Teor de uma reclamação por mim efectuada no respectivo livro oficial, na Fundação de Arte Moderna e Contemporânea – Colecção Berardo, no dia 25 de Janeiro 2008:
Foi-me interditado o acesso às instalações por não aceitar deixar os meus pertences (uma mochila com equipamento fotográfico) na portaria.
Teor da resposta que recebi, uns dias mais tarde, com a mesma origem e data:
Exmo Sr.
Na sequencia da reclamação que nos foi dirigida por V. Exa, venho por este meio informar que por questões de segurança museológica não é permitida a entrada de mochilas nos espaços expositivos do Museu.
Contudo os nossos funcionários tanto de Recepção como de Bengaleiro são pessoas responsáveis e que guardam em segurança os pertences dos nossos visitantes.
Venho deste modo convidá-lo a visitar novamente as nossas exposições com a garantia que ninguém tocará nos seus pertences sejam eles quais forem.
Sem outro assunto de momento e sempre ao dispor
Com os melhores cumprimentos
XXXXXXXXXXXXXXX
(Relações Públicas)
Conteúdo do E-Mail que lhes enviei e que, suponho, encerra o assunto lamentavelmente:
Exma Srª XXXXXXXXXXXXXX
Recebi a vossa carta com a referência FAMC91/08, de 25 Janeiro 2008.
Sobre ela, o vosso convite e o incidente que a ela deu origem, há que dizer o seguinte:
Tenho para mim que as relações entre pessoas, instituições ou entre as primeiras e as segundas se devem basear na urbanidade, franqueza, confiança e reciprocidade.
Ora se, aquando da minha presença na vossa Fundação, fui tratado com urbanidade e franqueza, o mesmo não posso dizer quanto a confiança.
A atitude de restringir a entrada a portadores de sacos, no caso específico a mim mesmo e à minha mochila fotográfica, implica uma atitude de desconfiança, implica entenderem que eu poderia não ter um comportamento adequado ao local, de respeito para com as obras expostas e para com os demais visitantes. Mais ainda, fica implícito que eu poderia cometer um qualquer acto menos lícito com o que eventualmente pudesse transportar na referida mochila, ainda que os vossos funcionários desconhecessem o seu conteúdo.
Ora, se para qualquer acção existe uma reacção, o princípio da reciprocidade aplica-se: se suspeitam do meu comportamento, da minha honestidade e das minhas intenções, não seria de esperar algo menos que pensamentos e suspeitas equivalentes para com a vossa instituição e respectivos funcionários.
Mas, queira-se ou não, encontramo-nos num estado de direito, onde a inocência até prova em contrário é um dos pilares. E não foi essa a atitude que tiveram para comigo, enquanto visitante anónimo e desconhecido.
Quanto à questão de segurança museológica que refere, gravemente doente está uma sociedade que justifica com razões de segurança o cercear da liberdade dos seus cidadãos.
Poderá ainda ser alegado que mais não fazem que o equivalente ao que se passa na maioria dos museus das grandes cidades Europeias.
Bem o sei, que neles tenho sido confrontado com situações equivalentes.
Mas, se esses mesmos Países são palco de actos de terror, criminalidade e vandalismo, como é do conhecimento público, em não se tratando da comunidade em que estou inserido mais não tenho que aceitar essas mesmas regras, visitando ou não as exposições de acordo com o maior ou menor interesse que possa ter no seu conteúdo.
Acontece que no meu País esse clima não se vive. Indo mais longe, no meu País, na minha sociedade, tenho o direito, mais, tenho o dever de intervir, aplaudindo e incentivando o que entendo por correcto, protestando e tentando modificar o que entendo por incorrecto. E a vossa atitude na vossa instituição, interpreto-a como incorrecta e ofensiva à honra e reputação dos vossos visitantes. No caso particular, a mim mesmo.
Assim, e considerando o teor da vossa missiva, entendo a vossa posição por irredutível, pelo que não conto aceitar o vosso convite para vos visitar.
As visitas que faço a museus, exposições temporárias e equivalentes acontecem nos tempos livres da minha actividade profissional - técnico de imagem na RTP. E, nesses mas não só, o meu equipamento fotográfico acompanha-me sempre, para que possa dar azo à minha criatividade, por grande ou pequena que ela possa ser, nos momentos que antecedem ou sucedem à visita. Não irei, pela certa, deixar tudo isso em casa, apenas porque vós não confiais nos vossos visitantes.
Com os melhores cumprimentos, e na esperança de nos podermos vir a encontrar em circunstâncias mais agradáveis.
