Eu queria começar o dia aqui com algo de bonito, sincero,
honesto, convincente.
Mas só me lembro de jornalistas e candidatos eleitorais, que
querem.
Eu queria começar o dia aqui com algo de bonito, sincero,
honesto, convincente.
Mas só me lembro de jornalistas e candidatos eleitorais, que
querem.
Nada acontece por geração espontânea. Há sempre um motivo para
cada coisa que nos sucede, e um motivo atrás desse, e um atrás desse, e um
atrás…
Se não tivesse dado aulas, não me teriam oferecido aquela
caneta. A que ganhei afecto e que, com o passar dos anos, acabou por se
estragar.
E se não lhe tivesse ganho afecto, não teria tratado de
arranjar uma substituta quase igual, que me acompanhou anos a fio.
E se a não tivesse comigo, não a teria emprestado.
E se a não tivesse emprestado não se teria estragado naquele
dia.
E se não se tivesse estragado naquele dia, não teria eu, hoje,
ido à procura de uma igual ou parecida.
E se não tivesse vindo aqui para a encontrar, não teria feito
esta fotografia.
E se não tivesse feito a fotografia, não teria embarcado,
depois, naquele autocarro.
E se não tivesse embarcado naquele autocarro, não a teria
visto.
Era preta e dava nas vistas. Pela sua magreza extrema. Mesmo
só pele e osso. Apesar de não parecer doente ou toxicodependente. Apenas muito,
muito magra.
Quando o autocarro chegou ao fim da linha, foi perguntar
qualquer coisa ao motorista. Que lhe respondeu: “É logo ali. O Rossio é logo
ali, é só ir andando.”
Mas o ar dela era de quem estava meio-perdida, quase a entrar
em pânico. Apesar de estarmos nos Restauradores, uns 200 metros de distância,
para quem não sabe é o mesmo que estar a 10Km. Meti-me ao barulho.
Abordei-a, ainda no autocarro, e perguntei-lhe se ia para o
Rossio. E que sendo, que viesse comigo que eu também ia para lá. (Não ia, mas
não era importante)
E fomos andando pela praça fora, comigo a ficar intrigado: por
mais que alterasse a cadência do meu passo, ela ficava sempre – sempre – um
passo atrás. Aquela senhora, preta, nos seus trinta e tal anos, muito magra,
fazia questão de apenas caminhar atrás de mim!
Ao fim de uns trinta ou quarenta metros oiço-a dizer algo de
pouco perceptível (não consegui identificar o seu sotaque) de onde se destacava
a palavra “comboio”.
Esclareci com ela se queria mesmo ir para a estação e ela
confirmou-o. “Vamos”, disse-lhe. “Passamos à porta.”
Cinquenta metros (ou setenta) depois, chegámos.
“É aqui e lá em cima. Sabe onde é?”
Não sabia de todo.
Venha que levo-a. E continuei.
Voltei a ser surpreendido. Não sabia usar as escadas rolantes
e ficou bem assustada no primeiro lance. No segundo já se entendeu, depois de
algumas palavras encorajadoras. Afinal, ninguém nasce ensinado.
Lá comprou o bilhete para a sua estação, que sabia de cor e
disse-me, meio confidente, que havia saído de casa sem carteira nem nada.
Depois de a levar às cancelas e de lhe indicar qual o comboio,
fez um sorriso, lindo apesar da magreza das suas faces, e disse-me enquanto se
curvava para a frente:
“Obrigado! Que Deus lhe pague. Obrigado.”
Fiquei meio envergonhado e afastei-me. Afinal, não merecia eu
tal agradecimento de forma alguma.
E, mentalmente, enderecei-o para aquele motorista da Carris
que, nesta mesma manhã e com uma luz quase equivalente, olhou em redor antes de
começar a andar, constatou que vinha alguém a correr, a uns bons cinquenta
metros, travou o autocarro e aguardou. E nem ouviu o que eu ouvi, e que bem
merecia. Que ele estava a trabalhar enquanto que eu… bem, pouco mais que em passeio.
Nada acontece sozinho e sem algo que lhe dê origem. Ainda bem
que trago sempre comigo a câmara fotográfica.
Nikon Coolpix P7000
By me
Em tempos estive inserido no mercado fotográfico. Fiz
fotografia de teatro, de publicidade e umas aventuras mínimas na reportagem.
Deixei essa actividade por três motivos: porque não precisava
dela para viver, porque odiava a competição insana do mercado e porque ouvi
vezes demais pedirem-me “faz baratinho”.
O não precisar da fotografia para viver é apenas uma força de
expressão. Tinha um outro ofício, regular e com ordenado certo, que me pagava
as contas. A fotografia era, e é, o que me alimenta a alma. E o que ganhei com
ela, se não serviu para por comida na mesa, serviu para pagar equipamento e
completar em satisfação e dinheiro o que fazia no meu emprego.
