quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Correspondência


Teor de uma reclamação por mim efectuada no respectivo livro oficial, na Fundação de Arte Moderna e Contemporânea – Colecção Berardo, no dia 25 de Janeiro 2008:

Foi-me interditado o acesso às instalações por não aceitar deixar os meus pertences (uma mochila com equipamento fotográfico) na portaria.



Teor da resposta que recebi, uns dias mais tarde, com a mesma origem e data:

Exmo Sr.

Na sequencia da reclamação que nos foi dirigida por V. Exa, venho por este meio informar que por questões de segurança museológica não é permitida a entrada de mochilas nos espaços expositivos do Museu.
Contudo os nossos funcionários tanto de Recepção como de Bengaleiro são pessoas responsáveis e que guardam em segurança os pertences dos nossos visitantes.
Venho deste modo convidá-lo a visitar novamente as nossas exposições com a garantia que ninguém tocará nos seus pertences sejam eles quais forem.
Sem outro assunto de momento e sempre ao dispor
Com os melhores cumprimentos

XXXXXXXXXXXXXXX
(Relações Públicas)



Conteúdo do E-Mail que lhes enviei e que, suponho, encerra o assunto lamentavelmente:


Exma Srª XXXXXXXXXXXXXX

Recebi a vossa carta com a referência FAMC91/08, de 25 Janeiro 2008.
Sobre ela, o vosso convite e o incidente que a ela deu origem, há que dizer o seguinte:

Tenho para mim que as relações entre pessoas, instituições ou entre as primeiras e as segundas se devem basear na urbanidade, franqueza, confiança e reciprocidade.
Ora se, aquando da minha presença na vossa Fundação, fui tratado com urbanidade e franqueza, o mesmo não posso dizer quanto a confiança.
A atitude de restringir a entrada a portadores de sacos, no caso específico a mim mesmo e à minha mochila fotográfica, implica uma atitude de desconfiança, implica entenderem que eu poderia não ter um comportamento adequado ao local, de respeito para com as obras expostas e para com os demais visitantes. Mais ainda, fica implícito que eu poderia cometer um qualquer acto menos lícito com o que eventualmente pudesse transportar na referida mochila, ainda que os vossos funcionários desconhecessem o seu conteúdo.
Ora, se para qualquer acção existe uma reacção, o princípio da reciprocidade aplica-se: se suspeitam do meu comportamento, da minha honestidade e das minhas intenções, não seria de esperar algo menos que pensamentos e suspeitas equivalentes para com a vossa instituição e respectivos funcionários.
Mas, queira-se ou não, encontramo-nos num estado de direito, onde a inocência até prova em contrário é um dos pilares. E não foi essa a atitude que tiveram para comigo, enquanto visitante anónimo e desconhecido.
Quanto à questão de segurança museológica que refere, gravemente doente está uma sociedade que justifica com razões de segurança o cercear da liberdade dos seus cidadãos.
Poderá ainda ser alegado que mais não fazem que o equivalente ao que se passa na maioria dos museus das grandes cidades Europeias.
Bem o sei, que neles tenho sido confrontado com situações equivalentes.
Mas, se esses mesmos Países são palco de actos de terror, criminalidade e vandalismo, como é do conhecimento público, em não se tratando da comunidade em que estou inserido mais não tenho que aceitar essas mesmas regras, visitando ou não as exposições de acordo com o maior ou menor interesse que possa ter no seu conteúdo.
Acontece que no meu País esse clima não se vive. Indo mais longe, no meu País, na minha sociedade, tenho o direito, mais, tenho o dever de intervir, aplaudindo e incentivando o que entendo por correcto, protestando e tentando modificar o que entendo por incorrecto. E a vossa atitude na vossa instituição, interpreto-a como incorrecta e ofensiva à honra e reputação dos vossos visitantes. No caso particular, a mim mesmo.

Assim, e considerando o teor da vossa missiva, entendo a vossa posição por irredutível, pelo que não conto aceitar o vosso convite para vos visitar.
As visitas que faço a museus, exposições temporárias e equivalentes acontecem nos tempos livres da minha actividade profissional - técnico de imagem na RTP. E, nesses mas não só, o meu equipamento fotográfico acompanha-me sempre, para que possa dar azo à minha criatividade, por grande ou pequena que ela possa ser, nos momentos que antecedem ou sucedem à visita. Não irei, pela certa, deixar tudo isso em casa, apenas porque vós não confiais nos vossos visitantes.

