segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Óculos na linha
A quantidade de coisas absurdas que podemos encontrar na linha de caminho de ferro não deixa de me espantar.
Talvez porque o lixo, ali, não se intromete sob os nossos pés;
Talvez porque, na frenética corrida de e para algum lugar, a sociedade de consumo não reprove o que e como se deita fora;
Talvez porque seja mais fácil perder um objecto que perder tempo.
No entanto, “atrás de uma hora vem sempre outra”!
Texto e imagem: by me
Talvez porque o lixo, ali, não se intromete sob os nossos pés;
Talvez porque, na frenética corrida de e para algum lugar, a sociedade de consumo não reprove o que e como se deita fora;
Talvez porque seja mais fácil perder um objecto que perder tempo.
No entanto, “atrás de uma hora vem sempre outra”!
Texto e imagem: by me
domingo, 29 de novembro de 2009
sábado, 28 de novembro de 2009
Não classifico o texto abaixo
O Sindicato dos Jornalistas avisou hoje que as recomendações do director de Informação aos jornalistas da RTP sobre contas pessoais em redes sociais não podem ser tidas como ordens já que a sua autoridade não abrange iniciativas privadas.
"O jornalista [e director de Informação da RTP] José Alberto de Carvalho tem o direito de expressar livremente a sua opinião designadamente sobre os problemas que as novas ferramentas de comunicação levantam aos jornalistas, mas não pode transformar as suas opiniões em orientações ou recomendações sobre matéria que ultrapassa a sua competência", refere o órgão em comunicado hoje divulgado.
Segundo lembra, o director recomendou há dias aos jornalistas da estação que utilizam as suas contas pessoais em blogues ou redes sociais da Internet como o no Twiter ou Facebook que "devem observar o bom senso".
A iniciativa, adianta o sindicato, está a recolher apoios, o que suscita aos órgão sindical "a suspeita de que tal recomendação seja transformada em ordem de serviço na RTP e possa mesmo vir a ser adoptada por outros órgãos de comunicação social".
Perante isso, o SJ alerta os directores de Informação que o seu poder "jamais pode invadir a esfera privada dos jornalistas ao seu serviço nem questionar a plena fruição da liberdade de expressão das pessoas enquanto cidadãos".
Afirmando-se disponível "para participar no debate público sobre os problemas que as tecnologias de informação e comunicação colocam aos jornalistas e ao jornalismo”, o SJ sublinha rejeitar “quaisquer posições visando limitar a liberdade dos cidadãos que são jornalistas ou quaisquer restrições aos seus direitos fundamentais".
Texto: in Público.pt
Imagem: by me
"O jornalista [e director de Informação da RTP] José Alberto de Carvalho tem o direito de expressar livremente a sua opinião designadamente sobre os problemas que as novas ferramentas de comunicação levantam aos jornalistas, mas não pode transformar as suas opiniões em orientações ou recomendações sobre matéria que ultrapassa a sua competência", refere o órgão em comunicado hoje divulgado.
Segundo lembra, o director recomendou há dias aos jornalistas da estação que utilizam as suas contas pessoais em blogues ou redes sociais da Internet como o no Twiter ou Facebook que "devem observar o bom senso".
A iniciativa, adianta o sindicato, está a recolher apoios, o que suscita aos órgão sindical "a suspeita de que tal recomendação seja transformada em ordem de serviço na RTP e possa mesmo vir a ser adoptada por outros órgãos de comunicação social".
Perante isso, o SJ alerta os directores de Informação que o seu poder "jamais pode invadir a esfera privada dos jornalistas ao seu serviço nem questionar a plena fruição da liberdade de expressão das pessoas enquanto cidadãos".
Afirmando-se disponível "para participar no debate público sobre os problemas que as tecnologias de informação e comunicação colocam aos jornalistas e ao jornalismo”, o SJ sublinha rejeitar “quaisquer posições visando limitar a liberdade dos cidadãos que são jornalistas ou quaisquer restrições aos seus direitos fundamentais".
Texto: in Público.pt
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sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Insólitos
O estacionamento de automóveis, bem como outros bloqueios do espaço pedonal, em Lisboa, ultrapassa todos os limites do credível.
É o caso do que aqui se vê, na esquina da rua Chabi Pinheiro com o Campo Pequeno.
Para que se não possa afirmar que haverá um carro estacionado na passadeira de peões, a autarquia diminuiu a sua largura, apenas junto ao passeio. Ainda andei a examinar o local, não fora tratar-se do resultado de uma qualquer intervenção no asfalto depois de pintado. Mas não, este está incólume e as duas riscas em causa perfeitamente delineadas a acabadas.
E que faz acabar com a paciência e bonomia de qualquer cidadão que queira caminhar pela cidade!
Texto e imagem: by me
É o caso do que aqui se vê, na esquina da rua Chabi Pinheiro com o Campo Pequeno.
Para que se não possa afirmar que haverá um carro estacionado na passadeira de peões, a autarquia diminuiu a sua largura, apenas junto ao passeio. Ainda andei a examinar o local, não fora tratar-se do resultado de uma qualquer intervenção no asfalto depois de pintado. Mas não, este está incólume e as duas riscas em causa perfeitamente delineadas a acabadas.
E que faz acabar com a paciência e bonomia de qualquer cidadão que queira caminhar pela cidade!
Texto e imagem: by me
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Doubt
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Shhhhhh!
Um director de informação fez recomendações para que os seus subordinados não colocassem nas redes sociais da web assuntos ou declarações que não pudessem ser divulgados no exercício da sua profissão.
Não sei muito bem que classificação dar a isto, mas certamente não será um nome bonito ou de boa memória!
Texto e imagem: by me
Não sei muito bem que classificação dar a isto, mas certamente não será um nome bonito ou de boa memória!
Texto e imagem: by me
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Photógrapho compulsivo
Sou um photógrapho compulsivo!
Registo o que me aparece pela frente e me surpreenda, pela positiva ou negativa. Sempre, ou quase! Porque gosto de guardar o que de bonito vejo, porque quero denunciar o que de feio encontro. Seja por questões éticas ou estéticas.
Por vezes as minhas fotografias mostram o que senti, outras bem que precisam do reforço de umas palavras, de uma contextualização.
Neste caso… Bem, neste caso não sei se lá estará o que vi ou senti.
Mas a verdade é que, perto das dez da manhã e antes do café que me haveria deixar de bem com o mundo, enchi a alma com estes padrões, um misto da mão humana e do que a natureza é capaz de fazer, em qualquer buraquinho, quando recebe sol após uns dias de chuvadas.
Juro que bebi o café com bolo muito mais bem disposto e sorridente!
Texto e imagem: by me
Registo o que me aparece pela frente e me surpreenda, pela positiva ou negativa. Sempre, ou quase! Porque gosto de guardar o que de bonito vejo, porque quero denunciar o que de feio encontro. Seja por questões éticas ou estéticas.
Por vezes as minhas fotografias mostram o que senti, outras bem que precisam do reforço de umas palavras, de uma contextualização.
Neste caso… Bem, neste caso não sei se lá estará o que vi ou senti.
Mas a verdade é que, perto das dez da manhã e antes do café que me haveria deixar de bem com o mundo, enchi a alma com estes padrões, um misto da mão humana e do que a natureza é capaz de fazer, em qualquer buraquinho, quando recebe sol após uns dias de chuvadas.
Juro que bebi o café com bolo muito mais bem disposto e sorridente!