JC Duarte
Cidadão
(acessoriamente técnico de imagem de TV, photógrapho, professor)
Foi-me interditado o acesso às instalações por não aceitar deixar os meus pertences (uma mochila com equipamento fotográfico) na portaria.
Teor da resposta que recebi, uns dias mais tarde, com a mesma origem e data:
Exmo Sr.
Na sequencia da reclamação que nos foi dirigida por V. Exa, venho por este meio informar que por questões de segurança museológica não é permitida a entrada de mochilas nos espaços expositivos do Museu.
Contudo os nossos funcionários tanto de Recepção como de Bengaleiro são pessoas responsáveis e que guardam em segurança os pertences dos nossos visitantes.
Venho deste modo convidá-lo a visitar novamente as nossas exposições com a garantia que ninguém tocará nos seus pertences sejam eles quais forem.
Sem outro assunto de momento e sempre ao dispor
Com os melhores cumprimentos
XXXXXXXXXXXXXXX
(Relações Públicas)
Conteúdo do E-Mail que lhes enviei e que, suponho, encerra o assunto lamentavelmente:
Exma Srª XXXXXXXXXXXXXX
Recebi a vossa carta com a referência FAMC91/08, de 25 Janeiro 2008.
Sobre ela, o vosso convite e o incidente que a ela deu origem, há que dizer o seguinte:
Tenho para mim que as relações entre pessoas, instituições ou entre as primeiras e as segundas se devem basear na urbanidade, franqueza, confiança e reciprocidade.
Ora se, aquando da minha presença na vossa Fundação, fui tratado com urbanidade e franqueza, o mesmo não posso dizer quanto a confiança.
A atitude de restringir a entrada a portadores de sacos, no caso específico a mim mesmo e à minha mochila fotográfica, implica uma atitude de desconfiança, implica entenderem que eu poderia não ter um comportamento adequado ao local, de respeito para com as obras expostas e para com os demais visitantes. Mais ainda, fica implícito que eu poderia cometer um qualquer acto menos lícito com o que eventualmente pudesse transportar na referida mochila, ainda que os vossos funcionários desconhecessem o seu conteúdo.
Ora, se para qualquer acção existe uma reacção, o princípio da reciprocidade aplica-se: se suspeitam do meu comportamento, da minha honestidade e das minhas intenções, não seria de esperar algo menos que pensamentos e suspeitas equivalentes para com a vossa instituição e respectivos funcionários.
Mas, queira-se ou não, encontramo-nos num estado de direito, onde a inocência até prova em contrário é um dos pilares. E não foi essa a atitude que tiveram para comigo, enquanto visitante anónimo e desconhecido.
Quanto à questão de segurança museológica que refere, gravemente doente está uma sociedade que justifica com razões de segurança o cercear da liberdade dos seus cidadãos.
Poderá ainda ser alegado que mais não fazem que o equivalente ao que se passa na maioria dos museus das grandes cidades Europeias.
Bem o sei, que neles tenho sido confrontado com situações equivalentes.
Mas, se esses mesmos Países são palco de actos de terror, criminalidade e vandalismo, como é do conhecimento público, em não se tratando da comunidade em que estou inserido mais não tenho que aceitar essas mesmas regras, visitando ou não as exposições de acordo com o maior ou menor interesse que possa ter no seu conteúdo.
Acontece que no meu País esse clima não se vive. Indo mais longe, no meu País, na minha sociedade, tenho o direito, mais, tenho o dever de intervir, aplaudindo e incentivando o que entendo por correcto, protestando e tentando modificar o que entendo por incorrecto. E a vossa atitude na vossa instituição, interpreto-a como incorrecta e ofensiva à honra e reputação dos vossos visitantes. No caso particular, a mim mesmo.
Assim, e considerando o teor da vossa missiva, entendo a vossa posição por irredutível, pelo que não conto aceitar o vosso convite para vos visitar.
As visitas que faço a museus, exposições temporárias e equivalentes acontecem nos tempos livres da minha actividade profissional - técnico de imagem na RTP. E, nesses mas não só, o meu equipamento fotográfico acompanha-me sempre, para que possa dar azo à minha criatividade, por grande ou pequena que ela possa ser, nos momentos que antecedem ou sucedem à visita. Não irei, pela certa, deixar tudo isso em casa, apenas porque vós não confiais nos vossos visitantes.
Com os melhores cumprimentos, e na esperança de nos podermos vir a encontrar em circunstâncias mais agradáveis.
JC Duarte
Cidadão
(acessoriamente técnico de imagem de TV, photógrapho, professor)