Com os melhores cumprimentos, e na esperança de nos podermos vir a encontrar em circunstâncias mais agradáveis.


JC Duarte
Cidadão
(acessoriamente técnico de imagem de TV, photógrapho, professor)

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Nuvens

Disse alguém por quem tenho estima e consideração:

… É inútil fotografar nuvens. Inútil, também, explicar o porquê.

Tenho que admitir que não poderia estar mais em desacordo!
Fotografar nuvens não apenas é divertido como nos enche o ego. Ou a alma. Ou nos deixa em uníssono com o universo. Ou o que quer que seja.
Em qualquer dos casos, gosto de o fazer!

Estória de um fumador


As estórias são o que são e a credibilidade que possam ter passa, muitas vezes, por quem as conta. Por isso, não fiquei muito surpreendido quando a minha colega me disse, muito pomposamente:
Eh pá, oh JC, eu não leio o 24 horas!
Tenho que concordar que, habitualmente, também não leio tal jornal. O sensacionalismo, uma aparente falta de rigor e de isenção fazem com que não faça parte dos periódicos que leio.
No entanto, foi-me chamada a atenção para um artigo e, de tanta graça lhe achei, que andei a mostra-lo a uns quantos colegas.
Claro que, neste caso, a credibilidade não passava apenas pelo jornal mas também por quem o mostrava e, verdadeira ou não, ninguém lhe tira o apodo de insólito. E, como sabemos, a vida consegue ir bem mais longe que a imaginação do comum dos mortais.
Eis o artigo:

Um homem foi colhido por uma viatura quando fumava um cigarro à porta de um café na rua da Junqueira, em Lisboa.
A vítima encontra-se internada em estado considerado grave no Hospital São Francisco Xavier. Corre o risco, segundo fonte hospitalar, de não voltar a andar.
Fonte policial disse ao 24horas que o insólito acidente ocorreu por causa de um táxi que se descontrolou. “Um taxista despistou-se e embateu num carro estacionado na Rua da Junqueira, perto da Universidade Lusíada”, confirmou a fonte.
Com a força do embate, o carro estacionado junto ao café foi projectado, galgou o passeio e colheu o peão – que se encontrava à porta do café a fumar um cigarro, por ser proibido fazê-lo dentro do estabelecimento comercial.
O indivíduo foi projectado para dentro do café e sofreu graves ferimentos nas pernas. Os bombeiros foram para o local e transportaram-no para o Hospital de São Francisco Xavier - onde permanecia ontem internado.
A PSP tomou conta do insólito caso. O taxista foi submetido ao teste de alcoolemia e deverá ser responsabilizado pelos danos provocados nas viaturas e no café, assim como pelas graves lesões sofridas pelo peão
.”

Desta estória, deduzo eu que ainda falte contar o epílogo e tirar a sua moral.
Suponho que o peão seja multado pela ASEA, visto ser oficial que entrou num café a fumar. Os rigores da lei não perdoam e são imparciais, sendo irrelevantes os motivos que o levaram a tal.
E pode-se concluir que “fumar na rua” é muito perigoso. Não há memória de um fumador ter sido atropelado enquanto fumava dentro de casa ou num estabelecimento comercial.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