Texto e imagem: by me
domingo, 22 de novembro de 2009
Viva a chuva!
sábado, 21 de novembro de 2009
Como fazer inimigos
Esta semana arranjei um bando de inimigos! Enfim, inimigos talvez seja dizer muito, mas que olharam para mim com cara de poucos amigos, lá isso olharam!
É que tive o desplante de dizer em voz alta que lamentava que a selecção portuguesa tivesse sido apurada para o Mundial de Futebol na África do Sul.
E, perante aqueles olhares nada amistosos e as exclamações de “Pronto! Lá está ele outra vez!”, fui obrigado a explicar.
Em primeiro lugar, não gosto de futebol! Por sua causa já fiquei encharcado até aos ossos, passei frio de rachar, suei as estopinhas sob sol escaldante, tremi de medo perante a fúria dos adeptos, passei fome de cão pelas horas de isolamento… Não! Definitivamente não gosto de futebol!
Em seguida o facto de estarmos no mundial significará, pela certa, trabalho extra enquanto profissional de comunicação, com transmissões em directo, programas especiais, entrevistas entediantes, onde cada um tentará ser adivinho do futuro do campeonato e da selecção… Confesso que fazer este tipo de programas não é o que considero um bom dia de trabalho!
Claro que não posso deixar de fora o quão estúpido será ver as janelas deste país engalanadas com bandeiras nacionais. E se é um absurdo todo esse nacionalismo em torno do desporto, ficando de fora todas as outras ocasiões em que poderia ser útil ou proveitoso, também me pergunto se o facto de o país ficar verde e vermelho influenciará de alguma forma o desempenho da equipa ou o resultado do campeonato austral.
Mas o que me desagrada profundamente é o saber, com um grande grau de certeza, que a época do mundial de futebol com a equipa portuguesa incluída será aproveitado em prol da agenda governativa. Será nesta altura, em que a maioria dos portugueses estarão “entretidos” com a bola e o fervor nacional, que serão promulgadas e anunciadas medidas que, noutras ocasiões, seriam rápida e seriamente contestadas pela população. Será como que uma espécie de trégua em que, desde que o governo não interfira com os jogos e a sua transmissão, tudo ou quase poderá fazer sem que seja incomodado.
Definitivamente, lamento que Portugal tenha sido apurado para o mundial. Mesmo que isso me custe olhares de soslaio e comentários pouco lisonjeiros.
Texto: by me
Imagem: edit by me
É que tive o desplante de dizer em voz alta que lamentava que a selecção portuguesa tivesse sido apurada para o Mundial de Futebol na África do Sul.
E, perante aqueles olhares nada amistosos e as exclamações de “Pronto! Lá está ele outra vez!”, fui obrigado a explicar.
Em primeiro lugar, não gosto de futebol! Por sua causa já fiquei encharcado até aos ossos, passei frio de rachar, suei as estopinhas sob sol escaldante, tremi de medo perante a fúria dos adeptos, passei fome de cão pelas horas de isolamento… Não! Definitivamente não gosto de futebol!
Em seguida o facto de estarmos no mundial significará, pela certa, trabalho extra enquanto profissional de comunicação, com transmissões em directo, programas especiais, entrevistas entediantes, onde cada um tentará ser adivinho do futuro do campeonato e da selecção… Confesso que fazer este tipo de programas não é o que considero um bom dia de trabalho!
Claro que não posso deixar de fora o quão estúpido será ver as janelas deste país engalanadas com bandeiras nacionais. E se é um absurdo todo esse nacionalismo em torno do desporto, ficando de fora todas as outras ocasiões em que poderia ser útil ou proveitoso, também me pergunto se o facto de o país ficar verde e vermelho influenciará de alguma forma o desempenho da equipa ou o resultado do campeonato austral.
Mas o que me desagrada profundamente é o saber, com um grande grau de certeza, que a época do mundial de futebol com a equipa portuguesa incluída será aproveitado em prol da agenda governativa. Será nesta altura, em que a maioria dos portugueses estarão “entretidos” com a bola e o fervor nacional, que serão promulgadas e anunciadas medidas que, noutras ocasiões, seriam rápida e seriamente contestadas pela população. Será como que uma espécie de trégua em que, desde que o governo não interfira com os jogos e a sua transmissão, tudo ou quase poderá fazer sem que seja incomodado.
Definitivamente, lamento que Portugal tenha sido apurado para o mundial. Mesmo que isso me custe olhares de soslaio e comentários pouco lisonjeiros.
Texto: by me
Imagem: edit by me
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Stoned
A 20-year-old woman divorcee accused of committing adultery in Somalia has been stoned to death by Islamists in front of a crowd of about 200 people.
A judge working for the militant group al-Shabab said she had had an affair with an unmarried 29-year-old man.
He said she gave birth to a still-born baby and was found guilty of adultery. Her boyfriend was given 100 lashes.
It is thought to be the second time a woman has been stoned to death for adultery by al-Shabab.
The group controls large swathes of southern Somalia where they have imposed a strict interpretation of Islamic law which has been unpopular with many Somalis.
'Lenient'
According to reports from a small village near the town of Wajid, 250 miles (400km) north-west of the capital, Mogadishu, the woman was taken to the public grounds where she was buried up to her waist.
She was then stoned to death in front of the crowds on Tuesday afternoon.
The judge, Sheikh Ibrahim Abdirahman, said her unmarried boyfriend was given 100 lashes at the same venue.
Under al-Shabab's interpretation of Sharia law, anyone who has ever been married - even a divorcee - who has an affair is liable to be found guilty of adultery, punishable by stoning to death.
An unmarried person who has sex before marriage is liable to be given 100 lashes.
BBC East Africa correspondent Will Ross says the stoning is at least the fourth for adultery in Somalia over the last year.
Earlier this month, a man was stoned to death for adultery in the port town of Merka, south of Mogadishu.
His pregnant girlfriend was spared, until she gives birth.
A girl was stoned to death for adultery in the southern town of Kismayo last year. Human rights groups said she was 13 years old and had been raped, but the Islamists said she was older and had been married.
Last month, two men were stoned to death in Merka after being accused of spying.
President Sheikh Sharif Sheikh Ahmed, a moderate Islamist, was sworn in as president after UN-brokered peace talks in January.
Although he says he also wants to implement Sharia, al-Shabab says his version of Islamic law would be too lenient.
The country has not had a functioning national government for 18 years.
Imagem: by me
Texto: in BBC news
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Não sou fotógrafo!
Não sou fotógrafo! Pelo menos no conceito generalizado do termo.
A fotografia, para mim, tornou-se um vício, a ponto de não me sentir bem se não fizer pelo menos uma por dia. Provavelmente não fará mal a ninguém, excepto a mim mesmo, que não me sinto confortável em não cumprindo este rictual.
O problema põe-se naquilo que fotografo ou registo. Não tenho uma linha definida, excepto aquilo que não quero fotografar. Quanto ao resto, o que vou fazendo são retalhos, apontamentos, fragmentos com que, com os limites do enquadramento, vou desmontando o mundo do seu todo em pequeninas peças de um puzzle que nunca será montado.
E esta falta de coerência manifesta-se, por exemplo, nestas duas imagens, feitas uma no início outra no fim do meu trajecto casa-trabalho. A mistura não ordenada da vida que foi e da promessa de vida futura.
E entre o que foi e o que será, fico eu e os meus “momentos decisivos”, se é que o são.
Texto e imagem: by me
A fotografia, para mim, tornou-se um vício, a ponto de não me sentir bem se não fizer pelo menos uma por dia. Provavelmente não fará mal a ninguém, excepto a mim mesmo, que não me sinto confortável em não cumprindo este rictual.