A competição é algo que odeio. Ninguém tem que ser melhor que
ninguém, ninguém tem que ser mais que ninguém, ninguém tem que ter mais que
ninguém. O mundo e a vida são suficientemente cheios e ricos para que todos
possam ter o seu quinhão sem que com isso tenham que apoucar os demais. E se eu
não vivo de menorizar ninguém, não gosto de ser alvo disso mesmo.
O pedirem para fazer baratinho é algo que me desagrada
profundamente. É menosprezar o trabalho, é achar que o que se sabe fazer pouco
vale e que o tempo investido para aprender e melhorar é de borla. Prefiro,
desde sempre, oferecer os meus préstimos de borla a fazer baratinho.
Acrescente-se que aqueles que agora estão a entrar no mercado
e que fazem baratinho, não apenas estão a apoucar o que fazem como estão a
prejudicar todos os outros, ao fazer baixar os preços ao limite das despesas
directas.
A única situação é que peço desconto é quando, em pagando
algo, pergunto se tenho direito a desconto por pagar em dinheiro trocado. E a
única resposta que espero obter em troca é um sorriso divertido que ajude a
quebrar a monotonia a quem está do outro lado do balcão.
Divirtam-se e façam o
favor de ter uma vida cheia.
Samsung S1060
By me
A fotografia não tem que ser explícita.
E as leituras não têm que ser instantâneas.
Pentax K1 mkII, SMC
Pentax-M macro 50 1:4
By me
O tipo de ofício que tinha proporcionava estas situações, que
os horários eram demasiado malucos e instáveis:
Uma ocasião uma colega viu-se na contingência de ter que levar
a filha para o trabalho.
Coitada da pequena, que frequentava o 4º ano, lá se ía
entretendo como podia, sem atrapalhar o que ali se fazia. E a dado passo,
talvez que as minhas barbas tenham sido um incentivo, veio perguntar-me se
haveria papel disponível para escrever ou desenhar.
Claro que havia e indiquei-lhe onde. E ficámos um nico de
conversa na qual acabei por lhe contar a história do Joãozinho e do seu barco.
Contá-la-ei aqui noutra ocasião.
Mas, na sequência disto, acabámos por falar de aviões de
papel, de como fazer e quais os modelos.
Enquanto eu lhe mostrava um deles, dobrando e vincando a folha
com afinco e rigor, qual engenheiro aeronáutico, lembrei-me de tantos
produtores de imagem, estática ou animada, que tanta questão fazem em “dobrar”
a imagem a meio com o horizonte, ou de lhes aplicar regras matemáticas exactas,
como o número de ouro, ou ainda algoritmos digitais aplicados às cores e luzes,
deixando de parte o equilíbrio, a harmonia subjectiva, a criatividade, o
expressar da alma.
Se a estética se resumisse a fórmulas e regras, há muito que
os computadores teriam produzido obras-primas igualáveis apenas por outros
computadores.
Pentax K1mkII, SMC
Pentax-M macro 50 1:4
By me
Ir à feira do livro da fotografia faz-me mal à alma.
É que venho de lá com a tristeza de saber que estão ali tantas
e boas obras, nas quais muito poderia descobrir e aprender, e ver-me na
contigência de ter que fazer escolhas. Entre o que quero e o que posso, entre o
conhecido e o desconhecido. Teóricos, monográficos ou colectânias.
Não que isso faça de mim melhor no que faço, mas empurra-me
para algum lado mais à frente que aquele onde estou.
Este é um dos exemplos das escolhas deste ano.
O que nos é dito na contra-capa abre o apetite para outras
leituras que não as mais recentes e, neste caso, por um autor que desconheço.
Para alguma coisa foram inventadas as longas noites de
inverno.
Pentax K1 mkII, SMC
Pentax-M macro 50 1:4
By me
Certo!
Já por cá ando há um bom pedaço mais de meio século, pelo que
o apodo de “cota” não será de todo desajustado.
Em termos de captação e tratamento de imagem, ao já por cá
andar há tanto tempo, fez com que usasse de quase todos os sistemas e suportes:
películas e sensores, químicas e electrónicas, CCDs, CMOS e tubos de raios
catódicos, matricial e sequencial, pequenos médios e grandes formatos,
estáticos, animados e de alta resolução.
Alguns desses processos tornaram-se com que uma segunda
natureza para mim, outros mais não são
que história, outros ainda me são um pouco estranhos, não os dominando. E acredito
que quem teve a sorte, como eu, de passar por tantos e tão díspares tenha
dificuldade em estar a par de todos e que alguns deles pouco mais sejam que
anacronismos curiosos ou tecnologias a dominar.
Por mim, que por dever de ofício ou satisfação da alma, tenho
vindo a dominar ou a arranhar todos eles, tenho optado conhecer tão a fundo
quanto me é possível o que tenho entre mãos, preocupando-me bem mais com os
resultados que com os métodos. Quero “contar uma história”, e bem contada, com
a ferramenta que estou a usar, preocupando-me a sério com as últimas
tecnologias se e quando elas tiver que usar. Mantenho-me informado mas não as
aprofundo como as que estou a usar ou em perspectivas disso.