CAPA


TO the small group of photography experts aware of its existence, it was known simply as “the Mexican suitcase.” And in the pantheon of lost modern cultural treasures, it was surrounded by the same mythical aura as Hemingway’s early manuscripts, which vanished from a train station in 1922.
The suitcase — actually three flimsy cardboard valises — contained thousands of negatives of pictures that Robert Capa, one of the pioneers of modern war photography, took during the Spanish Civil War before he fled Europe for America in 1939, leaving behind the contents of his Paris darkroom.
Capa assumed that the work had been lost during the Nazi invasion, and he died in 1954 on assignment in Vietnam still thinking so. But in 1995 word began to spread that the negatives had somehow survived, after taking a journey worthy of a John le Carré novel: Paris to Marseille and then, in the hands of a Mexican general and diplomat who had served under Pancho Villa, to Mexico City.
And that is where they remained hidden for more than half a century until last month, when they made what will most likely be their final trip, to the International Center of Photography in Midtown Manhattan, founded by Robert Capa’s brother, Cornell. After years of quiet, fitful negotiations over what should be their proper home, legal title to the negatives was recently transferred to the Capa estate by descendants of the general, including a Mexican filmmaker who first saw them in the 1990s and soon realized the historical importance of what his family had.
“This really is the holy grail of Capa work,” said Brian Wallis, the center’s chief curator, who added that besides the Capa negatives, the cracked, dust-covered boxes had also been found to contain Spanish Civil War images by Gerda Taro, Robert Capa’s partner professionally and at one time personally, and by David Seymour, known as Chim, who went on to found the influential Magnum photo agency with Capa.
The discovery has sent shock waves through the photography world, not least because it is hoped that the negatives could settle once and for all a question that has dogged Capa’s legacy: whether what may be his most famous picture — and one of the most famous war photographs of all time — was staged. Known as “The Falling Soldier,” it shows a Spanish Republican militiaman reeling backward at what appears to be the instant a bullet strikes his chest or head on a hillside near Córdoba in 1936. When the picture was first published in the French magazine Vu, it created a sensation and helped crystallize support for the Republican cause.
Though the Capa biographer Richard Whelan made a persuasive case that the photograph was not faked, doubts have persisted. In part this is because Capa and Taro made no pretense of journalistic detachment during the war — they were Communist partisans of the loyalist cause — and were known to photograph staged maneuvers, a common practice at the time. A negative of the shot has never been found (it has long been reproduced from a vintage print), and the discovery of one, especially in the original sequence showing all the images taken before and after the shot, could end the debate.
But the discovery is being hailed as a huge event for more than forensic reasons. This is the formative work of a photographer who, in a century defined by warfare, played a pivotal role in defining how war was seen, bringing its horrors nearer than ever — “If your pictures aren’t good enough, you’re not close enough” was his mantra — yet in the process rendering it more cinematic and unreal. (Capa, not surprisingly, later served a stint in Hollywood, befriending directors like Howard Hawks and romancing Ingrid Bergman.)
Capa practically invented the image of the globe-trotting war photographer, with a cigarette appended to the corner of his mouth and cameras slung over his fatigues. His fearlessness awed even his soldier subjects, and between battles he hung out with Hemingway and Steinbeck and usually drank too much, seeming to pull everything off with panache. William Saroyan wrote that he thought of Capa as “a poker player whose sideline was picture-taking.”
In a Warholian way that seems only to increase his contemporary allure, he also more or less invented himself. Born Endre Friedmann in Hungary, he and Taro, whom he met in Paris, cooked up the persona of Robert Capa — they billed him as “a famous American photographer” — to help them get assignments. He then proceeded to embody the fiction and make it true. (Taro, a German whose real name was Gerta Pohorylle, died in Spain in 1937 in a tank accident while taking pictures.) of Photography, who have begun a months-long effort to conserve and catalog the newly discovered work, say the full story of how the negatives, some 3,500 of them, made their way to Mexico may never be known.
In 1995 Jerald R. Green, a professor at Queens College, part of the City University of New York, received a letter from a Mexico City filmmaker who had just seen an exhibition of Spanish Civil War photographs sponsored in part by the college. He wrote that he had recently come into possession of an archive of nitrate negatives that had been his aunt’s, inherited from her father, Gen. Francisco Aguilar Gonzalez, who died in 1967. The general had been stationed as a diplomat in the late 1930s in Marseille, where the Mexican government, a supporter of the Republican cause, had begun helping antifascist refugees from Spain immigrate to Mexico.
From what experts have been able to piece together from archives and the research of Mr. Whelan, the biographer (who died last year), Capa apparently asked his darkroom manager, a Hungarian friend and photographer named Imre Weisz, known as Cziki, to save his negatives in 1939 or 1940, when Capa was in New York and feared his work would be destroyed.
