentamos não pisar cascas no chão, de banana ou do que quer que seja.
Estas “sabedorias” ancestrais deixam-me sempre curioso sobre as suas origens!

Texto e imagem: by me

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Infelizmente, tal não acontecerá



Amnistia Internacional pede julgamento de Bush por ter admitido prática de tortura
Os Estados Unidos devem processar o antigo Presidente George W. Bush por ter permitido o recurso a tortura por afogamento simulado durante interrogatórios a suspeitos de terrorismo na prisão de Guantánamo, defende a organização de direitos humanos Amnistia Internacional.
Em causa está a afirmação de Bush na sua autobiografia “Decisions Points”, publicada na terça-feira, de ter autorizado o recurso à técnica de waterboarding (afogamento simulado) – prática considerada como tortura pela Amnistia, mas que Bush diz tratar-se de uma “técnica melhorada” para os interrogatórios, que “salvou vidas”.
“Segundo o direito internacional, qualquer [pessoa] que esteja envolvido em actos de tortura deve ser apresentado à justiça, e que não se exclua George W. Bush”, disse através de comunicado citado pela Reuters o director-adjunto da ONG, Cláudio Cordone.
A prática, segundo escreve o antigo Presidente republicano no livro, foi aplicada a três militantes da Al-Qaeda detidos em Guantánamo para evitar novos ataques terroristas e salvar vidas.
Entre eles encontrava-se Abu Zubaydah, membro da organização detido no Paquistão em 2002, a quem o director da CIA, George Tenet, ordenou a aplicação do afogamento simulado para tentar obter mais informações sobre o seu envolvimento numa tentativa suspeita de ataque ao aeroporto internacional de Los Angeles.
Bush sublinha na autobiografia que os conselheiros legais da Casa Branca garantiram que o afogamento simulado não estava na lei antitortura. “Há que confiar no julgamento das pessoas que estão à nossa volta”, escreve.
Actualmente, as directrizes de interrogatório estabelecidas nos Estados Unidos regem-se pelo Manual de Batalha do Exército, que exclui o waterboarding, desde a proibição decidida pelo actual Presidente norte-americano, Barack Obama pouco depois de ter assumido o cargo, em 2009.


Texto: in público.pt

!



Não serão as grades que me prenderão o pensamento, escrito ou fotografado!

By me

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

À porta da esquadra - 2ª parte



A fotografia era esta. O texto que a acompanhava era este: http://spotmeter98.blogspot.com/2010/10/porta-da-esquadra.html .
O conjunto, e para além da publicação na web, foi enviado para o comando da PSP, acrescido dos detalhes sobre data, local, matricula e a minha identificação formal.
Eis que recebo ontem a seguinte missiva, via e-mail:

“Ex.º Sr. J. C. Duarte

A PSP agradece o seu contacto e informa-o que o e-mail que nos endereçou mereceu a nossa melhor atenção, tendo já sido adoptadas as correspondentes recomendações quando a esta matéria.
Não obstante este facto, julgamos pertinente informar V.º Ex.ª que o motociclo em causa era pertença de um cidadão, o qual naquele momento encontrava-se no interior da subunidade policial a formalizar uma denúncia, tendo este por falta de alternativa, estacionado o seu veiculo em infracção.
Estas situações são pontuais, merecendo por isso alguma condescendência por parte de alguns elementos da PSP, para não agravar ainda mais a situação de uma potencial vítima.
Contudo, nada justifica o comportamento adoptado perante V.º Ex.ª, o qual desde já lamentamos.

Certos da vossa compreensão, com os meus cumprimentos.

Fábio Ruben de Castro
Comissário”


Posso presumir que, tendo demorado quase um mês a responder, e atendendo a algum grau de detalhe, alguma coisa foi feita.
Já quanto às alternativas de estacionamento referidas, está à vista o que poderia ter sido feito.
Espero que tenha servido de exemplo ao agente de serviço naquele dia. Mas não o posso garantir!