Uma coisa há, no entanto, que é imutável. Que não depende dos equipamentos
ou das tecnologias empregues: a luz. Esta, mais assim ou mais assado, com
origem em aquecimento, descargas ou ionização de gás ou LEDs, continua a ser a
emissão e reflexão de fotões, que têm uma trajectória rectilínea e um movimento
ondulatório, cujas frequências são por nós traduzidas em cores, cuja
interrupção na sua trajectória resulta em sombra, com uma intensidade variável
na proporção inversa do quadrado da distância, cujo ângulo de reflexão é igual
ao ângulo de incidência, e cuja trajectória é alterada pela aplicação de
energia ou com materiais que lhe sejam permeáveis.
Mas, e principalmente, é ela que permite o captar imagem,
sejam quais forem as tecnologias empregues. É ela que faz com que um dado
assunto seja mais “bonito” ou nem tanto. É ela que nos permite contar histórias
e estórias.
Nenhum fotógrafo, videógrafo, cineasta, profissional ou
curioso interessado, ignora que ela é a sua matéria-prima nem a maltrata ou
menospreza. Em o fazendo, os resultados são os que vamos vendo, infelizmente,
na net e na imprensa, nos receptores.
Sendo esta a minha abordagem – talvez que de cota com mais de
meio século – imagine-se como me sinto ao ter conversas com alguns da nova
geração que entendem que a imagem se capta “mais ou menos” e que os contrastes,
os ajustes das altas e baixas luzes, as sombras, os jogos de cor se tratam
depois, desde que se possua uma boa máquina para os processar.
Um bom pós-processamento é vital na produção de imagem. Sempre
o foi. E, se outros motivos não existissem, basta pensar que fotografia, vídeo
e cinema têm – sempre – que ser objecto desse tratamento. Tanto na edição, como
no controlo, na impressão, na etalonnage, nos efeitos especiais…
Mas com má matéria-prima – no caso, má imagem de origem ou má
luz – por muito que se esforcem o mais que se consegue é um resultado sofrível.
Se tanto. Nem mesmo os últimos avanços tecnológicos conseguem suprir essas
falhas.
Dizerem-me que para se fazer uma boa imagem basta um gráfico
de luzes e tons, estático ou animado é o mesmo que me dizerem que para Bruegel
ou Leonardo bastava um bom pincel, que para Stanley ou Alfred bastava uma boa
película ou que para Helmut ou Frank bastava um bom ampliador.
Serei cota com um pedaço mais de meio século a arrastar a
carcaça mas, para mim, bem mais importante que o como é o porquê.
Pentax K7, Sigma 70-300
By me
Sem luz que faríamos nós, fotógrafos?
É que até livros sagrados a referem logo no princípio como
sendo o início e o primordial.
Nikon Coolpix P7000
By me
Um destes dias tropecei num artigo de um site que se dedica a
publicar elogios a objectivas e câmaras. Costumo ler o que por lá aparece,
ainda que não pense em mudar de marca (sou Pentaxiano).
Este artigo em particular falava, espantado, em como um
fotógrafo faz espantosos retratos com uma câmara com mais de dez anos de
fabrico e que já nem se encontra à venda.
Apeteceu-me fazer uma crítica mordaz, mas não havia onde. Fica
por aqui.
Por um lado, os retratos mostrados eram todos feitos com uma
perspectiva muito próxima. É difícil não obter imagens impactantes desta forma.
Em seguida, todas as imagens eram em preto e branco, com a
gama tonal completa e contrastada. Uma vez mais, sabendo dominar um editor de
imagem, também assim se obtêem imagens fortes se a luz estiver a nosso favor,
natural ou trabalhada.
Por fim, e foi o que me incomodou, pouco importa a idade do
material e se está ou não disponível no mercado. As técnicas usadas por Nadar,
por exemplo, são mais que arcaicas e não retiram um pingo de qualidade ao seu
trabalho. Tal como Weegee ou Ansel Adams. Uma press câmera com visor directo,
ou uma 18x24, chapa a chapa, são técnicas lentas, complexas de operar e
processar, pesadas e nada discretas. No entanto, os seus instantâneos ou
paisagens são de tirar a respiração, mesmo que impressos numa revista ou livro
de mediana ou até fraca qualidade.
Não é o pincel, a maceta, a caneta ou a câmara que fazem o
artista ou a obra de arte. É o domínio da técnica em uso e o saber materializar
aquilo que a alma sente. E isso é para poucos.