Mr. Weisz is believed to have taken the valises to Marseille, but was arrested and sent to an internment camp in Algiers. At some point the negatives ended up with General Aguilar Gonzalez, who carried them to Mexico, where he died in 1967. It is unclear whether the general knew who had taken the pictures or what they showed; but if he did, he appears never to have tried to contact Capa or Mr. Weisz, who coincidentally ended up living the rest of his life in Mexico City, where he married the Surrealist painter Leonora Carrington. (Mr. Weisz died recently, in his 90s; Mr. Whelan interviewed him for his 1985 biography of Capa but did not elicit any information about the lost negatives.)
“It does seem strange in retrospect that there weren’t more efforts to locate these things,” Mr. Wallis said. “But I think they just gave them up. They were lost in the war, like so many things.”
When the photography center learned that the work might exist, it contacted the Mexican filmmaker and requested their return. But letters and phone conversations ended with no commitments, said Phillip S. Block, the center’s deputy director for programs, who added that he and others were not even sure at the beginning if the filmmaker’s claims were true, because no one had been shown the negatives. (Saying that the return of the negatives was a collective decision of the Aguilar Gonzalez family, the filmmaker asked not to be identified in this article and declined to be interviewed for it.)
Meetings with the man were scheduled, but he would fail to appear. “And then communications broke off completely for who knows what reason,” Mr. Block said. Efforts were made from time to time, unsuccessfully, to re-establish contact. But when the center began to organize new shows of Capa and Taro’s war photography, which opened last September, it decided to try again, hoping that images from the early negatives could be incorporated into the shows.
“He was never seeking money,” Mr. Wallis said of the filmmaker. “He just seemed to really want to make sure that these went to the right place.”
Frustrated, the center enlisted the help of a curator and scholar, Trisha Ziff, who has lived in Mexico City for many years. After working for weeks simply to track down the reclusive man, she began what turned out to be almost a year of discussions about the negatives.
“It wasn’t that he couldn’t let go of this,” said Ms. Ziff, interviewed by phone from Los Angeles, where she is completing a documentary about the widely reproduced image of Che Guevara based on a photograph by Alberto Korda.
“I think it was that no one before me had thought this through in the way that something this sensitive needs to be thought through,” she said. The filmmaker worried in part that people in Mexico might be critical of the negatives’ departure to the United States, regarding the images as part of their country’s deep historical connection to the Spanish Civil War. “One had to respect and honor the dilemma he was in,” she said.
In the end Ms. Ziff persuaded him to relinquish the work — “I suppose one could describe me as tenacious,” she said — while also securing a promise from the photography center to allow the filmmaker to use Capa images for a documentary he would like to make about the survival of the negatives, their journey to Mexico and his family’s role in saving them.
“I see him quite regularly,” Ms. Ziff said, “and I think he feels at peace about this now.”
In December, after two earlier good-faith deliveries of small numbers of negatives, the filmmaker finally handed Ms. Ziff the bulk of the work, and she carried it on a flight to New York herself.
“I wasn’t going to put it in a FedEx box,” she said.
“When I got these boxes it almost felt like they were vibrating in my hands,” she added. “That was the most amazing part for me.”
Mr. Wallis said that while conservation experts from the George Eastman House in Rochester are only now beginning to assess the condition of the film, it appears to be remarkably good for 70-year-old nitrate stock stored in what essentially looks like confectionery boxes.
“They seem like they were made yesterday,” he said. “They’re not brittle at all. They’re very fresh. We’ve sort of gingerly peeked at some of them just to get a sense of what’s on each roll.”
And discoveries have already been made from the boxes — one red, one green and one beige — whose contents appear to have been carefully labeled in hand-drawn grids made by Mr. Weisz or another studio assistant. Researchers have come across pictures of Hemingway and of Federico García Lorca.
The negative for one of Chim’s most famous Spanish Civil War photographs, showing a woman cradling a baby at her breast as she gazes up toward the speaker at a mass outdoor meeting in 1936, has also been found. “We were astonished to see it,” Mr. Wallis said. (The photograph, often seen as showing the woman worriedly scanning the skies for bombers, was mentioned by Susan Sontag in “Regarding the Pain of Others,” her 2003 reconsideration of ideas from her well-known treatise “On Photography,” a critical examination of images of war and suffering.)
The research could bring about a reassessment of the obscure career of Taro, one of the first female war photographers, and could lead to the determination that some pictures attributed to Capa are actually by her. The two worked closely together and labeled some of their early work with joint credit lines, sometimes making it difficult to establish authorship conclusively, Mr. Wallis said. He added that there was even a remote possibility that “The Falling Soldier” could be by Taro and not Capa.
“That’s another theory that’s been floated,” he said. “We just don’t know. To me that’s what’s so exciting about this material. There are so many questions and so many questions not even yet posed that they may answer.”
Ultimately, Mr. Wallis said, the discovery is momentous because it is the raw material from the birth of modern war photography itself.
“Capa established a mode and the method of depicting war in these photographs, of the photographer not being an observer but being in the battle, and that became the standard that audiences and editors from then on demanded,” he said. “Anything else, and it looked like you were just sitting on the sidelines. And that visual revolution he embodied took place right here, in these early pictures.”