O problema põe-se naquilo que fotografo ou registo. Não tenho uma linha definida, excepto aquilo que não quero fotografar. Quanto ao resto, o que vou fazendo são retalhos, apontamentos, fragmentos com que, com os limites do enquadramento, vou desmontando o mundo do seu todo em pequeninas peças de um puzzle que nunca será montado.
E esta falta de coerência manifesta-se, por exemplo, nestas duas imagens, feitas uma no início outra no fim do meu trajecto casa-trabalho. A mistura não ordenada da vida que foi e da promessa de vida futura.
E entre o que foi e o que será, fico eu e os meus “momentos decisivos”, se é que o são.
Texto e imagem: by me
Super Chefe
Uma das vantagens de se conhecer mais ou menos bem a cidade é podermos decidir onde comer. Em função do tipo de refeição que ali se serve, em função do ambiente que ali se vive, em função dos preços praticados.
Um dos locais onde se pode ir à confiança, desde que não na hora do aperto dos almoços, é este.
Existindo há mais de trinta anos, e sei-o bem que lá estive pouco depois de ter sido inaugurado, foi dos primeiros, que eu saiba, a ter salas reservadas a não fumadores. Muito antes das actuais leis anti-tabágicas. Esta sala era geral e para fumadores, mas possuía duas outras, uma das quais sem tabaco. Confesso que nunca a usei, fumador que sou, mas sempre apreciei a sua existência.
De igual forma tem uma pouco comum forma de pagamento, bem inovadora na época: talões preenchidos na mesa, pagamento à saída, na caixa.
O seu menu? Hambúrgueres no prato, pizzas, crepes salgados e doces, um chili beans como não conheço outro na cidade e alguns outros mais convencionais portugueses, variando de acordo com o dia da semana. Recomendam-se também os vinhos que, não sendo caros, são de boa escolha.
Mas, melhor que tudo, ainda que se tenha rendido a ter um televisor na sala, está normalmente sem som e, se soubermos escolher a mesa, nem damos por ele. Claro que, em sendo dia disso, estará sintonizado no canal que transmita futebol, que há que atrair o público, mas não atrapalha.
O seu nome: Super Chefe, ali na avenida Duque D’Ávila, Lisboa. Para variar as ementas, para fazer uma festarola em conta, para passar um bom momento.
Texto e imagem: by me
Um dos locais onde se pode ir à confiança, desde que não na hora do aperto dos almoços, é este.
Existindo há mais de trinta anos, e sei-o bem que lá estive pouco depois de ter sido inaugurado, foi dos primeiros, que eu saiba, a ter salas reservadas a não fumadores. Muito antes das actuais leis anti-tabágicas. Esta sala era geral e para fumadores, mas possuía duas outras, uma das quais sem tabaco. Confesso que nunca a usei, fumador que sou, mas sempre apreciei a sua existência.
De igual forma tem uma pouco comum forma de pagamento, bem inovadora na época: talões preenchidos na mesa, pagamento à saída, na caixa.
O seu menu? Hambúrgueres no prato, pizzas, crepes salgados e doces, um chili beans como não conheço outro na cidade e alguns outros mais convencionais portugueses, variando de acordo com o dia da semana. Recomendam-se também os vinhos que, não sendo caros, são de boa escolha.
Mas, melhor que tudo, ainda que se tenha rendido a ter um televisor na sala, está normalmente sem som e, se soubermos escolher a mesa, nem damos por ele. Claro que, em sendo dia disso, estará sintonizado no canal que transmita futebol, que há que atrair o público, mas não atrapalha.
O seu nome: Super Chefe, ali na avenida Duque D’Ávila, Lisboa. Para variar as ementas, para fazer uma festarola em conta, para passar um bom momento.
Texto e imagem: by me
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Entre programas
Numa pausa entre programas, uma corrida à superfície exterior para manter o nível de nicotina no sangue.
E o momento mágico estava lá, aquele que acontece 365 dias por ano, de borla.
E quase me esqueci do tempo e do cigarro, que ardia no canto da boca. Bem mais importante que o meu vício, era lembrar-me que a natureza tem coisas bonitas para mostrar e, com elas, encher a alma!
Texto e imagem: by me
E o momento mágico estava lá, aquele que acontece 365 dias por ano, de borla.
E quase me esqueci do tempo e do cigarro, que ardia no canto da boca. Bem mais importante que o meu vício, era lembrar-me que a natureza tem coisas bonitas para mostrar e, com elas, encher a alma!
Texto e imagem: by me
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Mensagem
A digitalização de um arquivo de VHS é consumidora de tempo, de energia e de DVD’s. E se o primeiro é gerido como entendo e a segunda me chega a casa pelos processos habituais, já os consumíveis há que os ir comprar.
A loja aqui do bairro está bem equipada de hardware, consumíveis e pessoal competente, sendo os seus preços simpáticos e competitivos uns bairros em redor. Daqui que costuma estar com gente à espera de vez para ser atendido. Será um contra-senso, o esperar para se ter algo numa loja de MHz, mas vale a pena.
Quando cheguei ao balcão já tinha na mão o queijinho que queria. Era de 50, que não havia de 100, mas também servia. Confirmei o preço, paguei e, como de costume, recusei o saquito de plástico onde o queriam colocar. Mas, ainda que surpreso, o empregado não se deixou ficar e insistiu, argumentando com a publicidade.
O meu “Lamento mas não o quero mesmo, que não farei mais lixo que o estritamente necessário! Além disso, o problema com os resíduos não é o que fazer com eles mas antes começar por não os produzir!” foi cortês mas peremptório, talvez num tom ligeiramente mais alto que o habitual mas nada de violento ou agressivo.
Não vi as expressões dos restantes clientes, que estavam atrás de mim, mas a gargalhada que ouvi foi gostosa e o sururu de conversa que se lhe seguiu levou-me a concluir que o meu objectivo estava conseguido: fazer passar a mensagem!
Passá-la para os consumidores, que produtores e vendedores têm os seus interesses bem mais centrados no negócio que em precaver o ambiente com atitudes pró-activas.
Na imagem, a pilha de DVD’s em contra-luz. Afinal, são um suporte de registo óptico!
Texto e imagem: by me
A loja aqui do bairro está bem equipada de hardware, consumíveis e pessoal competente, sendo os seus preços simpáticos e competitivos uns bairros em redor. Daqui que costuma estar com gente à espera de vez para ser atendido. Será um contra-senso, o esperar para se ter algo numa loja de MHz, mas vale a pena.
Quando cheguei ao balcão já tinha na mão o queijinho que queria. Era de 50, que não havia de 100, mas também servia. Confirmei o preço, paguei e, como de costume, recusei o saquito de plástico onde o queriam colocar. Mas, ainda que surpreso, o empregado não se deixou ficar e insistiu, argumentando com a publicidade.
O meu “Lamento mas não o quero mesmo, que não farei mais lixo que o estritamente necessário! Além disso, o problema com os resíduos não é o que fazer com eles mas antes começar por não os produzir!” foi cortês mas peremptório, talvez num tom ligeiramente mais alto que o habitual mas nada de violento ou agressivo.
Não vi as expressões dos restantes clientes, que estavam atrás de mim, mas a gargalhada que ouvi foi gostosa e o sururu de conversa que se lhe seguiu levou-me a concluir que o meu objectivo estava conseguido: fazer passar a mensagem!