Nota adicional: esta imagem tem o título “Até ao próximo
episódio”. Foi feita com uma vetusta Olympus 3030z, de 3,3 mp, que regista em
cartões SM. Fabricada no ano 2000, até os cartões de memória já saíram de
mercado. No entanto, tenho orgulho em a ter feito, mais ainda se considerarmos
que se encontrava no interior de uma caixa de madeira e a exposição e foco
foram feitos em total automatismo. Faz parte do meu projecto “Old Fashion”, há
muito terminado.
By me
Este é o meu calendário analógico do advento 2025.
Mas tive que ser firme com todas as outras e dizer-lhes que
não há mais lugar que para 25.
Para o ano será a vez delas, analógicas ou não.
Pentax K1 mkII, SMC Pentax-M 35 1:2
By me
Esta é uma piada/crítica que tenho usado com alunos e
formandos:
“Foste militar? Não!? É que até parece teres sido atirador
especial! O alvo sempre bem no meio da mira da arma.”
Isto a propósito de composições de imagem em que o centro de
interesse está colocado bem no meio do enquadramento, sem que exista um motivo
lógico para tal.
Dizemos nós, alguns profissionais de uma escola antiga, que em
torno de uma figura humana, tal com em torno de um objecto, existe ar. O espaço
que o rodeia. E nós, seres humanos e demais seres vivos, consideramos uma
intrusão se algo ou alguém se aproxima em demasia do nosso rosto. Ou do nosso
corpo.
Esse espaço ou ar que queremos respeitado é bem maior que o
queremos vazio nas nossas costas ou acima da nossa cabeça. Tal como um objecto.
Uma cadeira tem como espaço próprio, na sequência da sua utilização, o que lhe
fica à frente ou acima. Porque ninguém se senta passando uma perna por cima das
costas de uma cadeira. Pelo menos em condições normais.
Donde, e a menos que queiramos provocar algum tipo de
sentimento de suspense ou incómodo em quem observa as imagens que produzimos,
convém deixar esse espaço próprio respeitado. Com mais ar à frente do rosto
e/ou do corpo que atrás ou acima. A menos, claro, que ambos se confrontem de
frente para a objectiva e, neste caso, dependerá do que mais houver em seu
redor.
Costumo argumentar que a figura humana possui dois vectores
primordiais: um que lhe sai do rosto, outro que lhe sai do tronco. O primeiro
alinhado com o nariz, o segundo perpendicular ao peito.
A gestão de espaço, ou ar, será o vector resultante da soma
destes dois. Não apenas para provocar conforto (ou, quebrando isto,
desconforto) como para sugerir movimento. Isto porque, regra geral, os humanos
encontram-se com ambos os vectores sobrepostos. Em não estando alinhados,
haverá equilibrar a resultante dessa soma.
O modo como mostramos o espaço circundante de seres vivos ou objectos
inanimados influi enormemente na forma como o público reage ao que vê. E nós,
produtores de imagem para com ela comunicarmos, temos que saber como o público
reage para o conduzir à leitura que queremos que tenha.
Vem tudo isto, quase que um desabafo desregrado e
mal-amanhado, na sequência de umas fotografias que vi. Conheço quem as fez e
sei como bem domina a técnica da iluminação e do tratamento posterior no
computador. E sei quem lhe deu a formação técnica, que é um mestre na matéria.
Mas, valha-nos deus! Do ponto de vista de composição de imagem parece ter tido
a especialidade de sniper, de tal modo que coloca tudo bem ao meio da imagem,
seja qual for a orientação do rosto ou do corpo. Ou, as mais das vezes,
ignorando o “ar” que o corpo pede, preocupando-se apenas com o rosto. E este
bem centrado na fotografia.
Quando compomos uma imagem, não nos devemos ater em exclusivo
ao rosto e à direcção do olhar, tal como não devemos considerar que a “regra
dos terços”, sucedâneo moderno da proporção aurea, é regra absoluta e
inviolável. O equilíbrio dos elementos e dos seus significados (naturais ou
interpretativos) é tão ou mais importante que as matemáticas rigorosas
aplicadas à estética.
Na imagem, já com uns anos valentes e feita em ambiente
natural, a conjugação de duas técnicas: o procurar o equilíbrio entre os tais
dois vectores (rosto e tronco) e a tal luz vinda de trás de que tanto gosto.
Os meus dois cêntimos e desculpem ter-me alongado.
Pentax K7, Sigma 70-300
Para acompanhar esta imagem, sugiro que se oiça “Pequenos
deuses caseiros”, cantado por Manuel Freire.
Nikon Coolpix P7000
By me
Convenhamos que o Corona Vírus não tem apenas aspectos
negativos.
Por causa dele, foram reduzidos ao mínimo, quando não a zero,
os almoços ou jantares de natal das empresas ou de grupos profissionais, onde
gente que passa o ano a cortar na casaca ou a espetar facas nas costas faz de
conta que se dá muito bem, numa hipocrisia institucionalizada e obrigatória.
Pentax K7, Tamron SP
Adaptall2 90 1:2,5
By me
O problema de se fotografar com luz de LED em casa por
comparação com luz de incandescência é que as primeiras não aquecem como as
segundas.