Texto e Imagem: in NewYork Times

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

O stor é..


Em 25 de janeiro publiquei aqui esta fotografia sem o corte censório, naturalmente.
A acompanhar a fotografia coloquei o seguinte texto:

Numa das paredes de acesso à estação da CP de Sete Rios, em Lisboa, alguém escreveu: ‘O stor de TIC é gay e otário (Xxxxxx Xxxxx)’ [Entenda-se que os X’s são a supressão dos nomes que constam na parede]
Consigo imaginar um qualquer aluno frustrado com as notas, incapaz de fazer uma auto-avaliação isenta.
Mas quem é capaz de tal?


Entendi eu que o texto seria jocoso ou critico para com quem o escreveu e, de forma alguma, para o referido Stor de TIC. Entre outros motivos porque, tendo eu passado uns bons dez anos da minha vida em actividades lectivas, bem sei o que é o espírito mordaz da gente jovem e até que ponto são capazes de encontrar formas de se vingarem do que consideram não ser justo. O que nem sempre corresponde à verdade!

No entanto, dois meses passados da publicação do post (2008/04/24), alguém sob anonimato escreveu os seguintes comentários:
Ó amigo, uma vez que não encontrei o seu e-mail no blog agradeço que retire a referência ao meu nome e a imagem. Ao menos podia ter pensado em omitir o nome completo não é? Obrigado”
“Já agora fico grato se me puder dar uma ideia do mês/ano em que terão escrito isso (quando viu pela 1ª vez?)”


Como disse acima, a minha intenção não foi, de forma alguma, ofender ou insultar o professor ali referido, pelo que aqui fica a imagem corrigida bem como o texto. Os meus pedidos de desculpa por qualquer incómodo causado.
Bem como os meus pedidos de desculpa por no blog não constar o e-mail. Aqui fica: jcduarte98@gmail.com .
Quanto a datas, sempre posso acrescentar correndo o risco de me chamarem ‘bufo’, que a fotografia foi feita enquanto fumava um cigarro ao fim de uma tarde de fotografias na cidade, num entretém entre andar de metropolitano e na linha de Sintra. E não costumo estar ali nesse local. Mas a fotografia possui a data de registo de 25 de Janeiro de 2008.

Claro que não se pode agradar a gregos e a troianos. Se deste meu post advier algum incómodo para o ou os autores do graffiti, os meus pedidos de desculpa também! Mas se não esperavam que fosse lido, melhor seria que não o tivessem escrito num local onde uns milhares de olhos o podem ler diariamente, ao invés das poucas dezenas que me dão a honra de por este espaço virtual passarem.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Há trinta anos


A vida é cheia de surpresas! Tanto no que ao futuro concerne como à comparação do presente com o passado!