Passá-la para os consumidores, que produtores e vendedores têm os seus interesses bem mais centrados no negócio que em precaver o ambiente com atitudes pró-activas.
Na imagem, a pilha de DVD’s em contra-luz. Afinal, são um suporte de registo óptico!
Texto e imagem: by me
domingo, 15 de novembro de 2009
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Hein?!
Como é?! O JC com uma pulseira no braço?! Uma pulseira africana?! Como é que é?!
Eu explico, que não explicar seria uma indelicadeza, tal como não a usar, pelo menos por umas horas, seria rude.
Sentado numa esplanada, bem depois do jantar e em pleno centro da cidade, completamente “p’ra turista”.
À minha frente uma conhecida eventual com quem já havia trocado ideias em tempos e que, neste re-encontro, aceitou um cafezinho e dois dedos de conversa. Esta ia decorrendo, tratando eu de ser mais ouvinte que falador, que a situação o pedia e que, quando não o conseguia, dançava de acordo com a música, por estranho que possa parecer.
Mas o mundo é assim, cheio de surpresas e indivíduos, sendo cada um tão único na sua personalidade e vivência que transforma em absurdo o chamar de “ciência” a psicologia. Mas não tirar partido da vida, aproveitando o que de bom ela nos oferece e transformando em nosso proveito o que de menos bom nos impõe é absurdo, penoso e inconsequente. Pelo menos em prol da felicidade global.
Pois estávamos nós à conversa, dizia eu, quando nos aborda mais um daqueles vendedores de artesanato africano. Com os colares e pulseiras em exibição (este não tinha estatuetas) propõe-nos o negócio. Que tanto eu como a minha interlocutora recusámos. Delicadamente mas sem azo a quaisquer dúvidas.
Acontece que as técnicas de venda não aceitam um “não” como resposta, e este seguia o manual. Mas já não sei se por ser mais simpático que o habitual, se por o ambiente estar propício, se por eu mesmo ter assistido ao pôr-do-sol urbano e ao acender das montras (eventos que raramente vivo por mor dos meus horários de trabalho), a verdade é que a conversa se entabulou e ele acabou por nos dizer que era do Senegal. E eu não resisti e atirei-lhe com um “Bien venue!”
Estacou na sua conversa de vendedor, olhou para mim com olhar de espanto e perguntou-me se falava Francês. Pouco, disse-lhe, mas qualquer coisa. E ele sorriu de orelha a orelha.
Nesta altura a minha conhecida, do outro lado da mesa, dirigiu-se-lhe também em Francês, com uma saudação equivalente. Arremelgou ele os olhos e o sorriso alargou-se para alem do que a natureza prescreve. E eu também abri a boca de espanto, que do pouco, muito pouco, que dela sabia, nada me indicaria o seu domínio na língua de Voltaire.
E ali ficámos os três, ele de pé, nós sentados, numa curta mas simpática cavaqueira. E onde ficámos a saber os dotes de poliglota deste Senegalês (não lhe perguntei o ofício na terra natal) e a satisfação que tinha em estar em Portugal, pela comparação com o que conhecia de França, Espanha e Inglaterra. Que o acolhimento cá, apesar dos muitos migrantes de variadas origens, é caloroso, que os Lusos, apesar de ex-colonialistas, em nada se comparam com o resto da Europa, em termos de não racistas e não xenófobos.
E, a dado passo e sem interromper a conversa, mexe no que tinha para vender e presenteia-nos com uma pulseira cada um: esta, de couro e cordel para mim, de missangas rebrilhantes para ela.
Bem lhe dissemos, de novo, que não queríamos comprar. Mas ele, com ar meio ofendido, meio sorridente, contestou o negócio. Que não o era mas, antes sim, uma oferta. Um presente.
Não poderia eu, em consciência, recusar. E, enquanto trocávamos umas banalidades, tratei de abrir a minha e de a colocar. Não o fazer seria, no mínimo, um acto de rudeza perante a oferta desinteressada.
Foi assim que eu, que não uso fios, pulseiras, anéis ou mesmo relógio de pulso, tenho uma pulseira colocada. Pelo menos até me deitar.
Da mesma forma que tenho a certeza que a minha satisfação em ter sido ofertado é bem menor que a dele, que a ofertou. Que, quando se afastou, nem fez o périplo pelas restantes mesas ocupadas de turistas. Levava, estampado na cara, um discreto sorriso, pouco conveniente para o negócio, mas bem mais lucrativo para a alma.
Obrigado e boa sorte!
Texto e imagem: by me
Eu explico, que não explicar seria uma indelicadeza, tal como não a usar, pelo menos por umas horas, seria rude.
Sentado numa esplanada, bem depois do jantar e em pleno centro da cidade, completamente “p’ra turista”.
À minha frente uma conhecida eventual com quem já havia trocado ideias em tempos e que, neste re-encontro, aceitou um cafezinho e dois dedos de conversa. Esta ia decorrendo, tratando eu de ser mais ouvinte que falador, que a situação o pedia e que, quando não o conseguia, dançava de acordo com a música, por estranho que possa parecer.
Mas o mundo é assim, cheio de surpresas e indivíduos, sendo cada um tão único na sua personalidade e vivência que transforma em absurdo o chamar de “ciência” a psicologia. Mas não tirar partido da vida, aproveitando o que de bom ela nos oferece e transformando em nosso proveito o que de menos bom nos impõe é absurdo, penoso e inconsequente. Pelo menos em prol da felicidade global.
Pois estávamos nós à conversa, dizia eu, quando nos aborda mais um daqueles vendedores de artesanato africano. Com os colares e pulseiras em exibição (este não tinha estatuetas) propõe-nos o negócio. Que tanto eu como a minha interlocutora recusámos. Delicadamente mas sem azo a quaisquer dúvidas.
Acontece que as técnicas de venda não aceitam um “não” como resposta, e este seguia o manual. Mas já não sei se por ser mais simpático que o habitual, se por o ambiente estar propício, se por eu mesmo ter assistido ao pôr-do-sol urbano e ao acender das montras (eventos que raramente vivo por mor dos meus horários de trabalho), a verdade é que a conversa se entabulou e ele acabou por nos dizer que era do Senegal. E eu não resisti e atirei-lhe com um “Bien venue!”
Estacou na sua conversa de vendedor, olhou para mim com olhar de espanto e perguntou-me se falava Francês. Pouco, disse-lhe, mas qualquer coisa. E ele sorriu de orelha a orelha.
Nesta altura a minha conhecida, do outro lado da mesa, dirigiu-se-lhe também em Francês, com uma saudação equivalente. Arremelgou ele os olhos e o sorriso alargou-se para alem do que a natureza prescreve. E eu também abri a boca de espanto, que do pouco, muito pouco, que dela sabia, nada me indicaria o seu domínio na língua de Voltaire.
E ali ficámos os três, ele de pé, nós sentados, numa curta mas simpática cavaqueira. E onde ficámos a saber os dotes de poliglota deste Senegalês (não lhe perguntei o ofício na terra natal) e a satisfação que tinha em estar em Portugal, pela comparação com o que conhecia de França, Espanha e Inglaterra. Que o acolhimento cá, apesar dos muitos migrantes de variadas origens, é caloroso, que os Lusos, apesar de ex-colonialistas, em nada se comparam com o resto da Europa, em termos de não racistas e não xenófobos.
E, a dado passo e sem interromper a conversa, mexe no que tinha para vender e presenteia-nos com uma pulseira cada um: esta, de couro e cordel para mim, de missangas rebrilhantes para ela.