E no inverno o espaço de trabalho pode ficar bem frio.
Pentax K7, Pentax DA 18-55 1:3,5-5,5, Nanlite FS-150B
By me
Sou guloso e sou egoísta. Gosto dos meus prazeres e não os
dispenso!
Uma boa refeição, um bom vinho, um bom livro, uma boa
fotografia, uma boa luz.
Em podendo, trato de as ter e degustar.
Mas há coisas de que gosto, de que sou guloso, e que não estão
à venda nem se encontram com facilidade. A vida está como a sabemos e vão-se
tornando raras.
Uma delas, de que sou mesmo guloso, são sorrisos. Caramba!
Como sou guloso por um sorriso, não importa a quem é dirigido!
Mas, no corre-corre matinal, entre a cama e o local de
trabalho, são mais raros que políticos honestos.
Donde, se não os encontro naturalmente, provoco-os, que sou
mesmo guloso por sorrisos.
No balcão rápido do café a correr a caminho do comboio, não
são comuns. Não que não sejam bonitos, mas todos têm pressa, todos saíram uns
minutos atrasados, todos querem o seu café “à maneira”… E quem está do outro
lado do balcão reage em conformidade, correndo que nem barata tonta da máquina
do café p’ra pinça dos bolos, com passagem p’la faca da manteiga.
Em chegando, nem importa onde, oiço o padronizado “bom dia”,
sem ter outro significado que não seja “o que deseja?”
Não me chega e quero mais. Com o meu café matinal quero um
sorriso que o adoce. Até porque, como já disse, sou guloso.
Uma pausa de um ou dois segundos, um ar sério e compenetrado,
e riposto:
“Obrigado. P’ra si também: bom dia!”
Guloso que sou, conheço uma boa quantidade de formas p’ra
satisfazer os meus prazeres. E esta é uma delas, infalível.
Do outro lado do balcão há também um compasso de imobilidade,
como que a digerir o ouvido e perceber o seu significado. De seguida, o sorriso
vem, brotando não importa a idade ou o quão cheio estará o lado de cá.
Quando recebo a minha bica, nem preciso do pacote de açúcar:
já vem adoçado com estes sorrisos.
Que, como já disse, sou guloso.
A imagem? Não vo-la dou. Tratem vocês de provocar e degustar
os vossos sorrisos, que eu sou guloso e egoísta dos meus.
By me
Piada corriqueira entre os profissionais da imagem:
" A luz não faz curvas!"
Mas às vezes faz umas brincadeiras com piada.
Nikon Coolpix P7000
By me
Um compincha, amigo e mestre costumava dizer que só há dois
tipos de fotografia: tremidas ou feitas com tripé.
Dê-se desconto ao exagero, a verdade é que a física, a
fisiologia e a matemática concordam com ele: é impossível manter imóvel um
objecto segurando-o com a mão. Por imperceptível que seja, haverá sempre algum
movimento.
Aliás, já a revista “Modern Photography” que fazia no seu
tempo testes de resolução das objectivas quando era colocadas no mercado,
tinham a câmara firmemente colocada, tal como a cartas de testes, em pesados e
sólidos blocos de cimento.
Daí que a tecnologia e os fabricantes foram criando diversos
dispositivos que auxiliam em muito o evitar fotografias tremidas. De muitas
formas, algumas bem engenhosas.
Mas os antigos, os bem, bem, bem antigos já tinham forma de
garantir a estabilidade, métodos esses que perduram passados que são muitos
séculos: as pirâmides, que encontramos por diversas civilizações e pontos do
globo.
E eu demonstro: só há uma figura geométrica que é indeformável
a menos que quebremos alguma das suas arestas. O triângulo.
A partir daqui, quantas mais arestas acrescentarmos mais é
fácil alterar a sua forma bastando alterar os ângulos internos. Mas não no
triângulo.
As pirâmides, mesmo que com base quadrangular, são triângulos
em volume. Indeformaveis a menos que destruamos uma das suas faces ou arestas.
O corpo humano, sendo composto de músculos, está em
permanência a ajustar as suas posições porque tem várias “arestas ou faces”.
Clássico é vermos os marinheiros, perante o balançar do barco, abrirem as
pernas e afastarem os pés, formando assim um tiângulo composto por duas pernas
e o chão que une os pés.
O fotógrafo, em procurando a estabilidade, deve criar
triângulos no corpo de modo a obter o máximo de estabilidade. E não apenas nas
pernas. Também nos braços.
Se encostar os cotovelos ao tronco cria aqui três triângulos
interligados. Um frontal, composto pelos dois antebraços e o tronco, e um de
cada lado composto pelo braço, o antebraço e a mão segurando a câmara encostada
à cara.