Na recuperação da minha videoteca em VHS para suporte digital, tropecei num filme em particular. Dá pelo nome de “Caminhos meus” e foi rodado em 1977. Em Portugal, numa produção da RTP.
Por um qualquer motivo que o meu consciente não revelou, foi um daqueles que eu quis ver um pedaço enquanto passava da cassete para o PC.
E qual não foi a minha surpresa ao constatar que aquele filme em particular tinha um grau de importância razoável. É que, espantai Oh gentes! Eu tinha feito figuração nele, com direito a duas cenas e uma fala. Bem antes de sequer vir a pensar trabalhar no ramo.
Entenda-se que o filme é mau a muitos níveis e que a minha participação não o melhorou, bem pelo contrário. Um canastrão de primeira água.
Mas aqui ficam os meus dois minutos e picos de fama, de estrelato.
Acrescente-se que, a bem da sanidade mental dos cinéfilos, em parte alguma da web encontrei referencias a esta produção. Felizmente!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Sinais dos tempos



As coisas conjugam-se de formas estranhas.
Sabemos que o clima global está a mudar, e vamos dando por isso cá. Em finais de Janeiro, vamos tendo dias já primaveris, com temperaturas tépidas, quentes mesmo, se quisermos ficar parados ao sol.
Também sabemos que as recentes leis anti-tabaco restringem o seu uso na maioria dos restaurantes. Aqui no bairro, tanto quanto sei, apenas o MacDonalds o permite, estranha-se a contradição. É que, muito antes da lei existir já possuía zonas de não fumadores com áreas bem grandes e, em algumas lojas, totalmente interditas. Este aqui sempre interditou no seu interior. Mas a esplanada é ao ar livre, com uma meia dúzia de mesas amplas, pelo que, em querendo fumar um cigarrito ainda sentado, é o local indicado.

Pois se não fossem estas duas circunstancias, não teria deparado com este pardalito numa árvore, suponho que a chamar por uma futura companheira/o.
E tão ocupado estava nessa tarefa que nem se incomodou que me chegasse um pouco para o fotografar.
Sabe bem, num bairro dormitório suburbano, encontrar pelo almoço aves chilreantes que não nos temem. Quase que me fez ficar por ali, enchendo a alma no lugar da barriga.

Texto e imagem: by me

Mais um pequeno passo



Tribunal condena França por impedir homossexual de adoptar uma criança

O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem condenou ontem a França por discriminação sexual, por ter recusado a uma mulher homossexual o direito a adoptar uma criança. "É uma vitória da igualdade sobre o medo, o preconceito e a ignorância", congratulou-se a advogada Caroline Mécary, ouvida pela AFP.

O tribunal "considera que a requerente foi alvo de tratamento diferenciado", diz a sentença. E sublinhou que esta diferença "constitui uma discriminação na perspectiva da Convenção" dos Direitos do Homem, uma vez que se baseia exclusivamente na orientação sexual.

Por dez votos contra sete, os juízes do Tribunal Europeu concluíram que a violação do artigo 14.º (que proíbe a discriminação), combinada com o artigo 8.º (direito ao respeito pela vida privada e familiar) da Convenção Europeia dos Direitos do Homem, dava razão à requerente, identificada apenas pelas suas iniciais E.B.

Trata-se de uma educadora de infância que vive desde 1990 em união de facto com uma psicóloga, adianta a AFP. O Estado terá de indemnizar E.B. com dez mil euros por danos morais, depois de ter sido invocado que a falta de uma referência paternal poderia criar problemas de "identificação" na criança.

Mudar interpretação da lei

Segundo os juristas europeus, a França não precisará de mudar a sua legislação para acatar a decisão obrigatória do tribunal, mas deverá mudar a interpretação e a prática dos seus próprios textos.

Agora, "a França não poderá voltar a recusar a um solteiro homossexual a adopção de uma criança", sublinha a advogada. "E o mesmo para todos os países membros do Conselho da Europa" - uma organização internacional vocacionada para a defesa dos direitos humanos, anterior à União Europeia e mais ampla que a UE, da qual Portugal faz parte.

Isto não significa que os tribunais portugueses estejam agora obrigados a seguir a decisão do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. "As decisões do Tribunal Europeu criam precedentes, mas não iguais ao sistema inglês ou americano, em que os tribunais inferiores têm de acatar as decisões das instâncias superiores", explica ao PÚBLICO José Manuel Pureza, especialista em direito internacional da Universidade de Coimbra.

de esperar que isto possa contribuir para uma decisão uniforme [do Tribunal Europeu], mas a decisão não passa directamente para os tribunais nacionais", adianta Pureza. "É mais um precedente de facto do que uma regra formal de precedentes a serem seguidos pelos Estados-membros".