Bem lhe dissemos, de novo, que não queríamos comprar. Mas ele, com ar meio ofendido, meio sorridente, contestou o negócio. Que não o era mas, antes sim, uma oferta. Um presente.
Não poderia eu, em consciência, recusar. E, enquanto trocávamos umas banalidades, tratei de abrir a minha e de a colocar. Não o fazer seria, no mínimo, um acto de rudeza perante a oferta desinteressada.
Foi assim que eu, que não uso fios, pulseiras, anéis ou mesmo relógio de pulso, tenho uma pulseira colocada. Pelo menos até me deitar.
Da mesma forma que tenho a certeza que a minha satisfação em ter sido ofertado é bem menor que a dele, que a ofertou. Que, quando se afastou, nem fez o périplo pelas restantes mesas ocupadas de turistas. Levava, estampado na cara, um discreto sorriso, pouco conveniente para o negócio, mas bem mais lucrativo para a alma.
Obrigado e boa sorte!
Texto e imagem: by me
Quiosque refresco
Já aqui tinha estado, pouco tempo depois da inauguração. Na altura tentei relembrar velhas sensações gustativas, bem velhas. Pedi um capilé, bebida da minha meninice, a par com a groselha.
E, ou bem que as recordações se desvaneceram de todo, ou bem que o que me serviram não era o que bebia há quarenta anos atrás. Acredito ter sido minha a falha.
Desta feita fui pela certa: um café. Melhor ou pior, café é café e, com um pouco de sorte, e para estar de acordo com o local, poderia até ser “de saco. Não era!
O que me não surpreendeu foi a simpatia da mocinha que me atendeu que, conjugado com o olhar lindo (que não fotografei desta vez), compunha qualquer ramalhete, por muito mau que fosse. Que, aliás, quase me fez desculpar o terem-me servido o café em copo de papel.
Bem que perguntei por uma chávena de loiça ou, melhor ainda, por um copo de vidro de fundo grosso, como os usados em tempos, aqueles que o quiosque quer recriar. Mas não tive sorte nenhuma.
Não apenas ali não haveria espaço para a máquina que os lavaria como, sendo de papel, sempre eram bem mais ecológicos que os de plástico. Tive que me conformar!
O que já não colheu concordância foram as palhetas de plástico no lugar de colheres de metal. E, assim, mais uma vez, pedi um copo de água, onde lavaria a colher que trago comigo, mexeria o café e a lavaria de novo, antes de a guardar no mesmo estojo onde trago as canetas, as “pens” de memória, etc..
E se a simpática da mocinha de olhos bonitos os abriu de espanto perante o meu pedido alternativo, o que me respondeu em troca deixou-me no mesmo estado: os copos que ali usam para refrescos ou águas são feitos de amido de milho. Nada de plásticos ou outros sintéticos. 100% natural e rapidamente reciclável pela natureza. Tendo o único defeito de não suportarem bebidas quentes, situação que os leva a usar os de papel.
Haverá, certamente, outros motivos de ordem comercial que os levam a terem estas opções. Mas, e pela parte que me toca, se bem que a nostalgia do quiosque peça determinada baixela, ganharam um cliente!
Ali mesmo, no Largo Camões, bem no centro de Lisboa!
Texto e imagem: by me
E, ou bem que as recordações se desvaneceram de todo, ou bem que o que me serviram não era o que bebia há quarenta anos atrás. Acredito ter sido minha a falha.
Desta feita fui pela certa: um café. Melhor ou pior, café é café e, com um pouco de sorte, e para estar de acordo com o local, poderia até ser “de saco. Não era!
O que me não surpreendeu foi a simpatia da mocinha que me atendeu que, conjugado com o olhar lindo (que não fotografei desta vez), compunha qualquer ramalhete, por muito mau que fosse. Que, aliás, quase me fez desculpar o terem-me servido o café em copo de papel.
Bem que perguntei por uma chávena de loiça ou, melhor ainda, por um copo de vidro de fundo grosso, como os usados em tempos, aqueles que o quiosque quer recriar. Mas não tive sorte nenhuma.
Não apenas ali não haveria espaço para a máquina que os lavaria como, sendo de papel, sempre eram bem mais ecológicos que os de plástico. Tive que me conformar!
O que já não colheu concordância foram as palhetas de plástico no lugar de colheres de metal. E, assim, mais uma vez, pedi um copo de água, onde lavaria a colher que trago comigo, mexeria o café e a lavaria de novo, antes de a guardar no mesmo estojo onde trago as canetas, as “pens” de memória, etc..
E se a simpática da mocinha de olhos bonitos os abriu de espanto perante o meu pedido alternativo, o que me respondeu em troca deixou-me no mesmo estado: os copos que ali usam para refrescos ou águas são feitos de amido de milho. Nada de plásticos ou outros sintéticos. 100% natural e rapidamente reciclável pela natureza. Tendo o único defeito de não suportarem bebidas quentes, situação que os leva a usar os de papel.
Haverá, certamente, outros motivos de ordem comercial que os levam a terem estas opções. Mas, e pela parte que me toca, se bem que a nostalgia do quiosque peça determinada baixela, ganharam um cliente!
Ali mesmo, no Largo Camões, bem no centro de Lisboa!
Texto e imagem: by me
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Luz
Por vezes é assim:
Partimos com a firme determinação de usar aquela luz especial naquele lugar especial, iluminando aquele assunto especial.
Mas, em lá chegando, esquecemos o lugar, esquecemos o assunto e ficamo-nos pela luz.
O pôr-do-sol acontece 365 dias por ano. Mas nós, citadinos mas burros, só o vemos quando no entra pelos olhos dentro, e nem sempre!
Partimos com a firme determinação de usar aquela luz especial naquele lugar especial, iluminando aquele assunto especial.
Mas, em lá chegando, esquecemos o lugar, esquecemos o assunto e ficamo-nos pela luz.
O pôr-do-sol acontece 365 dias por ano. Mas nós, citadinos mas burros, só o vemos quando no entra pelos olhos dentro, e nem sempre!
Exemplos
A rua onde esta fotografia foi feita é especial. E por vários motivos!
À uma porque tendo perguntado por ela a mais de duas dezenas de taxistas, todos a conhecem mas nenhum lhe sabe o nome. Chama-se “Rua Henriques Nogueira”.
Depois, porque tem apenas uma única porta, a que se vê à esquerda, e é a saída das traseiras desse prédio.
Em seguida, trata-se de uma rua nobre, já que separa, em exclusivo, a Câmara Municipal de Lisboa da esquadra de polícia da Praça do Comércio.
Mais ainda, o prédio visível ao fundo é a sede do Banco de Portugal.
Para terminar, é estacionamento privativo (devido ao uso e ao fechar de olhos) de uma série de viaturas oficiais, ainda que nem sempre, e da forma que aqui se vê: em cima do passeio. Aquele espaço empedrado que é suposto estar reservado aos peões.
Se assim acontece nesta rua, enquadrada que está pelas instituições referidas, porque estranharemos o que sucede no resto da cidade ou do país?
Texto e imagem: by me
À uma porque tendo perguntado por ela a mais de duas dezenas de taxistas, todos a conhecem mas nenhum lhe sabe o nome. Chama-se “Rua Henriques Nogueira”.
Depois, porque tem apenas uma única porta, a que se vê à esquerda, e é a saída das traseiras desse prédio.
Em seguida, trata-se de uma rua nobre, já que separa, em exclusivo, a Câmara Municipal de Lisboa da esquadra de polícia da Praça do Comércio.