As câmaras em que se usa o LCD e não o visor de ocular,
quebram estes triângulos. E, pior ainda, como o ecrã implica alguma distância
do olhar para estar nítido, é mais que habitual ver segurar a câmara com os
cotovelos afastados do corpo. Coisa a que costumo chamar de “com as asinhas no
ar”.
Não há tentativa de estabilidade que resista.
De igual forma, fazer uma fotografia com enquadramento
vertical conduz, a menos que se tenha cautela e façamos ginástica, a termos o
disparador do lado superior da câmara. Donde, o cómodo é levantar a mão direita
para o actuar e a outros comandos, ficando com “essa asa aberta e pronta a
levantar voo”.
Não é à toa que os fabricantes de câmaras colocam nos “grips”
adicionais um botão de disparo e outros comandos no canto inferior direito.
Desta forma é possível segurar com mais estabilidade o conjunto, encostando o
cotovelo direito ao corpo.
E, só para terminar o que já vai longo: porque usamos tripé e
não quadripé? Porque as suas pernas formam triângulos, os tais que já os muito,
muito, muito antigos usavam.
Pentax K1 mkII, Pentax-M macro 100 1:4
By me
A fotografia da esquerda foi feita por mim. Foi assim que a
concebi, foi assim que a concretizei, foi assim que a exibi.
A imagem da direita foi o resultado da edição que alguém
decidiu fazer como forma de divulgar a primeira.
Convenhamos que são bem diferentes. Que contam histórias ou
estórias bem diferentes. Que provocam em quem as vê sentimentos diferentes.
Mal comparado (bem mal comparado) será como transformar o
clássico verso de Luis de Camões “Alma minha gentil, que te partiste” em “Alma
gentil, que te partiste”. Quase as mesmas palavras, mas em que a ausência de
uma transforma todo o conteúdo. E com uma métrica e ritmo completamente
diferentes. Para já nem falar na cacofonia existente que assim desaparece.
Não gosto que o façam com fotografia alguma. Minha ou não.
Menos gosto quando tal acontece sem que haja uma referência a
que se trata de um trabalho pessoal sobre o trabalho de outrem. Trata-se, aqui,
não apenas da adulteração de um trabalho original como da apropriação da
criatividade de terceiros. A sociedade em geral e a lei em particular também
não gostam e dão-lhe um nome feio.
Desgosto por completo quando tal sucede num site ou rede
social dedicado à fotografia. Deveria haver aqui um maior respeito pelo
trabalho de cada um, já que todos exibem o que sabem fazer, gerindo cada pedaço
do espaço fotográfico (enquadramento) como quiseram ou sentiram.
Apenas admitiria alterações, nestas circunstâncias, se com o
objectivo didático ou discussão sobre a gestão de espaço e linhas criadas para
um determinado efeito ou passagem de mensagem ou sentimento. E assumir essa
discussão enquanto tal.
Mas faz-me sair do sério quando tal alteração não apenas não é
didática como é efectuada por alguém que gere um espaço virtual sobre fotografia.
Faz-me ficar a saber o que essa pessoa (ou conjunto de
pessoas) pensam ou sabem sobre estética e eficácia de comunicação. E, muito
principalmente, sobre ética.
Há uns tempos fui alvo daquilo que exibo na imagem.
Em mensagem privada a quem o fez manifestei o meu desagrado,
explicando-o.
Como resposta, recebi um pedido de desculpas caso o meu
“orgulho fotográfico” tivesse sido “ferido”. E a informação de que as minhas
fotografias deixarão de ser consideradas para destaques.
Por outras palavras, que não me preocupasse porque não
voltariam a adulterar as minhas imagens, mas que o continuariam a fazer com as
de outros autores.
Fiquei esclarecido!
Pentax K7, Sigma 70-300
By me
Eis uma informação absolutamente inútil:
Hoje, meados de Novembro e numa manhã particularmente
carregada de nuvens, havia mil vezes menos luz na rua do que haveria se o céu
estivesse limpo e o sol brilhasse.
Pentax K1 mkII, Pentax-M macro 50 1:4
By me
Quando me mudei para a casa onde vivo uma das coisas que fiz
foi deixar bem acessíveis os livros que tenho sobre imagem, nas suas diversas
facetas.
Mas a pressa em esvaziar caixas e sacos, colocando o seu
recheio nas prateleiras, fez com que o fizesse mais pelo espaço e tamanho que
ocupam que por temas ou autores. “Mais tarde organizo isso”, pensei então. E o
mais tarde ainda não chegou.
Esta desorganização fez-me agora percorrer muitas lombadas com
os olhos, em busca de uns livros que queria para consulta. Encontrei-os, mas
insultei-me diversas vezes. E ao editores, que escrevem as lombadas com
orientações diversas, provocando verdadeiros torcicolos a quem anda meio
perdido em busca de algo.
Nesse périplo dou com este pequeno tomo.