Mas "o facto de a decisão do tribunal ter este conteúdo pode animar" outros requerentes homossexuais que pretendam lutar pelo direito a adoptar uma criança, reconhece.

Nove países europeus aceitam já a adopção por casais homossexuais: Alemanha, Bélgica, Noruega, Dinamarca, Espanha, Islândia, Holanda, Reino Unido e Suécia.


Texto: in Público.pt
Imagem: by me

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Nostalgia invernosa


Por vezes sinto falta de uma bebida assim:
Fresca em contraste com a temperatura exterior.
Mais uns meses e será a época delas.


Texto: by me
Imagem: by me (nos tempos em que não se sonhava com digitais)

Na linha do anterior


Está aqui há umas semanas, poucas.
Numa rua próxima da minha, no trajecto que uso para o trabalho, abriu um local de culto.
Modesto, ocupando o espaço de uma loja (já por ali estiveram diversos comércios, mas não vingaram) não me aquenta nem me areefenta. Não sendo eu crente, não tenciono frequenta-lo, ficando-me apenas o desejo de que todos os que o façam se sintam bem ali.
Aquilo que já não me agrada, já que se dirige a todos os cidadãos transeuntes, é o que tem afixado na porta: Dos cinco papeis que tem colados no vidro, um é uma identificação (do destino do local), outro uma informação (horário), outro um convite (para entrar) e dois de proibição (de estacionar).
Ainda mal assentaram arraiais, terão, provavelmente, uma frequência diminuta, farão, pela certa, campanhas de angariação de fieis… mas das primeiras coisas que fazem é delimitar território e exibir proibições e condicionantes de comportamento.
Como disse, não sou crente, tal como não sou condutor. Pelo que o que ali está afixado não se me dirige.
Mas é bem indicador que 40% do que está na porta de um templo seja negativo, impeditivo, impositivo.
E que os deuses lhes dêem o dobro do que eles nos desejam!


Texto e imagem: by me

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Viagens



Sentado no suburbano, a caminho do trabalho, olho em redor e leio o que encontro.
E, para além das publicidades, que me tentam forçar a comprar ou a consumir, apenas vejo imposições, obrigações, proibições. Particularmente estas: proibições!
Proibições e obrigações! É com isto que a CP, a exemplo de toda a sociedade, comunica com os seus utentes, com os seus elementos. Obriga e proíbe!
O conceito de liberdade não passa disso mesmo: um conceito!

É por isso mesmo que, mais que sacudido no comboio, me apetece abanar pela raiz isto onde vivemos. E criar um código minimalista, apenas com duas regras:
- Proibir as proibições;
- Obrigar ao cumprimento da primeira.


A que horas sai a próxima composição para AlfaCentauro?


Texto e imagem: by me

domingo, 20 de janeiro de 2008

Cavaleiro



Namoravamo-los, todos, de manhãzinha a caminho da escola ou, pelo almoço, no regresso.
Na montra de uma loja que hoje é um pronto-a-vestir, ali na Av. Da Igreja, Lisboa, havia-os de todos os tipos: a cavalo e a pé, de espada, de pistola, de espingarda. Com quepi ou com chapéu de abas, de lenço vermelho ou amarelo. Os cavalos, esses, estavam a galope ou a trote, de sela vermelha ou azul, pretos ou brancos. Não me recordo de nenhum baio.
Mas eram caros. Não tanto quanto os cruzados, com espadas e maças de armas, escudos e armaduras, também a cavalo ou apeados.
Em qualquer dos casos, os soldados da guerra civil americana eram caros. Eram aqueles que se desmontavam, que se trocavam cabeças e chapéus, lenços e armas.
E, com essas trocas e baldrocas, formavam-se exércitos formidáveis de meia-dúzia, com que nos defrontávamos nas planícies do soalho ou nos canyons entre almofadas.
Entre nós, canalha miúda da vizinhança, poucos tínhamos, obtidos de um parente por via de muita pedinchice. Ou fruto das economias forçadas que fazíamos: lanches não comprados, trajectos de autocarro feitos a pé, lápis usados até ao coto…
Estas poupanças, mais as magríssimas semanadas que tínhamos faziam com que, quando um fosse comprar um de sua eleição, fosse uma festa. Íamos juntos, gabando as vantagens e os defeitos deste ou daquele, antevendo os jogos e as trocas, escolhendo pela cor e pelas armas. E pela pose, pois está claro!