Mais ainda, o prédio visível ao fundo é a sede do Banco de Portugal.
Para terminar, é estacionamento privativo (devido ao uso e ao fechar de olhos) de uma série de viaturas oficiais, ainda que nem sempre, e da forma que aqui se vê: em cima do passeio. Aquele espaço empedrado que é suposto estar reservado aos peões.
Se assim acontece nesta rua, enquadrada que está pelas instituições referidas, porque estranharemos o que sucede no resto da cidade ou do país?
Texto e imagem: by me
Quando a obscenidade está no ar
Leio, na pantalha televisiva, que o presidente da República se sente preocupado, ainda que não comente, com os recentes factos do chamado “Caso face oculta”.
Na mesma caixa mágica sei que o ministro da economia considera que aumentos salariais de 1,5% são incomportáveis.
Mas, nas informações que me chegam via web no telemóvel, fico a saber que a administração do BCP aceitou o pedido de suspensão do cargo de Armando Vara.
Entretanto, uma linha em rodapé na TV avisa-me que os lucros do BCP não atingiram os esperados 30% mas que se ficaram pelos meros 25%, frustrando as expectativas dos accionistas.
Tudo isto é quase tão mau quanto a expressão do jovem na casa dos vintes que, usando o telemóvel, falava com o/a operador do 112, pedindo uma ambulância para alguém que tinha acabado de dar uma queda na rua e que suspeitava ter quebrado um tornozelo. Enquanto eu tentava manter algum bom humor na acidentada, ele questionava se estaria a ouvir bem e se estariam a recomendar que pegássemos na senhora e a colocássemos num táxi, a caminho do hospital.
Acabou por assim não ser, e o INEM sempre veio e levou a pobre da senhora. O que não conseguiu levar foi a estupefacção da cara do jovem solícito.
Se a obscenidade está nas TVs, nas WEBs e nos Telemóveis, nem sei porque me espantei ao confrontar o automobilista desta viatura com a forma como a estacionou e oiço, na volta, uma mão cheia de impropérios.
Afinal, a língua Portuguesa até que é rica em palavrões e insultos!
Texto e imagem: by me
Na mesma caixa mágica sei que o ministro da economia considera que aumentos salariais de 1,5% são incomportáveis.
Mas, nas informações que me chegam via web no telemóvel, fico a saber que a administração do BCP aceitou o pedido de suspensão do cargo de Armando Vara.
Entretanto, uma linha em rodapé na TV avisa-me que os lucros do BCP não atingiram os esperados 30% mas que se ficaram pelos meros 25%, frustrando as expectativas dos accionistas.
Tudo isto é quase tão mau quanto a expressão do jovem na casa dos vintes que, usando o telemóvel, falava com o/a operador do 112, pedindo uma ambulância para alguém que tinha acabado de dar uma queda na rua e que suspeitava ter quebrado um tornozelo. Enquanto eu tentava manter algum bom humor na acidentada, ele questionava se estaria a ouvir bem e se estariam a recomendar que pegássemos na senhora e a colocássemos num táxi, a caminho do hospital.
Acabou por assim não ser, e o INEM sempre veio e levou a pobre da senhora. O que não conseguiu levar foi a estupefacção da cara do jovem solícito.
Se a obscenidade está nas TVs, nas WEBs e nos Telemóveis, nem sei porque me espantei ao confrontar o automobilista desta viatura com a forma como a estacionou e oiço, na volta, uma mão cheia de impropérios.
Afinal, a língua Portuguesa até que é rica em palavrões e insultos!
Texto e imagem: by me
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Celebrations
Yesterday was the celebration of the 20th anniversary of the Berlin’s wall fall.
It was a significant moment.
And maybe, somewhere in the future, there will be no more walls, either at national borders, city limits or dividing religions. Maybe!
But, for me, the main event happened since 1958, when I was born, or maybe during the last century, was not the fall of a wall but the opening of a door. And that was the freedom of Nelson Mandela, in 1990.
Why? Because South Africa was the last country where, by law, the colour of the skin was motive for segregation. And his freedom was, symbolic, the end of that. It was a major change in civilization! Maybe the biggest one over the last 1000 years!
Walls can be raised and thrown down. But racism is no longer a written law all over the world!
Texto e imagem: by me
It was a significant moment.
And maybe, somewhere in the future, there will be no more walls, either at national borders, city limits or dividing religions. Maybe!
But, for me, the main event happened since 1958, when I was born, or maybe during the last century, was not the fall of a wall but the opening of a door. And that was the freedom of Nelson Mandela, in 1990.
Why? Because South Africa was the last country where, by law, the colour of the skin was motive for segregation. And his freedom was, symbolic, the end of that. It was a major change in civilization! Maybe the biggest one over the last 1000 years!
Walls can be raised and thrown down. But racism is no longer a written law all over the world!
Texto e imagem: by me
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
No fundo, a justiça ainda é possivel
No Blogue “Jumento”, encontrei este recorte do jornal Público.
Faça-se honra ao final da história, ao jornal que a publica e ao blogue que a divulga.
E não, a fotografia não é da história relatada, mas de uma outra que eu mesmo vivi.
Faça-se honra ao final da história, ao jornal que a publica e ao blogue que a divulga.
E não, a fotografia não é da história relatada, mas de uma outra que eu mesmo vivi.
No fundo a justiça ainda é possível!
«Em Março de 2004, o Pedro, quando ia a passear com o filho de 5 anos pela rua de uma das pacatas cidades limítrofes de Lisboa, viu um carro da polícia estacionado em cima do passeio, a perturbar a passagem dos peões, e ao mesmo tempo viu que, dentro de uma loja de produtos informáticos, se encontravam dois polícias fardados em amena cavaqueira com a empregada da loja.
O Pedro entrou na loja, tendo-lhe a empregada perguntado o que queria. O Pedro foi directo: "Queria saber porque é que (os agentes da PSP) para além de não multarem os carros que estão em cima do passeio, ainda por cima põem o carro-patrulha em cima dos passeios" e pediu a identificação dos agentes para se queixar deles.
Os agentes deram a sua identificação mas, logo de seguida, pediram a identificação do Pedro. Este exibiu-lhes o bilhete de identidade mas recusou-se a dizer a sua morada. Os agentes deixaram-no sair da loja mas, um pouco mais à frente, interceptaram-no e conduziram-no à esquadra de trânsito, conjuntamente com o filho, "com vista à sua identificação". Aí chegados, retiveram o Pedro e o filho, querendo saber a sua morada e tirando os dados do seu bilhete de identidade, até que o deixaram ir embora.
O Pedro, no dia seguinte, foi-se queixar disciplinarmente da actuação dos dois agentes da PSP, que o tinham levado para esquadra, numa nítida retaliação contra o facto de os ter censurado por deixarem o carro estacionado em cima do passeio. Nesse mesmo dia, surgiu um minuciosamente elaborado auto de identificação do Pedro, subscrito pelos agentes da PSP em causa, em que referiam que o Pedro se tinha recusado a mostrar o bilhete de identidade e por isso o tinham levado à esquadra, que "aparentava estar sob o efeito de bebidas alcoólicas, devido ao odor que exalava", e que lhes tinha dito "vou-me queixar de vocês, os polícias são todos iguais e não fazem nada mas eu sou jornalista e vou-vos fazer a folha, isto não fica assim".
O comandante da Divisão da PSP ao ler a queixa do Pedro e o auto elaborado pelos agentes, considerou que se estaria "perante uma atitude reactiva" dos agentes, por o Pedro os ter questionado, no seu entender, legitimamente, no âmbito do exercício do seu direito de cidadania.