E pronto: assim se faz uma notícia



Foi detectada e desmantelada uma rede de prostituição. Confesso que não sei qual o espanto ou a relevância desta notícia, a menos que seja por, por uma vez, isso acontecer.
É que quem quiser ver as prostitutas a aliciarem os clientes, bem como os seus protectores (vulgo chulos) mais não tem que ir às zonas habituais e olhar em redor. Elas estão ali, de dia ou de noite, exibindo-se como artigo em montra. Eles, mais discretos, parecem ver detalhadamente as montras das drogarias ou lerem “ad aeternun” as páginas dos jornais, desportivos ou outros.
Aliás, recordo ter feito em tempos um trabalho de regularidade semanal, em que era nosso divertimento vê-las chegar pela tardinha, juntarem-se e embarcarem em carrinhas que as iriam transportar, ao que constava, para pontos estratégicos ao longo de estradas nas imediações da capital.
E se esta profissão, a de prostituta, é “a mais velha do mundo”, a deles será, talvez, a segunda ou terceira. Pelo que não deverá haver segredos ou truques especiais no seu exercício.
Assim, não entendo porque é notícia o desmantelar de uma rede. A menos que as polícias só lhes prestem atenção uma vez por ano, ou nem tanto. Ou então…
Ou então porque usam as novas tecnologias para divulgarem os seus serviços (o que já vem acontecendo, faz muito, em alguns jornais diários), e porque um dos eventuais promotores é repórter.
Isso mesmo! Um dos supostos promotores é repórter na RTP. E é isso que é a notícia! Não o haver prostitutas, não o haver proxenetas, não o terem desmantelado a rede, mas sim o estar envolvido alguém dos média e uma empresa que serve de “bombo da festa” em qualquer ocasião.
Acrescenta a notícia que a RTP não comenta o caso. E que a Comissão da Carteira Profissional de Jornalistas vai averiguar alguma eventual quebra do dever profissional.
Pois é! Putas e chulos tudo bem! Agora que isso macule a reputação dos média, isso é que não! E com mutismo ou com investigações, há que manter tudo e todas com as reputações intactas.
Mas a notícia vai ainda mais longe: não tendo sido confirmado pelo jornal que li, terá sido encontrada uma lista de clientes desta rede onde estarão incluídos políticos, juízes e um alto quadro da televisão pública.
E pronto. A notícia não é o haver putas e chulos; não é o terem desmantelado uma rede on-line de prostituição. Para além de gente ligada aos média, é haver gente “acima de qualquer suspeita” clientes desta rede. Como se políticos e juízes não pudessem ser clientes da profissão mais velha do mundo. Como se isso fosse desvirtuar as suas qualidades, supondo que as têm. Esperemos por uma fuga de informação sobre esta lista, algures na web.
Claro que é de reparar que, se no caso do repórter, as entidades a ele ligadas foram questionadas, no caso dos clientes VIP, nem partidos nem justiça foram abordadas.

Pergunto-me se nesta rede agora desmantelada não constasse gente ligada à comunicação social, à política e à justiça, se seria o caso tão abundantemente divulgado. Talvez que não fosse notícia, para além de um breve parágrafo na secção de crimes.
Ora batatas para os critérios editoriais!

Texto: by me
Imagem: edit by me

(Propositadamente, este texto foi escrito à revelia do novo acordo ortográfico)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Mesa vazia



Estas mesas estão tão vazias quanto estarão as de negociações laborais se cada vez mais os que agora entram no mercado de trabalho não se unirem. Entre si ou com os que já lá estão.
É triste, ainda que não seja uma surpresa, constatar que os jovens nem se preocupam em encontrar condições de trabalho dignas. Agarram qualquer emprego, por qualquer salário, com qualquer horário de trabalho, com ou sem prazo definido.
E quando reparam que ouro ocupou um lugar ao lado ganhando mais ou com menos penosidade, olham-no com uma inveja triste.
Esqueceram-se, entretanto, que se tivessem juntos aquando do celebrar do contrato, quase de certeza que estariam nivelados por cima.
A união entre quem trabalha, quem menos recursos tem e quem mais exposto está aos ditames do mercado, faz com que a sua força aumente, tal como os recursos e condições de trabalho.
Chame-se essa união sindicato, grémio ou batata frita. Desde que enfrentemos as agruras da vida em conjunto, não apenas nos parecem menos amargas como seremos mais fortes.

Infelizmente o termo “sindicato” tem uma conotação demasiado político-partidária para atrair os mais novos.
Do seu ponto de vista, eles - os dos sindicatos - só lá estão para “se encherem” e ganharem votos.
No entanto, caros recém-chegados ao mercado de trabalho, os dirigentes sindicais, de topo ou de base, só lá estão porque os sócios os elegeram. E a força que têm ou podem ter quando negoceiam um acordo de trabalho numa empresa, ou um código de trabalho com um governo, é tanto maior quanto os sócios lha derem.

Dar força a um sindicato, quer através do associativismo, quer através da participação nas suas actividades, é ganharmos força perante aqueles que vivem das mais-valias da nossa labuta. E que quanto menos eles nos pagarem e quanto mais precários formos, maiores essas mais valias que para eles revertem.
Se os que agora vão chegando, bem como muitos dos que já cá estão, não se unirem, em breve as mesas de negociações salariais e outras ficarão assim: vazias!
Tal como ficarão vazios os bolsos. E a saúde. E as relações familiares. E o tempo de sono. E…

Texto e imagem: by me