Hoje continuam estupidamente caros, que tiveram o desplante de me pedir a enormidade de 15 euros por este numa feira de velharias. Mas não resisti agora, a roçar os 50, como não resistia há quarenta anos atrás.
Mas os jogos de então eram reais, palpáveis, com fortes por nós construídos e estratégias por nós engendradas. E o limite estava na nossa imaginação.
Hoje joga-se em rede, com oponentes de que desconhecemos a cara e que tratamos por alcunhas inverosímeis, atados a personagens e estratégias delineadas por programadores de software. E a imaginação dos jogadores fica atida ao rato, teclado e ecrã.
Sem se saber o que fazer aos paus dos gelados, que as canas fazem lindíssimas pontes e que com tubos de caneta, botões e paus de fósforo se fazem potentíssimos canhões.

Outros tempos, em que o digital era só a partir da 4ª classe, a impressão no BI.


Texto e imagem: by me

A fila


Não se enganem!
Este magote de gente, em fila de bem mais de meia-hora, não está ali para pagar impostos ou aceder a uma qualquer abertura de saldos.
Num fim de tarde de um domingo soalheiro como poucos recentes, tiveram todos a mesma ideia:
Um passeio na Praça do Império, com os pimpolhos a rebolarem na relva, chutarem a bola ou pedalarem a bicla e, para final, uns pastelinhos de Belém.
Todos ao mesmo tempo, que a hora do lanche é comandada pelo sol e este estava a esvair-se em sombras já.

Em alternativa, do outro lado da mesma rua, a pastelaria com os Pasteis de Cerveja estava quase às moscas, e bem mais saborosos e incomuns. Truques de quem conhece alguns cantos à cidade.


Texto e imagem: by me

sábado, 19 de janeiro de 2008

Inicio









Sendo que o anterior espaço que usava está com um péssimo serviço, este será o alternativo.

Falta o epílogo: um pedido de desculpas

"Um acto de justiça que prestigia a RTP." É assim que o jornalista José Rodrigues dos Santos classifica o arquivamento do processo disciplinar que foi movido contra si pela anterior administração da RTP e que o actual quadro de administradores decidiu arquivar.
"Este desfecho demonstra que, em todo este caso, me limitei a dizer a verdade até à última vírgula", acrescenta o pivot do Telejornal, que foi alvo de um processo após ter denunciado, em declarações à revista Pública, em Outubro passado, as "interferências ilegítimas em matéria editorial" da administração do canal público, então dirigido por Almerindo Marques, actual administrador da Estradas de Portugal.
Apesar de a acção disciplinar ter sido motivada pelas declarações do jornalista, os argumentos apresentados pela administração contra o trabalhador versavam sobretudo questões de ordem laboral, como incumprimento de horário. A administração tinha como intenção o despedimento por justa causa.
Em declarações à Lusa, ontem, Almerindo Marques comentou este arquivamento, afirmando que hoje procederia da mesma forma "em circunstâncias idênticas".
Ângela Camila, da comissão de trabalhadores da RTP, adiantou ao PÚBLICO que o arquivamento do processo disciplinar agrada ao grupo representante dos trabalhadores, que se tinha insurgido contra o processo: "Congratulamo-nos com a medida do conselho de administração", disse.
Mas acrescenta que o caso Rodrigues dos Santos não acaba com este arquivamento. "Aguardamos a todo o momento que a ERC [Entidade Reguladora para a Comunicação Social] dê resposta à queixa apresentada pela comissão de trabalhadores, que não se cinge ao processo disciplinar."
A comissão de trabalhadores enviou, no dia 24 de Dezembro, um pedido para que o regulador se pronuncie sobre o caso Rodrigues dos Santos, alegando que estão em causa "a independência do operador público perante o poder político" e o condicionalismo da liberdade de imprensa. E pediu a instauração de um inquérito. Até hoje, a ERC ainda não se pronunciou sobre esta queixa.


Texto: in Público.pt
Imagem: edit by me



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