Não me lembrava de o ter e não me recordo de todo de como me
chegou às mãos. Não tendo assinatura nem ex-libris, não terá vindo de uma
pequena biblioteca que herdei, pelo que posso concluir que terá sido comprado
numa feira de velharias.
Um dos factores que o torna de excepção é sua data de
publicação: 1954. O que faz com que as escolhas de obras e autores
referenciados sejam todas anteriores. A título de exemplo, o último capítulo
tem o nome “La nueva visión abstracta”.
Outro factor digno de nota é sermos informados no início que o
livro é ilustrado com “96 ilustraciones, una em cuatricromía”. Não apenas a impressão
de livros com imagens coloridas era particularmente cara como a própria
fotografia a cores era ainda pouco mais que novidade.
E na sua primeira badana, escrito pelo editor, podemos ler: “PEN
oferece a los lectores de nuesta patria el primer libro español que inventaria
y estudia la historia del registro mecánico de la imagem...”
Será bem interessante ler o que então se dizia da fotografia e
dos autores, se pensarmos que foi escrito e editado durante a ditadura
Franquista.
Acho que tenho com que me entreter e deliciar com a comparação
do que então se publicava e hoje se sabe sobre a fotografia.
Pentax K1 mkII, Pentax-M macro 50 1:4
Há uns anos valentes sugeri a um grupo de pessoas de variadas
idades e conhecimentos em fotografia que escolhessem uma echarpe colorida de
uma quantas que levara.
Em seguida, que a fotografassem a sua umas dez vezes no jardim
onde nos encontravamos. Como entendessem de o fazer. E fizeram.
No final, sugeri que mudassem os parâmetros da câmara para preto
e branco e fizessem mais dez fotografias do mesmo pedaço de tecido.
Aqui a porca torceu o rabo, já que não o conseguiam com a
mesma facilidade ou sucesso. E o problema estava na composição de imagem sem o
factor côr, o que obrigava a um muito maior cuidado no onde e como colocar o
centro de interesse para que ficasse notório que o era. Perspectiva e luz.
Todos nós, os que lidamos com a imagem técnica, sabemos a
importância da côr: de como ela evidencia ou oculta elementos, quer pelo
contraste ou interacção com outras cores quer pela saturação.
Mas há um outro factor que nos atrai ou afasta numa imagem,
mesmo que disso não nos apercebamos: a importância ou significado que cada côr
tem no nosso quotidiano. Todos nós sabemos do simbolismo no ocidente do preto,
enquanto luto, em contraste com o branco noutras paragens do globo.
O fotógrafo, seja qual for o suporte, sente-se mais atraído
por umas ou outras cores pelos contrastes que encontra, pelo simbolismo que
cada uma tem isolada ou em contexto e pela mensagem que recebe ou quer
transmitir. As mais das vezes não damos por isso e agimos instintivamente. Mas é
um auxiliar precioso o sabermos como o público sente perante cores (isoladas ou
não) e usar isso em nosso proveito.
Sobre o assunto – côr e sua utilização – bastantes foram os
que discorreram. Uns mais técnicos e profundos, outros mais mais leves e até
com humor. Mas da fotografia ao cinema, da televisão às artes gráficas, da
arquitectura à publicidade, da pintura à indústria, a côr impera, molda e gere o
nosso mundo. Mesmo para os daltónicos.
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Quando falamos de côr são tantas as vertentes, qual delas a
mais importante, que não se sabe por onde começar: técnica, estética, cultural,
semiotica, subliminar...
Considero que a côr na comunicação é tão importante que, nos
anos 80, abandonei a ideia de ingressar no curso de comunicação social (o
primeiro em Portugal) da Universidade Nova por não possuir uma cadeira dedicada
ao tema. Entre outros factores da importância do assunto nesse curso (á época),
seria a cada vez mais dominante da côr na imprensa e a implementação da côr em
televisão.
Só para dar notícia de parte da importância, um tema particularmente
polémico em finais dos anos 80 e princípio dos 90:
Havia quem defendesse que os fabricantes de emulsões
fotográficas ajustavam as sensibilidades e gamas para evidenciar o tom de pele
caucasiano, em prejuizo das africanas e, de caminho, das asiáticas.
Sabemos, claro, que o mercado de películas (tanto fotográficas
como cinematográficas, era dominado pelos estúdios europeus e norte americanos,
bem como o respectivo público consumidor. E haveria que agradar a amadores e
profissionais.
Tive conhecimento desta polémica pelas revistas que aqui se
vendiam: norte americanas, britânicas e francesas. A web ainda era um sonho
distante.
Durante alguns anos falava-se e escrevia-se sobre o assunto,
ainda que não me recorde de ter feito capa ou parangonas: páginas interiores
apenas.
Não me lembro de ter visto alguma a publicar exemplos conclusivos
sobre a questão, até porque nem sempre a qualidade de impressão era suficiente
para evidenciar o argumentado.