Não havia motivos que justificassem o acto de identificação a que tinham submetido o Pedro pelo que comunicou o assunto superiormente e determinou, dado poder "ter havido eventualmente algum procedimento que consubstancie o crime de abuso de autoridade", que o assunto fosse remetido ao procurador da República junto do tribunal da comarca.
Aí, a magistrada do Ministério Público não teve dúvidas em arquivar o processo: o Pedro tinha-se dirigido aos polícias por motivos que nada se prendiam com a sua pessoa e a forma como o tinha feito, não só não fora "de forma cívica (...) como fora mesmo provocatória". E acrescentou. "De facto, pelo tom autoritário em que foi proferida (...) é notório que se visava questionar a conduta dos agentes não só naquele acto específico como também na sua autoridade e legitimidade de uma forma geral. Isto, através de uma observação que pelos seus termos era passível de ser considerada razoavelmente por parte dos agentes como intimidativa ou com essa intenção."
Além disso, segundo os agentes, o Pedro encontrava-se alcoolizado e "naquelas circunstâncias transportava uma criança de seis anos pela mão". Na verdade, segundo o Ministério Público, a atitude do Pedro podia "ser entendida como uma tentativa de destituição ou deslegitimação do agente nas suas funções e em última análise é passível de cair na eventual injúria ou ameaça à autoridade"!
O Pedro quando leu o despacho de arquivamento do processo-crime que não fora ele sequer que iniciara, não quis acreditar: era retratado como um perigoso delinquente, bêbado e irresponsável com uma criança pelas mãos, a dizer que "ia fazer a folha" aos agentes, expressão que nem sequer conhecia porque tinha estado anos e anos no Brasil.
Decidiu, então, constituir-se assistente e requerer a instrução do processo. Pediu que fosse ouvida a funcionária da loja, foi ele e os polícias ouvidos outra vez e conseguiu que o juiz de instrução, em Dezembro de 2005, pronunciasse os dois agentes da PSP pelo crime de abuso de autoridade.
Os agentes da PSP, submetidos a julgamento, defenderam-se, afirmando que tinha sido necessário levar o Pedro à esquadra, dado que este se tinha recusado a identificar na loja e que os tinha ameaçado, mas a juíza do tribunal de 1.ª instância, em Maio de 2008, condenou-os na pena de 180 dias de multa à taxa diária de ? 6. O Pedro não recebeu qualquer indemnização porque não a tinha pedido: tal como quando se dirigira aos agentes na loja, o que o movia era um (mero) dever cívico.
Um dos agentes recorreu para o Tribunal da Relação de Lisboa, pretendendo ser absolvido e o Ministério Público junto deste tribunal concordou: em primeiro lugar porque não tinha havido qualquer prejuízo para o Pedro (!) e a lei exige no crime de abuso de autoridade que haja ou vantagens para o abusador ou prejuízos para o abusado e, além disso, não se sabia se o Pedro se tinha limitado a "anuir ao convite" para ir à esquadra ou se tinha sido contra a sua vontade (!!).
Mas, no passado dia 29 de Outubro, os juízes desembargadores Abrunhosa de Carvalho e Maria do Carmo Ferreira confirmaram a sentença que condenara os agentes da PSP. O Pedro descansou finalmente: apesar de tudo, os cidadãos ainda podem ser ouvidos, tanto na PSP como nos tribunais, e os abusos ainda podem ser punidos. No fundo, a justiça ainda é possível.»
Imagem: by me
domingo, 8 de novembro de 2009
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Pudor
Pudor!
É uma palavra que todos conhecem mas da qual raramente nos lembramos. Um destes dias ouvi-a num contexto curioso e fiquei com ela na cabeça.
Era a palavra que me faltava e que melhor descreve alguns dos meus sentimentos.
Tenho pudor em fazer certas fotografias.
Há 31 anos que faço televisão. Comecei ainda no tempo do preto e branco e da aventura do inico da cor. Cem por cento, menos umas milésimas de unidade, das imagens por mim captadas, registadas e transmitidas foram de seres humanos.
No estúdio e no exterior, dentro e fora do país, anónimos ilustres e ignóbeis figuras públicas, ou qualquer outra combinação, como entenderem.
Em todas elas, de uma forma mais ou menos explícita, existiu uma cumplicidade no fazer dessas imagens. A câmara estava lá, bem visível, e o cidadão sabe que eu estou lá, o que estou a fazer e para quê. Uns exibem-se e quase que pagam para constar no registo ou transmissão, outros são apanhados ao correr da objectiva, mas nada há de sub-reptício.
Além do mais, mercenário que sou da imagem televisiva, não me sinto eu, enquanto individuo, a fazer aquelas imagens. Faço parte de uma equipa, de uma organização. A minha co-responsabilidade na captação e utilização das imagens que faço é limitada. Ainda assim, alguns escrúpulos que tenho tido ao longo dos tempos, têm-me trazido alguns amargos de boca.
Já enquanto fotógrafo a minha atitude tem sido diferente.
Raramente fotografo pessoas desconhecidas ou anónimas. Pelo menos ao ponto de estarem em evidencia no enquadramento ou de serem reconhecíveis.
Os trabalhos que tenho feito a pedido (não gosto do termo profissional) têm sido na área do teatro, da publicidade e da arquitectura, passando ao de leve pela reportagem.
Nestas circunstâncias, as figuras fotografadas fazem parte do evento e querem “ficar no boneco”.
Mas, sendo o Homem aquilo que quero retratar nas minhas imagens pessoais - aquelas que faço para minha satisfação exclusiva -, procuro fazê-lo sem que conste explicitamente delas.
Aquelas imagens de instantâneo – uma expressão, um gesto, um evento – que poderia fazer para meu prazer e deleite, não as faço. Tenho pudor!
Com conhecidos, próximos ou não tanto, sou mais atrevido. A cumplicidade existe, as pessoas em causa sabem o que sou e o que faço e, se bem que possam não “se fazerem à fotografia”, sabem que ela pode acontecer e comportam-se mais ou menos em conformidade.
Agora os estranhos, aqueles que apenas me conhecem de vista ou nem isso, vivem a sua vida ignorantes da possibilidade de eu os poder fotografar. São o que são, sem reservas, acanhamentos ou exibicionismos, alegres, tímidos, carinhosos ou bem pelo contrário, inconscientes que um gesto, uma expressão pode ficar registada para todo o sempre.
Da mesma forma que não espreito ou fotografo para dentro de janelas alheias, também tenho pudor em o fazer quando estão da parte de fora delas.
Esta minha atitude e sentimentos é tanto mais forte quanto mais “frágil” é a pessoa ou situação em causa. As misérias, materiais ou outras, tantas vezes vistas em espaços públicos, estão ali porque não podem estar em qualquer outro local privado.
Os pedintes, vagabundos, sem abrigo, catadores de lixo, para não citar todos, são-no, estão-no e fazem-no não por vontade própria mas como último recurso, muitas vezes já sem pudor algum porque não se podem dar a esse luxo. A seguir a este degrau…
Se eu soubesse, com certezas ou alto grau de probabilidade, que o eu fazer estas imagens iria de alguma forma melhorar-lhes a vida – na auto-estima, na fome, na saúde ou no conforto – esta minha invasão das suas intimidades públicas poderia fazer algum sentido.