Ao fim de algum tempo o tema deixou de aparecer. Quer fosse
porque o público não o aceitou por verdadeiro, quer fosse por cansaço, quer
fosse por pressão de grupos poderosos porque incómodo.
Por cá alguns de nós tentámos chegar a alguma conclusão mas
não era coisa fácil. Se por um lado testes sérios seriam dispendiosos porque
muitos e variados, por outro a nossa descolonização ainda era coisa recente e a
tratar com pinças.
Nos tempos que correm nem disso há rumores. Constatam-se as
diferenças entre fabricantes, é certo, mas os programas de tratamento de imagem
são tantos e tão divulgados e dispersos que cada um ajusta em casa a seu bel
prazer. E torna-se tarefa quase impossível confirmar agora se ainda haverá
algum fundo de verdade no tocante aos sensores das câmaras digitais.
Mas não tenhamos dúvidas: mantém-se vital o domínio da côr na
imagem técnica! Quer seja pela livre expressão autoral, quer seja pela necessidade
da eficácia na comunicação, quer seja por desígnios menos claros ou honrosos.
Pentax K1 mkII, Pentax-M macro 50 1:4
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Digam o que disserem, a grande vantagem da literatura sobre as
demais formas de contar histórias (pintura, cinema, fotografia, escultura) é a
capacidade de deixar à imaginação de quem a frui tudo aquilo que lá não está
contado.
De uma forma genérica assim é. Se eu ler que o homem entrou
num restaurante, deixo à imaginação a cor da toalha, o tipo de luz, o formato
da cadeira… Ficará até ao critério do leitor se o empregado de mesa é ou não
careca. A menos, claro está, que qualquer destes detalhes, ou outros, sejam
importantes para aquilo que que o autor e, consequentemente, para o leitor.
Já nas demais formas de contar histórias (ou estórias) esses
detalhes têm que estar presentes. Quando o cineasta, ou fotógrafo ou pintor,
nos quer mostrar o entrar no restaurante, veremos o dito restaurante, com a cor
das toalhas, o tipo de luz, o formato das cadeiras. Até se o empregado é
careca, se aparecer na imagem.
Isto deixa pouco à imaginação de quem vê, reduzindo as
possibilidades de se fantasiar com base nas experiências ou vivências de quem
vê. O restaurante é aquele e ponto final.
É, talvez, este facilitismo que a comunicação plástica nos
impõe, este menos exigente esforço de interpretação, que leva a que o consumo
de literatura vá sendo menor. Para quê esforçar-me a imaginar se posso
deixar-me levar pela imaginação do autor?
Indo mais longe: quando a obra exposta não é explícita
(fotografia, cinema, pintura) a reacção generalizada é de não gostar. Ou de não
sentir empatia. “Então eu estou aqui para não pensar e este obriga-me a
fazê-lo?”
Recordo um filme em particular intitulado “Dogville” e
realizado por Lars von Trier. O minimalismo cénico, perfeito dentro do enredo e
das emoções (fortíssimas) entre personagens, é algo difícil de digerir e que
afasta a grande maioria do público. Apesar de ser uma obra magistral.
De igual modo, uma pintura ou fotografia que não nos conte
tudo, deixando ao espectador o trabalho de imaginar o resto é algo que não
agrada, merecendo pouco ou quase nada de atenção.
Será necessário que o trabalho exposto seja particularmente
bem feito, estimulando fortemente as memórias ou emoções, para que mereça mais
que uns segundos, poucos, de observação.
No caso específico da fotografia, que é um “recorte” do
espaço/tempo que cercou o fotógrafo, ou o trabalho é explícito ou a primeira
questão que é colocada é “o que é isto”. Logo seguida de “onde é” ou “quando
foi”.
A necessidade do ser humano de tudo catalogar e organizar,
aliada à preguiça de usar a imaginação para completar o que ali se não vê, leva
a estas questões, ficando o espectador como agente passivo, incapaz de se
relacionar emotivamente com o que assiste ou observa.
E a actual forma de divulgação massiva da fotografia – a
internete – incrementa esta forma de “não consumir” a imagem.
O tempo que a esmagadora maioria das pessoas usa para ver uma
fotografia on-line é mais que diminuto. Poucos segundos mesmo. Que à distância
de um click estão outras e outras e há que ver todas. E se não for explícita,
completa, pouco exigente no que toca a imaginação e uso das nossas próprias
experiências, rapidamente é esquecida, merecendo menos atenção que nada.
Aqueles que querem vingar no mundo da fotografia on-line
vêem-se na obrigação de executar trabalhos bem explícitos, inequívocos, pouco
provocadores da imaginação.
A subjectividade nas formas e conteúdos, nas técnicas e
abordagens aos temas, o sair da normalidade, são formas de expressão que, em
geral, estão a ser preteridas pela velocidade de consumo e a preguiça de
digestão.
O fast-food invadiu a fotografia. E a pintura. E o cinema. E a
escultura.
Pentax K7, Sigma 70-300