Mas eu sei que do meu acto de fotografar nada de diferente lhes acontecerá. Apenas ficarei com mais um troféu de caça na minha galeria que, eventualmente, exibirei dizendo: “Vejam o que eu vi, sintam o que eu senti!”
Poderão dizer os fotojornalistas: “Mas uma das missões nobres do nosso ofício é denunciar as misérias do mundo e tentar com isso melhora-lo!”
É verdade que sim! Tal como eu o faço com a minha câmara de vídeo, que é o meu ofício.
Mas as minhas fotografias não se destinam a nenhuma publicação, de pequena ou grande tiragem. Faço-as porque me dá prazer fazê-las e, raramente, exibi-las, se as entendo como capazes e se me apetecer.
Se, de alguma forma, as imagens que faço e exibo podem melhorar o mundo, não sei, ainda que o tente. Mas prefiro fazê-lo mostrando os objectos, a luz, as atmosferas, as consequências e as causas e não as pessoas em si mesmas, não violando a sua privacidade pública.
Há uma palavra que define o que sinto e que me inibe de fotografar amiúde desconhecidos:
Pudor!
Texto e imagem: by me
É uma palavra que todos conhecem mas da qual raramente nos lembramos. Um destes dias ouvi-a num contexto curioso e fiquei com ela na cabeça.
Era a palavra que me faltava e que melhor descreve alguns dos meus sentimentos.
Tenho pudor em fazer certas fotografias.
Há 31 anos que faço televisão. Comecei ainda no tempo do preto e branco e da aventura do inico da cor. Cem por cento, menos umas milésimas de unidade, das imagens por mim captadas, registadas e transmitidas foram de seres humanos.
No estúdio e no exterior, dentro e fora do país, anónimos ilustres e ignóbeis figuras públicas, ou qualquer outra combinação, como entenderem.
Em todas elas, de uma forma mais ou menos explícita, existiu uma cumplicidade no fazer dessas imagens. A câmara estava lá, bem visível, e o cidadão sabe que eu estou lá, o que estou a fazer e para quê. Uns exibem-se e quase que pagam para constar no registo ou transmissão, outros são apanhados ao correr da objectiva, mas nada há de sub-reptício.
Além do mais, mercenário que sou da imagem televisiva, não me sinto eu, enquanto individuo, a fazer aquelas imagens. Faço parte de uma equipa, de uma organização. A minha co-responsabilidade na captação e utilização das imagens que faço é limitada. Ainda assim, alguns escrúpulos que tenho tido ao longo dos tempos, têm-me trazido alguns amargos de boca.
Já enquanto fotógrafo a minha atitude tem sido diferente.
Raramente fotografo pessoas desconhecidas ou anónimas. Pelo menos ao ponto de estarem em evidencia no enquadramento ou de serem reconhecíveis.
Os trabalhos que tenho feito a pedido (não gosto do termo profissional) têm sido na área do teatro, da publicidade e da arquitectura, passando ao de leve pela reportagem.
Nestas circunstâncias, as figuras fotografadas fazem parte do evento e querem “ficar no boneco”.
Mas, sendo o Homem aquilo que quero retratar nas minhas imagens pessoais - aquelas que faço para minha satisfação exclusiva -, procuro fazê-lo sem que conste explicitamente delas.
Aquelas imagens de instantâneo – uma expressão, um gesto, um evento – que poderia fazer para meu prazer e deleite, não as faço. Tenho pudor!
Com conhecidos, próximos ou não tanto, sou mais atrevido. A cumplicidade existe, as pessoas em causa sabem o que sou e o que faço e, se bem que possam não “se fazerem à fotografia”, sabem que ela pode acontecer e comportam-se mais ou menos em conformidade.
Agora os estranhos, aqueles que apenas me conhecem de vista ou nem isso, vivem a sua vida ignorantes da possibilidade de eu os poder fotografar. São o que são, sem reservas, acanhamentos ou exibicionismos, alegres, tímidos, carinhosos ou bem pelo contrário, inconscientes que um gesto, uma expressão pode ficar registada para todo o sempre.
Da mesma forma que não espreito ou fotografo para dentro de janelas alheias, também tenho pudor em o fazer quando estão da parte de fora delas.
Esta minha atitude e sentimentos é tanto mais forte quanto mais “frágil” é a pessoa ou situação em causa. As misérias, materiais ou outras, tantas vezes vistas em espaços públicos, estão ali porque não podem estar em qualquer outro local privado.
Os pedintes, vagabundos, sem abrigo, catadores de lixo, para não citar todos, são-no, estão-no e fazem-no não por vontade própria mas como último recurso, muitas vezes já sem pudor algum porque não se podem dar a esse luxo. A seguir a este degrau…
Se eu soubesse, com certezas ou alto grau de probabilidade, que o eu fazer estas imagens iria de alguma forma melhorar-lhes a vida – na auto-estima, na fome, na saúde ou no conforto – esta minha invasão das suas intimidades públicas poderia fazer algum sentido.
Mas eu sei que do meu acto de fotografar nada de diferente lhes acontecerá. Apenas ficarei com mais um troféu de caça na minha galeria que, eventualmente, exibirei dizendo: “Vejam o que eu vi, sintam o que eu senti!”
Poderão dizer os fotojornalistas: “Mas uma das missões nobres do nosso ofício é denunciar as misérias do mundo e tentar com isso melhora-lo!”
É verdade que sim! Tal como eu o faço com a minha câmara de vídeo, que é o meu ofício.
Mas as minhas fotografias não se destinam a nenhuma publicação, de pequena ou grande tiragem. Faço-as porque me dá prazer fazê-las e, raramente, exibi-las, se as entendo como capazes e se me apetecer.
Se, de alguma forma, as imagens que faço e exibo podem melhorar o mundo, não sei, ainda que o tente. Mas prefiro fazê-lo mostrando os objectos, a luz, as atmosferas, as consequências e as causas e não as pessoas em si mesmas, não violando a sua privacidade pública.
Há uma palavra que define o que sinto e que me inibe de fotografar amiúde desconhecidos:
Pudor!
Texto e imagem: by me
domingo, 1 de novembro de 2009
Tempos modernos
Pergunto-me o que se passa na cabeça de pedagogos, arquitectos e afins ao criarem esta estrutura para um parque infantil num bairro suburbano.
Talvez uma transposição sólida e tridimensional das angústias de quem procura, mais que viver, sobreviver ao fim-do-mês.
E as vergonhas escondidas de quem entra na padaria e pergunta quanto custam dez pães. E, perante a resposta, peça apenas quatro, sem ser capaz de levantar o olhar para os restantes clientes, que também o desviam.
E os medos contemporâneos dos adultos. Que matam as frustrações do dia numa aguardente nocturna. E que chamam rispidamente a pimpolhada curiosa, para que se afastem do excêntrico da rua quando, quase pela meia-noite, fotografa um parque infantil inicialmente deserto.
Texto e imagem: by me
Talvez uma transposição sólida e tridimensional das angústias de quem procura, mais que viver, sobreviver ao fim-do-mês.
E as vergonhas escondidas de quem entra na padaria e pergunta quanto custam dez pães. E, perante a resposta, peça apenas quatro, sem ser capaz de levantar o olhar para os restantes clientes, que também o desviam.
E os medos contemporâneos dos adultos. Que matam as frustrações do dia numa aguardente nocturna. E que chamam rispidamente a pimpolhada curiosa, para que se afastem do excêntrico da rua quando, quase pela meia-noite, fotografa um parque infantil inicialmente deserto.
Texto e imagem: by me
No story, just the fun!
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